segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

“20.000 LÉGUAS

SUBMARINAS”

ou

(UM MERGULHO

PROFUNDO

DE UMA COMPANHIA

DE TEATRO.)


 

      Finalmente, chegou o grande dia: estreia de “20.000 LÉGUAS SUBMARINAS”, no Teatro II do CCBB – Rio de Janeiro!



    Por que iniciar uma crítica teatral com tanta euforia? Posso explicar. É que, para homenagear o grande escritor JÚLIO VERNE (1828 – 1905), um homem de raro talento, muito à frente do seu tempo, em termos de “pensar o futuro”, o CCBB do Rio de Janeiro programou um evento, ao qual chamou de “VIAGENS EXTRAORDINÁRIAS”, e convidou a excelente CIA. SOLAS DE VENTO, de São Paulo, para a apresentação de uma trilogia, baseada em três das mais consagradas obras do escritor francês. São elas, pela ordem de apresentação: “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, “Viagem ao Centro da Terra” e “20.000 LÉGUAS SUBMARINAS”, que marcaram a minha infância e a de milhões de pessoas mundo afora. As duas primeiras ocuparam o Teatro II daquele Centro Cultural, durante os meses de abril e maio, respectivamente.



Afirmo que são duas OBRAS-PRIMAS do TEATRO INFANTOJUVENIL, sobre as quais escrevi, com muito prazer, duas críticas. É só consultar o blogue. A primeira me deixou completamente encantado, com o trabalho de adaptação, de interpretação e de todos os efeitos plásticos e tecnológicos empregados, e custou-me acreditar no que estava vendo, poucos metros diante de mim. Disseram-me, ao final da sessão de “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, que a segunda era melhor, ainda, que a primeira. Achei que seria impossível ser verdade. Não sei dizer se concordo, mas, no mínimo, coloco as duas no ponto mais elevado do pódio.



Completamente comovido e com vontade de me beliscar, para ter a certeza de que não estava sonhando, quando terminou “Viagem ao Centro da Terra”, ouvi, novamente – naquele momento, de mais de uma pessoa – que a terceira, sobre a qual escrevo agora, conseguia superar as duas anteriores. E haja coração, para aguentar tanta emoção, e cabeça, para controlar a ansiedade, o que durou um mês, até que anteontem, dia 4 de junho de 2022, lá estava eu, tentando conter a minha inquietação. Parecia uma criança esperando a “hora do Papai Noel”. Carlos Drummond de Andrade escreveu uma crônica curta, porém interessantíssima, chamada “Mocinho”, cuja leitura eu recomendo, que mostra, mais ou menos, como estava o meu emocional, desde quando acordei, naquele sábado. A diferença é que, no texto do grande Drummond, o personagem sofre uma grande decepção, exatamente o oposto do que aconteceu comigo, quando as cortinas fecharam.



  

SINOPSE:

Um misterioso veículo subaquático. Uma tripulação cheia de segredos. Um monstro assombrando os oceanos. Três tripulantes, que acabaram de chegar. 

E você, já entrou em um submarino? 

O palco será o oceano; as cortinas, as paredes do submarino. Poltronas e corredores viram cabines, enquanto varas de luz fazem as vezes do equipamento de mergulho. 

Nesta aventura, atores são os tripulantes; o público, os passageiros.  

Nesta montagem de “20.000 LÉGUAS SUBMARINAS”, o Teatro é transformado num autêntico submarino. 


O espetáculo vai às profundezas do oceano em um meio de transporte fantástico.

A cenografia foi elaborada para receber e jogar com as projeções de vídeo.

O principal elemento cenográfico é o corpo de cada ator, com seus comportamentos físicos, descrevendo a espacialidade ao seu redor.

A ideia é colocar, em cena, os efeitos aquáticos descritos no romance de JÚLIO VERNE.

 



        

      O espetáculo, assim como os dois anteriores, da trilogia, provoca o imaginário de todos os que assistem a ele, ao expor uma história criada pelo escritor francês JÚLIO VERNE (1828-1905), considerado, por muitos críticos literários – eu, ainda que não seja um crítico literário, também concordo - como o inventor da ficção científica, em suas obras futuristas e cheia de fantasia, antevendo a invenção de várias tecnologias, como o submarino, a televisão, as naves espaciais e até o fax. Além disso, durante muito tempo, ele foi considerado um dos escritores mais influentes e traduzidos do mundo todo.



 O espetáculo é mais uma adaptação, feita pela premiada CIA. SOLAS DE VENTO. Os espectadores são convidados a uma viagem cheia de ludicidade, com momentos imagéticos, delicados e divertidos, pelas profundezas de um oceano, um pélago, um ambiente abissal. A encenação foi concebida pelos atores BRUNO RUDOLF e RICARDO RODRIGUES, sob a direção de ALVARO ASSAD.



 Praticamente, tudo o que escrevi sobre as duas peças anteriores se aplica aqui. De acordo com o “release”, que me foi enviado por NEY MOTTA (Assessoria de Imprensa), nesta montagem, “diretor e atores desenvolveram um repertório de ações, jogos e esboços de cenas, usando os recursos oferecidos pelo vocabulário físico da pantomima e pelo vídeo, com elementos que dão forma aos cenários da aventura. As ações executadas pelos atores, ao vivo, muitas delas com as técnicas circenses, também são exibidas, oferecendo, ao espectador, um efeito de ‘zoom’ ou um ângulo de visão diferente, recurso que dará uma dimensão fantástica às peripécias, criando ilusões e imagens inusitadas.”. É belíssimo o espetáculo!!! 



  Um dos pontos altos da montagem – há muitos – consiste no fato de, em 50 minutos, uma história ser contada, sem que palavras sejam ditas. Tudo é passado, ao público, por meio de gestos e sons, os mais variados possíveis, emitidos pelos próprios atores, com o apoio de uma excelente sonoplastia. Vez por outra, um conjunto de sons, quase que “indecodificáveis” (Criei um neologismo.), se assemelha a uma palavra, creio que “para dar liga”, para ajudar o espectador - os pequenos, principalmente - a entender o que está sendo encenado. Duas ou três palavras são ditas, nitidamente, e esses momentos são muito bem aceitos pelo público.  O fato de não haver texto dito, falado, mas expresso, talvez seja um fator que leve o público infantil a não se empolgar tanto quanto o fez, nas duas peças anteriores, embora ninguém deixasse de prestar bastante atenção a todas as cenas e se empolgar mais com algumas, graças à brilhante atuação do trio de atores, ANDRÉ SCHULLE, BRUNO RUDOLF e RICARDO RODRIGUES, com participações de BOBBY BAQ e MARCEL GILBER, e pelos fantásticos efeitos imaginados pelos idealizadores do projeto e o diretor desta encenação.



A peça é “muda”, é verdade, no entanto, existe um “texto”, uma dramaturgia, criada por BOBBY BAQ e ALVARO ASSAD, em colaboração com elenco. Seis cabeças pensantes potencializam o texto da peça, muito criativo, por sinal, lembrando, sempre, que se trata de uma adaptação de um romance destinado ao público infantojuvenil, mas que é lido, com prazer, pelos adultos, da mesma forma com gente “miúda” e de cabelos brancos lotavam o Teatro e aplaudiam o espetáculo teatral.



 A plasticidade e a tecnologia, a serviço do bom TEATRO, são a tônica da peça. A direção de arte e os figurinos, de RENATO BOLELLI e VIVIANNE KIRITANI, são, por demais, criativos e instigantes, assim como a cenografia, assinada pela CIA. SOLAS DE VENTO e ALVARO ASSAD. Os desenhos de luz e de vídeo, criados por MARCEL GILBER e RODRIGO GONTIJO, respectivamente, são da maior importância, na criação das cenas, e dialogam, entre si e com todos os demais elementos da montagem. Em poucos espetáculos a que assisti, esses dois elementos técnicos pesam tanto no sucesso do produto final.



 Agradou-me bastante a música original, criação de ANDRÉ VAC, para “embalar” as aventuras dos três personagens. Um outro elemento que merece o maior destaque possível é o visagismo, criativo e lúdico por demais, obra de um dos maiores artistas nesse ramo, CLEBER DE OLIVEIRA, sempre muito requisitado, por produções de peças de TEATRO, cinema e outros projetos, por sua incomensurável competência e seu aplaudido profissionalismo. Conheço e acompanho seu trabalho, desde há muito, e sempre o aplaudi, o que faço, também, agora, com bastante vigor. As três caracterizações transformam, completamente, os atores, com detalhes de um pensado e bem-sucedido exagero caricaturesco.



 ALVARO ASSAD, um premiado diretor de TEATRO, no nicho INFANTOJUVENIL, merece meu reconhecimento, ou melhor, o nosso, por sua competência, tendo iniciado, em 2020/21, o trabalho de direção deste espetáculo, a distância, até se juntar, presencialmente, aos atores, quando isso se tornou possível, em função da pandemia de COVID-19. O resultado de seu trabalho é o melhor possível.



 Quanto ao elenco, BRUNO RUDOLF e RICARDO RODRIGUES estrelaram a primeira peça. A eles, juntou-se ANDRÉ SCHULLE, na segunda. E, agora, o trio está, de novo, em cena, contando com a participação – eu diria “especialíssima”de BOBBY BAQ e MARCEL GILBER, todos com formação em artes cênicas e circenses, fazendo um irretocável trabalho de TEATRO e circo. Vejo, em todos, uma entrega total ao que fazem, assim como o prazer que aplicam a isso. O nível de comunicação do elenco com a plateia é algo que merece, também, um destaque especial.

 






FICHA TÉCNICA:

Idealização: Cia. Solas de Vento

Dramaturgia: Bobby Baq e Alvaro Assad, em colaboração com o elenco

Direção: Alvaro Assad

Elenco: André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, com participações de Bobby Baq e Marcel Gilber

Música Original: André Vac
Direção de Arte e Figurinos: Renato Bolelli e Vivianne Kiritani
Visagismo: Cleber de Oliveira.
Cenografia: Cia. Solas de Vento e Alvaro Assad

Cenotecnia: Cesar Augusto e Jeremias da Silva

Adereços: Chico Matheus e elenco
Costureira: Judite Lima.
Desenho de Luz: Marcel Gilber
Orientação de Software Vídeo: Rodrigo Gontijo
Operações Técnicas: Luana Alves
Arte Gráfica: Sato do Brasil
Fotos: Mariana Chama (estúdio) e Cassandra Mello (cena)
Vídeos: Cassandra Mello
Produção: Natalia Salles
Assistente de Produção: Anna Belinello

Gestão: Doble Cultura e Social

Realização: CCBB SP e Cia Solas de Vento 

 

 











 

 

 

SERVIÇO:

 

Temporada: de 04 a 26 de junho de 2022.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro II.

Endereço: Rua Primeiro de Março, nº 66 – Centro (Candelária) - Rio de Janeiro.

Informações: Telefone: (21)3808-2020.

Dias e Horários: sábados e domingos, às 16h.

 

Indicado para maiores de 5 anos.

 

Duração: 50 minutos.

 

Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada), à venda na bilheteria ou, antecipadamente, pelo site https://www.eventim.com.br/artist/viagensextraordinarias-ccbbrj/

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona na 2ª feira e de 4ª feira a sábado, das 9h às 21h; no domingo, das 9h às 20h; fecha na terça-feira.


Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio, e os ingressos para os eventos podem ser retirados, previamente, no “site” eventim.com.br, ou, presencialmente, na bilheteria do CCBB.

 

SESSÕES COM LIBRAS: No dia 19/06, a apresentação será com intérpretes de Libras.

 

 





         O CCBB, com este projeto, presta, além de uma merecidíssima homenagem a um grande escritor, um grande serviço de lazer e informação ao público acostumado a usufruir da CULTURA que ele nos oferece. É muito louvável, também, que o “vetor” escolhido para isso tenha sido a excelente CIA. SOLAS DE VENTO, bastante conhecida e respeitada, em São Paulo, porém “debutante”, no Rio de Janeiro. Espero encontrá-los sempre por aqui.







        O espetáculo tem a minha total RECOMENDAÇÃO, e os ingressos se esgotam em pouco tempo.

 


 



 

 


FOTOS: MARIANA CHAMA (estúdio)

E

CASSANDRA MELLO (cena)


 


GALERIA PARTICULAR:

 

Com André Schulle, 
Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues.


ComAlvaro Assad 
e Cleber de Oliveira.




 

 

 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

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A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

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