“20.000 LÉGUAS
SUBMARINAS”
ou
(UM MERGULHO
PROFUNDO
DE UMA COMPANHIA
DE TEATRO.)
Finalmente,
chegou o grande dia: estreia de “20.000 LÉGUAS SUBMARINAS”, no Teatro
II do CCBB – Rio de Janeiro!
Por que iniciar uma crítica teatral
com tanta euforia? Posso explicar. É que, para homenagear o grande escritor
JÚLIO VERNE (1828 – 1905), um homem de raro talento, muito à frente do seu
tempo, em termos de “pensar o futuro”, o CCBB do Rio
de Janeiro programou um evento, ao qual chamou de “VIAGENS
EXTRAORDINÁRIAS”, e convidou a excelente CIA. SOLAS DE VENTO,
de São Paulo, para a apresentação de uma trilogia, baseada
em três das mais consagradas obras do escritor francês. São elas, pela
ordem de apresentação: “A
Volta ao Mundo em 80 Dias”, “Viagem ao Centro da Terra” e “20.000 LÉGUAS
SUBMARINAS”, que marcaram a minha infância e a de milhões de pessoas mundo
afora. As duas primeiras ocuparam o Teatro II daquele Centro
Cultural, durante os meses de abril e maio, respectivamente.
Afirmo que são duas OBRAS-PRIMAS
do TEATRO INFANTOJUVENIL, sobre as quais escrevi, com muito prazer, duas
críticas. É só consultar o blogue. A primeira me deixou
completamente encantado, com o trabalho de adaptação, de interpretação
e de todos os efeitos plásticos e tecnológicos empregados, e
custou-me acreditar no que estava vendo, poucos metros diante de mim.
Disseram-me, ao final da sessão de “A Volta ao Mundo em 80 Dias”,
que a segunda era melhor, ainda, que a primeira. Achei que seria impossível ser
verdade. Não sei dizer se concordo, mas, no mínimo, coloco as duas no ponto
mais elevado do pódio.
Completamente comovido e com vontade de
me beliscar, para ter a certeza de que não estava sonhando, quando terminou “Viagem
ao Centro da Terra”, ouvi, novamente – naquele momento, de mais de uma
pessoa – que a terceira, sobre a qual escrevo agora, conseguia superar as duas
anteriores. E haja coração, para aguentar tanta emoção, e cabeça, para
controlar a ansiedade, o que durou um mês, até que anteontem, dia 4 de junho
de 2022, lá estava eu, tentando conter a minha inquietação. Parecia uma
criança esperando a “hora do Papai Noel”. Carlos Drummond
de Andrade escreveu uma crônica curta, porém interessantíssima,
chamada “Mocinho”, cuja leitura eu recomendo, que mostra, mais ou
menos, como estava o meu emocional, desde quando acordei, naquele sábado. A
diferença é que, no texto do grande Drummond, o personagem
sofre uma grande decepção, exatamente o oposto do que aconteceu comigo, quando
as cortinas fecharam.
Um misterioso veículo subaquático. Uma tripulação cheia de segredos. Um monstro assombrando os oceanos. Três tripulantes, que acabaram de chegar.
E você, já entrou em um submarino?
O palco será o oceano; as cortinas, as paredes do submarino. Poltronas e corredores viram cabines, enquanto varas de luz fazem as vezes do equipamento de mergulho.
Nesta aventura, atores são os tripulantes; o público, os passageiros.
Nesta montagem de “20.000 LÉGUAS SUBMARINAS”, o Teatro é transformado num autêntico submarino.
O espetáculo vai às profundezas
do oceano em um meio de transporte fantástico.
A cenografia foi elaborada para
receber e jogar com as projeções de vídeo.
O principal elemento cenográfico é o
corpo de cada ator, com seus comportamentos físicos,
descrevendo a espacialidade ao seu redor.
A ideia é colocar, em cena, os efeitos aquáticos descritos no romance de JÚLIO VERNE.
O espetáculo, assim como os dois anteriores, da trilogia, provoca o imaginário de todos os que assistem a ele, ao expor uma história criada pelo escritor francês JÚLIO VERNE (1828-1905), considerado, por muitos críticos literários – eu, ainda que não seja um crítico literário, também concordo - como o inventor da ficção científica, em suas obras futuristas e cheia de fantasia, antevendo a invenção de várias tecnologias, como o submarino, a televisão, as naves espaciais e até o fax. Além disso, durante muito tempo, ele foi considerado um dos escritores mais influentes e traduzidos do mundo todo.
O
espetáculo é mais uma adaptação, feita pela premiada CIA.
SOLAS DE VENTO. Os espectadores são convidados a uma viagem cheia de
ludicidade, com momentos imagéticos, delicados e divertidos, pelas profundezas
de um oceano, um pélago, um ambiente abissal. A encenação
foi concebida pelos atores BRUNO RUDOLF e RICARDO
RODRIGUES, sob a direção de ALVARO ASSAD.
Praticamente, tudo o que escrevi sobre as duas peças
anteriores se aplica aqui. De acordo com o “release”, que me foi
enviado por NEY MOTTA (Assessoria de Imprensa), nesta montagem, “diretor
e atores desenvolveram um repertório de ações, jogos e esboços de cenas, usando
os recursos oferecidos pelo vocabulário físico da pantomima e pelo vídeo, com
elementos que dão forma aos cenários da aventura. As ações executadas
pelos atores, ao vivo, muitas delas com as técnicas circenses, também são
exibidas, oferecendo, ao espectador, um efeito de ‘zoom’ ou um ângulo de visão
diferente, recurso que dará uma dimensão fantástica às peripécias, criando
ilusões e imagens inusitadas.”. É belíssimo o
espetáculo!!!
Um dos pontos altos da montagem – há muitos
– consiste no fato de, em 50 minutos, uma história ser contada, sem
que palavras sejam ditas. Tudo é passado, ao público, por meio de gestos
e sons, os mais variados possíveis, emitidos pelos próprios atores,
com o apoio de uma excelente sonoplastia. Vez por outra, um conjunto de
sons, quase que “indecodificáveis” (Criei um neologismo.),
se assemelha a uma palavra, creio que “para dar liga”, para
ajudar o espectador - os pequenos, principalmente - a entender o que
está sendo encenado. Duas ou três palavras são ditas, nitidamente, e esses
momentos são muito bem aceitos pelo público. O fato de não haver texto dito, falado,
mas expresso, talvez seja um fator que leve o público infantil a
não se empolgar tanto quanto o fez, nas duas peças anteriores, embora ninguém
deixasse de prestar bastante atenção a todas as cenas e se empolgar mais com
algumas, graças à brilhante atuação do trio de atores, ANDRÉ
SCHULLE, BRUNO RUDOLF e RICARDO
RODRIGUES, com participações de BOBBY BAQ e MARCEL GILBER,
e pelos fantásticos efeitos imaginados pelos idealizadores do projeto e o
diretor desta encenação.
A peça é “muda”, é verdade, no entanto, existe um “texto”,
uma dramaturgia, criada por BOBBY BAQ e ALVARO ASSAD, em
colaboração com elenco. Seis cabeças pensantes potencializam o texto
da peça, muito criativo, por sinal, lembrando, sempre, que se trata de
uma adaptação de um romance destinado ao público infantojuvenil, mas que
é lido, com prazer, pelos adultos, da mesma forma com gente “miúda”
e de cabelos brancos lotavam o Teatro e aplaudiam o espetáculo
teatral.
A plasticidade e a tecnologia,
a serviço do bom TEATRO, são a tônica da peça. A direção
de arte e os figurinos, de RENATO BOLELLI
e VIVIANNE KIRITANI, são, por demais, criativos e instigantes, assim
como a cenografia, assinada pela CIA. SOLAS DE VENTO e
ALVARO ASSAD. Os desenhos de luz e de vídeo,
criados por MARCEL GILBER e RODRIGO
GONTIJO, respectivamente, são da maior importância, na criação das cenas, e
dialogam, entre si e com todos os demais elementos da montagem. Em
poucos espetáculos a que assisti, esses dois elementos técnicos
pesam tanto no sucesso do produto final.
Agradou-me bastante a música original,
criação de ANDRÉ VAC, para “embalar” as aventuras dos três
personagens. Um outro elemento que merece o maior destaque possível é o visagismo,
criativo e lúdico por demais, obra de um dos maiores artistas
nesse ramo, CLEBER DE OLIVEIRA, sempre muito requisitado, por
produções de peças de TEATRO, cinema e outros projetos,
por sua incomensurável competência e seu aplaudido profissionalismo.
Conheço e acompanho seu trabalho, desde há muito, e sempre o aplaudi, o que
faço, também, agora, com bastante vigor. As três caracterizações
transformam, completamente, os atores, com detalhes de um pensado e
bem-sucedido exagero caricaturesco.
ALVARO ASSAD, um premiado diretor de TEATRO,
no nicho INFANTOJUVENIL, merece meu reconhecimento, ou melhor, o nosso,
por sua competência, tendo iniciado, em 2020/21, o trabalho de direção
deste espetáculo, a distância, até se juntar, presencialmente, aos atores,
quando isso se tornou possível, em função da pandemia de COVID-19. O
resultado de seu trabalho é o melhor possível.
Quanto ao elenco, BRUNO RUDOLF e
RICARDO RODRIGUES estrelaram a primeira peça. A eles, juntou-se ANDRÉ
SCHULLE, na segunda. E, agora, o trio está, de novo, em cena,
contando com a participação – eu diria “especialíssima” – de
BOBBY BAQ e MARCEL GILBER, todos com formação em artes cênicas e
circenses, fazendo um irretocável trabalho de TEATRO e circo.
Vejo, em todos, uma entrega total ao que fazem, assim como o prazer que aplicam
a isso. O nível de comunicação do elenco com a plateia é algo que merece,
também, um destaque especial.
FICHA TÉCNICA:
Idealização: Cia. Solas de Vento
Dramaturgia: Bobby Baq e Alvaro
Assad, em colaboração com o elenco
Direção: Alvaro Assad
Elenco: André Schulle, Bruno
Rudolf e Ricardo Rodrigues, com participações de Bobby Baq e Marcel Gilber
Música Original: André Vac
Direção de Arte e Figurinos: Renato Bolelli e Vivianne Kiritani
Visagismo: Cleber de Oliveira.
Cenografia: Cia. Solas de Vento e Alvaro Assad
Cenotecnia: Cesar Augusto e Jeremias da Silva
Adereços: Chico Matheus e elenco
Costureira: Judite Lima.
Desenho de Luz: Marcel Gilber
Orientação de Software Vídeo: Rodrigo Gontijo
Operações Técnicas: Luana Alves
Arte Gráfica: Sato do Brasil
Fotos: Mariana Chama (estúdio) e Cassandra Mello (cena)
Vídeos: Cassandra Mello
Produção: Natalia Salles
Assistente de Produção: Anna Belinello
Gestão: Doble Cultura e Social
Realização: CCBB SP e Cia Solas de
Vento
SERVIÇO:
Temporada: de 04 a 26 de junho de 2022.
Local:
Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro II.
Endereço:
Rua Primeiro de Março, nº 66 – Centro (Candelária) - Rio de Janeiro.
Informações:
Telefone: (21)3808-2020.
Dias
e Horários: sábados e domingos, às 16h.
Indicado
para maiores de 5 anos.
Duração: 50
minutos.
Valor
dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada), à venda na
bilheteria ou, antecipadamente, pelo site https://www.eventim.com.br/artist/viagensextraordinarias-ccbbrj/
O
Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona na 2ª feira e de 4ª
feira a sábado, das 9h às 21h; no domingo, das 9h às 20h; fecha na terça-feira.
Não
é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio, e os ingressos para
os eventos podem ser retirados, previamente, no “site” eventim.com.br, ou, presencialmente, na bilheteria do CCBB.
SESSÕES COM LIBRAS:
No dia 19/06, a apresentação será com intérpretes de Libras.
O CCBB,
com este projeto, presta, além de uma merecidíssima homenagem a um grande escritor,
um grande serviço de lazer e informação ao público acostumado a usufruir da CULTURA
que ele nos oferece. É muito louvável, também, que o “vetor”
escolhido para isso tenha sido a excelente CIA. SOLAS DE VENTO, bastante
conhecida e respeitada, em São Paulo, porém “debutante”,
no Rio de Janeiro. Espero encontrá-los sempre por aqui.
O espetáculo tem a minha
total RECOMENDAÇÃO, e os ingressos se esgotam em pouco tempo.
FOTOS: MARIANA CHAMA (estúdio)
E
CASSANDRA MELLO (cena)
GALERIA PARTICULAR:
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!
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