sexta-feira, 6 de março de 2020


O MEU SANGUE
FERVE
POR VOCÊ

(“BAGAÇA” DA BOA
NÃO TEM DATA DE VENCIMENTO
E TAMBÉM É TEATRO.)


           

            Dez anos de sucesso, de público e de crítica. Quatro atores/cantores/dançarinos em cena, porém, em uma década, 15 profissionais (Evelyn Castro, Thati Lopes, Helga Nemetik, Carol Futuro, Simone Centurione, Renata Celedonio, Martina Blink, Guilherme Borges, Marcelo Klein, Marcelo Eduardo Farias e Sérgio Somene, além dos atuais), vêm se revezando, em várias formações de elenco.


Perdi a conta de quantas vezes já rolei de rir – umas dez, creio -, tendo assistido, com quase todos os elencos, a “O MEU SENAGUE FERVE POR VOCÊ”, uma “comédia escracho-musical”, “gênero” que, embora não inventado por mim, estou, agora, batizando, surgida da imaginação e criatividade de PEDRO HENRIQUE LOPES e DIEGO MORAIS, com estreia em 2009 e que voltou ao cartaz, com a formação original (ANA BAIRD, CRISTIANA POMPEO, PEDRO HENRIQUE LOPES e VICTOR MAIA), para celebrar um feito tão raro no TEATRO BASILEIRO: uma peça ter atravessado dez anos, sempre reestreando, por exigência do público. Isso se reveste de uma importância muito maior, quando se trata de uma comédia, gênero teatral da maior importância, infelizmente relegado a segundo plano pelos “intelectualoides”, os quais, por terem uma visão muito curta do que venha a ser TEATRO, não atentam para o fato de que há muitos tipos de público e todos merecem ser agraciados com o melhor, dentro daquilo que buscam. Todos têm as suas preferências; eu tenho as minhas, e isso é muito natural. Essas pessoas que não valorizam a boa comédia, esses de visão opaca, deveriam estudar o que é TEATRO e quais são as suas funções e objetivos.




            O espetáculo é construído em cima do que se convencionou chamar de “brega”. Aliás, MUITO "BREGA"!!! Tudo bem! Ninguém é obrigado a gostar desse “modus vivendi”, desse “brega way of life” (Eu também tenho muitas restrições a ele, mas faz parte de uma cultura; ou melhor, é um tipo de cultura, e tem de ser reconhecido e respeitado. Aceita, que dói menos!!!), porém, se deixar o “pré-conceito” em casa ou na entrada do Shopping da Gávea, e for ao Teatro Clara Nunes (VER SERVIÇO.), vai, obrigatoriamente, dar muitas gargalhadas com um hilário embrolho, envolvendo ANA BAIRD (SANDRA ROSA MADALENA), CRISTIANA POMPEO (CREUZA PAULA), PEDRO HENRIQUE LOPES (ELIVANDRO) e VICTOR MAIA (FERNANDO SIDNELSON).








SINOPSE:

Em cena, os atores ANA BAIRD, CRISTIANA POMPEO, PEDRO HENRIQUE LOPES e VICTOR MAIA dão vida a quatro personagens: a mocinha virgem, o canalha, a mulher da vida e o bom moço rejeitado, os quais cantam as alegrias e as dores de viver um amor intensamente. 

Com o espírito das grandes chanchadas, a trama acompanha a inocente CREUZA PAULA (CRISTIANA POMPEO) e o cafajeste ELIVANDRO (PEDRO HENRIQUE LOPES), que vivem uma relação tranquila, até a chegada do ex-namorado da moça, FERNANDO SIDNELSON (VICTOR MAIA), que vai se meter na vida do casal.

A amante de ELIVANDRO, SANDRA ROSA MADALENA (ANA BAIRD), completa o quarteto, que vai passar por momentos românticos, desentendimentos e reconciliações. 

Uma mistura que faz o público torcer pelo canalha, ter raiva da mocinha e chorar de rir do início ao fim.







            Como se pôde observar pela sinopse, nada de novo e/ou especial. Uma história como tantas outras, tiradas do mesmo saco. Mas o que leva o espetáculo ao sucesso que alcançou, está alcançando e continuará a alcançar pelo tempo que seus responsáveis resolverem mantê-lo em cena, mesmo daqui a muitos anos? Naturalmente, por suas características de atemporalidade e universalidade, sem falar, obviamente, no conteúdo do texto, extremamente engraçado, com muito pouco de declamado, já que se apresenta, quase que na sua totalidade, sob a forma de canções, que vão sendo ligadas uma a outra, formando as cenas e contando a história. Como já seria de se esperar, com o passar dos anos, a peça veio passando por modificações, no que se refere ao “set list”. Sim, porque pode parecer estranho, mas o “brega” também vai se atualizando, também se “moderniza”.




            Mas qual é a grande mensagem do texto? Nenhuma. Nem grande, nem pequena. Caberia outra pergunta: Para que serve o texto? Para divertir o público, levá-lo a muitas gargalhadas, mergulhar num universo esdrúxulo e esquecer, um pouco, por exemplo, que Jesus pode ser visto, por "alguém", numa goiabeira. Na atual conjuntura política desta republiqueta, o espetáculo é “de utilidade pública", uma vez que nos ajuda a resgatar uma coisa muito importante: o direito de sorrir, rir, gargalhar, já que, poucas vezes, temos tido a oportunidade de exercitar isso, nos últimos quinze meses. Mas não é para que nos alienemos; é só uma válvula de escape, para que a loucura não nos domine.




Toda a trama, coisas do dia a dia entre casais e pessoas que se amam e se odeiam, é contada por meio de uma infinidade de canções, talvez uma 30, no total, cantadas na íntegra ou em forma de “pout-pourri”. Dentre elas, clássicos do “brega”, como “O Meu Sangue Ferve por Você”, “Alma Gêmea”, “Sandra Rosa Madalena”, “Garçom”, “Escrito nas Estrelas”“Você Não Vale Nada, Mas Eu Gosto De Você” e “Evidências”. Suas letras vão costurando o que poderia ser chamado de “o enredo da peça”. Não me lembro, exatamente, de todos os títulos nem intérpretes, entretanto, na certa, lá estão, “hits” de Reginaldo Rossi, Waldick Soriano, Roberto Carlos (Sim. O “rei” também tem seu lado "brega". E como!!!), Falcão, Wando, Paulo Sérgio, Sidney Magal (Jamais poderia ter sido esquecido. O título da peça, inclusive, é o de um de seus “standards”.), Fábio Júnior, Amado Batista, Lindomar Castilho, Nélson Ned, Fernando Mendes, José Augusto, Gretchen, Rosasa, Jane e Herondy (Não tenho certeza, repito, de que todos estejam lá, mas acho que sim.) e outros, incluindo uns mais recentes.




Não há muito o que dizer, numa análise técnica profunda, sobre um espetáculo despretensioso, porém ótimo, o qual não objetiva outra coisa, a não ser, como já disse, divertir. E diverte muito!!!




Sobre o texto (Que texto?!), nada além de que é muito divertido, tanto no mínimo da criação “dramatúrgica”, de PEDRO HENRIQUE LOPES, como nas letras da "breguice" cantada.




Sobre a direção, de DIEGO MORAIS, nada além de que a proposta do espetáculo não poderia ter sido melhor realizada, seguindo, o diretor, todos os clichês que envolvem um espetáculo “kitsch”. De propósito, os atores, em determinados momentos, parecem fugir às marcações, e isso gera grandes trapalhadas, principalmente quando se emaranham nos fios dos microfones. Nesta peça, os de lapela jamais poderiam ser empregados.




Sobre a interpretação do quarteto, nada além de que TODOS, sem a menor exceção, são excelentes, em tudo o que fazem: cantar, representar e dançar. No quesito “evolução”, há um destaque, que leva o público à loucura, principalmente os que o conhecem. Refiro-me a VICTOR MAIA, grande dançarino e coreógrafo, em todas as cenas nas quais aparece na pele de alguém totalmente desconectado com o ritmo e a dança, fazendo-nos lembrar o Coisinha de Jesus, personagem hilário, criado por Marcelo Madureira, para o programa “Casseta & Planeta”, infelizmente extinto. Isso deve ter sido muito custoso, para quem é um ás da dança. Cada um dos quatro encarna, cem por cento, seu/sua personagem, quer no “physique du rôle”, quer na postura e atuação. De todas as formações de elenco que tive a oportunidade de ver em cena, para mim, esta é a que parece mais ter absorvido o espírito e a proposta do espetáculo.




A cenografia, assinada por CLIVIA COHEN, é propositalmente, cafona – e nem poderia ser de outra forma -, totalmente inserida no contexto, com apenas uns pufes gigantes, revestidos de veludo vermelho – a cor não poderia ser outra - e um grande arco, em forma de um coração, cravejado de lâmpadas, deixando o espaço cênico livre, para os movimentos dos atores. Ao fundo, uma cortina de lamê prateado, que absorve as luzes, muito coloridas, frenéticas, às vezes, dependendo da canção e da cena, fruto do desenho de luz, criado por PEDRO HENRIQUE LOPES E LÚCIO BRAGANÇA JUNIOR.




E o que dizer dos figurinos? Exatamente como deveriam ser: totalmente bizarros e bem de acordo com as características de uma época e de cada personagem. Totalmente anacrônicos e esdrúxulos. Trata-se de uma criação coletiva, a seis mãos, baseada numa pesquisa muito bem feita: CLIVIA COHEN, ANA BAIRD e CRISTIANA POMPEU. Alguns detalhes, de complementos, chegam a ser bizarros, como a indefectível pochete, que está voltando à moda (Ninguém merece!!!).






TONY LUCCHESI assume a direção musical, e, em cena, uma competente banda acompanha, ao vivo, os atores/cantores: CLÁUDIA ELIZEU (piano), revezando-se com TONY; GABRIEL QUINTO (violão e guitarra); EDUARDO SIMÕES (baixo); e ANDRÉ FRÓES (bateria).








FICHA TÉCNICA:

Texto: Pedro Henrique Lopes
Direção: Diego Morais
Direção Musical: Tony Lucchesi

Elenco: Ana Baird (Sandra Rosa Madalena), Cristiana Pompeo (Creuza Paula), Pedro Henrique Lopes (Elivandro) e Victor Maia (Fernando Sidnelson)


Narrações: Cristiana Pompeo

Cenário: Clivia Cohen
Figurinos: Clivia Cohen, Ana Baird e Cristiana Pompeo
“Design” de Luz: Pedro Henrique Lopes e Lúcio Bragança Junior

“Design” de Som: Leonardo Carneiro e Bernardo Nadal
Fotos de Estúdio: Andrea Rocha/ZBR
Fotos de Cena: Júnior Mandriola e Adriana Prado
Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Produção e Realização: ENTRE Entretenimento






 






SERVIÇO:

Temporada: De 28 de fevereiro a 22 de março de 2020.
Local: Teatro Clara Nunes.
Endereço: Rua Marques de São Vicente, 52 – 3º piso – Shopping da Gávea – Gávea - Rio de Janeiro – RJ.
Telefone: (21) 2274-9696.
Dias e Horários: 6ªs feiras e sábados, às 21h; domingos, às 20h.
Valor dos Ingressos: 6ª feira: R$80,00 e R$40,00 (meia entrada); Sábados e Domingos: R$100,00 e R$50,00 (meia entrada).
Funcionamento da Bilheteria: Todos os dias, das 13h às 21h.
Vendas pela Internet: www.tudus.com.br
Lotação: 743 pessoas.
Duração: 80 minutos.
Classificação Etária: Livre


                                                      




Para que não fique nenhuma dúvida, quanto a este fenômeno de público e de crítica, esta comédia musical já foi vista por mais de 200 mil pessoas, em inúmeras temporadas, no Rio de Janeiro e em outros estados, e é possível que volte a fazer nova turnê pelo Brasil.

Recomendo o espetáculo, na certeza de que vão se divertir muito!






(FOTOS: ANDREA ROCHA/ZBR - estúdio - 
e
JÚNIOR MANDRIOLA / ADRIANA PRADO - cena.)





(GALERIA PARTICULAR.
FOTOS: GILBERTO BARTHOLO.)












E VAMOS AO TEATRO!!!


OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!


A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!


RESISTAMOS!!!


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TEATRO BRASILEIRO!!!






























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