BILLY ELLIOT
– O MUSICAL
(UMA OBRA-PRIMA QUE
ENCANTA,
EMOCIONA E
FICA,
PARA SEMPRE,
NA MEMÓRIA E NO
CORAÇÃO
DE QUEM ASSISTE A
ELA.)
Há momentos que marcam a nossa vida, para sempre, e é
muito bom relembrá-los. Pessoas passam pelo nosso caminho, fatos acontecem, e,
dentre tantos, minha vida está marcada, indelevelmente, por um espetáculo de TEATRO. Na verdade, um musical, ao qual assisti, duas vezes,
em Londres, há quatro anos, creio, e
sonhava com a hora de vê-lo encenado em palcos brasileiros. Para mim, era
apenas um sonho, uma quase utopia, que posso explicar de forma muito simples e
resumida. Além de um espetáculo que
demanda um altíssimo orçamento, o protagonista
é um menino, cuja idade deve girar em torno de onze anos, podendo o ator
que o representa ter um pouco menos ou um pouquinho mais. Além dele, também o elenco deve contar com outro menino,
com, mais ou menos, a mesma idade, além de várias meninas, todos bailarinos, com a complicada tarefa de executar uma coreografia difícil e sofisticada,
além, é claro, de, por se tratar de um espetáculo
de teatro musical, ter de interpretar bem e cantar, da mesma forma. Bons
atores mirins, e que cantam muito bem, temos aos montes. E quem, no Brasil – crianças - dançaria como era
exigência do espetáculo?
Saí do Victoria Palace
Theatre muito feliz e emocionado –
chorei litros, nas duas vezes, e até passei mal, de tanta emoção, na primeira -,
porém um tanto frustrado, porquanto sabia que, em terras brasileiras, há
grandes e talentosos artistas, adultos,
capazes de segurar bem uma difícil montagem,
como a de “BILLY ELLIOT”, representando,
cantando e dançando, entretanto jamais poderia imaginar que, por aqui, houvesse
crianças com tanto talento, comparáveis, sem nenhum exagero, àquelas dos dois elencos que vi atuando, na capital
inglesa, no que, felizmente, estava redondamente enganado, já que uma das
maiores atrações da montagem em
cartaz, atualmente, no Teatro Alfa,
em São Paulo (VER SERVIÇO.), é, exatamente, o elenco infantojuvenil e, em especial, os meninos que interpretam os
personagens BILLY, o protagonista, e
MICHAEL, seu melhor amigo. E olha
que, por conta de uma legislação vigente, é preciso haver três meninos para
cada personagem, revezando-se, nas
sessões, e todos presentes, a cada apresentação, prontos a substituir um
colega, numa eventual necessidade, antes ou durante o espetáculo. Além dos que atuam, ficam, sempre, dois, para cada personagem, em “stand-by”.
Graças ao carinho e à generosidade da querida amiga CÉLIA FORTE (MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES),
que faz a competente assessoria de
imprensa do musical, tive a
oportunidade e a felicidade de, também, ter assistido à montagem brasileira, em duas
sessões seguidas, no Domingo de
Páscoa, com parte do elenco
diferente, embora só agora tenha encontrado tempo e condições, para escrever
sobre o espetáculo, uma verdadeira obra-prima.
Não é a primeira vez que essa história é contada no Brasil, mas é a primeira montagem nacional. Em 2013,
a turnê mundial, do original, passou por três semanas, apenas, salvo engano, em
São Paulo, no Credicard Hall, mas não tive a oportunidade de assistir a ela, na
época, por estar fora do país.
SINOPSE:
Embalada por canções
de rara beleza, compostas por Sir
Elton John, a inspiradora história é ambientada numa pequenina cidade, que
vive de mineração carvoeira, County Durham,
no nordeste da Inglaterra, entre os
anos de 1984 e 1985, durante a greve dos mineiros britânicos, ocorrida no governo da
Primeira-Ministra Margareth Thatcher, a “Dama de Ferro”, fato que interfere, totalmente,
no dia a dia da família do menino BILLY,
já que seu pai e seu irmão, bem mais velho, ambos mineradores, estão envolvidos
no movimento grevista.
O roteiro do espetáculo foi inspirado no romance de A. J. Cronin, de 1935. A
canção “The Stars Look Down”, na
abertura do musical, presta
homenagem ao livro. O enredo é uma
celebração inspiradora da jornada de um menino, que troca suas luvas de boxe
pelas sapatilhas de balé, em incansável busca por superar obstáculos.
A narrativa gira em torno de BILLY ELLIOT, um menino de
onze anos, que se apaixona pala dança e passa a construir um ousado sonho,
que é o de vir a se tornar um grande bailarino, indo, totalmente, de encontro
às tradições e aos costumes da pequena cidade, principalmente com relação ao
futuro que seu pai queria para ele. Seu desejo era quase que uma ofensa ao
machismo exacerbado do pai e do irmão.
JAKIE ELLIOT (CARMO DALLA VECCHIA), o pai de BILLY matricula-o, contra a sua
vontade, numa academia, para aprender boxe, esporte pelo qual o menino não
tinha o menor interesse; mais que isso, detestava-o. Certo dia, por obra do
acaso, o pequeno BILLY se vê, acidentalmente,
no meio de uma aula de balé, que estava acontecendo no ginásio, enquanto seu
estúdio estava, temporariamente, sendo usado como uma cozinha, para a
preparação de sopa, oferecida aos mineiros em greve.
Sem o conhecimento
do pai, BILLY se inicia nas aulas de
balé, utilizando, para pagar à professora, a SRA. WILKINSON (VANESSA COSTA), o dinheiro que JAKIE lhe dava, destinado a remunerar o instrutor de box, GEORGE (MARCELO NOGUEIRA).
Quando JACKIE descobre isso, proíbe o filho de
retornar às aulas de balé, porém, apaixonado pela dança, o menino, já
totalmente consciente do que desejava, para a
sua vida, continua, secretamente, a participar das aulas, contando com a
ajuda e “acobertamento” de sua professora de dança, que acabou se tornando, para
ele, uma espécie de segunda mãe, uma vez que a verdadeira havia morrido. O
menino vivia com o pai, o irmão TONY
(BETO SARGENTELI) e a AVÓ, (INAH DE CARVALHO).
A SRA. WILKINSON
descobre, em BILLY, um potencial
para a dança, um talento inato, e propõe que ele faça um “up grade”, em seus
estudos, ingressando, por meio de uma audição, na Royal Ballet School, em Londres.
Ocorre que seu
irmão, TONY, por conta da greve, é
preso e isso faz com que BILLY,
envolvido, emocionalmente, com os problemas da família, perca o teste.
A SRA. WILKINSON discute com JACKIE, sobre a oportunidade perdida,
acusando-o de responsável por cortar o futuro promissor do menino, mas JACKIE e TONY estão irredutíveis e indignados, com a perspectiva de BILLY vir a se tornar um bailarino
profissional, e não se abalam com o ocorrido.
Durante o Natal, BILLY descobre que seu melhor amigo, MICHAEL, é homossexual. Apesar de o protagonista não o ser, ele apoia o amigo e se diverte muito com este,
um garoto extremamente extrovertido.
Surge o momento em
que JACKIE flagra BILLY dançando, na academia, e percebe
que seu filho é, realmente, talentoso e decide fazer o que for preciso, para ajudá-lo
a alcançar seu sonho.
A SRA. WILKINSON tenta convencer JACKIE a deixá-la pagar, para BILLY viajar a LONDRES, numa segunda tentativa e oportunidade de se aprovado no Royal Ballet School, mas ele responde
que BILLY é seu filho e que isso
ficaria a seu cargo.
JACKIE
tenta cruzar a linha de piquete, para voltar a trabalhar e ganhar dinheiro, a
fim de ter como pagar a viagem do filho a Londres,
mas TONY, de forma bem radical, o
impede de furar a greve. Em vez disso, seus colegas mineiros e vizinhos
levantam algum dinheiro e, ainda, JAKIE
utiliza joias da mãe de BILLY, para
cobrir o custo, e pai e filho vão a
Londres, para uma tão desejada audição na Royal Ballet School. O pai não tinha tanta certeza de que o menino
pudesse ser aprovado e isso deixa BILLY
bastante inseguro.
Embora altamente
nervoso, BILLY executa bem os passos
que lhe são exigidos, demonstra sua vocação, mas se desentende com um outro
menino e lhe dá um soco, em razão de sua frustração com a audição, que ele
julgara não ter sido boa, e o medo de ter arruinado a sua chance de alcançar o
seu sonho.
BILLY
é severamente repreendido pelos examinadores, mas, quando é questionado sobre o
que sentia quando estava dançando, surpreende-os e encanta-os com uma resposta
poética e extremamente expressiva.
Na certeza de ter
sido rejeitado, BILLY retorna a casa,
com seu pai, porém, algum tempo depois, recebe uma carta, aceitando-o para o Royal Ballet School , para onde ele
vai, até se tornar rapaz e um grande bailarino, realizando, assim, um sonho de
infância.
Mesmo
lendo a detalhada sinopse acima,
antes de ver o musical, ninguém
consegue imaginar o impacto que o espetáculo
proporciona a quem assiste a ele, até mesmo o menos sensível e que não tenha
intimidade com o universo da dança.
Trata-se, antes de tudo, de uma história que passa uma mensagem de superação,
de determinação, de coragem de um ser humano, para romper todas as barreiras e
chegar a um objetivo, ao sonho quase impossível. Sim, “quase”, porque
não existe sonho impossível, para quem sabe o que quer e acredita no que
deseja. O céu é o limite para essas pessoas, gente como o pequeno BILLY, que me faz chorar muito, e sempre. Acredito que quase todos os que
assistem ao musical se identificam,
de alguma forma, com o personagem,
por este ou aquele detalhe.
A
peça foi baseada num filme, de 2000, um dos meus “DVDs de
cabeceira”, que me despertou grande interesse, desde quando assisti a ele
pela primeira vez. Também existe um outro DVD,
da montagem teatral de Londres, a
que eu assisti. Delicio-me com ambos. Sim, “BILLY
ELLIOT” é, sem a menor dúvida, uma delícia de musical, porque mistura
ingredientes que tocam o coração de todas as pessoas. Mas até nem poderia ser
esse o resultado, se o conjunto da obra não fosse totalmente coeso, harmonioso,
se não houvesse sintonia total entre todos os elementos do espetáculo, partindo do texto,
passando peças canções, os intérpretes e todos os artistas de criação. Eu ouso dizer, e
assumo, que a nossa montagem, a que
está sendo motivo desta crítica, só
não se trata de um espetáculo 100%, mas
chega a 99,9999999999...%, por conta
de um pequeno detalhe, que deveria sofrer um ajuste e sobre o qual falarei
adiante. “BILLY ELLIOT” é um dos
exemplos em que, praticamente, não se notam diferenças entre o espetáculo teatral e o filme.
Por
outro lado, tenho muitas razões para
recomendar, com o maior empenho, esta obra-prima, as quais passo a
discriminar, de forma bem detalhada.
O
texto é bom? Não! É ótimo, muito
valorizado pela versão brasileira de
MARIANA ELISABETSKY e VICTOR MÜNLETHALER, uma tarefa que
considero hercúlea. Digo isso com convicção, porque conheço o idioma inglês e o
texto original. Apesar de ser um drama, há falas e algumas ações que me
parecem, de forma bem ajustada, fazer parte no roteiro, para torná-lo menos árido. E tudo funciona muito bem, abordando
temas bastante diversos e extremamente opostos, como lutas de classes e
homossexualidade, sendo que esta não entra como destaque do enredo, porém é abordada com um
tratamento muito natural e respeitoso, e, ainda, a meu juízo, um assunto totalmente
necessário, uma vez que a aceitação, por parte de BILLY, da homoafetividade de seu melhor amigo, é um “toque”, para
que todos aprendam a aceitar as diferenças e a conviver com elas.
Impressiona-me, sobremaneira, constatar como um tema considerado, ainda,
infelizmente, por muitos, um tabu seja abordado, ligado a uma criança, e o
público reage favoravelmente, naturalmente, sem achaques de puritanismo, mesmo
quando vemos, na plateia, a predominância de gente mais velha, de idosos e,
muito provavelmente, conservadores, como os ingleses, principalmente. Não há um
segredo por trás disso; trata-se, apenas, de como o tema é brilhantemente
tratado.
Há
dois grandes e distintos conflitos paralelos em jogo: um externo, mais amplo,
de classe, afeito a muitas pessoas, representado pela luta dos mineiros, por
melhores condições de trabalho; e um interno, particular, de um menino lutando
contra a família, para a realização de um sonho pessoal. O que me fez refletir
bastante, nessa história, é que um ano de greve, para a garantia da
sobrevivência de uma classe trabalhadora, algo mais concreto, palpável, não
adiantou nada, não gerou ganhos, não tornou os bravos grevistas vitoriosos,
entretanto a persistência de BILLY por
algo onírico fez dele um vencedor e, curiosamente, foi a dança a responsável
por unir uma família e uma comunidade pouco esclarecida, preconceituosa, por
pura ignorância. A partir de um determinado momento, tudo fica em segundo plano
e são todos por um: BILLY ELLIOT.
Isso é uma das provas de que a arte
salva.
A
parte musical é boa? Não! É
excelente!!! E poderia ser diferente, se quem assina as canções é ninguém mais
do que um gênio: ELTON JOHN? As melodias são belíssimas e nelas se
encaixam letras muito bem escritas,
fortes e líricas, dependendo de cada cena, que emocionam por demais. A canção “Solidariedade” pode ser considerada “chiclete” (Ninguém consegue
tirá-la da cabeça.), mas daqueles que mantêm o sabor, eternamente, na nossa
boca; não se trata de um sabor efêmero, mas para toda a vida. Que delícia de
composição e que força ela contém, no sentido de incentivar, pôr qualquer um
para a frente e para o alto!
A
equipe de criação - tanto os
estrangeiros quanto os brasileiros - reúne a nata de profissionais dos mais
premiados em suas respectivas atividades.
A
direção é boa? É!!! O comando geral é do competente e
reconhecido diretor JOHN STEFANIUK,
um canadense, de Toronto, que já dirigiu
os maiores musicais de todos os
tempos, ao redor do mundo, com muitos prêmios em seu currículo; mas muitos aplausos
devem ser destinados, também, a FLORIANO
NOGUEIRA, o diretor associado.
A
cenografia é boa? Pergunta
desnecessária. Embora tenha sido criada, especialmente, para a versão brasileira, pelo premiado cenógrafo norte-americano MICHAEL CARNAHAN, o cenário, em muito, se assemelha ao da
versão de West End. É formado por
estruturas de grandes proporções, representando vários lugares, que vão se
formando, com a entrada e o acréscimo de alguns elementos, numa base comum a
todos. Assim temos a casa da família de BILLY,
com seu pequeno quarto, num jirau, e uma cozinha, na parte de baixo; a sala de
ensaios de dança; a academia de box; e outros locais, como a entrada da mina e
uma sugestão de interior desta, ao fundo. Mecanismos de içar e fazer descer
peças do cenário e atores também estão presentes nesta
complexa e muito rica, do ponto de vista artístico, engrenagem de carpintaria cênica. Merece citação AMÉLIA BRANSKI, como cenógrafa associada.
LÍGIA ROCHA e
MARCO PACHECO assinam as dezenas de figurinos, os quais “remetem à década
de 1980, com modelagens, estamparias, sobreposições e envelhecimento artístico,
com pintura de tecido feita a mão, para trazer a pobreza e decadência da
comunidade mineira, que batalha contra as ações do governo Thatcher”.
Um trabalho de mestres, fruto de uma detalhada pesquisa, certamente.
A
direção musical do espetáculo está muito bem entregue a DANIEL ROCHA, detentor de vários
prêmios e presença marcante nos maiores musicais
montados, no Brasil, nos últimos
tempos, mormente em São Paulo. DANIEL comanda uma excepcional orquestra, formada por 17 exímios músicos. Segundo o “release”, “as músicas de ELTON JOHN são
reproduzidas na formação original de orquestra, como realizado em Londres e em
Nova Iorque. Destaca-se, ainda, o poder vocal dos números de coro e dos
solistas.”.
É
muito bonito e funcional o desenho de
luz, feito por MIKE ROBERTSON, “um
dos maiores nomes para a iluminação de TEATRO MUSICAL da atualidade”,
que contou com o trabalho de TOM MULLINER,
como “designer” de luz associado. “Seu
projeto é criado em conexão com a composição das músicas, do cenário e das
movimentações do elenco, no texto e nas coreografias, construindo momentos
emocionantes.”.
O
som é perfeito, nítido e cristalino,
graças à perícia de GASTON BIRSKI, “designer” de som e de ALEJANDRO ZAMBRANO, “designer” de som associado. Tanto as letras das canções como os
textos declamados são captados, em toda a sua essência, pelo público, esteja o
espectador acomodado em qualquer setor do Teatro.
CAIO MALFATTI,
que aparece, na ficha técnica, como diretor técnico, que penso
ser o mesmo a que chamamos de diretor de palco, no Brasil, é uma pessoa
da maior importância, no comando de, praticamente, tudo, no “backstage”,
naturalmente contando com um batalhão de auxiliares, para que tudo possa dar
certo.
A
cada dia, torna-se mais importante o trabalho de visagismo, no TEATRO, principalmente quando se trata de uma peça de outra época e passada, no caso,
numa cidadezinha do interior da Inglaterra, aqui executado por ELISEU CABRAL. Associando
e combinando os figurinos a acessórios e maquiagem, ELISEU consegue
passar um “physique du rôle” perfeito para cada personagem, do protagonista
ao menos importante, na trama, o que ajuda muito a passar a verdade que o musical deseja que fique perpetuada na
memória afetiva de cada espectador.
Não
deve ter sido nada fácil organizar as audições
e fazer a produção de elenco, tarefa
que se torna menos difícil, porém de grande responsabilidade, quando esse
trabalho é executado por uma experiente profissional do ramo, MARCELA ALTBERG.
“BILLY ELLIOT – O MUSICAL”
é um “bolo com duas cerejas”, a coreografia e o elenco, e os comentários sobre ambos, como não poderia deixar de
ser, ficaram reservados para o final deste trabalho.
Com
relação à coreografia, elemento
obrigatório em qualquer musical,
neste, especialmente, ela se reveste de uma importância extrema, visto que a
metade do enredo, e a mais
importante, sem dúvida, gira em torno dela. Assinada por PETER DARLING e vencedora do Tony
Awards e do Olivier Awards, a coreografia foi especialmente
licenciada para a produção brasileira
e contou com os nomes de BARNABY
MEREDITH e NIKKI BELSHER, como coreógrafos
associados, indicados pelo próprio DARLING,
e ainda recebeu o reforço de ANELITA
GALLO, como coreógrafa residente.
A coreografia, neste espetáculo, é
protagonista, e não coadjuvante, como já disse, por
ser o cerne do enredo, e reúne balé clássico, dança contemporânea, muito sapateado
e acrobacias, o que exige, e muito,
o talento e a dedicação de todos, principalmente do elenco infantil. Cada número
coreográfico surpreende mais que o outro, sendo que o momento máximo se dá
na emblemática cena do voo de BILLY
ELLIOT, no número “Electricity”,
dividido com um excepcional bailarino, GUILHERME PIVETTI. Para essa
cena, foi necessária a assessoria de um norte-americano, diretor de voo, R.J. SCALA,
“envolvido
nas produções de ‘O Rei Leão’, ‘Mary Poppins’, ‘Wicked’, entre tantos outros
espetáculos musicais da Broadway...”. Nesse voo, é utilizado um “sistema
automatizado, importado da produção original de ‘BILLY ELLIOT’, junto à empresa
Fly By Foy’. É quase impossível não se chegar às lágrimas (E eu já
estou me segurando aqui, só de me lembrar.), durante essa cena, por sua beleza
plástica, sua leveza e o que ela representa para o enredo; o simbólico voo do menino BILLY ao encontro do seu futuro.
Todos
os atores que dançam são muito
exigidos e executam seus números com o máximo de perfeição, entretanto não há
como não se apaixonar pelo talento dos meninos. Dá vontade de aplicarmos
beliscões, em nós mesmos, para termos a certeza de que não estamos sonhando.
Sim, aquilo é verdade; os meninos dançam como gente grande. É de fazer chorar
mesmo, até nas coreografias mais
leves e alegres, chegadas ao humor, como a da cena em que BILLY e MICHAEL,
vestidos de meninas, dançam, acompanhados por uns “vestidos gigantes”.
Falemos,
agora, do elenco. Como assisti ao musical em duas sessões seguidas, tive
a oportunidade de ver os trabalhos de diferentes elencos infantis. Quanto às meninas, todas excelentes, por serem
muitas, não tenho como me lembrar de cada uma delas; são todas, porém, ótimas
naquilo que fazem. Já com relação aos meninos, na primeira sessão, atuaram, respectivamente, como BILLY e MICHAEL, RICHARD MARQUES (14
anos, o mais velho) e TAVINHO
CANALLE. Na segunda, também
respectivamente, PEDRO SOUSA (10 anos, o
mais novo) e FELIPE COSTA.
Pretendo voltar a São Paulo, na
última semana da temporada, e queiram os Deuses
do Teatro, que, numa das duas sessões a que pretendo assistir, possa
conhecer os trabalhos de TIAGO FERNANDES
(12 anos), como BILLY, e de PAULO GOMES, como MICHAEL, que, também, já me disseram serem tão sensacionais quanto
os dos outros quatro colegas. É muito importante dizer, - importantíssimo -
que este é o primeiro trabalho, em musicais, do sexteto. Que alegre e
agradável surpresa foi ver esses meninos atuando!!!
]
Para
interpretar BILLY, o ator mirim se apresenta em dois números de balé, quatro de sapateado, dois de dança contemporânea, além de diversas acrobacias. Acrescente-se a
isso o fato de o personagem ter quatro solos e permanecer, em cena,
durante a maior parte do “show”.
Todos
me encantaram ao extremo, todavia as imagens que mais ficaram guardadas na
minha retina são as de PEDRO SOUSA,
creio que por sua pouca idade e maior leveza em cena, em função sua compleição física. É
impressionante ver como aquele “pinguinho de gente” se agiganta em cena.
O
pai "machão", preconceituoso, raivoso, brutalizado de BILLY é vivido por CARMO DALLA VECCHIA, um excelente
ator, que compõe muito bem o personagem,
deixando, apenas, a desejar, a meu juízo, na parte musical. É aquele 0,00000000001...%,
que, se não existisse, me impediria de apresentar um único senão a esta montagem. É uma pena, porém seu solo
perde um pouco de brilho, pelas limitações do ator, para o canto, o que,
felizmente, não compromete tanto o espetáculo.
Repito, e faço questão disso, que o trabalho
de ator de DALLA VECCHIA é excelente, muito bem perceptível na
transformação do personagem, ao longo
da trama.
Que
bela e acertada escolha o nome de BETO
SARGENTELLI (ator convidado), para representar TONY, o irmão de BILLY,
com as mesmas características do pai; no fundo, ambos, produtos do meio em que
nasceram e vivem. Ator versátil, já tendo participado dos maiores musicais montados no Brasil, nos últimos anos, faltava-lhe
um personagem como TONY, um desafio para o grande ator, completo, que ele é.
VANESSA COSTA
é outro grande acerto deste elenco.
Além de grande atriz e uma bailarina de intermináveis recursos,
também canta muito bem e empresta seu carisma pessoal à personagem que representa, a Sra.
WILKINSON, a qual ganha a simpatia do público logo em sua primeira
aparição, quando interpreta, num tom meio debochado, a canção “Brilhar”, apesar de alguns momentos em
que perece ser dura, rabugenta, tudo da boca para fora. A personagem é o esteio, serve de sustento, para BILLY e é a responsável maior por encorajar o menino a encontrar a
sua realização pessoal e profissional. Que
grande profissional é VANESSA COSTA!
INAH DE CARVALHO
completa a família de BILLY. É a sua
AVÓ, já meio senil, que se embaraça
com tudo, mas não deixa de apoiar o neto, a despeito de, em alguns momentos, chegar
perto de pensar parecido com o pai e o irmão do menino. Junto com o personagem MICHAEL, a AVÓ serve de contraponto à aridez, própria, da peça, com um humor meio britânico, porém bem adaptado, para a compreensão
dos brasileiros. Outro grande acerto no
elenco!
Em
poucas aparições, de forma bem generosa, SARA
SARRES, surge, o seu espectro, como a mãe falecida de BILLY, uma espécie de anjo protetor para o garoto. SARA, um dos maiores nomes femininos do
TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, já tendo
protagonizado tantas vitoriosas produções,
tem uma participação pequena, no musical,
mas suas cenas são muito marcantes. Suas intervenções são um bálsamo para a
plateia, por sua presença física e por sua bela e inconfundível voz. SARA, muitas lágrimas você arrancou de
mim, e arranca, de quase todos os espectadores, na cena da carta (Não darei “spoiler”.).
MARCELO
NOGUEIRA interpreta, com muita propriedade, GEORGE, o professor/técnico
de boxe. Já tendo atuado em muitos musicais de sucesso, parece-me
ter chegado a hora de sua grande decolagem, como ator, nesse gênero teatral.
É dono de uma belíssima e possante voz, é um ótimo ator e dá conta,
quando lhe é cobrada a dança. É o alternante de CARMO DALLA VECCHIA,
como JACKIE, e é meu desejo vê-lo no papel, uma vez que, certamente,
cobrirá, com sobra, a falta do canto no personagem, observada e já
comentada.
Tirando
os demais participantes, que formam os grupos de “ensemble” e “swing”,
os quais cumprem seus papéis com correção total, ainda fazem parte do elenco
ANDRÉ LUIZ ODIN (SR. BRAITHWAITE) e MARCELO GÓES (BIG DAVIS),
ambos também com boas atuações.
FICHA
TÉCNICA:
Letras
e Libreto de Lee Hall
Músicas
de Elton John
Originalmente,
dirigido por Stephen Daldry
Direção
Geral: John Stefaniuk
Versão
Brasileira: Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler
Diretor
Associado: Floriano Nogueira
ELENCO:
Richard Marques, Pedro Sousa e Tiago Fernandes (Billy Elliot); Carmo Dalla
Vecchia (Jackie); Beto Sargentelli (Tony); Vanessa Costa (Sra. Wilkinson); Sara
Sarres (Mãe); Inah de Carvalho (Avó); André Luiz Odin (Sr. Braithwaite);
Marcelo Nogueira (George) e Marcelo Góes (Big Daves)
ENSEMBLE:
Afonso Monteiro, Dino Fernandes, Fabrício Negri, Fernando Marianno, Guilherme
Pivetti, Gustavo Della, Lucas Cândido, Otávio Zobaran, Rodrigo Garcia, Sandro Conte,
Carla Vazquez, Marisol Marcondes, Luciana Artusi, Vanessa Mello, Clarty Galvão,
Danilo Martho (swing), Vittor Fernando (swing) e Mari Saraiva (swing)
CRIANÇAS: Felipe Costa, Tavinho Canalle e Paulo Gomes (Michael Caffrey); Dudda Artese e Isabella Daneluz (Alison Summers); Anabê Drummond e Martha Nobel (Keeley Gibson); Maria Clara Mascellani e (Ana Júlia Santaniello (Angela Robson); Júlia Berlim e Thaís Morello (Julie Hope); Helô Aquino e Luísa Bresser (Debbie Wilkinson); Milena Blank e Gigi Patta (Susan Parks); Mel Hendriksen e Isa Pagnota (Tracey Atkinson); Laura Daguer e Giulia Mattiello (Sharon Percy); Anna Beatriz e Lia Botelho (Tina Harmer)
Diretor
Musical: Daniel Rocha
Coreógrafo:
Peter Darling
Coreógrafos
Internacionais Associados: Barnaby Meredith e Nikki Belsher
Coreógrafa
Residente: Anelita Gallo
Cenógrafo:
Michael Carnahan
Cenógrafa
Associada: Amélia Branski
Figurinista:
Lígia Rocha e Marco Pacheco
Designer
de Luz: Mike Robertson
Designer
de Luz Associado: Tom Mulliner
Designer
de Som: Gaston Birski
Designer
de Som Associado: Alejandro Zambrano
Visagista:
Eliseu Cabral
Diretor
Técnico: Caio Malfatti
Produtora
de Elenco: Marcela Altberg
Produtores
Associados: Cleto Baccic, Carlos A. Cavalcanti e Vinícius Munhoz
Fotos:
João Caldas
Apresentado
por: Ministério da Cidadania e Brasilprev
Patrocínio:
Alelo, Furnas e Vivo
Apoio:
Boa Vista
Hotelaria
Oficial: Radisson Paulista e Vila Olímpia
Realização:
Atelier de Cultura e Governo Federal
SERVIÇO:
Temporada:
De 15 de Março a 30 de junho de 2019.
Local:
Teatro Alfa (1.100 lugares).
Endereço:
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro – São Paulo.
Dias
e Horários: 6ªs feiras, às 20h30min; sábados, às 15h e às 20h; domingos, às 14h
e às 18h30min.
Horário
de funcionamento da Bilheteria: De 2ª feira a sábado, das 11h às 19h; domingos,
das 11h às 17h. Em dias de eventos, até o início dos mesmos. Aceita cartões de
crédito (Amex, Visa, Credicard e MasterCard), cartões de débito (Visa Electron
e Redeshop) ou dinheiro. Ar condicionado. Acessibilidade. Estacionamento
terceirizado, com manobrista. Vendas “online”: www.ingressorapido.com.br
Valores
dos ingressos: De R$75,00 a R$310,00, dependendo da localização da poltrona.
Duração:
170 minutos (com 20 de intervalo).
Classificação
Etária: Livre.
Gênero:
Musical.
“BILLY ELLIOT – O MUSICAL” é uma das maiores superproduções
de TEATRO que já passaram por palcos brasileiros. Conta com 49 atores,
17 músicos e mais de 80 técnicos.
Teremos de ser, eternamente, gratos ao ATELIER DE CULTURA (“O Homem
de La Mancha”, “Annie” e “A Noviça Rebelde”, por exemplo.), nas pessoas de CLETTO
BACCIC, CARLOS A. CAVALCANTI e VINÍCIUS MUNHOZ, pela coragem
de trazer, ao Brasil, esta obra-prima, recordista de premiações (Na
sua primeira produção, de 2006, em Londres, ganhou 5 Laurence
Olivier Awards e, em 2009, na montagem da Broadway,
ganhou nada menos que 10 Tony Awarsds, 10 Drama Desk Award e 7
Critics Circle.), licenciada pelo MTI (Music Theatre International),
de Nova Iorque.
O musical já foi assistido por mais de oito milhões de
pessoas, em todo o mundo, um fenômeno teatral raro, arrebatando tanto o público
quanto a crítica, e jamais deixará de ser encenado.
É com um enorme prazer e uma
incontida emoção que escrevo sobre este espetáculo, já me programando
para vê-lo, por mais duas vezes, na última semana desta temporada, que, sem a
menor dúvida, representa um marco para o TEATRO MUSICAL BRASILEIRO: antes
e depois de “BILLY ELLIOT – O MUSICAL”.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
(FOTOS: JOÃO
CALDAS.)
Tiago Fernandes como Billy e seu companheiro Paulo como Michael simplesmente arrasam. No meu entender são os melhores.
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