NÃO É
SÓ A
“SALVAÇÃO DA
LAVOURA”,
MAS, TAMBÉM,
UMA NOVA GRANDE OPORTUNIDADE.”
Não
é por acaso que, o ano teatral de 2017
começou com muitas reestreias, algumas de espetáculos que foram levados à cena,
pela primeira vez, há alguns anos.
A grave crise
econômica a que o país foi jogado, pelo excesso de má gestão e falcatruas, gerou,
ainda está gerando e, infelizmente, ainda gerará, por muito tempo, medo,
incertezas, desconfianças, de modo que se tornou, para os produtores, uma luta
insana o objetivo de conseguir patrocínio para novos projetos.
Verdadeiros
“mecenas” (as aspas são necessárias, uma vez que, como “não há almoço de graça”,
sempre havia o interesse no retorno, em qualquer tipo de lucro), grandes
empresas, principalmente as estatais e/ou as de capital misto, como a
Petrobras, a Eletrobras, Furnas e outras, incluindo as totalmente particulares,
estão negando dinheiro a quem dele precisa para novas montagens. As que não o fizeram,
radicalmente, encolheram bastante esses patrocínios, de modo que ficou,
praticamente, inviável pôr um espetáculo novo de pé, o que nem é tão difícil; o
mais complicado é a sua manutenção, durante uma temporada, por menor que seja.
Os custos são elevadíssimos e não se pode cobrar um ingresso muito caro, porque
a crise atinge a todos. Entre comer e o “luxo” do lazer, “farinha pouca, meu
pirão primeiro”. Comer está em primeiro plano.
Infelizmente,
vivemos num país em que a grande maioria do povo, por total ignorância, vibra e
se emociona, quando “governos”, totalmente corruptos, inconsequentes e
incompetentes, apenas para auferir muito lucro, com os malditos
superfaturamentos, assinando papéis escusos, e deixar seus egos em paz,
inventam de patrocinar uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, num país sem saúde,
educação, saneamento básico, mobilidade urbana, oferta de cultura de bom nível
ao povo, dentre tantas “bobagens”.
Esse mesmo
povo é incapaz de demonstrar a mesma vibração que puseram em prática durante os
eventos esportivos citados, que também são importantes e interessantes, se
houvesse condições para bancá-los, diante da inauguração de um grande TEATRO, por exemplo, como a do recente Teatro Riachuelo, que tem uma história
e uma trajetória linda, desde sua construção, no século XIX (1890).
É
nesse país que vivemos, em que os enlatados estrangeiros, norte-americanos, em
sua imensa maioria, por piores que sejam ou desprovidos de aspectos
construtivos e de ARTE, no sentido
mais amplo da palavra, lotam as salas de projeção, durante semanas, em grandes cadeias
de cinema, graças ao apelo da mídia, enquanto obras-primas, como “O Filho Eterno”, baseado num grande
sucesso do TEATRO, de público e de
crítica, que consagrou o nome de um dos maiores atores deste país, Charles Fricks, sendo que a peça já
havia sido uma adaptação, para os palco, do lindo livro de Cristóvão Tezza, fique em cartaz por duas semanas apenas, numa
cidade como o Rio de Janeiro, num circuito mínimo, muito restrito, não
oferecendo, ao público, a oportunidade de conferir essa grande obra de ARTE. Notem que estou sendo abundante,
nos adjetivos relacionados ao filme, mesmo sem ter conseguido assistir a ele, baseando-me,
apenas, na peça, que vi algumas vezes, nos depoimentos dos amigos "confiáveis", que
conseguiram assistir ao filme, e nos comentários da crítica especializada. Mas é
o caso de um filme que eu, mesmo não tendo visto, recomendo, no escuro total.
Vou aguardar o momento, para poder conferir, quando passar num daqueles canais
de TV, sem a magia da telona, infelizmente.
Laila Garin e Alejandro Claveaux.
A
coragem dos empreendedores, na área do TEATRO,
que eu louvo tanto e não me canso de aplaudir e espalhar, aos quatro cantos do
mundo, e o seu amor (mais que isso, PAIXÃO)
por essa nobilíssima ARTE, que,
ainda, precisa fazer parte, com mais frequência do cardápio cultural do
brasileiro, é que está mantendo o TEATRO
vivo, no Brasil, nestas épocas de “vacas magras”, quando eles, os produtores, estão colocando dinheiro do
próprio bolso, até vendendo alguns bens materiais, ou recorrendo a “vaquinhas”,
à “ação entre amigos”, os chamados “financiamentos
coletivos”, para a montagem de seus espetáculos.
Para
que não fiquemos “órfãos” de TEATRO,
em “abstinência”, como eu fiquei, de 19 de dezembro passado a 5 de janeiro
deste ano, em função do recesso anual (um toque de humor, dentro de um assunto
muito triste e tão sério), espetáculos já montados, alguns há mais de cinco ou
dez anos, estão voltando à cena, porque isso implica custos menores, uma vez
que já existe uma estrutura, de cenários e figurinos, por exemplo, acumulando pó,
em algum depósito por aí ou espalhados pelas casas do diretor, do produtor, dos
atores, dos técnicos...
Não
acho isso ruim, não, muito pelo contrário; mas não posso deixar de ficar triste.
É bom, para dar a oportunidade, a quem não conseguiu ver o espetáculo, de
conferir por que falaram tão bem dele, e, àqueles que tiveram a sorte de
assistir a essas peças, anteriormente, de revê-las e curtir, mais ainda, aquilo
de que já haviam gostado tanto.
Por outro
lado, tenho de lamentar que isso só ocorra, na maioria das vezes, porque os
produtores não conseguem partir para novos projetos.
Até
por interesse particular, em rever determinados espetáculos, digo, com certa frequência,
a amigos (produtores, diretores e atores) – Bruce Gomlevsky é um dos que podem confirmar isso - que eles têm
uma “carta na manga”, um “curinga”, que pode ser mostrada/o,
novamente, ao grande público, sempre, a qualquer hora, que o sucesso e o
retorno financeiro, já que todos precisam de dinheiro, para sobreviver, virão.
Os dois
grandes motivos para que isso se dê são, a inquestionável qualidade do espetáculo,
já provada anteriormente, e, muitas vezes, a facilidade na remontagem, por
serem peças de pouca complexidade técnica. Em alguns caos, esse fator não é bem
assim, porque essas remontagens também ocorrem com espetáculos mais complexos,
tecnicamente falando, apesar do fato de que um ou outro não reúna tantas
qualidades, que justificassem uma volta ao cartaz.
Posso
citar alguns exemplos desses “revivals”,
que estão em cartaz, com casas totalmente cheias, com lotações esgotadas, que
poderão ficar em cartaz pelo tempo que desejarem e que, se remontados, daqui a
dez ou vinte anos, terão a mesma receptividade do público e, menos importante,
da crítica, por dois motivos: a qualidade do produto e sua atemporalidade.
Anotem e vejam
se não estou certo: “A HISTÓRIA DE NÓS
DOIS”, em cartaz no Teatro Vannucci;
“GOTA D’ÁGUA [A SECO]”, obra-prima, no lindo Teatro Riachuelo; “RENATO RUSSO – O MUSICAL”, também no Riachuelo; “4 FACES DO AMOR”,
no delicioso Theatro NET Rio; “ATÉ
O FINAL DA NOITE”, no Teatro do
Leblon, e “BACKER STREET”, no Teatro Serrador. Posso ter esquecido
algum(ns). Perdão, antecipadamente. Se for o caso, aceito que me lembrem e
farei os acréscimos que julgar necessários.
E há os que
ainda estão por reestrear, como “AMOR
CONFESSO”, excelente espetáculo, que faz carreira há alguns anos, além das reestreias
dos mais recentes, (de 2016), como “DOROTÉIA”, hoje (13/01/2017), na Arena
do SESC Copacabana; “CAIS OU DA
INDIFERENÇA DAS EMBARCAÇÕES”, em temporada relâmpago, também em outra sala
do SESC Copacabana; “ORDINARY DAYS”, no Espaço Cultural Solar de Botafogo; “OCUPAÇÃO RIO DIVERSIDADE”, no Teatro SESI, do Centro; “ALICE ATRAVÉS DO
ESPELHO”, no Espaço Armazém, na Fundição Progresso; e “UM DIA QUALQUER”, na Caixa Cultural”. Será que esqueci
algum? Vale a última frase do parágrafo anterior.
Vale a pena lembrar que muitos espetáculos encerraram interromperam suas temporadas, no dia 18 de dezembro, obedecendo ao recesso de fim de ano., mas voltaram a toda carga, como "ANTÍGONA", no Teatro Poeirinha; "CEMITÉRIO DAS DELÍCIAS - ARRABAL EM CENA", no Teatro Café Pequeno; "O ESCÂNDALO PHILIPPE DUSSAERT", no Teatro Maison de France; "GRITOS", no CCBB; "A INVENÇÃO DO AMOR", no Teatro do Leblon; "60! DÉCADA DE ARROMBA - DOC.MUSICAL", grande sucesso, no Theatro NET Rio; e "A PAZ PERPÉTUA", no Teatro Dulcina, dentre outros.
É bom, também falar das estreias tão esperadas, como "O TOPO DA MONTANHA", no Teatro SESC Ginástico"; "OS VILÕES DE SHAKESPEARE", no Parque das Ruínas; "FOREVER YOUNG" (recém-estreada), no Teatro das Artes; e "MATA TEU PAI" (idem), no Espaço Cultural Sérgio Porto.
Foi tão compensador,
em pleno Dia de Reis, ter visto,
pela quinta vez, “GOTA D’ÁGUA [A SECO]”,
com o Teatro Riachuelo “botando
gente pelo ladrão”!
Foi lindo ter
visto, na última 4ª feira, o Teatro NET Rio cheio, com gente aplaudindo e
ovacionando o lindo e inteligente espetáculo “4 FACES DO AMOR”!
Foi
emocionante a noite de ontem, também no Teatro
Riachuelo, ver que não havia um, dos mil lugares, vazio, com pessoas
cantando, emocionadamente, as canções de RENATO
RUSSO e aplaudindo o talento de Bruce
Gomlevsky, mesmo com um ligeiro e inexpressivo comprometimento de sua voz,
o que não apagou o brilho da apresentação!
Bruce Gomlesvsky.
Certamente,
será, hoje, igualmente linda e emocionante a reestreia da instigante montagem,
de Jorge Farjalla, para “DOROTEÉIA”, na Arena do SESC Copacabana! Não vejo a hora!!!
Tenho
participado de algumas “vaquinhas”, anteriormente citadas, e aproveito para
pedir desculpas aos amigos que me solicitam uma colaboração financeira e que
acabam não a conseguindo, porque, se eu fosse atender a todos, o que seria, ou
melhor, é meu desejo, teria de pedir ajuda a terceiros, para me sustentar,
tal é a quantidade desses pedidos.
E assim, sucessivamente,
a gente vai se deliciando com essas remontagens e reestreias, um “paliativo”
para a falta de novidades.
Aproveitem e não
deixem de prestigiar o TEATRO BRASILEIRO!
Reconheçamos a
coragem e a força dos nossos artistas, que não se deixam abater, mesmo quando colocados
contra a parede!
Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller.
Vamos ao TEATRO!
MERDA!
EVOÉ!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente! Deveria ser coluna em jornal, revista além de blog!
ResponderExcluirMuito bom! Parabéns!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns! Eu tô fazendo meu papel de PLATEIA direitinho! Comprando ingressos desde 05/01/2017 e prestigiando as produções teatrais diariamente😘
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