sexta-feira, 13 de janeiro de 2017


NÃO É SÓ A
“SALVAÇÃO DA

LAVOURA”,
MAS, TAMBÉM,
UMA NOVA GRANDE OPORTUNIDADE.”

 

 

 

            Não é por acaso que, o ano teatral de 2017 começou com muitas reestreias, algumas de espetáculos que foram levados à cena, pela primeira vez, há alguns anos.

A grave crise econômica a que o país foi jogado, pelo excesso de má gestão e falcatruas, gerou, ainda está gerando e, infelizmente, ainda gerará, por muito tempo, medo, incertezas, desconfianças, de modo que se tornou, para os produtores, uma luta insana o objetivo de conseguir patrocínio para novos projetos.

            Verdadeiros “mecenas” (as aspas são necessárias, uma vez que, como “não há almoço de graça”, sempre havia o interesse no retorno, em qualquer tipo de lucro), grandes empresas, principalmente as estatais e/ou as de capital misto, como a Petrobras, a Eletrobras, Furnas e outras, incluindo as totalmente particulares, estão negando dinheiro a quem dele precisa para novas montagens. As que não o fizeram, radicalmente, encolheram bastante esses patrocínios, de modo que ficou, praticamente, inviável pôr um espetáculo novo de pé, o que nem é tão difícil; o mais complicado é a sua manutenção, durante uma temporada, por menor que seja. Os custos são elevadíssimos e não se pode cobrar um ingresso muito caro, porque a crise atinge a todos. Entre comer e o “luxo” do lazer, “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Comer está em primeiro plano.

            Infelizmente, vivemos num país em que a grande maioria do povo, por total ignorância, vibra e se emociona, quando “governos”, totalmente corruptos, inconsequentes e incompetentes, apenas para auferir muito lucro, com os malditos superfaturamentos, assinando papéis escusos, e deixar seus egos em paz, inventam de patrocinar uma Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, num país sem saúde, educação, saneamento básico, mobilidade urbana, oferta de cultura de bom nível ao povo, dentre tantas “bobagens”.

Esse mesmo povo é incapaz de demonstrar a mesma vibração que puseram em prática durante os eventos esportivos citados, que também são importantes e interessantes, se houvesse condições para bancá-los, diante da inauguração de um grande TEATRO, por exemplo, como a do recente Teatro Riachuelo, que tem uma história e uma trajetória linda, desde sua construção, no século XIX (1890).

            É nesse país que vivemos, em que os enlatados estrangeiros, norte-americanos, em sua imensa maioria, por piores que sejam ou desprovidos de aspectos construtivos e de ARTE, no sentido mais amplo da palavra, lotam as salas de projeção, durante semanas, em grandes cadeias de cinema, graças ao apelo da mídia, enquanto obras-primas, como “O Filho Eterno”, baseado num grande sucesso do TEATRO, de público e de crítica, que consagrou o nome de um dos maiores atores deste país, Charles Fricks, sendo que a peça já havia sido uma adaptação, para os palco, do lindo livro de Cristóvão Tezza, fique em cartaz por duas semanas apenas, numa cidade como o Rio de Janeiro, num circuito mínimo, muito restrito, não oferecendo, ao público, a oportunidade de conferir essa grande obra de ARTE. Notem que estou sendo abundante, nos adjetivos relacionados ao filme, mesmo sem ter conseguido assistir a ele, baseando-me, apenas, na peça, que vi algumas vezes, nos depoimentos dos amigos "confiáveis", que conseguiram assistir ao filme, e nos comentários da crítica especializada. Mas é o caso de um filme que eu, mesmo não tendo visto, recomendo, no escuro total. Vou aguardar o momento, para poder conferir, quando passar num daqueles canais de TV, sem a magia da telona, infelizmente.
 
 
 
 
Laila Garin e Alejandro Claveaux.



            A coragem dos empreendedores, na área do TEATRO, que eu louvo tanto e não me canso de aplaudir e espalhar, aos quatro cantos do mundo, e o seu amor (mais que isso, PAIXÃO) por essa nobilíssima ARTE, que, ainda, precisa fazer parte, com mais frequência do cardápio cultural do brasileiro, é que está mantendo o TEATRO vivo, no Brasil, nestas épocas de “vacas magras”, quando eles, os produtores, estão colocando dinheiro do próprio bolso, até vendendo alguns bens materiais, ou recorrendo a “vaquinhas”, à “ação entre amigos”, os chamados “financiamentos coletivos”, para a montagem de seus espetáculos.
 
            Para que não fiquemos “órfãos” de TEATRO, em “abstinência”, como eu fiquei, de 19 de dezembro passado a 5 de janeiro deste ano, em função do recesso anual (um toque de humor, dentro de um assunto muito triste e tão sério), espetáculos já montados, alguns há mais de cinco ou dez anos, estão voltando à cena, porque isso implica custos menores, uma vez que já existe uma estrutura, de cenários e figurinos, por exemplo, acumulando pó, em algum depósito por aí ou espalhados pelas casas do diretor, do produtor, dos atores, dos técnicos...

            Não acho isso ruim, não, muito pelo contrário; mas não posso deixar de ficar triste. É bom, para dar a oportunidade, a quem não conseguiu ver o espetáculo, de conferir por que falaram tão bem dele, e, àqueles que tiveram a sorte de assistir a essas peças, anteriormente, de revê-las e curtir, mais ainda, aquilo de que já haviam gostado tanto.

Por outro lado, tenho de lamentar que isso só ocorra, na maioria das vezes, porque os produtores não conseguem partir para novos projetos.

            Até por interesse particular, em rever determinados espetáculos, digo, com certa frequência, a amigos (produtores, diretores e atores) – Bruce Gomlevsky é um dos que podem confirmar isso - que eles têm uma “carta na manga”, um “curinga”, que pode ser mostrada/o, novamente, ao grande público, sempre, a qualquer hora, que o sucesso e o retorno financeiro, já que todos precisam de dinheiro, para sobreviver, virão.

Os dois grandes motivos para que isso se dê são, a inquestionável qualidade do espetáculo, já provada anteriormente, e, muitas vezes, a facilidade na remontagem, por serem peças de pouca complexidade técnica. Em alguns caos, esse fator não é bem assim, porque essas remontagens também ocorrem com espetáculos mais complexos, tecnicamente falando, apesar do fato de que um ou outro não reúna tantas qualidades, que justificassem uma volta ao cartaz.
 
 
 
 
 

            Posso citar alguns exemplos desses “revivals”, que estão em cartaz, com casas totalmente cheias, com lotações esgotadas, que poderão ficar em cartaz pelo tempo que desejarem e que, se remontados, daqui a dez ou vinte anos, terão a mesma receptividade do público e, menos importante, da crítica, por dois motivos: a qualidade do produto e sua atemporalidade.

Anotem e vejam se não estou certo: “A HISTÓRIA DE NÓS DOIS”, em cartaz no Teatro Vannucci; “GOTA D’ÁGUA [A SECO]”, obra-prima, no lindo Teatro Riachuelo; “RENATO RUSSO – O MUSICAL”, também no Riachuelo; “4 FACES DO AMOR”, no delicioso Theatro NET Rio; “ATÉ O FINAL DA NOITE”, no Teatro do Leblon, e “BACKER STREET”, no Teatro Serrador. Posso ter esquecido algum(ns). Perdão, antecipadamente. Se for o caso, aceito que me lembrem e farei os acréscimos que julgar necessários.

E há os que ainda estão por reestrear, como “AMOR CONFESSO”, excelente espetáculo, que faz carreira há alguns anos, além das reestreias dos mais recentes, (de 2016), como “DOROTÉIA”, hoje (13/01/2017), na Arena do SESC Copacabana; “CAIS OU DA INDIFERENÇA DAS EMBARCAÇÕES”, em temporada relâmpago, também em outra sala do SESC Copacabana; “ORDINARY DAYS”, no Espaço Cultural Solar de Botafogo; “OCUPAÇÃO RIO DIVERSIDADE”, no Teatro SESI, do Centro; “ALICE ATRAVÉS DO ESPELHO”, no Espaço Armazém, na Fundição Progresso; e “UM DIA QUALQUER”, na Caixa Cultural”. Será que esqueci algum? Vale a última frase do parágrafo anterior.
 
Vale a pena lembrar que muitos espetáculos encerraram interromperam suas temporadas, no dia 18 de dezembro, obedecendo ao recesso de fim de ano., mas voltaram a toda carga, como "ANTÍGONA", no Teatro Poeirinha; "CEMITÉRIO DAS DELÍCIAS - ARRABAL EM CENA", no Teatro Café Pequeno; "O ESCÂNDALO PHILIPPE DUSSAERT", no Teatro Maison de France; "GRITOS", no CCBB; "A INVENÇÃO DO AMOR", no Teatro do Leblon; "60! DÉCADA DE ARROMBA - DOC.MUSICAL", grande sucesso, no Theatro NET Rio; e "A PAZ PERPÉTUA", no Teatro Dulcina, dentre outros.
É bom, também falar das estreias tão esperadas, como "O TOPO DA MONTANHA", no Teatro SESC Ginástico"; "OS VILÕES DE SHAKESPEARE", no Parque das Ruínas"FOREVER YOUNG" (recém-estreada), no Teatro das Artes; e "MATA TEU PAI" (idem), no Espaço Cultural Sérgio Porto

Foi tão compensador, em pleno Dia de Reis, ter visto, pela quinta vez, “GOTA D’ÁGUA [A SECO]”, com o Teatro Riachuelo “botando gente pelo ladrão”!

Foi lindo ter visto, na última 4ª feira, o Teatro NET Rio cheio, com gente aplaudindo e ovacionando o lindo e inteligente espetáculo “4 FACES DO AMOR”!

Foi emocionante a noite de ontem, também no Teatro Riachuelo, ver que não havia um, dos mil lugares, vazio, com pessoas cantando, emocionadamente, as canções de RENATO RUSSO e aplaudindo o talento de Bruce Gomlevsky, mesmo com um ligeiro e inexpressivo comprometimento de sua voz, o que não apagou o brilho da apresentação!
 
 

 
Bruce Gomlesvsky.



Certamente, será, hoje, igualmente linda e emocionante a reestreia da instigante montagem, de Jorge Farjalla, para “DOROTEÉIA”, na Arena do SESC Copacabana! Não vejo a hora!!!

Tenho participado de algumas “vaquinhas”, anteriormente citadas, e aproveito para pedir desculpas aos amigos que me solicitam uma colaboração financeira e que acabam não a conseguindo, porque, se eu fosse atender a todos, o que seria, ou melhor, é meu desejo, teria de pedir ajuda a terceiros, para me sustentar, tal é a quantidade desses pedidos.

E assim, sucessivamente, a gente vai se deliciando com essas remontagens e reestreias, um “paliativo” para a falta de novidades.

Aproveitem e não deixem de prestigiar o TEATRO BRASILEIRO!

Reconheçamos a coragem e a força dos nossos artistas, que não se deixam abater, mesmo quando colocados contra a parede!

 
 
 
 
Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller.
 
 

Vamos ao TEATRO!
MERDA!
EVOÉ!   


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

5 comentários:

  1. Excelente! Deveria ser coluna em jornal, revista além de blog!

    ResponderExcluir
  2. Parabéns! Eu tô fazendo meu papel de PLATEIA direitinho! Comprando ingressos desde 05/01/2017 e prestigiando as produções teatrais diariamente😘

    ResponderExcluir