sexta-feira, 24 de junho de 2016


JUVENAL, PITA
E O VELOCÍPEDE
 
 
(UM MERGULHO NA INFÂNCIA
É SEMPRE MUITO BOM!)
 
 
 
 
 
 
 
            Apesar de não ser muito presente nas plateias de espetáculos infantis, o que não depende da minha vontade, mas é algo que está atrelado à falta de tempo, procuro selecionar aqueles que me interessam mais, pelo tema, pelas companhias que os montam ou, principalmente, por indicações de amigos que se dedicam a esse nicho do TEATRO.
 
            Foi assim, pelo último motivo citado, que cheguei a “JUVENAL, PITA E O VELOCÍPEDE”, também atendendo a um convite da produção e do autor do texto. E não me arrependi.
 
 
Eduardo Almeida / Juvenal.
 
 
 
 
 
 
            O espetáculo, que teria sua temporada encerrada no próximo domingo, dia 26, teve a data de término prorrogada para 24 de julho, graças aos resultados que vem obtendo na atual passagem pelo Teatro Cândido Mendes.
 
A primeira temporada ocorreu no ano passado, com bastante sucesso, no Centro Cultural da Justiça Federal. Depois, foi para o Teatro Maria Clara Machado / Centro de Referência Cultura Infância, participou do SESI Cultural 2016 e tem circulado por várias unidades da Rede Sesc Rio. Em abril deste ano, esteve no Galpão Gamboa e, a partir de maio, passou a fazer parte da programação do Projeto Plateias Hospitalares do Grupo Doutores da Alegria. Em abril próximo passado, o espetáculo foi levado a Lima, no Peru, no IV Congresso de Literatura Infantil e Juvenil e no 1º Festival do Livro e das Ideias, promovidos pela Casa da Literatura Peruana e pelo Ministério da Cultura do Peru. Foi, ainda, apresentado na Faculdade de Artes Cênicas, da Pontifícia Universidade Católica do Peru.
 
Para completar a vitoriosa carreira da peça, ela foi indicada, em diversas categorias, a prêmios, voltados para produções infantojuvenis, tendo conquistado o de Melhor Ator, para EDUARDO ALMEIDA, no 2º Prêmio CBTIJ/ASSITEJ Brasil de Teatro para Crianças, e Melhor Texto, para CLEITON ECHEVESTE, e Melhor Iluminação, para RICARDO LYRA JR., no 10º Prêmio Zilka Sallaberry de Teatro Infantil.  Querem melhor cartão de visitas que esse?
 
 
 
 
            A peça foi escrita por CLEITON ECHEVESTE e o texto, muito bom, por sinal, procura resgatar as memórias da infância dos pais de hoje. É, portanto, um espetáculo para todas as idades. Nos mais velhos, mexe com o imaginário coletivo, levando os adultos a um mergulho no passado. Ao mesmo tempo, suscita, nas crianças, a curiosidade por saber como se brincava antigamente. Ou melhor, como era possível alguma criança se divertir, sem a parafernália eletrônica de hoje? Como era possível sobreviver sem a informática, por exemplo?
 
 
 
 
 
 
SINOPSE:
 
JUVENAL tinha cinco anos de idade e adorava brincar com o seu velocípede.
 
Um dia, descansando embaixo de um cajueiro, ele conheceu uma menina chamada PITA.
 
Eles se tornam amigos inseparáveis e viveram grandes aventuras, a bordo de um velocípede, costumizado, diferente de todos os outros modelos, construído por um tio.
 
No monólogo “JUVENAL, PITA E O VELOCÍPEDE”, o ator EDUARDO ALMEIDA empresta as próprias lembranças da infância para contar as histórias do menino JUVENAL.
 
 
 

 
 
EDUARDO ALMEIDA atua sob a direção de CADU CINELLI, integrante do grupo “OS TAPETES CONTADORES DE HISTÓRIAS”.
 
Trata-se da quarta produção – criação coletiva – da PANDORGA COMPANHIA DE TEATRO.
 
O projeto partiu de uma vontade de EDUARDO ALMEIDA, a de fazer uma montagem sobre as memórias da infância, e o processo de criação surgiu de um mergulho nas histórias pessoais e da equipe, além de uma pesquisa no livro “Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo”, de William Joyce, que foi uma das obras usadas durante o processo de pesquisa e de criação do espetáculo. Dessa miscelânea, surgiu a peça.
 
Já comecei a achar interessante o texto, no momento em que se fica sabendo, logo no início da peça, que um teatro fora o lugar escolhido por PITA, para reencontrar o amigo de infância, que ela não via havia 30 anos, hoje, na casa dos 40. Que moça inteligente e de bom gosto essa PITA!
 
 
 
 
 
 
Enquanto espera a amiga chegar ao local marcado para o reencontro, ele relembra diversas histórias dos tempos de criança, como, por exemplo, a maneira como foi batizado como JUVENAL, que, convenhamos, é um nome bem antigo, “do século passado”; o dia em que ganhou o velocípede do tio; a paixão pelo personagem japonês Ultraman, o super-herói de sua época; como ele conheceu a amiga PITA, entre outras. Tudo isso de maneira muito lúdica e interagindo, na dose certa com a plateia. Curioso é que os adultos também participam bastante dessa interação.
 
Para viver o personagem, EDUARDO ALMEIDA passou por uma transformação física nos últimos meses: raspou a cabeça, deixou a barba crescer e furou as orelhas. Em cada sessão, o ator usa tatuagens temporárias, espalhadas pelo pescoço, os braços, as mãos e os dedos. Na verdade, a pessoa construiu um personagem, para poder interpretar outro. Reveladas, aos poucos, durante a “performance”, essas imagens na pele fazem referências ao mundo do JUVENAL e da própria infância do ator, como a tatuagem com o rosto do Ultraman e o nome do personagem, escrito em japonês.
 
            O espetáculo conta com uma interessante trilha sonora original, criada por RUDI GARRIDO, que também assina a direção musical, totalmente inspirada no tema do seriado “Ultraman”, que marcou a infância do ator.
 
 
 
 
A direção fez uma das mais acertadas opções, quando se trata de um espetáculo para crianças: sugeriu mais do que mostrou. Há muito mais de abstrato que de concreto em cena, o que considero excelente, para estimular a criatividade dos pequenos e ativar-lhes o sentido da imaginação. Afinal de contas, o que de melhor a criança sabe fazer, que não seja imaginar, viajar pelo mundo que elas mesmas criam. Assim, o ator vai contando, sugerindo, e a garotada vai embarcando na “viagem”. Eu, adulto/criança, confesso que também viajei, com bastante gosto.
 
É excelente a interpretação do ator EDUARDO ALMEIDA, que sabe equilibrar o nível de interpretação, para se comunicar com as crianças, sem tratá-las como imbecis, como, infelizmente, ainda se vê bastante em produções infantis. Também me chamou a atenção sua técnica de domínio do público, pois sabemos que a imprevisibilidade nas relações com o público infantil precisam ser muito bem administradas, para não prejudicar o andamento do espetáculo, Nisso, EDUARDO é mestre. Merece um destaque o seu domínio de corpo, fruto da própria competência do ator, contando com o trabalho de preparação corporal e direção de movimento, ambas assinadas por JAN MACEDO.
 
A personagem PITA, que não aparece em cena, fica na imaginação de cada espectador. Ao meu lado, por exemplo, havia uma jovem mãe, acompanhada do marido e de dois filhinhos, para a qual olhei algumas vezes e pensei: Ela tem a cara da PITA. O VELOCÍPEDE, por sua importância na vida daquele adulto/criança, JUVENAL, também pode ser considerado um outro personagem da história. Não é mesmo para se fazer de conta que...?
 
Os elementos plásticos do espetáculo, como cenário e figurino, ambos de DANIELE GEAMMAL, e a iluminação, a cargo de RICARDO LYRA JR, são bem satisfatórios e ajudam na construção de um bom espetáculo, que recomendo, sem restrições. Para crianças e adultos, relembrando.
 
 
 
 
 


FICHA TÉCNICA:
 
Dramaturgia: Cleiton Echeveste
Direção: Cadu Cinelli
 
Elenco: Eduardo Almeida
 
Figurino e Cenário: Daniele Geammal
Iluminação: Ricardo Lyra Jr.
Direção Musical: Rudi Garrido
Direção de Movimento e Preparação Corporal: Jan Macedo
Visagismo: Francisco Leite
Construção do Velocípede: Garlen Bikes e Marcelo Huguenin
Pintura de Arte do Velocípede: Renato Marques
Design Gráfico: Fernando Nicolau
Fotografia: Renato Mangolin
Assistência de Produção: Lucimar Ferreira
Produção: André Roman e Eduardo Almeida
Realização: Pandorga Companhia de Teatro, Pita Produções e AR Produções
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇO:
 
Temporada: de 4 de junho a 24 de julho.
Local: Teatro Cândido Mendes.
Endereço: Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema – Rio de Janeiro.
Lotação: 102 lugares.
Informações: (21) 2523-3663.
Dias e Horários: Aos sábados e domingos, às 16h.
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia-entrada).
Duração do Espetáculo: 55 minutos.
Classificação Etária: Livre, recomendado para crianças acima de 6 anos.
 
 
 
 
 
A transformação em...
 
 
 
ULTRAMAN!!!
 
 
 
 
(FOTOS: RENATO MANGOLIN.)
 

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