sábado, 5 de abril de 2014


AMORES

 

 

(“QUALQUER MANEIRA DE AMOR VALE A PENA” ou “O NEGÓCIO É AMAR”.)

 

 

 

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            Ao chegar a casa, depois de ter assistido ao espetáculo AMORES, na Sede das Cias, acessei a minha conta no FACEBOOK e fiz a seguinte postagem:

 

Num relacionamento sério com DOMINGOS DE OLIVEIRA.  Que senhor dramaturgo!!!
Sempre fui admirador dele, mas, hoje, depois de ter assistido ao espetáculo AMORES, passei a reverenciar, mais ainda, esse cara.
 O Brasil deveria render mais homenagens ao DOMINGOS.
 Assistam ao espetáculo e digam se não tenho razão. 
Em cartaz na Sede das Cias, na Escadaria Selarón, de sábado a 2ª feira (ISSO MESMO: 2ª feira), às 20h. Valor do ingresso (simbólico): R$1,99.
Direção de Ivan Sugahara.  Com Ana Abbott, Ângela Câmara, José Karini, Lívia Paiva, Lucas Gouvêa e Saulo Rodrigues. 
Ó-T-I-M-O!!!

 

 

 


 

 

            Vamos, agora, ampliar aquele comentário, aquela declaração de amor explícito à obra de um dos nossos maiores dramaturgos brasileiros e um dos que melhor sabem retratar “as coisas do amor”. 

Ousaria dizer que, em matéria do assunto em questão, DOMINGOS está para o TEATRO, assim como VINÍCIUS, para a poesia.  Exagerei?  Acho que não.

            Já conhecia o texto e gostei imensamente dele, quando tive a oportunidade de lê-lo, embora não tenha assistido à sua primeira encenação, nos anos 90, com o próprio autor, nem ao filme, quase da mesma época (acho que o único, dos vários que DOMINGOS fez, que não vi).  

O título da peça, no plural, é muito significativo, pois, para ele, “qualquer forma de amor vale a pena”, e isso está lá, no seu primoroso texto. 

Amor entre iguais e diferentes.  Amor entre pais e filhos.  Amor entre amigos, que, talvez por preconceito, as pessoas chamam de “amizade”.  Amor entre macho e fêmea.  Amor entre machos.  Amor entre fêmeas.  Amor entre machos/fêmeas, o dito bissexual.  Amor entre seres humanos de idades diferentes.  Amor.  Amor.  Amor.  “Amour, pour toujours l’amour...”

 

 


 

 

            Escrito, o texto, em 1997, passaram-se dezessete anos, tempo durante o qual muita coisa mudou, menos os AMORES.  Situações presentes na peça tinham, há quase duas décadas, um olhar da sociedade muito diverso do de hoje, como, por exemplo, um relacionamento homoafetivo ou um caso de alguém que se descobria portador do vírus do HIV. 

            Entre ler um texto dramático e vê-lo representado em cena, há uma diferença muito grande.  Encenado, é preciso que se leve em consideração que aquele texto foi lido e decodificado por uma segunda pessoa, o diretor, e o mesmo fizeram os atores, os responsáveis por dar vida aos personagens.  É mais que natural que sejam adicionados a ele elementos enriquecedores, que vão gerar toda a magia do TEATRO e atingir, ou não, uma plateia. 

É tão bom, quando atingem, como é o caso desta montagem, que inicia as comemorações dos bem-sucedidos 18 anos de sucesso da Companhia de TEATRO OS DEZEQUILIBRADOS, com o genial IVAN SUGAHARA no comando do barco.

            IVAN, com total aquiescência de DOMINGOS, soube trazer a década de 90 para esta segunda, do século XXI, embora tenha mantido referências de lá: a citação do governo de Fernando Henrique Cardoso; Lílian Witte Fibe, apresentando um telejornal; a alusão a filmes, como Filadélfia e Thelma e Louise; a existência da Telerj; a presença de uma secretária eletrônica em cena; hits musicais da época, na trilha sonora...

 

 

 A peça estreia na Sede das Cias

 

 

            O diretor (SUGAHARA) trabalhou, com seus atores, todas as relações criadas pelo autor e que, de certa forma – a maioria- estão um pouco presentes nas relações pessoais entre diretor e elenco, um grupo unido, de pessoas que se amam muito, por quem DOMINGOS gostaria de ver seu texto encenado.  Isso é fantástico no espetáculo!

 

 

 
SINOPSE: “A peça traça um painel das relações afetivas no final do século XX, cheio de encontros e desencontros.  Comprometido com o retrato da instabilidade dos relacionamentos, DOMINGOS DE OLIVEIRA faz uma crônica dos costumes amorosos e conflitos familiares da classe média urbana nos anos 90.   A trama aborda as mudanças comportamentais da época: o desejo de família num momento em que o mundo tende a fragilizá-la, as vicissitudes e separações amorosas de um tempo assolado pelo fantasma da Aids.”
            VIEIRA (JOSÉ KARINI) é um escritor da TV Globo, prestes a perder o emprego, e tem problemas de relacionamento com sua filha CÍNTIA (LÍVIA PAIVA). TELMA (ÂNGELA CÂMARA), melhor amiga de VIEIRA, é casada com PEDRO (SAULO RODRIGUES).  O casal está com dificuldades para ter filhos e isto está afetando o casamento.  LUIZA (ANA ABBOTT), irmã de TELMA, é uma atriz fracassada, que sobrevive, contando piadas em bares, até que se apaixona pelo pintor RAFAEL (LUCAS GOUVÊA), e descobre que ele, bissexual, é soropositivo.
 

 

           

Sobre a ficha técnica do espetáculo, alguns comentários, que julgo pertinentes:

 

            TEXTO = DOMINGOS DE OLIVEIRA = Primoroso!  Lindo!  Divertido e comovente!

           

DIREÇÃO = IVAN SUGAHARA = Perfeita!  Mais um gol de placa do IVAN.

 

            ELENCO = Não consigo ver ninguém fazendo qualquer um dos papéis, além dos que lá estão: ANNA ABBOTT, ÂNGELA CÂMARA, JOSÉ KARINI, LÍVIA PAIVA, LUCAS GOUVÊA e SAULO RODRIGUES.  Parecem ter sido escolhidos a dedo.  Parece?  Não!  Foram mesmo.  Todos estão atuando de forma magnífica, no mesmo nível de excelência, com muita naturalidade, e totalmente imersos nas emoções dos personagens.

 

 

 

Amores

 

 

 


 

 

 

            ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO = BEATRIZ BERTU.

           

CENOGRAFIA = CAROLINA SUGAHARA.  Aqui, detenho-me, para elogiar o trabalho da cenógrafa.  Ela soube recriar, segundo o desejo do diretor, a época em que a ação se passa, e, de forma brilhante, transformou o espaço cênico (arena) num grande “loft”, que, compondo um único espaço, desdobra-se em três residências: a casa de Vieira, a de Rafael e a de Pedro e Telma.  É muito interessante a ideia, assim como a maneira utilizada pelo diretor para fazer com que ações transcorram quase simultaneamente, em cada parte do cenário, com o deslocamento dos atores, em cena, de forma muito natural e criativa.  CAROLINA exerce, ao mesmo tempo, as funções de cenógrafa e de diretora de arte, atenta a todos os detalhes, como, por exemplo, a presença, e utilização, de uma secretária eletrônica, no cenário, nada mais obsoleto nos dias de hoje.

 

            ILUMINAÇÃO = RENATO MACAHO = muito bem desenhada, para evidenciar os detalhes de cada cena.

 

            FIGURINOS = TARSILA TAKAHASHI = ótimos, de acordo com a época.

 

            TRILHA SONORA = IVAN SUGAHARA, como já mencionado.  Excelente!  Ajuda a transportar o espectador aos anos 90.

 

            Além de grande dramaturgo, DOMINGOS DE OLIVEIRA também brilha como ator, cineasta e roteirista.  O que nem eu sabia é que ele é formado em engenharia, profissão que, felizmente, nunca exerceu.  E, sinceramente, não fez, nem faz, a menor falta ao clube dos engenheiros.  Seu lugar é no pódio dos grandes artistas brasileiros.

Priscilla Rozembaum, com todo o respeito, estou num relacionamento sério com DOMINGOS DE OLIVEIRA.  Mas, como estamos vivendo uma época de relações abertas, cabem nele você, o SUGAHARA, o elenco da peça e todos os envolvidos no projeto.

 

“Amour, pour toujours l’amour...”

 

 

 


 

 

 


 

 

 


DOMINGOS DE OLIVEIRA e IVAN SUGAHARA

 

 



SEDE DAS CIAS

 

 

(FOTOS: PRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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