terça-feira, 12 de agosto de 2025

“TICK, TICK...

BOOM!”

ou

(UM MUSICAL

DE BOLSO

DE MUITO

BOM GOSTO

E FEITO COM BASTANTE

SERIEDADE.)

 

 


 

          Quem foi que disse que um musical só pode ser montado com um alto orçamento; muito alto, na grande maioria das vezes? Pois fiquem sabendo que está em cartaz, no Teatro do Centro Cultural Solar de Botafogo (VER SERVIÇO.) um excelente musical “de bolso” (Pocket Musical), de produção modesta, que me agradou sobremaneira, fazendo com que eu deixasse aquele simpático espaço cultural com a alma em festa, muito feliz pelo que me foi entregue.




         Mas o que se pode chamar de um musical “de bolso”? Trata-se de uma peça de teatro musical, geralmente, com duração reduzida, o que não é o caso do espetáculo em tela, apresentada em espaços intimistas (teatros pequenos, por exemplo, como é o caso aqui, e outros locais não convencionais), muitas vezes, com o público bem próximo ao palco. A proposta é criar uma experiência teatral informal e direta, com um custo bem franciscano, explorando a música e a interpretação de forma mais próxima e surpreendente. 




          Destarte, classifico “TICK, TICK... BOOM” como um “pocket musical”. Trata-se de um clássico da Broadway, semiautobiográfico, que aportou no Rio de Janeiro, em versão inédita em solo nacional, com temas que permanecem atuais, como saúde mental, diversidade, amizade, HIV, busca por propósito e o medo de não deixar uma marca no mundo.

 

 



 

SINOPSE:

Ambientada em Nova Iorque, nos anos 1990, a história acompanha Jon (MATHEUS BOA), um jovem compositor, prestes a completar 30 anos, que luta para realizar seu sonho de escrever um grande musical.

Enquanto trabalha como garçom e se prepara para apresentar sua obra a uma plateia de especialistas da Broadway, ele enfrenta pressões emocionais, vindas de todos os lados: da namorada Susan (CAMILLE DUTRA), que deseja uma vida fora da cidade, e do melhor amigo Michael (DIEGO MONTEZ), o qual opta por estabilidade em um emprego corporativo.

Entre dúvidas e cobranças, Jon se vê diante de uma encruzilhada: vale a pena seguir sonhando?


 



        A montagem foge, completamente, à ideia convencional de musical e tem características muito próprias. Quem, como eu, já teve a oportunidade de assistir ao musical “Rent”, do mesmo autor deste, JONATHAN LARSON, pode estabelecer alguns pontos técnicos em comum entre os dois, na arquitetura dramática, com destaque para as canções, que ajudam a contar a história e que são bastante sofisticadas, o que exige muito talento dos atores. Trata-se de uma partitura dificílima de ser executada, pelos músicos e pelos cantantes, em solos, duos ou trios.




         A SINOPSE da peça é muito bem desenvolvida, em momentos de alguns poucos solilóquios ou de quebra da quarta parede, com a predominância de diálogos muito ágeis e concisos. O roteiro é fácil de ser seguido pelo público e consegue mexer com a atenção da plateia, a qual vai torcendo por um fim positivo para cada um dos três personagens.



         Jon e Susan são um casal de namorados com pretensões bem distintas e opostas, quanto ao futuro. Enquanto a moça sonha com um novo “way of life”, bem diferente da rotina de uma metrópole como Nova Iorque, o rapaz se sente inseguro, sem muita coragem de assumir a sua paixão por escrever para o Teatro, com dificuldade para alçar voos mais altos. Ele prefere a estabilidade, até a página 5, de um emprego simples, de garçom, a se lançar ao espaço e provar ou, pelo menos, testar seu talento. O amigo, Michael, também assume uma posição de se acomodar, com seu emprego, de executivo, que lhe rende uma vida bem confortável, a qual ele também desejava para Jon.




         Em termos de plasticidade, a peça conta com uma cenografia (PUGLI) bem simples, porém à altura da proposta, o mesmo podendo ser dito quanto aos figurinos (LUANA VARGA) e à iluminação (DANS SOUZA).



         Sinto a montagem como um trabalho de difícil execução e um grande desafio para todos os envolvidos na FICHA TÉCNICA, mormente para quem dirige, atua e canta ou os que acompanham, ao vivo, os números musicais, uma notável banda, formada por THALYSON RODRIGUES (maestro e piano), ANDRÉ BARROS / ANDRÉ POYART (guitarra), DIÓGENES DE SOUZA (baixo) e NAIFE SIMÕES (bateria).



          A equipe de direção (LUIZA LEWICKI, JÚLIA VARGA e MARCELA PIRES) consegue encontrar excelentes soluções para dispor o elenco no resumido espaço cênico, pensando em fazer com que todas as cenas se concluam se o menor embaraço.



          O grande ponto alto desta produção recai, indiscutivelmente, sobre o magnífico trio de atores: MATHEUS BOA, CAMILLE DUTRA e DIEGO MONTEZ. Sobre este, tudo o que for dito será redundante, dado seu comprovadíssimo talento, em um sem-número de grandes produções musicais anteriores, como, por exemplo, a mais recente, “Alice de Cor e Salteado”, na mesma linha de musical “de bolso”, a que assisti, há pouco tempo, em São Paulo. Quanto aos outros dois, cujos trabalhos eu desconhecia, confesso, com muita alegria, que se mostraram, para mim, e para toda a plateia, como dois excelentes artistas, talhados para musicais, com um grande potencial de representação, bem como donos de belas e extensas vozes, no canto. Está de parabéns o trio!     




    

Para quem está curioso, como eu fui ao Teatro, o título, “TICK, TICK...BOOM!”, reflete bem a angústia do personagem Jon, que se sente pressionado com o tempo passando, como uma bomba-relógio em sua cabeça, prestes a explodir, com data marcada para apresentar a obra da sua vida em uma apresentação decisiva.



 

 

FICHA TÉCNICA:

Idealização: Matheus Boa e Camille Dutra

Libreto, Música e Letra: Jonathan Larson

Consultor de Roteiro: Davis Auburn

Arranjos Vocais e Orquestrações: Stephen Oremus

Versão Brasileira: Bruno Narchi e Thiago Machado

Direção Artística: Luiza Lewicki, Júlia Varga e Marcela Pires

Assistência de Direção: João Ferreira

Direção Musical: Caio Loureiro

 

Elenco: Diego Montez (Michael), Pedro Balu (alternante de Michael), Camille Dutra (Susan), Luiza Lewicki (cover de Susan), Matheus Boa (Jon) e João Ferreira (cover de Jon e Michael).

  

Direção de Movimento: 53 Produções

Preparação Vocal: Marta Ávila

Cenografia: Pugli

Figurino e Visagismo: Luana Varga

Desenho de Luz: Dans Souza

Desenho de Som: Guilherme Benna

Produção: Play It Produções

Produção Executiva: Flávio Boa

Direção de Produção: Gabriel Barbosa

Assistência de Produção: Layla Santos

Desenho e Identidade Visual: Beatriz Monken e Daniel Lima

Fotos: Paulo Aragon

Assessoria de Imprensa: Mercado.Com (Ribamar Filho e João Agner)


 

 



 

SERVIÇO:

Temporada: De 07 a 30 de agosto de 2025.

Local: Teatro Solar de Botafogo.

Endereço: Rua General Polidoro, nº 180 - Botafogo, Rio de Janeiro.

Dias e horários: Quarta-feira (13, 20 e 27); quinta-feira (7, 21, 28); sexta-feira (8, 15 e 29); sábado (23) sessão dupla, às 16h e às 20h; sábado (30) às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada).

Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/108589/d/329179/s/2247038?share_id=1-copiarlink

Duração: 100 minutos.

Classificação Etária: 14 anos.

Gênero: Musical.


 



         RECOMENDO, COM O MAIOR EMPENHO, este espetáculo, ao mesmo tempo que chamo a atenção dos que me leem para um dado importantíssimo: Toda a FICHA TÉCNICA desta montagem (ou 90% dela) é formada por artistas e criativos bastante jovens, o que representa um grande ganho para o TEATRO MUSICAL BRASILEIRO.

 

 

 


FOTOS: PAULO ARAGON


  

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!


























 





















































































Nenhum comentário:

Postar um comentário