quarta-feira, 30 de julho de 2025

 

“A COISA”

ou

(UM TEATRO DO ABSURDO BRAZUCA.)

 


         Infelizmente já em fim de temporada (VER SERVIÇO), está em cartaz, no Teatro Ipanema Rubens Corrêa, a peça “A COISA”, após duas primeiras temporadas de grande sucesso, no Rio de Janeiro, espetáculo que, de saída, já RECOMENDO.

 



 

SINOPSE:

A COISA” é uma comédia distópica, que explora a natureza do TEATRO e seus pilares estruturais.

A peça reflete sobre os limites entre realidade e ficção e o próprio fazer teatral, dividindo-se em três pequenos atos: “A Coisa”, “O Enigma” e “A Máscara”

O espetáculo apresenta situações absurdas, permeadas de crítica e humor, explorando temas como a relação entre direção, dramaturgia e atuação e a crise de perda da expressão facial. 

A trama aborda a relação entre dois amigos que questionam o domínio sobre suas ações, um jogo de segredos entre estranhos e a crise de atores que perdem a expressão facial. 


 




         Guardadas as devidíssimas proporções, no que tange aos grandes mestres do TEATRO do Absurdo universal – Beckett, Ionesco, Pinter, Albee Adamov, Arrabal e tantos outros -, três excelentes artistas, GEORGE SAUMA, LEANDO SOARES e ANDRÉ DALE se reuniram para dirigir e interpretar um espetáculo autoral, dramaturgia de LEANDRO e ANDRÉ, com o carimbo das características do já citado TEATRO do Absurdo, uma expressão cunhada pelo crítico húngaro Martin Esslin (1918 - 2002), no fim da década de 1950, para abarcar peças que, surgidas no pós-Segunda Guerra Mundial, tratam da atmosfera de desolação, solidão e incomunicabilidade do homem moderno, por meio de alguns traços estilísticos, como a quebra da lógica convencional, diálogos sem sentido, situações cômicas e trágicas e a exploração da incomunicabilidade e do vazio existencial. As peças frequentemente apresentam personagens presos em situações repetitivas ou sem propósito, refletindo a angústia e a alienação do ser humano moderno.




         É isso o que encontramos no palco, quando assistimos a “A COISA”, com um delicioso texto, muito bem interpretado pelo trio de atores, os quais se colocam bem soltos em cena, completamente integrados, cúmplices entre si, um “levantando bolas para um companheiro cortar” ou em pequenas passagens monológicas. Trata-se de uma COMÉDIA surreal com “tragédia, mistério e galhofa”, que investiga, com um ótimo humor e irreverência, os fundamentos do TEATRO. É difícil não rir muito com as situações que a peça abarca, pelo humor agradável e pela ótima interpretação dos atores. 




        Podemos decodificar a peça como uma “metáfora da vida”, da mesma forma como devemos encarar o próprio TEATRO, em sua fugacidade. O texto joga com uma realidade alterada, em que o tema central é o próprio fazer teatral e seus pilares estruturais: direção, dramaturgia e atuação. Nas palavras de LEANDRO SOARES, autor principal do texto da peça: Se o teatro nos ensina que a vida é efêmera, assim como ele, também nos ensina que a única arma contra a finitude é o agora.”.




         O humor absurdo acompanha a peça da primeira à última cena do espetáculo, explorando situações de absurdidade, permeadas por crítica e humor (Todo humor é crítico.): dois amigos descobrem que, talvez, nunca tenham tido domínio sobre suas ações; dois estranhos se envolvem num jogo de segredos, que foge à lógica; e três atores enfrentam uma crise de perda total da expressão facial, a meu juízo a melhor parte da montagem, pelo nível de inteligência e criatividade do texto e pela atuação do trio de atores. Além disso, a dramaturgia também é entrecortada por solos e entreatos, cada qual dialogando com outros aspectos do teatro: a luz, a coxia, a projeção etc..




         Os 70 minutos de duração da peça “voam”, muito em função da agilidade dos diálogos e pela atenção que desperta algo que muito me agrada num palco, a metalinguagem, o TEATRO dentro do TEATRO.




         Como na grande maioria dos maiores sucessos do TEATRO do Absurdo, a cenografia é algo bem econômico. Para “A COISA”, JÚLIA MARINA, a cenógrafa, concebeu apenas três cadeiras brancas, presas uma às outras, por fita crepe, formando um único móvel de três lugares. O figurino, concebido, por acaso, pelo trio de atores, é leve, os três na cor branca, com o máximo de neutralidade possível. A iluminação, a cargo de CLARICE SAUMA, serve bem a cada uma das cenas, sem maiores destaques.


 

 

FICHA TÉCNICA:

Concepção: André Dale, George Sauma e Leandro Soares

Direção: André Dale, George Sauma e Leandro Soares

Dramaturgia: Leandro Soares

Coautoria: André Dale

Canção Original: George Sauma

 

Interpretação: André Dale, George Sauma e Leandro Soares

 

Cenário: Júlia Marina

Figurino: O elenco.

Desenho de Luz e Operação: Clarice Sauma

Direção Musical e Operação de Som: Pedro Nêgo

Treinamento de “Commedia Dell Arte”Érida Castello Branco

Coreografia: Rafael Defeo

Projeção e Edição de Videoarte: Pedro Thomé

Fotografia: Ricardo Brajterman

Programação Visual: Welder Rodrigues

Assistência de Produção, Visagismo e Mídias Sociais: Lua Blanco

Assessoria Jurídica: Ana Melman

Assessoria de Imprensa: Cristiana Lobo

Produção Executiva: Rodrigo Cavalini 

Produção Geral: Paula Furtado

 




 

SERVIÇO:

Temporada: De 04 de julho a 03 de agosto de 2025.

Local: Teatro Ipanema Rubens Corrêa.

Endereço: Rua Prudente de Morais, nº 824, Ipanema – Rio de Janeiro.

Dias e Horários: De 6ª feira a domingo, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada).

Link para compra de ingressos: https://linktr.ee/acoisateatro

Classificação Etária: 16 anos.

Duração: 70 minutos.

Gênero: COMÉDIA

 

 


         Ratificando a minha recomendação, posso resumir “A COISA” como uma peça leve, engraçada, com um bom humor, valorizado pelas interpretações, um espetáculo que convida o público a refletir sobre a natureza da realidade, a ficção e o fazer teatral, utilizando a metalinguagem e situações absurdas para provocar questionamentos e risadas”.

 

 


 

 

FOTOS: RICARDO BRAJTERMAN

 

 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO brasileiro!

 

 

 














 


























































































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