“A COISA”
ou
(UM TEATRO DO ABSURDO BRAZUCA.)
Infelizmente já em fim de temporada (VER
SERVIÇO), está em cartaz, no Teatro Ipanema Rubens Corrêa, a peça
“A COISA”, após duas primeiras
temporadas de grande sucesso, no Rio de Janeiro, espetáculo que, de
saída, já RECOMENDO.
SINOPSE:
“A
COISA” é uma comédia distópica, que explora a natureza do TEATRO e seus pilares
estruturais.
A peça reflete sobre os limites entre realidade e
ficção e o próprio fazer teatral, dividindo-se em três pequenos atos: “A
Coisa”, “O Enigma” e “A Máscara”.
O espetáculo apresenta situações
absurdas, permeadas de crítica e humor, explorando temas como a relação entre
direção, dramaturgia e atuação e a crise de perda da expressão facial.
A trama aborda a relação entre dois
amigos que questionam o domínio sobre suas ações, um jogo de segredos entre
estranhos e a crise de atores que perdem a expressão facial.
Guardadas as devidíssimas proporções,
no que tange aos grandes mestres do TEATRO do Absurdo universal – Beckett,
Ionesco, Pinter, Albee Adamov, Arrabal e tantos outros -, três
excelentes artistas, GEORGE SAUMA, LEANDO SOARES e ANDRÉ DALE se reuniram para dirigir e interpretar um espetáculo
autoral, dramaturgia de LEANDRO e ANDRÉ, com o carimbo das
características do já citado TEATRO do Absurdo, uma expressão cunhada pelo
crítico húngaro Martin Esslin (1918 - 2002), no fim da década de 1950,
para abarcar peças que, surgidas no pós-Segunda Guerra Mundial, tratam
da atmosfera de desolação, solidão e incomunicabilidade do homem moderno, por
meio de alguns traços estilísticos, como a quebra da lógica convencional, diálogos sem sentido, situações cômicas e trágicas e a exploração da incomunicabilidade e do vazio existencial. As peças frequentemente apresentam personagens presos em
situações repetitivas ou sem propósito, refletindo a angústia e a alienação do
ser humano moderno.
É
isso o que encontramos no palco, quando assistimos a “A COISA”, com um delicioso texto, muito bem interpretado pelo trio
de atores, os quais se colocam bem soltos em cena, completamente integrados, cúmplices
entre si, um “levantando bolas para um companheiro cortar” ou em pequenas
passagens monológicas. Trata-se de uma COMÉDIA surreal com
“tragédia,
mistério e galhofa”, que investiga, com um ótimo humor e irreverência,
os fundamentos do TEATRO. É difícil não rir muito com as situações que a peça
abarca, pelo humor agradável e pela ótima interpretação dos atores.
Podemos decodificar a peça como uma “metáfora
da vida”, da mesma forma como devemos encarar o próprio TEATRO,
em sua fugacidade. O texto joga com uma realidade
alterada, em que o tema central é o próprio fazer teatral e seus pilares
estruturais: direção, dramaturgia e atuação. Nas palavras de LEANDRO
SOARES, autor principal do texto da peça: “Se o teatro nos ensina que a vida é efêmera, assim como ele, também nos
ensina que a única arma contra a finitude é o agora.”.
O humor absurdo acompanha
a peça da primeira à última cena do espetáculo, explorando situações de absurdidade,
permeadas por crítica e humor (Todo humor é crítico.): dois amigos
descobrem que, talvez, nunca tenham tido domínio sobre suas ações; dois
estranhos se envolvem num jogo de segredos, que foge à lógica; e três atores
enfrentam uma crise de perda total da expressão facial, a meu juízo a melhor
parte da montagem, pelo nível de inteligência e criatividade do texto e pela atuação
do trio de atores. Além disso, a dramaturgia também é entrecortada por solos e
entreatos, cada qual dialogando com outros aspectos do teatro: a luz, a coxia,
a projeção etc..
Os 70 minutos de duração da
peça “voam”,
muito em função da agilidade dos diálogos e pela atenção que desperta algo que
muito me agrada num palco, a metalinguagem, o TEATRO dentro do TEATRO.
Como na grande maioria dos
maiores sucessos do TEATRO do Absurdo, a cenografia é algo bem econômico.
Para “A COISA”, JÚLIA MARINA, a cenógrafa, concebeu apenas três
cadeiras brancas, presas uma às outras, por fita crepe, formando um único móvel
de três lugares. O figurino, concebido, por acaso, pelo trio de atores, é leve, os três na cor branca, com o máximo de
neutralidade possível. A iluminação, a cargo de CLARICE SAUMA, serve bem a cada uma das
cenas, sem maiores destaques.
FICHA TÉCNICA:
Concepção: André Dale, George Sauma e Leandro
Soares
Direção: André
Dale, George Sauma e Leandro Soares
Dramaturgia: Leandro Soares
Coautoria: André Dale
Canção Original: George Sauma
Interpretação:
André Dale, George Sauma e Leandro Soares
Cenário: Júlia
Marina
Figurino: O elenco.
Desenho de Luz e Operação: Clarice Sauma
Direção Musical e Operação de
Som: Pedro Nêgo
Treinamento de “Commedia Dell Arte”: Érida
Castello Branco
Coreografia: Rafael Defeo
Projeção e Edição de Videoarte: Pedro Thomé
Fotografia: Ricardo Brajterman
Programação Visual: Welder Rodrigues
Assistência de Produção, Visagismo e
Mídias Sociais: Lua
Blanco
Assessoria Jurídica: Ana Melman
Assessoria de Imprensa: Cristiana Lobo
Produção Executiva: Rodrigo Cavalini
Produção Geral: Paula Furtado
SERVIÇO:
Temporada: De 04 de julho a 03 de agosto de
2025.
Local: Teatro Ipanema Rubens Corrêa.
Endereço: Rua Prudente de Morais, nº
824, Ipanema – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 6ª feira a domingo,
às 20h.
Valor dos Ingressos: R$ 60 (inteira) e
R$ 30 (meia-entrada).
Link para compra de ingressos: https://linktr.ee/acoisateatro
Classificação Etária: 16 anos.
Duração: 70
minutos.
Gênero:
COMÉDIA
Ratificando a minha
recomendação, posso resumir “A
COISA” como uma peça leve, engraçada, com um bom humor, valorizado pelas
interpretações, “um espetáculo que convida o público a
refletir sobre a natureza da realidade, a ficção e o fazer teatral, utilizando
a metalinguagem e situações absurdas para provocar questionamentos e risadas”.
FOTOS: RICARDO BRAJTERMAN
É preciso ir ao
TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo,
visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre
mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há
de melhor no TEATRO brasileiro!
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