quarta-feira, 11 de setembro de 2024

LEGALMENTE LOIRA,

- O MUSICAL”

ou

(AS APARÊNCIAS

ENGANAM.)

ou

(ÁGUA COM AÇÚCAR

TAMBÉM FAZ BEM

NO TEATRO.)




         Iniciei minha mais recente maratona teatral em São Paulo (7 espetáculos em 5 dias, de 14 de 18 de agosto de 2024) por um musical sobre o qual eu conhecia muito pouco, ou quase nada: “LEGALMENTE LOIRA - O MUSICAL”, em cartaz no Teatro Claro Mais SP (VER SERVIÇO.). Por isso mesmo, minha expectativa não era tão grande, como costuma ser, quando me proponho a assistir a um musical, entretanto duas coisas me despertavam um curioso desejo de conferir a montagem: o fato de ter sido produzida pelo Instituto Artium de Cultura e o Atelier de Cultura e por trazer, como protagonista, a talentosíssima MYRA RUIZ, a quem jamais deixo de prestigiar, quando está em cartaz com algum espetáculo, pelo conjunto da sua obra, que tanto admiro. Mas faço questão de repetir que a minha expectativa não era superlativa, confesso, mas precisava ver, para emitir a minha opinião. E, para os que me conhecem - só escrevo sobre uma peça quando gosto dela -, já dá para entender por que motivo estou sentado em frente ao meu computador, deixando os dedos caminharem de acordo com o que ditam a minha mente e o meu coração.

 


         Justificativa nº 1, para eu querer ver o musical: Minha total admiração pelos trabalhos produzidos pelo ATELIER DE CULTURA e pelo INSTITUTO ARTIUM DE CULTURA; por um, pelo outro e pelos dois juntos, que teve início em agosto de 2013, coincidentemente, mesmos mês e ano em que iniciei a escrever este blogue. A primeira produção deles, que logo me arrebatou, foi “A Madrinha Embriagada”. Depois, foram vindo, na ordem cronológica, “O Homem de La Mancha”, uma verdadeira OBRA-PRIMA; “A Noviça Rebelde”; “Annie”, “Billy Elliot”, outra OBRA-PRIMA; “Escola do Rock”; “Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate”; “Evita Open Air”, uma ousadíssima produção, com a maior estrutura já construída para TEATRO MUSICAL, no Brasil, a céu aberto, no Parque Villa-Lobos; “Wicked – História Não Contada das Bruxas de Oz”, um outro exemplo de coragem, com temporada completamente esgotada, com mais de 150 mil espectadores, no Teatro Santander – SP; “Matilda, o Musical”, uma produção inédita, que levou mais de 101 mil espectadores ao Teatro Claro Mais SP; “Cantando na Chuva”, com efeitos especiais de tirar o fôlego; e “Shakespeare Apaixonado”, ainda em cartaz no 033Rooftop. Aqui está o “link” da crítica que escrevi sobre este espetáculo, que não é um musical:  http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2024/09/o-segredo-de-brockback-mountain-ou.html.

 



         Justificativa nº 2: Poder assistir a um musical estrelado por MYRA RUIZ é certeza absoluta de que não há como se arrepender de ter ido ao Teatro. É convicção plena de que verá em ação uma atriz completíssima, uma “cantriz”, que interpreta, canta e dança igualmente nas mesmas gigantescas proporções, com uma rica formação profissional no exterior, um talento incalculável, como pouquíssimas artistas no Brasil.

 

 

 

SINOPSE:

Na trama, Elle Woods (MYRA RUIZ), uma típica “patricinha”, jovem estudante de moda, espera ser pedida em casamento pelo seu namorado rico, Warner Huntington III (RENAN ROSIQ), filho do governador, mas, inesperadamente, ele termina o relacionamento com ela, sob o pretexto de que quer cursar a Universidade de Harvard e o “estereótipo” de Elle não faria bem para sua carreira.

Fazendo uso de metáforas, ele acha que seria melhor, para a sua imagem, se casar com uma “Jackie” (Kennedy) do que com uma “Marilyn” (Monroe).

Cansada de sofrer “bullying” com o estereótipo da futilidade e para provar que inteligência não depende de aparências, ela resolve entrar na mesma faculdade de Direito que o ex-namorado e dar-lhe uma merecida lição.


 

 

 

         Aparentemente, estamos diante de um roteiro bem “água com açúcar”, ao feitio de algum sucesso de uma “Sessão da Tarde”, na TV. E não é outra coisa mesmo, sem maiores pretensões, além de divertir e incendiar os corações apaixonados. E que mal há nisso? Não vejo o menor. Há público para todos os gostos e nenhum deles deve ser desprezado. Por outro lado, quando permitimos que o nosso olhar seja desviado, para penetrar nas entrelinhas do texto, conseguimos observar, sem maiores dificuldades, que há coisas a provocar reflexões: a questão do empoderamento feminino, movimento social, político e filosófico que busca a justa igualdade de gênero e a participação das mulheres na sociedade, e da misoginia, termo que se refere a um sentimento de desprezo e preconceito, além de outros afins, com relação às mulheres, simplesmente por seu sexo, uma total estupidez. O empoderamento deve ser encorajado; a misoginia, muito bem combatida. Isso sem falar no desmascaramento de uma tese desprovida do menor valor científico, aquela que, pejorativamente, rotula de “burras” as mulheres loiras. Quando percebemos isso, a peça passa a ter um novo sabor, que enriquece a história e a montagem. 


 


 

Como já aconteceu em outros musicais de TEATRO, o espetáculo é Inspirado numa franquia cinematográfica, de 2001, adaptada para os palcos em um musical de sucesso internacional. O filme que lhe deu origem chama-se “Legally Blonde”, no original. Em fevereiro de 2007, uma adaptação musical estreou nos palcos da Broadway, tendo sido indicada a sete categorias do “Tony Awards” e em dez categorias do “Drama Desk Awards”. Isso não é pouca coisa. Posteriormente, em 2010, também brilhou em Londres, no West End, onde conquistou o prêmio de Melhor Musical no “Olivier Awards”.  A história é baseada num livro de AMANDA BROWN.

  


         A estrutura dramática do texto é bastante simples, buscando, a meu juízo, pessoas de todas as classes sociais e de diversos níveis de escolaridade. Simples, porém não tola; uma história linear, com surpresas agradáveis. Um espetáculo muito gostoso de ser assistido, no qual seu tempo cronológico equivale a muito menos, do ponto de vista do tempo psicológico. Em palavras mais simples: o tempo interior “voa”, sem que o percebamos e, quando chega o final do espetáculo, ficamos sentindo aquela “vontade de quero mais”.

 


Tudo funciona a contento, no musical, não tivesse ele sido dirigido por JOHN STEFANIUK, um canadense, de Toronto, amante do Brasil e grande admirador dos artistas brasileiros, que já dirigiu, com um brilho ímpar, no exterior e em nosso país, inúmeras grandes produções, como “O Rei Leão”, em que assumiu a função de Diretor Associado Mundial, em Paris, Londres, Sydney, São Paulo, Madri, Cidade do México, Amsterdã, Cingapura, Taipai e Joanesburgo, além de duas turnês nacionais no Reino Unido. Por aqui, assinou a direção de “Billy Elliot”, pela qual ganhou o prêmio de melhor musical da escolha da crítica. Também dirigiu “Charlie e a Fantástica Fábrica de Chocolate”, para o Atelier de Cultura. Sua direção de “Evita Open Air” foi considerada como um dos 10 melhores momentos de Andrew Lloyd Webber em 2022. JOHN também dirigiu, em São Paulo, “Matilda”, “Cantando na Chuva” e, agora, “Legalmente Loira”. Por seu incalculável talento, é aclamado no exterior e detentor de muitos prêmios. Recentemente, JOHN dirigiu uma nova super produção não-réplica de “Wicked – História Não Contada das Bruxas de Oz”, também em São Paulo.

 

 




JOHN STEFANIUK
(Fonte Desconhecida.)

A leveza, a beleza e o divertimento do musical são um somatório de acertos, distribuídos entre a ótima cenografia, de DUDA ARRUK; os criativos, alegres e coloridos figurinos, assinados, a seis mãos, por LIGIA ROCHA, MARCO PACHECO e JEMIMA TUANY (E VIVA O "PINK"!); o desenho de som, de GABRIEL D’ANGELO; a divertida coreografia, de FLORIANO PEIXOTO; o expLosivo e versátil desenho de luz, de GUILHERME PATERNO; o impecável desenho de perucas, sob a responsabilidade de FELICIANO SAN ROMAN; e o desenho de maquiagem, criado por CRIS TÁKKAHASHI. ANDRÉIA VITFER é responsável por uma corretíssima direção musical, da mesma forma como também merece elogios VICTOR MÜHLETHALER, por sua versão brasileira.

  

 

Não sei, exatamente, quem foi diretamente convidado para atuar no espetáculo – MYRA RUIZ, COM CERTEZA. - e quantos do elenco passaram por audições, mas isso pouco importa. O que interessa é que, por qualquer via que tenha levado cada nome ao “cast”, os critérios empregados nas escolhas foram muito bem aplicados e o resultado é um grupo muito coeso, bastante homogêneo, que se uniu para abraçar a causa de contar, muito bem, uma história leve, que até, no fim, acaba sendo didática. Todos do elenco são dignos da minha humilde aprovação e dos meus efusivos aplausos, os quais se direcionam mais para o elenco de frente: RENAN ROSIQ, HYPÓLITO, LEILAH MORENO, DANILO MOURA, GIGI DEBEI e AMANDA DÖRING. Recuso-me a qualquer justificativa, mas MYRA RUIZ é “hors concours”. Quero, porém, elevar a uma posição de maior destaque, em relação aos demais, LEILAH MORENO (Que cantriz!), que “mete o pé na porta” e, com o talento que lhe é peculiar, grita: “Cheguei! Estou aqui!”.    

 


 

 

FICHA TÉCNICA:

 

Texto: Heather Hach

Música e Letras Originais: Laurence O’Keefe

Versão Brasileira: Victor Mühlethaler

Direção Geral: John Stefaniuk

Direção Musical: Andréia Vitfer

 

Elenco: Myra Ruiz (Elle Woods), Renan Rosiq (Warner Huntington III), Hipólyto (Emmett Forrest), Leilah Moreno (Paulette Bonafonté), Danilo Moura (Professor Callahan), Gigi Debei (Vivienne Kensington), Amanda Döring (Brooke Wyndham), Giselle Alfano (Ensemble), Thaiane Chuvas (Ensemble), Gabriela Gatti (Ensemble), Mariana Ramires (Ensemble), Vinnycias (Ensemble), Lara Gomes (Ensemble), Esther Arieiv (Ensemble), Vivian Bugno (Ensemble), Bia Vasconcellos (Ensemble), Paulo Grossi (Ensemble), Fábio Galvão (Ensemble), Rafael Pucca (Ensemble), Danilo Martho (Ensemble), Vitor Loschiavo (Ensemble), Ricke Hadachi (Ensemble), Nina Sato (Swing e Dance Captain), André Ximenes (Swing) e Andreina Szoboszlai (Swing)

 

Cenário: Duda Arruk

Figurino: Ligia Rocha, Marco Pacheco e Jemima Tuany

Coreografia: Floriano Nogueira

“Design” de Som: Gabriel D’Angelo

“Design” de Luz: Guilherme Paterno

“Design” de Perucas: Feliciano San Roman

“Design” de Maquiagem: Cris Tákkahashi

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio (Douglas Picchetti e Helô Cintra)

Fotos: Andreia Machado

Produtor: Baccic 

"LEGALMENTE LOIRA - O MUSICAL" é apresentado pelo Ministério da Cultura e pela Brasilprev (LEI ROUANET), tem patrocínio da Momenta e apoio da PremieRpet, SegurPro, Rio Branco, Radisson Blu São Paulo e Dona Deôla.


 



 


SERVIÇO:

Temporada: De 17 de julho a 06 de outubro de 2024.

Local: Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia.

Endereço: Rua Olimpíadas, nº 360 - Vila Olímpia, São Paulo – SP.

Dias e Horários: De 4ª a 6ª feira, às 19h30min; sábado e domingo, às 15h e às 19h30min.

Valor dos Ingressos: De R$ 19,80 (meia-entrada) a R$ 370 (inteira), dependendo da localização do assento e da sessão.

Canais Oficiais de Venda:

1) Bilheteria “on-line” (com taxa de conveniência): https://uhuu.com

2) Bilheteria Física (sem taxa de conveniência): Bilheteria do Teatro, aberta das 10h às 22h, de 2ª feira a sábado, e das 12h às 20h, aos domingos e feriados.

Local da Bilheteria Física: Shopping Vila Olímpia - Rua Olimpíadas, nº 360 - Vila Olímpia, São Paulo – SP – 1º Piso - Acesso A.

Telefone: (11) 3448-5061.

Capacidade: 801 pessoas.

Classificação Etária: Livre. (Menores de 12 anos devem estar acompanhados dos pais e/ou responsáveis legais. A determinação da classificação etária poderá, a qualquer momento, ser alterada pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude da Comarca de São Paulo - SP.)

Duração: 150 minutos, com 15 minutos de intervalo.

A programação do Teatro Claro Mais SP conta com acessibilidade física e de conteúdo.

Gênero: Teatro Musical


 

 


 

         Jamais deixarei de assistir a uma produção do Instituto Artium de Cultura e do Atelier de Cultura, pelo “simples” motivo de que, já de um bom tempo, se tornaram preciosas referências no mercado de entretenimento ao vivo, para os espectadores e para as marcas, “devido ao destaque da qualidade técnica e artística de suas produções de padrão internacional”. Eles não medem esforços, para fazer a coisa mais certa possível. E sempre o conseguem.

 

 

         A verdade é uma só: Deixei o Teatro com aquela gostosa sensação de que tinha escolhido iniciar a minha aventura bimestral em São Paulo com o pé direito, que já estava começando a valer a pena mais um deslocamento do Rio de Janeiro à capital paulista, para assistir a espetáculos que, infelizmente, são montados com 99,9% de probabilidade de não virem para a minha cidade. RECOMENDO MUITO O MUSICAL!!!

 





 

 

FOTOS: ANDREIA MACHADO.

 

 

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: Leonardo Braga Soares.)









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