terça-feira, 17 de janeiro de 2023

 “BAIXA TERAPIA”

ou

(ASSIM É, SE NÃO LHE PARECE.)



 

        Quando assisto a uma comédia ruim, acho que uma estrela se apagou no céu, entretanto, quando me delicio com uma COMÉDIA de boa qualidade, tenho a certeza de que uma nova constelação passou a brilhar no firmamento. No último sábado (14 de janeiro de 2023), para mim, a abóbada celeste ganhou um novo conjunto de estrelas, graças ao espetáculo “BAIXA TERAPIA”, em cartaz no Teatro Clara Nunes – Shopping da Gávea – Rio de Janeiro. Trata-se de uma ótima COMÉDIA (Até a penúltima página. Quem já assistiu à peça, ou pretende fazê-lo, pode compreender o que quero dizer.), vencedora do “Prêmio Shell”, de Melhor Atriz, para ILANA KAPLAN, contando a história de três casais que chegam para sua sessão habitual de terapia e se deparam com uma situação inusitada.



O espetáculo estreou em 2017 e já reuniu mais de 350.000 espectadores, entre Brasil, Estados Unidos e Portugal, temporadas interrompidas somente durante a pandemia. A sessão a que assisti foi a de número 493. O espetáculo é vendido como uma COMÉDIA – e não é propaganda enganosa; muito pelo contrário -, porém apresenta um final totalmente imprevisível, que mexe com a plateia, deixando-a "de queixo caído", depois de se fartar de tanto rir. Dois amigos, que assistiram à peça no dia da sessão de estreia, dois dias antes de mim, já me haviam prevenido de que havia “um final surpreendente”, com uma “grande surpresa”. Não há, no meu vocabulário, pelo menos, adjetivos capazes de expressar isso com total precisão. Sabedor de que a encenação dura 90 minutos, que o público não entende como “passam tão rapidamente”, vi que se aproximava o final do espetáculo e nada da tal “grande surpresa” acontecer. (POR FAVOR, SE FOREM ASSISTIR A ESTA ENCENAÇÃO, E ESPERO QUE O FAÇAM , NÃO CONTEM A NINGUÉM QUAL É O FINAL DA PEÇA. SE REVELADO O EPÍLOGO, NÃO HÁ RAZÃO PARA O "COLEGUINHA" IR AO TEATRO.)




Quase "aos 45 minutos do segundo tempo", próximo a uma possível “prorrogação no jogo”, eis que o golpe é desferido na boca do estômago de todos os assistentes: homens e mulheres, jovens e velhos; todos, sem exceção. Depois que assisti ao espetáculo, já comentei com “n” pessoas que duvido de que alguém, dos mais de 350.000 espectadores, tenha imaginado aquele final. É IMPOSSÍVEL que isso possa ter ocorrido, tal é a genialidade de MATÍAS DEL FEDERICO, autor do texto. Minha inveja, com relação a esse tipo de gente, não é branca, apenas; é super colorida, com cores bem vivas. É feio invejar? Que me achem um “frankenstein”!


 

 


SINOPSE:

A comédia apresenta três casais que não se conhecem e se encontram, inesperadamente, em um consultório, para sua sessão habitual de terapia.

Uma vez lá, descobrem, porém, que, daquela vez, a sessão seria em grupo e sem a presença da terapeuta. Estranho não?!

A sala está preparada com um pequeno bar, onde não falta uísque, café e água, e uma mesa, com envelopes, contendo instruções de como deverão conduzir a sessão.

O objetivo é que todas as questões sejam resolvidas em grupo.

Só podem passar para o teor do próximo envelope depois que todos do grupo concordem com isso. 

Ariel (ANTONIO FAGUNDES) e Paula (MARA CARVALHO), em permanente dissintonia, nem se lembram mais se, um dia, foram felizes.

Roberto (FÁBIO ESPÓSITO) e Andrea (ILANA KAPLAN) estão às voltas com perdas familiares e desemprego.

Estevão (GUILHERME MAGON), por sua vez, não entende por que sua namorada, Tamara (ALEXANDRA MARTINS), vive adiando a decisão de morarem juntos. 

Cada envelope aberto propõe uma situação mais engenhosa que a outra.

Ao tentar resolver os desafios, acabam se expondo em seus incômodos, suspeitas, mentiras e confissões involuntárias.

A sessão se transforma num caos e desemboca numa virada para lá de inesperada.

 

  



Tornei-me um fã incondicional de MATÍAS DEL FEDERICO, o genial autor do texto. Quero assistir - ou pelo menos ler os textos - a todas as peças escritas por ele. MATÍAS, quase atingindo os 42 anos de idade, é mais um dos muitos excelentes dramaturgos contemporâneos com os quais a Argentina nos presenteia. É escritor, dramaturgo e ator. Sua primeira obra, “Em Terapia”, foi produzida pelos principais produtores na Argentina e ganhou o Primeiro Prêmio do Concurso “Contar 1”, organizado pela Associação de Empresários Teatrais, Argentores (Sociedade Geral dos Atores da Argentina) e Associação Argentina de Atores. Todas as suas peças têm tido muito sucesso em seu país e na Espanha, onde foram encenadas por DANIEL VERONESE, argentino como DEL FEDERICO, também ator e dramaturgo, que assina a adaptação do texto. Para exibição no Brasil, a peça ganhou a tradução de CLARISSE ABUJAMRA.



Admiro, profundamente, pessoas que atingem um nível tão elevado de inteligência e criatividade, com a capacidade de construir uma arquitetura dramatúrgica tão fantástica, como a de “BAIXA TERAPIA”. A ideia, em si, já é formidável, porém isso só não basta, para que o sucesso esteja garantido. Quem vai dirigir, atuar e todos os profissionais de criação e técnicos agasalhados por um projeto são de extrema importância, e, para o dramaturgo, faz-se necessário que essa brilhante ideia tome forma, no papel, de uma maneira que, por meio de ótimos diálogos, possa atingir o público, da forma mais maciça possível, precisando ser escrita numa linguagem adequada à compreensão de todos, de diferentes culturas e níveis sociais. É preciso que prenda a atenção do espectador, da primeira à última cena. Não pode haver “barrigas” no texto. Nada pode ser injustificável ou descartável. O que pude perceber, quando da minha ida ao Teatro Clara Nunes, foi uma plateia de mais de 700 pessoas (Lotação esgotada.) atenta a tudo o que se passava no palco, explodindo em gargalhadas, por conta do bom humor da peça, e, praticamente, estática, sem fôlego, na hora da “grande revelação”, que leva o espetáculo a seguir por um desvio da estrada que ninguém jamais poderia supor que pudesse existir. Que texto maravilhoso!



Não sei que tratamento essa obra poderia receber, da parte de outro diretor, mas posso afirmar que MARCO ANTÔNIO PÂMIO fez uma perfeitíssima decodificação do texto e das intenções do seu autor. Sugiro uma pesquisa sobre esse importante homem de TEATRO, com um simples acesso à memória do “Tio Google”. Sob a batuta de PÂMIO, o sexteto, todos protagonistas, "antagonistas" entre si, tem uma atuação brilhante, com destaque absoluto para ILANA KAPLAN, que, além do prêmio citado no primeiro parágrafo, ganhou mais um, na cidade de São Paulo: “Aplauso Brasil”. A peça também já foi contemplada com o “Prêmio Bibi Ferreira”, como Melhor Espetáculo”. Na encenação, ILANA explora a profundeza de sua veia cômica, trabalha, com um esmero invejável, a expressão corporal e, principalmente, as máscaras faciais. Mesmo não fazendo parte diretamente de uma cena, ou não sendo o ponto central de um diálogo, a atriz atrai os olhares, a atenção e o interesse da plateia, que chega bem próximo a explodir, de tanto gargalhar (Um tom hiperbólico não faz mal a ninguém.). Poucas vezes, em mais de 50 anos de TEATRO, como ator, espectador e crítico, vi silêncios tão “gritantes” e expressivos em cena. Quando vejo ILANA atuando, em qualquer mídia, tenho a mesma reação que expressava, e ainda expresso, nos vídeos, quando via gente como Ronald Golias, Costinha, Rowan Atkinson (Mr. Bean) e Dercy Gonçalves, por exemplo. Olho para ela e já começo a rir.


Ilana Kaplan

(Foto: autoria descionhecida.)


Falei, de forma bem empolgada, sobre o magnífico trabalho de ILANA KAPLAN, contudo jamais deixaria de reconhecer que o de todos os seus companheiros de cena também merece nosso reconhecimento, uma vez que o elenco, sem a menor exceção, me pareceu bem à vontade, nos seus personagens, o que é muito bom para o rendimento do espetáculo, um "levantando a bola, para que outro a corte", porquanto todas as cenas fluem com muita naturalidade e verdade. 


      

A cenografia da peça me parece ter sido pensada por FABIO NAMATAME, atendendo à produção, quanto a ser de fácil transporte, uma vez que os espetáculos produzidos e encenados por ANTONIO FAGUNDES, tradicionalmente, para alegria dos que não residem no eixo Rio / São Paulo, cumprem longas turnês pelo Brasil, atingindo o exterior, pelo que muito o aplaudo e respeito. No palco, um cenário simples, sem nenhuma exuberância, mas não desimportante, com o básico para compor o espaço onde se dá a ação: o consultório de uma terapeuta, com apenas um bar, com muitas garrafas de bebidas, jarra de café, copos, xícaras e balde de gelo, além de uma mesinha, onde estão os envelopes, que determinarão o andamento da consulta, quatro cadeiras e um pequeno sofá. 



NAMATAME também assina os figurinos da peça, todos bem ajustados às características, externas e interiores, de cada um dos personagens, sem nenhum destaque especial.



A iluminação é, praticamente, a mesma, durante toda a encenação. Após o terceiro sinal, quando as luzes da plateia são apagadas, a ação começa às escuras, com a chegada do primeiro paciente, que aciona o interruptor, para ilumivar a sala, como o sinal de que o turbilhão de risos e emoção está só começando. Um correto trabalho, de desenho de luz, de SILVIANE TICHER. É bem interessante e precisa a luz reservada para a derradeira cena do espetáculo. Não darei “spoiler”.



KLEBER MARQUES é o responsável pela sonoplastia da peça. Nada de algum comentário especial sobre esse elemento de criação, a não ser reconhecer que ela se presta bem às cenas em que é requisitada.



 

FICHA TÉCNICA: 

Texto: Matías Del Federico

Adaptação: Daniel Veronese

Tradução: Clarisse Abujamra

Direção: Marco Antônio Pâmio

 

Elenco: Antonio Fagundes, Mara Carvalho, Alexandra Martins, Ilana Kaplan, Fábio Espósito e Guilherme Magon

 

Cenografia: Fabio Namatame

Figurino: Fabio Namatame 

Iluminação: Silviane Ticher

Sonoplastia: Kleber Marques

Fotos: Caio Galucci 

Ilustração: Cassio Manga

Design Gráfico: Sabrina de Sá

Assessoria Jurídica: Onesti Advogados

Assistentes de Produção: Gustavo de Souza e Vanessa Campos

Diretor de Produção: Carlos Martin

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany

 

 

 




 SERVIÇO:

Temporada: De 12 de janeiro a 26 de março de 2023.

Local: Teatro Clara Nunes.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52, (Shopping da Gávea, 3º piso) – Gávea – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)2274-9696.

Dias e Horários: 6ª feira, às 21h; sábado, às 20h; e dom, às 18h.

Valor dos Ingressos: Apenas para assistir à peça = R$140,00 (inteira) e R$70,00 (meia entrada); para assistir à peça e participar de uma visita aos bastidores, guiada pelos atores = R$240,00 (inteira) e R$170,00 (meia entrada).

Capacidade: 741 espectadores.  

O Teatro Clara Nunes conta com acessibilidade.

VENDAS: https://bileto.sympla.com.br/event/77965/d/165231 ou na bilheteria do Teatro.

Horário de funcionamento bilheteria: De 2ª a 6ª feira, das 14h às 21h; aos sábados, das 13 às 21h; e domingo, das 13 às 20h.

Duração: 90 min.

Classificação Etária: 14 anos

 

 

 


Prestem bastante atenção a cada detalhe, a cada frase da peça, porque nunca devemos nos esquecer de que nem tudo é o que parece ser e que as aparências enganam. “Três casais se veem induzidos a fazer uma discussão coletiva de relacionamento, na tentativa de resolver suas questões internamente, todavia deixam emergir conflitos e segredos permeados por muito constrangimento e humor” (Extraído do “release” enviado por STELLA STEPHANY, assessora de imprensa da peça).



Com o objetivo de ampliar, cada vez mais, os canais de comunicação com o público, a produção abre, para os espectadores que desejarem, e se inscreverem antecipadamente, as portas de seus bastidores, mostrando a coxia e os camarins, além de outras surpresas, tudo guiado pelo próprio elenco, e, ao fim de cada apresentação, acontece, também, o já tradicional bate-papo entre atores e público, estreitando, ainda mais, numa troca informal, a relação entre palco e plateia. Aconselho a todos que aceitem o convite de permanecer, por mais 15 ou 20 minutos, no Teatro e participar desse agradabilíssimo encontro, durante o qual ficamos sabendo muito da experiência de quem está envolvido com uma produção já há quase cinco anos. É extremante importante e profícua essa conversa bem intimista.



O que falta para dar como terminada esta crítica? Nada mais, além de dizer, o que nem seria necessário, que RECOMENDO, COM O MAIOR EMPENHO, ESTE ESPETÁCULO, como um dos melhores em cartaz no Rio de Janeiro, esperando poder assistir a ele novamente.


 


(Foto: Gilberto Bartholo.)


FOTOS: CAIO GALUCCI

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: Alaor Ferreira.)


Com Ilana Kaplan.


Idem.


 Com Ilana Kaplan e Patrícia Lopes.)



VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,

PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO










































Nenhum comentário:

Postar um comentário