NASTÁCIA
(UM POTENTE GRITO
CONTRA A OPRESSÃO À
MULHER.
ou
“NÃO É NÃO!!!”)
Prezo
muito a inteligência e a criatividade, quando elas se fazem representar por
boas ideias, como a que levou PEDRO BRÍCIO a escrever o texto de “NASTÁCIA”,
espetáculo que está em cartaz no Teatro III, do CCBB – Rio de
Janeiro (VER SERVIÇO), tomando por base a história de vida, sofrida, da
principal personagem feminina de uma obra-prima da literatura universal,
“O Idiota”, romance escrito por Fiódor Dostoiévski, entre
1867 e 1869. Parti para o Teatro com muita expectativa, de
tanto que ouvira falar bem do espetáculo, o que é bom, por um lado,
porque serve de motivação, porém pode ser negativo, quando o resultado do que
se vê não condiz com a expectativa criada, gerando frustração e arrependimento
por ter ido. No caso, o resultado final foi mais que satisfatório, muito proveitoso, pois a montagem
superou, em muito, todas as minhas, já boas, perspectivas de assistir a um bom
espetáculo de TEATRO.
SINOPSE:
Baseado em NASTÁSSIA FILÍPPOVNA, heroína do
clássico “O Idiota”, de Fiódor Dostoiévski – o espetáculo “NASTÁCIA”
une o TEATRO a outras linguagens artísticas, como instalação e videoarte,
para contar a história de uma das mais instigantes personagens femininas da
literatura universal.
A peça se passa no apartamento de NASTÁCIA
(FLÁVIA PYRAMO), na noite do seu aniversário.
Ela deve anunciar seu casamento com GÁNIA (ODILON
ESTEVES), união articulada pelo oligarca TOTSKI (JÚLIO ADRIÃO),
homem que a transformou em concubina, desde a adolescência, e a submete a um
verdadeiro leilão naquela noite.
Já na mocidade, era uma mulher culta, de boas maneiras e com uma notável
presença de espírito, porém, mais tarde, por conta de tudo por que passou na
vida, mudou, radicalmente, o seu comportamento.
Foi a grande paixão do príncipe Míchkin, mas o amor dos dois não
chegou a bom termo.
Era filha de um aristocrata falido, sem dinheiro, e, devido à morte
trágica de seus pais, foi, ainda na sua meninice, acolhida por TÓTSKI,
um homem desonesto, inescrupuloso, que visava ao dinheiro que ela ainda pudesse
ter, juntamente com sua irmã, a qual veio a falecer, também, pouco tempo depois
dos pais.
Foi submetida a vários cuidados, mas também a abusos e torturas
psicológicas, durante a juventude.
Concluída a sua educação, tornou-se uma mulher de grande beleza
e de forte poder de sedução.
Prometia muito o seu futuro, contudo, a partir do pedido de casamento do
príncipe Míchkin, transformou-se numa mulher completamente diferente,
enigmática.
Seu
final, na trama, é trágico.
O espetáculo foi idealizado por FLÁVIA
PYRAMO, a qual se diz “arrebatada” pela personagem, desde que a
descobriu, em “O Idiota”. E é muito fácil, mesmo, que isso aconteça. Não
li o livro, porém assisti, por duas vezes, a uma excelente adaptação teatral,
para o romance, a qual durava sete horas, que o público não
sentia passar, e confesso que foi por NASTÁCIA que suspirei, foi por NASTÁCIA
que me encantei, a despeito do brilhante trabalho de todos do elenco e
da riqueza interior de todos os personagens, os “mocinhos" e os
“bandidos”, fortes, positiva ou negativamente, como seres humanos.
Nesta peça, a personagem
já surge adulta, entretanto sabe-se que a bela órfã, desde
a adolescência, fora abusada, física e moralmente, por homens, que controlavam
sua vida, ignorando suas escolhas. Exatamente por isso, podemos afirmar que a peça
é extremamente atual, uma vez que, mesmo sendo levadas em consideração as
conquistas das mulheres – falo apenas da brasileira - nos últimos tempos, ainda
hoje, infelizmente, no Brasil, a violência contra elas é uma triste
realidade, “um século e meio depois do lançamento do livro”. Segundo o “realese” da peça,
enviado por PAULA CATUNDA – ASSESSORIA DE IMPRENSA, FLÁVIA PYRAMO
idealizou esta montagem, “Movida pelo desejo de uma sociedade
justa, para as mulheres, e inspirada na criatividade do autor russo (...)”.
Como
mera ilustração, vejamos alguns dados, extraídos do portal G1 (com
supressões de alguns trechos), com relação aos números da violência praticada,
por homens, contra as mulheres, no Brasil, num trabalho de Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima,
diretores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pule a leitura do trecho em negrito abaixo, se o seu
interesse for apenas a análise técnica do espetáculo.
“Os dados divulgados pelo Monitor da Violência, neste 8 de março (2019),
indicam que a violência contra a mulher permanece como a mais cruel e evidente
manifestação da desigualdade de gênero no Brasil. A sociedade, cada vez mais
entregue à hipocrisia política e populista daqueles que estimulam a violência,
como resposta pública ao medo e ao crime, ignora que não há lugar seguro para
as mulheres no país. Não há separação entre espaço público e privado para elas
– a morte está à espreita dentro das casas, no transporte público, nas ruas e
nos espaços de educação e lazer. A violência compõe um cotidiano perverso,
sustentado por relações sociais profundamente machistas.
(...) permanecemos como um dos países mais violentos do mundo para as
mulheres. Estudo divulgado, em novembro de 2018, pelo UNODC (Escritório das
Nações Unidas para Crime e Drogas) mostra que a taxa de homicídios femininos
global foi de 2,3 mortes para cada 100 mil mulheres em 2017. No Brasil, segundo
os dados divulgados hoje, relativos a 2018, a taxa é de 4 mulheres mortas para
cada grupo de 100 mil mulheres, ou seja, 74% superior à média mundial.
Já os registros de feminicídio apresentaram um crescimento esperado,
lembrando que, neste mês de março, a lei 13.104, conhecida como “lei do
feminicídio”, que tipifica o homicídio doloso contra a mulher, por sua condição
de sexo feminino ou decorrente de violência doméstica, completa apenas quatro
anos. Há, do ponto de vista estatístico, uma tendência de aumento neste tipo de
registro e de migração do que, antes, estava invisível no conjunto das mortes
de mulheres.
(...) Nos últimos 15 anos, a violência contra a mulher passou a fazer
parte do debate público, como prática que não deve ser tolerada ou legitimada.
Nesse período, o arcabouço legal, com foco no enfrentamento aos diferentes
tipos de violência contra a mulher, foi se consolidando, a exemplo da Lei Maria
da Penha, em 2006, da mudança na lei de estupro, em 2009, da lei do feminicídio,
em 2015, e da mais recentemente lei de importunação sexual, de 2018.
Se os avanços legislativos são uma grande conquista dos movimentos de
mulheres, as políticas públicas implementadas para garantir seu cumprimento
ainda se mostram frágeis. Não à toa, uma média de 4 mil mulheres foram
assassinadas todos os anos na última década. Permanece o enorme desafio em
garantir que as mulheres em situação de violência, de fato, tenham acesso à
Justiça.
E, apesar de episódios de feminicídios ocuparem diariamente as páginas
dos principais veículos de imprensa, as políticas desenvolvidas pelos Poderes
Executivos seguem dando pouca ou nenhuma prioridade às ações de enfrentamento à
violência contra as mulheres. Este é um enorme indicativo de que a tragédia
brasileira, na segurança pública, não se resume à leniência das leis penais e
processuais penais. O poder público tem falhado, todos os dias, ao não ser
capaz de garantir a vida de milhares de mulheres.
(...) Como se o cenário não fosse suficientemente preocupante, o decreto
que flexibiliza a posse de armas de fogo pode funcionar como combustível em um
incêndio. Ao ampliar, sobremaneira, as possibilidades de um cidadão ter uma
arma de fogo em sua casa, o Estado está oferecendo um instrumento mais
eficiente para que homens agressores acabem com a vida de mulheres. (...) O feminicida,
não raro, preenche todos os requisitos do estereótipo do cidadão de bem.
A covardia da violência doméstica fica facilitada com mais armas de fogo
e também com a proposta de aceitar o gigantesco retrocesso do “escusável medo
ou forte emoção” como critério de absolvição por legítima defesa de
responsáveis por matar outras pessoas.
Mas isso parece não sensibilizar muitos daqueles que deveriam formular
políticas de segurança no país. Evidências importam menos do que convicções
pessoais e cruzadas morais estimuladas por exércitos virtuais, que invadem as
redes sociais dão o tom da política atualmente.
É mais do que hora de a segurança pública deixar de reforçar
estereótipos de masculinidades que, no limite, naturalizam a violência como
linguagem e dificultam sua prevenção e sua repressão. Ética, decoro e liturgia
pública são conceitos que, para terem algum significado prático, devem
considerar que cabe ao Poder Público conter as emoções, e não aceitar a
violência em nenhuma de suas manifestações.”.
Um dado estatístico, e estarrecedor, a mais: “Segundo o Datafolha, no ano passado (2018), 1,6
milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no
Brasil; e 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio.”.
Terminada a longa digressão supra, passemos a dissecar o espetáculo,
em seus elementos artísticos, fazendo, antes, um único comentário, qual
seja o de que a peça vem à luz num momento em que, mais que nunca, urge
falar sobre essa questão da violência contra as mulheres, com um foco maior na
problemática do feminicídio, reivindicando-se, para elas, todo o respeito que
merecem, na condição de seres humanos.
Começando
pelo texto, afirmo que, sob a minha óptica, estamos diante de um
dos melhores, se não for o melhor, trabalho de PEDRO BRÍCIO, como dramaturgo,
e um dos melhores textos encenados no Rio de janeiro, neste ano de 2019.
Na estruturação da dramaturgia, PEDRO
foi muito feliz, conseguindo captar, do original, tudo o que seria, realmente,
necessário abordar sobre a alma da personagem central e dos outros
personagens. NASTÁCIA se torna, aqui, protagonista, função
que não exerce no romance, embora seja de bastante relevância na narrativa
dostoievskiana. PEDRO manteve a linguagem clássica da obra,
com o cuidado de reproduzir um fino e apurado vocabulário, que não
descaracterizasse a posição sociocultural do trio de personagens, bem
como uma sintaxe que foge à rotina do dia a dia. Um belo acerto!
Já que a
ação toda se passa numa única noite, nos momentos de expectativa da chegada dos
convidados, para a festa de aniversário de NASTÁCIA, no seu decorrer e
logo após o final do evento, o autor teve a brilhante ideia de fazer, de
cada espectador, um conviva, criando um tom intimista, reforçado pela competentíssima
direção, de MIWA YANAGIZAWA. Os atores, por vezes, se dirigem
a pessoas da plateia e contracenam com elas, indiretamente, na grande maioria
das vezes, o que faz com que nos sintamos, realmente, na festa de aniversário
de NASTÁCIA, vivendo a experiência de misturar realidade com ficção.
Parece que fazemos parte do círculo de amigos da aniversariante. Assim, pelo
menos, foi como me senti, uma vez que embarquei, de corpo inteiro, na proposta. E temos, também a impressão de que outros personagens citados estão, realmente, na cena.
De forma muito espirituosa, BRÍCIO
se coloca como “fiel em sua transgressão da obra original”,
mantendo diálogos e monólogos, entretanto, como num ato falho, põe, numa das
cenas, alguém – não lembro qual personagem – dizendo estar no Rio de
Janeiro, em 2019, seguindo-se, imediatamente, um “pedido de
desculpas” e um “conserto”: “...em São Petersburgo, do século XIX...”.
Como essa, há outras passagens em que há sutis toques de humor, satírico e
irônico, que servem como uma válvula de escape, para as tensões que a peça
apresenta. A opção pelo emprego da primeira pessoa do plural também é uma forma
de integrar o público à ação.
Mas não é só de violência contra
as mulheres que o texto trata. Isso é apenas a “pièce de
résistence”, o prato principal do enredo. Giram, à sua órbita,
outros temas, como, por exemplo, críticas acerca do dinheiro, da posição
social, da ganância e do poder.
MIWA YANAGIZAWA, que, além de
atriz, também é uma ótima diretora de TEATRO, ratifica sua
competência, como uma correta “regente”, à frente de um ótimo elenco.
Totalmente identificada com a adaptação de PEDRO BRÍCIO, MIWA faz
um belo trabalho de valorização do texto
e dos atores, explorando, a fundo, as fraquezas e os defeitos de cada
um, ajustando, na medida certa, o empoderamento da personagem feminina -
até a página 5, é verdade -, uma vez que, sem querer dar “spoiler”,
mas considerando quão popular e conhecida é a obra, o final de NASTÁCIA
não é o que ela merecia. A diretora conseguiu atualizar um texto
escrito há um século e meio, de forma a refrescar a memória das pessoas,
com relação àquilo que é mostrado, diariamente, nas mídias, sobre violência
contra a mulher. Nota-se, nitidamente, um perfeito trabalho de direção de
atores, cada um sendo conduzido, pela direção, a um caminho acertado
de interpretação, sem falar no fato de a proposta da diretora se
estender ao público, “convidado a participar das cenas, da festa”. Segundo MIWA,
“a arte é um espaço em que o artista pode,
como mediador, reumanizar estatísticas devastadoras como essas”, referindo-se aos números sobre os quais já falei. “Propomos
uma aproximação com o espectador, para que possamos reativar os afetos”,
explica a diretora.
Passemos ao elenco, começando
pela grande protagonista, NASTÁCIA, aqui vivida por FLÁVIA
PYRAMO, atriz de inquestionável talento, cujo trabalho, num
palco, que muito me chamou a atenção, infelizmente,
eu não conhecia, até então, salvo engano ou graças ao comprometimento da minha
memória. FLÁVIA se apropriou de tal forma de NASTÁCIA, que nem
parece estar representando. Atriz de grandes recursos interpretativos,
consegue nos mostrar uma mulher de personalidade forte, não, porém, a ponto de
se salvar de um assassinato, vítima, desde os 12 anos de idade,
de todos os tipos de violência física e moral, abusos e humilhações. Mesmo
assim, “ela se torna exemplo de luta diária por dignidade”. Que
sirva de exemplo, para todas as mulheres, principalmente as oprimidas e
cerceadas na sua condição humana, no seu direito de exercer a sua cidadania,
pelo fato de ter transformado sua fragilidade em força, lutou, bravamente, até
onde conseguiu, por sua dignidade, com muita coragem, “mesmo vivendo um
turbilhão interno e uma violência terrível”.
A ideia de FLÁVIA, de partir de uma personagem,
de um romance emblemático, pela qual se apaixonou, para a construção de uma peça,
na qual todos os holofotes convergem sobre ela, NASTÁCIA, me pareceu genial,
principalmente porque uma heroína como aquela é, no TEATRO,
de certa forma, um pouco rara, um vez que os dramaturgos, regra geral,
reservam os melhores personagens, os protagonistas, para os
homens: dramaturgicamente forte, corajosa, à frente de seu tempo. Sobre ela,
diz, acertadamente, a atriz: “Penso nesse ser humano como a mulher de hoje. Ela vive num mundo que tem
prazer com a desonra, num círculo vicioso, e não consegue se libertar. Muitas
mulheres passam por isso e sucumbem, suicidam-se. Muitas vezes, não conseguem
superar a culpa, a dor. NASTÁCIA também morre. A gente deixa isso bem claro e
entende a morte dela, praticamente, como suicídio. Porém, ela publica sua
história. O fato de ela narrar e entregar essa experiência tem a ver com a
nossa vontade de que esse final não se repita mais.”.
NASTÁCIA
fora vítima de um ardil, durante sua festa de aniversário, uma vez que, para se
livrar dela, porque intencionava se casar com uma mulher da sociedade, filha do
general Epantchin, seu amigo e aliado na trama contra NASTÁCIA, TOTSKI
(JÚLIO ADRIÃO) parte para aplicar-lhe um golpe, querendo que ela se case
com GÁNIA (ODILON ESTEVES), visando, unicamente, ao polpudo dote que
este poderia lhe pagar, pela mão da moça. NASTÁCIA se sentiu uma
mercadoria, posta à venda e se rebelou contra tal infâmia. A partir de então,
seu destino estava traçado. Todas as características interiores da personagem
vêm à tona, com a brilhante interpretação de FLÁVIA PYRAMO.
Os
dois personagens coadjuvantes, importantes, todavia, na trama, também
são muito bem defendidos pelos atores JÚLIO ADRIÃO (TOTSKI) e ODILON
ESTEVES (GÁNIA). JÚLIO se entrega na construção de um homem sórdido,
inescrupuloso, conservador e bem-sucedido, proprietário de numerosas terras. Seu
personagem falha, como tutor de NASTÁCIA FILÍPPOVNA, pelo modo
abusivo como a tratava e, ao perceber que ela “estava extremamente
sozinha, na vida”, quando lhe atribuiu um dote no valor de 75.000
rublos, embora casar não estivesse nos planos da moça. Ele achava que o
único a quem NASTÁCIA aceitaria, como marido, seria GÁNIA, também
aquele, além de nenhum outro, que seria capaz de desembolsar a alta quantia que
ele havia estabelecido como dote.
ODILON
ESTEVES, em boa atuação, dá vida a GÁNIA, também amigo e secretário
do general Epantchin. Procura valer-se dos laços de amizade entre o general
e TOTSKI, para se aproximar de NASTÁCIA e se casar com ela, desde
que esta o aceitasse como cônjuge. Vejo-o com uma espécie de “fantoche”, nas
mãos de TOTSKI.
O
cenário da peça é uma atração à parte. Na verdade, não estamos
diante, apenas de uma cenografia, uma vez que “o projeto em torno
da obra de Dostoiévski transcende a linguagem teatral”. O artista
responsável pela instalação, aberta ao público do CCBB, para
visitação, grátis, durante o dia e até um pouco antes do início da peça,
é o diretor de arte, o estilista RONALDO FRAGA, que também assina
os lindos e requintados figurinos, de época, da peça. “O tema está
ligado à descrição dos rostos dos personagens de ‘O idiota’”. São
dezenas de molduras, fixadas nas paredes ou penduradas, dos mais variados
tamanhos e tipos, todas belíssimas, à espera de um rosto. Do seu, por exemplo. A
instalação também recebe a participação do cineasta CAO
GUIMARÃES, com uma interessante videoarte, da mesma forma, relacionada
à personagem NASTÁCIA e à obra “O Idiota”. Completam o cenário móveis requintados, clássicos, como poltronas, sofás, cadeias artísticas, de fino acabamento e uma grande mesa coberta por uma infinidade de objetos de cena, alguns meio excêntricos, nos nossos dias, porém totalmente dentro do contexto da época. Um belo lustre também faz parte da cenografia/instalação.
CHICO
PELÚCIO e RODRIGO MARÇAL criaram uma ótima iluminação que
parece ter sido especialmente desenhada em consonância com a cenografia,
o que deveria sempre acontecer, proporcionando-nos lindas e marcantes imagens.
O
espetáculo também ganha brilho, por meio da trilha sonora, de bom
gosto, e a composição original, de GABRIEL LISBOA.
A
direção de movimento, a cargo de TUCA PINHEIRO, acrescenta um
frescor à encenação, tornando aquilo que poderia ser monótono em algo bem vivo,
movimentado, dinâmico.
Um
elemento que, via de regra, não é citado – muitas vezes, nem observado – pelos críticos e pelo público, de forma geral, é o trabalho de programação visual. Aplaudo o lindo
programa da peça, criado por PAOLA MENEZES.
FICHA TÉCNICA:
Baseado no romance “O Idiota”, de Fiódor Dostoiévski
Dramaturgia: Pedro Brício
Tradução: Paulo Bezerra
Direção: Miwa Yanagizawa
Elenco: Flávia Pyramo, Julio Adrião e Odilon Esteves
Direção de Arte (Instalação Artística e Figurinos):
Ronaldo Fraga
Videoarte: Cao Guimarães
Iluminação: Chico Pelúcio e Rodrigo Marçal
Trilha Sonora e Composição: Gabriel Lisboa
Direção de Movimento: Tuca Pinheiro
Consultoria Teórica: Paulo Bezerra e Flávio Ricardo
Vassoler
Programação Visual: Paola Menezes
Fotografia: Ana Colla, Cao Guimarães, Guto Muniz e
Janderson Pires
Visagismo: Sophia Clementino
Assessoria de Imprensa: Paula Catunda e Catharina
Rocha
Produção Executiva - Rio de Janeiro: Monique Franco
Equipe de Produção - Rio de Janeiro: Alex Nunes e
Ártemis Amarantha
Direção de Produção: Sérgio Saboya
Coordenação Geral: PyrAmo ProArte
SERVIÇO:
Temporada: De 23 de outubro a 22 de dezembro de 2019.
Local: CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) – Rio
de Janeiro - Teatro III
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
(Candelária) – Rio de Janeiro
Dias e Horários: De 4ª feira a domingo, às 19h30min.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00
(meia entrada).
Venda de Ingressos: De 4ª a 2ª feira, das 9h às 21h,
na bilheteria do CCBB, e pelo “site”: www.eventim.com.br
Informações: (21) 3808-2020.
Lotação: 70 lugares.
Classificação: 16 anos.
Duração: 100 minutos.
Gênero: Drama.
Instalação Artística:
Período de Visitação: De 4ª feira a domingo, das 9h
às 17h.
Local: Teatro III.
Classificação: Livre.
Entrada Franca.
Extraído
do “release”, por eu ter achado importante fazer parte desta crítica:
“Principal tradutor da obra de Dostoiévksi, para o português, PAULO
BEZZERA destaca que a história de NASTÁCIA, como tudo em Dostoiévski, é de uma
espantosa atualidade. ‘Primeiro ela é vítima de um grão-senhor e 'gentleman' pedófilo, que se vale do repentino estado de miséria dela e do muito dinheiro
que possui e a transforma em concubina, aos 12 anos de idade, sem sofrer
qualquer censura da sociedade: é o poder do dinheiro falando mais alto. Depois,
já adulta, é vítima de um amante paranoico, que, por não conseguir conquistar
seu amor, simplesmente a mata. Portanto, duas formas de crime contra a mulher:
o crime alicerçado no dinheiro e o crime derivado da impossibilidade de
conquistar o coração e a mente da mulher. Ou seja, o crime motivado pelo sentimento
de posse, pela tentativa de coisificação da mulher'”.
Já
era um grande admirador de Dostoivévski e, em especial, de “O Idiota” e confesso que já havia conseguido enxergar, com a profundeza que merece,
o papel de NASTÁCIA, na trama, porém não com a ênfase como ela é mostrada neste espetáculo. Gostei, profundamente, desta montagem teatral, uma vez que ela nos provoca, nos instiga a uma reflexão sobre as
questões relacionadas a gênero e moral. Recomendo-o, com todo o meu empenho,
e, mais uma vez, agradeço a todos os que me indicaram a peça. Um amigo,
que parece conhecer bastante o meu gosto teatral, chegou a me dizer, ao
fazer a indicação, que achava que eu a classificaria como OBRA-PRIMA.
Tenha, agora, essa certeza, meu querido amigo, que prefiro manter no anonimato.
Essas indicações só me fizeram antecipar minha ida ao CCBB, para ver “NASTÁCIA”.
Faça-o também!
E VAMOS AO
TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS
SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE
MELHOR NO
TEATRO
BRASILEIRO!!!
CENSURA NUNCA MAIS!!!
(FOTOS: ANA COLLA, CAO GUIMARÃES,
GUTO MUNIZ e
JANDERSON PIRES.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário