(NÃO
FOI BEM ASSIM
QUE
ME CONTARAM...)
ou
(O
QUE ESTÁ POR TRÁS DA FÁBULA?)
ou
(“JÁ
NOS CONHECEMOS ANTES, MAS ESTAMOS NOS VENDO, PELA PRIMEIRA VEZ, AGORA”.)
Ainda bem! Foi parecido, mas não,
exatamente, a mesma coisa. Chega de mesmice! Que bom!
Quem
vai ao Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro, para assistir ao musical “CINDERELLA”, o mais recente
trabalho de direção da inigualável dupla
CHARLES MÖELLER e CLÁUDIO BOTELHO, não verá, no palco,
aquela mesma historinha, contada por nossos pais, avós, bisavós... Não! Verá um magnífico espetáculo, daqueles de nos
deixar orgulhosos de termos nascido nesta “terra brasilis”, que tão poucos
motivos de orgulho nos tem dado, principalmente nos últimos anos.
Não
se sabe, exatamente, há quanto tempo a história da mocinha pobre e oprimida,
órfã, humilhada e vilipendiada por uma madrasta e duas irmãs postiças, e que
acaba se transformando numa linda e feliz princesa, vem sendo contada às
crianças do mundo inteiro, uma vez que sua origem é bastante discutível e para
a qual há várias versões. A mais conhecida é a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, baseada
num conto italiano, popular,
chamado “La Gatta Cenerentola” ("A Gata Borralheira").
A mais antiga é originária da China, por volta
de 860 a... Existe,
também, a dos Irmãos Grimm, aos quais
a maioria das pessoas atribui a verdadeira “paternidade” deste conto de fadas,
mas que é semelhante à de Charles
Perrault. Segundo outras versões, a figura da FADA MADRINHA, na verdade, é o espírito da falecida mãe da própria
protagonista, que trazia um vestido do céu para CINDERELLA usar no baile.
A “gata borralheira”, antes de ser Cinderella.
Na versão
atual, o musical da Broadway, de RICHARD RODGERS e OSCAR HAMMERSTEIN, a história não perdeu a sua magia, a sua
ingenuidade e continua ao alcance das crianças, entretanto, bem apropriada ao
momento social por que passa o mundo inteiro, ganhou profundos e importantes toques
políticos. Na verdade, as duas mensagens mais importantes que o espetáculo
desfila, aos olhos de um público, que, quase sem exceções (há sempre quem goste
de discordar) se encanta por ele, são a de que todos devemos estar atentos à pratica do bem, não economizando gestos
de bondade, para com o próximo, e, também – e aí, parece-me, reside o mais
importante do texto -, a de que devemos
lutar, da forma que for, por um mundo mais igualitário, por uma divisão equânime
dos bem materiais, visando à felicidade geral de todas as pessoas que habitam o
planeta, o que pode, até, ser visto, negativamente, por alguns, como uma
pregação do regime socialista, porém a proposta é, acima de tudo, de que devemos viver, plenamente, a democracia,
aplicá-la, no dia a dia, e valorizá-la, uma vez que, nessa prática, todos saem
ganhando, sem opressores e sem oprimidos. Fica a critério de cada um o
julgamento.
Sim, mais do um conto de fadas infantil, o
espetáculo tem um forte cunho político-social, que é o seu grande diferencial.
Bianca Tadini, Buno Sigrist e Ivanna Domenyco.
Além
de criarem “CINDERELLA”, RODGERS e HAMMERSTEIN são autores de espetáculos que determinaram os pilares
dos musicais da BROADWAY, nos anos
40, como “Oklahoma” e “Carousel”. Estão entre os maiores
nomes de criadores de musicais, e a trilha composta para este espetáculo é de
uma beleza ímpar. Bailamos todos, internamente, e balançamos os pés, ao som de
uma sucessão de lindas valsas e ritmos afins, com um recheio (de letras) poético,
de nos inebriar. Valsamos, giramos, no sentido horário dos ponteiros do
relógio, que, implacavelmente, marcará o final do sonho da jovem CINDERELLA.
A
grandiosa montagem brasileira só pôde
ser concretizada, com estreia em São Paulo, em março deste ano (2016), onde foi
vista por 100.000 pessoas e, recentemente, no Rio de Janeiro, no Teatro Bradesco (VER SERVIÇO), graças à
coragem e à determinação de RENATA
BORGES e RAPHAELA CARVALHO
(leia-se FÁBULA ENTRETENIMENTO), que
se associaram a grandes profissionais, para bancar esta superprodução, que mantém, em cena e nos bastidores, fora a equipe
de produção, mais de uma centena e meia de pessoas, cada qual mais empenhada para
o sucesso do espetáculo. As duas sócias negociaram, diretamente, com o
escritório detentor dos direitos do musical, em Nova York, para que, pela
primeira vez, fora dos Estados Unidos, o espetáculo recebesse uma montagem.
“BRAVI”, RENATA e RAPHAELA!
Bruno Narchi – o Príncipe Topher
Além de uma
história linda (e sempre o será) e cheia de mensagens sócio-políticas, para
levar a reflexões, o público vê, no palco, detalhes técnicos, fantásticos, de
efeitos especiais, jamais vistos num musical montado no Brasil. Na versão
carioca, unicamente por conta das dimensões e das características físicas do Teatro Bradesco, que, a despeito de
tudo, são excelentes, diga-se de passagem, perdeu-se um pouquinho do brilho
desses efeitos, que não puderam ser executados, aqui, na sua totalidade, por questões técnicas, unicamente, como já
disse, o que, para quem não teve a oportunidade e o privilégio de ver a peça em
São Paulo, não faz a menor diferença. Contrariando a matemática, diríamos que estamos vendo, no Rio, um espetáculo 100%, em
termos de qualidade, que, na versão paulista, era de 110%.
SINOPSE (mais do que
simplificada):
Contos
de fadas que fizeram (muito), ainda fazem (um pouco) e não sei se farão, no
futuro, gerar, nas meninas, o desejo de encontrar um “príncipe encantado”
existem aos montes, entretanto nenhum deles ganhou a dimensão de “CINDERELLA” (a grafia é com dois eles – LL – por obrigação
contratual), a “gata borralheira”, que se transforma em princesa, por um dia, e
encontra seu grande amor, graças ao sapatinho de cristal perdido. E assim, ela e o príncipe são felizes para
sempre!
Não sinto a
menor necessidade de fazer uma sinopse
mais extensa dessa história de amor, que todos conhecem e que ganhou uma versão
musical, para a TV, em 1957, com canções de
RODGERS e HAMMERSTEIN, e chegou
à Broadway em 2013.
O Príncipe se prepara para combater o mal.
A nossa
versão, durante cujos ensaios, houve algumas alterações na equipe de produção, direção e elenco, chegou
à sua estreia, com direção da dupla CHARLES MÖELLER e CLÁUDIO
BOTELHO, como convidados,
trazendo a magnífica cantriz BIANCA
TADINI, no papel-título, e a fantástica TOTIA MEIRELES, como MADAME,
o nome dado à personagem da madrasta, além de um enorme elenco de grandes
atores/cantores/dançarinos e um excelente corpo de baile, sem falar na parte
musical, sustentada por uma grande orquestra, sobre os quais falaremos,
detalhadamente, adiante.
O musical
da Broadway, que, ainda, continua em
cartaz, tem texto de DOUGLAS CARTER BEANE e direção de MARK BROKAW, e teve nove indicações ao Tony Awards, além de vencer três Dramas Desk. No Brasil, com uma das formas de garantia de sucesso,
ganhou a, como sempre, perfeita versão
de CLÁUDIO BOTELHO,
indiscutivelmente, quem melhor executa essa tarefa, entre os de cá.
Não poderia
deixar escapar algumas interessantes observações de CHARLES MÖELLER, sobre a peça, totalmente pertinentes, as quais eu,
sinceramente, não percebi e que estão no “release” que me foi enviado
pela assessoria de imprensa (Alan Diniz e Sidimir Sanchez – Xavante
Comunicação). O diretor chama a atenção, por exemplo, para a forte
presença de Shakespeare no espetáculo, quando o PRÍNCIPE, logo em
sua primeira canção, coloca em dúvida se tem ou não vocação para ser rei. “Uma forte presença do ‘ser ou não ser’ do
Hamlet”. Para MÖELLER, “há, também, um olhar diferente para a
mulher – nos anos 50 (quando foi lançado o musical), era ela a própria dona do
seu lar, seu único espaço de ação. Em ‘CINDERELLA’, a protagonista entende as
ideias de igualdade entre os cidadãos e as repassa para o Príncipe, enquanto
dança com ele durante o baile”.
O “antes” e o “depois”. A tempestade e a bonança.
ELENCO:
Falando do elenco, vamos dividi-lo entre os que interpretam os
principais papéis e os demais, de menor relevância na trama, mas de não menos
importância.
Houve algumas substituições, pouquíssimas, na temporada carioca, que
serão comentadas oportunamente, quando for o caso.
BIANCA TADINI foi selecionada, dentre mais de quinhentas
candidatas, para o papel título. Registra um longo e precioso currículo
teatral, já tendo atuado, como
protagonista, em outros grandes musicais.
BIANCA é, sem qualquer sombra de dúvida, uma das mais atuantes e
competentes atrizes de musicais. Além de uma voz belíssima, de uma afinação
perfeita, seu alcance vocal é extenso e, quando canta, expõe, por completo, o
seu coração, ao interpretar qualquer personagem.
O papel de CINDERELLA caiu-lhe como uma luva. Ela confere, à personagem, a
dose certa de todas as características criadas pelos autores da história. Sabe
ser frágil e ingênua, ao mesmo tem em que é determinada, quanto ao desejo de
“libertar” o seu povo do jugo opressor.
Cada um de seus vários solos
entra pelos canais auditivos e atingem o mais profundo da nossa alma. É um
deleite total. Seu trabalho corporal é fantástico; parece deslizar ou flutuar
no palco.
Bianca Tadini.
Bianca e Renata Borges.
A personagem atua como uma
espécie de “defensora dos fracos e oprimidos”, cuja arma é a palavra. Ela
achava que todos deveriam praticar somente a bondade, a ponto de não querer
participar do “jogo das humilhações”,
proposto pela madrasta, durante o baile do PRÍNCIPE,
recusando-se a humilhar esta e propondo um novo jogo, o “dos elogios e das bondades”.
A cena do jogo, durante o baile.
Foi ela quem conduziu JEAN-MICHEL (BRUNO SIGRISTI), o líder “revolucionário”,
ao palácio, acompanhado da população pobre e oprimida, e fez, ao PRÍNCIPE, a revelação de que as pessoas
estavam sendo expulsas de suas terras, por uma ação nefasta e cruel de SEBASTIAN, que “mandava” em TOPHER. Foi ela, também, quem
presenteou o PRÍNCIPE com um
exemplar do livro “Como Se Vive Em
Outros Países”, numa atitude metafórica, abrindo-lhe os olhos para o modo
errado e desumano como estava liderando os seus súditos, sem o saber.
É ela quem incute, nele, a
ideia de democracia e de eleições democráticas e igualitárias, para a escolha
do Primeiro Ministro.
E vamos parar por aqui, que
muito falta a ser escrito. Só acrescento que quero ver BIANCA TADINI, sempre e sempre, em musicais.
A figura do PRÍNCIPE TOPHER é interpretada por BRUNO NARCHI, um ator cuja trajetória,
que venho acompanhando, desde o início de sua carreira, é motivo de grande
alegria, para mim, por observar, a cada trabalho seu, uma evolução a olhos vistos.
Já o vi outras vezes, atuando em espetáculos que não são musicais, mas acho que
este é o nicho em que ele deve continuar investindo. A verdade a que me obrigo,
quando escrevo sobre um espetáculo teatral, leva-me a dizer que fiquei surpreso
com a sua excelente “performance”, também, como cantor, se considerarmos que as
partituras de RODGERS e HAMMERSTEIN não são fáceis de serem
interpretadas. E BRUNO o faz de
forma brilhante, em solos ou em duetos, além do trabalho de ator.
Seu personagem é cativante,
pois desperta o carinho da plateia, por enxergar nele um ser bondoso e ingênuo,
que não consegue perceber quão manipulado é por seu preceptor, o malvado,
esperto, interesseiro, ganancioso e infiel SEBASTIAN,
o qual, para que o rapaz não tivesse contato com moças que o desejassem como
marido, tratou de “educá-lo” num colégio apenas para os do sexo masculino, e
numa ilha, para que ficasse bem isolado do universo feminino.
Salvou-o o amor, o interesse
pelos encantos, físicos e interiores, de CINDERELLA,
que, além de tudo, foi a responsável por sua transformação. Fiquei muito feliz
pelo competente trabalho do BRUNO.
Seus duetos com BIANCA TADINI são um
primor de interpretação.
Bruno Narchi.
Bianca e Bruno.
E o que dizer de TOTIA MEIRELES, como MADAME, a madrasta, em seu quinto
musical dirigido por MÖELLER e BOTELHO?
Sinceramente, não sei!!! Tudo o que me vem à mente parece muito
pouco, para traduzir o prazer que é vê-la em cena, num papel que exige muito de
uma atriz, para que não caia num estereótipo ridículo, o que é quase um
pleonasmo. Mas TOTIA, com seu
carisma e talento em doses excessivas, consegue fazer uma madrasta que cai nas
graças do público, porque, ao mesmo tempo em que executa sua perversidade, ou,
pelo menos, tenta, faz isso de uma forma cômica, e provoca gargalhadas, ao
invés de apupos.
TOTIA é uma atriz indispensável a qualquer musical. Para os
diretores, é certeza de acerto, e isso não é nenhuma novidade, para MÖELLER e BOTELHO. Ela tem uma presença de palco que se destaca de outras
atrizes, canta muito bem, embora, neste musical, sua personagem não cante com
tanta constância. É experta (Para
quem não sabe, a forma em português, para o anglicismo “expert”.) em “roubar cenas”; não por “mau-caratismo”, mas,
naturalmente, por sua incomensurável competência. Valoriza qualquer personagem
que interpreta e não o faz por menos, na pele de MADAME, que era aliada de SEBASTIAN,
nos planos para casar o PRÍNCIPE com
uma de suas filhas. Mas o tiro sal pela culatra.
Totia Meireles.
Quem
faria melhor MARIE, a FADA MADRINHA, disfarçada de pedinte,
até certo momento da peça? IVANNA
DOMENYCO é a resposta. Como acontece, praticamente, com todos os personagens
deste musical, sempre cabe, a cada um, doses de humor, mais ou menos profundo;
não é diferente com sua personagem. E se há algo para o que IVANNA está apta, em cena, é fazer rir
e cantar maravilhosamente bem, como provam seus solos, aplaudidos em cena
aberta. Por si, a personagem já ocupa o coração de todos, por sua bondade, sua
maneira especialíssima de ver o mundo e lutar pela justiça. Isso sob a
responsabilidade de IVANNA se reveste
de um potencial enorme. Sua personagem é uma das grandes surpresas da peça e
sua transformação, às vistas do público, com a devida colaboração do lindo e criativo
figurino, de CAROL LOBATO, é algo surpreendente. IVANNA canta melhor a cada novo espetáculo.
Bianca Tadini e Yvanna Domenyco, já como Fada Madrinha.
As
duas irmãs postiças de CINDERELLA
também são personagens marcantes, na história original, e nesta montagem também,
graças às atrizes escaladas para os papéis.
CRISTIANA POMPEO (GABRIELLE) tem uma atuação magnífica. Seu “timing”
para o humor já é nosso velho conhecido de outros espetáculos, musicais ou não,
se bem que seus maiores sucessos, no palco, tenham acontecido em musicais. A
personagem é bem caricatural e nos reserva uma surpresa para o segundo ato, que
faz toda a diferença da versão original. CRIS
me pareceu estar no seu melhor momento como cantriz e consegue aplausos em cena
aberta, assim como acontecia com GIULIA
NADRUZ, que fazia a personagem, também de forma esplêndida, na versão
paulista.
Quando há substituições num
elenco, é inevitável fugir a comparações, entretanto isso não acontece para
que, obrigatoriamente, se chegue à conclusão de que “A” faz melhor que “B”.
Regra geral, são duas interpretações diferentes, que podem agradar da mesma
forma, na mesma proporção. É o caso em questão. Se aplaudi muito o trabalho de GIULIA, não faço por menos agora, com
relação ao que vi CRISTIANA POMPEO
fazer em cena.
O velho mecanismo de tentar
chegar ao humor, por meio da exploração da burrice de um(a) personagem é
bastante “batido”, não resta a menor dúvida, mas quando isso é feito por meio
de um texto inteligente, dito por uma atriz competente, que descobriu uma voz
engraçadíssima, para a personagem, isso funciona bastante.
A Madame e as duas flhas.
Cristiana Pompeu usando o vestido verde.
A
outra irmã, CHARLOTTE, é
interpretada por RAQUEL ANTUNES, que
também executa um ótimo trabalho, valorizado pelo fato de estar,
constantemente, contracenando com TOTIA,
POMPEO e BIANCA. Que responsabilidade! RAQUEL,
porém, também compôs um excelente protótipo da irmã feia, invejosa, burra e
comilona, a que não é a preferida da mãe, e também marca presença no musical.
Mãe, filhas e a futura Cinderella, ao fundo.
Raquel usa o vestido rosa.
A “família” reunida, cantando e dançando.
BRUNO
SIGRIST (JEAN-MICHEL), outro ótimo ator de musicais, também com um longo
currículo e um belíssimo trabalho com a dupla MÖELLER e BOTELHO (“O Despertar da Primavera”, uma obra-prima
dentre os musicais) surge, neste espetáculo, como uma agradabilíssima
surpresa, tanto como um personagem agregado à história original e de grande
importância, na trama, como pela atuação do jovem e talentoso ator.
Jean-Michel, pregando a “revolução”.
Bruno Sigrist.
CARLOS
CAPELETTI (SEBASTIAN) é outro nome de destaque, no elenco, fazendo o grande
vilão da história, ele, que também traz uma larga experiência em musicais,
infelizmente pouco presente em trabalhos no Rio de Janeiro. Vejo-o, sempre,
quando está atuando em São Paulo e lá vou. Faz o vilão cínico, que se torna
menos odiado, por isso, pela dose de humor inserida nesse cinismo. Ótimo
trabalho do ator!
NICK VILA MAIOR (LORDE PINKLETON) substituiu TIAGO BARBOSA. É um personagem de pouca relevância, na Corte, porém
bem levado a efeito por ambos os atores. Um detalhe que não devo deixar escapar
é que, em São Paulo, TIAGO era o “cover” de BRUNO NARCHI, como PRÍNCIPE
TOPHER, o que julgo uma ideia brilhante da direção, pelo fato de TIAGO
ser um excelente ator de musicais, também dono de um belo currículo, mas,
principalmente, por ser negro, uma atitude “ousada” e mais que acertada e louvável
da direção. Foi uma grande pena não
ter podido vê-lo no papel.
Tiago Barbosa, o Príncipe Topher negro.
Além dos acima citados, fazem
parte do elenco os seguintes artistas:
ANDREI LAMBERG (cavaleiro,
aldeão, tabelião e “cover” do PRÍNCIPE TOPHER), que substituiu DIEGO LURI;
CONRADO HELT (cavaleiro,
aldeão e convidado do baile), que assumiu os papéis, antes, vividos por NICK VILA MAIOR;
FÁBIO YOSHIHARA (cavaleiro, aldeão, convidado do baile e “cover” de SEBASTIAN);
FERNANDO PALAZZA (cavaleiro, aldeão, convidado do baile e “cover” de LORDE
PINKLETON);
LAURA VISCONTI (aldeã e convidada do baile);
LETÍCIA MAMEDE (aldeã, convidada do baile, “cover” de GABRIELLE e
bailarina);
LIA CANINEU (aldeã, convidada do baile e “cover” de CINDERELLA);
LUANA BICHIQUI (aldeã, convidada do baile e “cover” de CHARLOTTE);
MARIA NET TO (aldeã,
convidada do baile e “cover” de FADA MADRINHA);
MARIANA AMARAL (swing e
bailarina); no lugar de THATI ABRA;
NAOMY SCHÖLLING (aldeã, convidada do baile e “cover” de MADAME);
PHILIPE AZEVEDO (cavaleiro, aldeão, convidado do baile e “cover” de JEAN-MICHEL);
RICARDO MESQUITA (swing e bailarino); no lugar de WILLIM SANCAR;
THATI ABRA (aldeã, convidada do baile e bailarina) no lugar de TALITHA
PEREIRA.
THIAGO GARÇA (cavaleiro, aldeão, convidado do baile e bailarino) no lugar de MARCELO VASQUEZ;
TODOS CUMPREM, À ALTURA, A TAREFA QUE LHES FOI CONFIADA, O QUE,
OBVIAMENTE, SERIA NECESSÁRIO, PARA GARANTIR A MAGIA E EXCELÊNCIA DO MUSICAL.
O espetáculo conta, ainda, com
os bailarinos ALINE CAMPOS, BÁRBARA
MESQUITA, FLÁVIO ROCHA, JORGE ASSUNÇÃO, MÁRIO BECKMAN, PATRÍCIA ATHAYDE e RICARDO MESQUITA, além dos que já
foram citados e que atuam em outras funções (LETÍCIA MAMEDE, MARIANA AMARAL, THATI ABRA e THIAGO GARÇA.)
Em São Paulo, atuaram os bailarinos
LUANA VILLAÇA, PEDRO ANTUNES, MARCELO
VASQUEZ, OTÁVIO PORTELA E PATRÍCIA CASTAGNA.
O elenco completo.
Bruno Narchi, Rahaela Carvalho e Bianca Tadini.
FICHA TÉCNICA (RESUMIDA:
Além do elenco, já apresentado e comentado, passemos aos principais profissionais
que fazem parte da FICHA TÉCNICA:
Músicas
Originais: Richard Rogers
Letras
Originais: Oscar Hammerstein II
Texto:
Douglas Carter Beane
Diretor Original
(Broadway): Mark Brokaw
Direção:
Charles Möeller
Versão
Brasileira: Cláudio Botelho
Realização
e Direção Executiva: Renata Borges
Realização
e Produção Executiva: Raphaela Carvalho
Realização
e Administração Executiva: Douglas Carvalho Jr.
Gerente
de Produção: Rômulo Sales
Direção
Msical / Regência: Carlos Bauzys
Coreografia:
Alonso Barros
Cenário:
Rogério Falcão
Figurinos:
Carol Lobato
Iluminação:
Maneco Quinderé
“Design”
de Som: Gabriel D’Ângelo
Visagismo:
Beto Carramanhos
Efeitos
Especiais MAZEFX
Coordenação
Artística: Tina Salles
Produção
Executiva M&B: Edson Mendonça
Realização:
Fábula Entretenimento
Yvanna Domenyco (Marie) e Bianca Tadini (Cinderella).
Conversas sobre o bem e a bondade.
Se eu
decidisse dissecar cada parcela de trabalho específico empregado na realização
deste espetáculo, produziria um texto muito extenso e, consequentemente, mais
cansativo do que já o poderá ser, após o ponto final. Sendo assim, vou economizar
palavras, até para não repetir o óbvio.
Não há nada
de novo, nenhum neologismo que possa adjetivar o trabalho de CHARLES MÖELLER e CLÁUDIO BOTELHO, na direção
do espetáculo. Se algo de novo pode ser acrescentado ao resultado do trabalho
da dupla é que, como “magos dos
musicais”, mais uma vez, eles prestaram uma inestimável contribuição à
história dos musicais no Brasil. Não
há pontos negativos a serem criticados neste trabalho irretocável. Ao
contrário, há o grande mérito, que os leigos desconhecem, de terem erguido o
musical, e estreado, sem problemas técnicos, em cerca de um mês, batendo os
próprios recordes. Não fosse a grande experiência e competência da dupla,
poderíamos dizer que os DEUSES DO TEATRO
contribuíram para um “milagre”, a fim de que, em tão pouco tempo, um espetáculo
da grandeza de “CINDERELLA” pudesse
estar pronto, para ser aplaudido e ovacionado pelo público. Mais uma vez, CLÁUDIO BOTELHO provou que ninguém faz
melhores versões do que ele. Um dos maiores acertos da carreira da imbatível e
incomparável dupla de diretores/criadores.
A presença do
premiado maestro CARLOS BAUZYS,
assinando a direção musical do espetáculo
e a regência, conduzindo uma
orquestra de dezesseis excelentes músicos, incluindo um harpista, o que não me
lembro de ter visto em nenhum outro musical brasileiro, é garantia de sucesso,
principalmente quando a tarefa é executar as lindas canções de RODGERS e HAMMERSTEIN. Que delícia é ouvir o som de “CINDERELLA”!
O
núcleo pobre reivindicando seu direito à cidadania.
Os figurinos do espetáculo são de CAROL LOBATO, que, a despeito da pouca
idade, já é uma profissional respeitadíssima e muito solicitada, por produtores
e diretores, por seu talento criativo e capacidade de trabalho. São lindos os
seus figurinos, nesta peça, tanto os
exuberantes, usados pela nobreza, quanto os simples, que vestem o núcleo pobre
da trama.
Não faço
ideia, em termos quantitativos, do número de peças que compõem o figurino total do espetáculo, porém,
certamente, extrapola, bastante a casa de uma centena e meia, todos se
destacando pela estética e muito bem confeccionados, já que CAROL conta com uma eficiente equipe de
auxiliares. E o mérito maior desse acerto está no fato de tudo ter sido confeccionado
num tempo mais que exíguo, o que exigiu muita dedicação e excessivas horas de
trabalho.
Atentem, especialmente,
para os trajes da madrasta e das duas irmãs, o suprassumo do ridículo, “como
pede o figurino”, e o de MARIE, que
será utilizado na sua transformação em FADA
MADRINHA (fiquem bem atentos à cena, para não perder nenhum detalhe).
Como não
poderia deixar de ser, os destaques maiores vão para os vestidos de CINDERELLA e os trajes do PRÍNCIPE TOPHER, os quais valorizam,
mais ainda a beleza física do casal. Também não posso deixar de mencionar os figurinos do corpo de baile, para os
quais CAROL foi felicíssima na
paleta de cores.
Para projetar
a iluminação do espetáculo, foi
convidado um dos melhores profissionais do ramo, MANECO QUINDERÉ, que utilizou todos os mais modernos recursos de luz de que dispunha, para nos brindar
com um festival de cores e brilhos, e sombras, quando necessárias, para criar
os diversos ambientes em que se passam as ações. A luz é exuberante e parcimoniosa nos momentos precisos, adequada às
situações.
Cinderella leva ao Príncipe um exemplar do livro
que será o responsável por sua transformação.
(Ah! O poder da leitura!!!)
Que bom que a cenografia ficou a cargo de outro
premiado profissional, que tantos trabalhos excelentes já realizou na equipe,
hoje uma “família”, M&B: ROGÉRIO FALCÃO. Profissional atento
aos menores detalhes, ROGÉRIO criou vários
cenários, que entram e saem de cena, pelas laterais e de cima para baixo, que
definem determinados espaços, menores, nas laterais, e aproveitou todo o palco,
para representar o palácio real, com todas as suas exigências e requintes. O
resultado disso tudo é deslumbrante.
Alguém, que é
amante de musicais e sabe apreciar
um bom corpo de baile em ação, já viu, alguma vez, um trabalho de coreografia que comprometesse o nome de
ALONSO BARROS? Lanço o desafio, na certeza
de que nenhuma resposta afirmativa surgirá. ALONSO, mais uma ves, esbanja seu talento no desenho dos
movimentos, criados para serem executados por excelentes bailarinos, com destaque
para as coreografias nas cenas dos bailes palacianos.
O som do espetáculo é claro, cristalino,
como deve ser este elemento num musical.
Quem garante essa qualidade é GABRIEL
D’ÂNGELO.
BETO CARRAMANHOS também tem sua parcela
no sucesso desta produção, ao criar o visagismo
do elenco.
Bianca
e Totia...
...ou Cinderella e Madame.
Um dos
pontos altos, para os padrões brasileiros, do musical é a utilização de efeitos especiais, que só fazem agregar
valores mágicos a um espetáculo de magia. Logo na primeira cena, a luta do PRÍNCIPE TOPHER contra um gigante
horrendo, projetado num telão já anuncia o que virá no decorrer do espetáculo.
A cena pode assustar um pouco os pequeninos, mas é muito interessante, do ponto
de vista do funcionamento como um elemento teatral.
O emprego da
holografia é algo que também encanta a plateia, assim como todos os outros
tipos de projeções, incluindo as que são utilizadas nas cenas de transformações
e nas labaredas lançadas por um dragão gigantesco, em nova luta do PRÍNCIPE herói.
Impossível deixar de falar, evidentemente,
na cereja do bolo, que são a transformação da abóbora em luxuosa carruagem e
dos trapos de pobre órfã em dois suntuosos trajes de gala. É preciso ficar
atento a todos esses detalhes e tentar desvendar os truques empregados nessas
cenas. Mas isso é para os mais curiosos (vale a pena).
O
início de uma transformação.
Todas as
cenas são excelentes, mas duas me chamam bastante a atenção. Uma é quando,
simultaneamente, observa-se a sociedade local dividida, claramente, em duas
camadas: uma está atenta ao convite do PRÍNCIPE
para um baile no palácio; enquanto isso, em outra parte do palco, o “povão”
presta atenção à convocação de JEAN-MICHEL
para manifestações a favor de melhores condições de vida e de tratamento, para
os menos favorecidos. Aquela, mais para a frente do palco, bem iluminada; esta,
um pouco mais ao fundo e meio na penumbra, na “clandestinidade”.
A outra
cena, na verdade, é um interessante detalhe, que instiga a plateia, quando, ao
final do primeiro ato, às doze badaladas da meia-noite, quando terminaria o
encanto, tentando fugir do castelo, a heroína deixa cair o sapatinho de cristal
na escadaria do palácio e – não vou
roubar aos que não viram, ainda, o musical – acontece algo diferente da
história original, com relação ao sapatinho. A cena encerra o primeiro ato e inicia
o segundo. Sem ela, a história não tomaria o rumo que tomou.
De
uma abóbora, uma luxuosa...
...carruagem.
Rumo ao palácio real.
SERVIÇO:
Temporada: Até 04 de setembro
(2016).
Local: Teatro Bradesco Rio.
Endereço: Av. das Américas, 3900,
Loja 160, Shopping VillageMall.
Dias e Horários: 6ª feira, às
21h; sábados, às 16h e às 20h; domingos, às 16h.
Preços (Todas as Sessões):
Plateia Baixa: R$150,00
Plateia Alta: R$120,00
Camarotes 1 e 2: R$50,00
Camarote 3 e 4: R$100,00
Balcão Nobre: R$50,00
Frisas: R$50,00
(Direito a meia-entrada a quem
fizer jus.)
Duração: 120 minutos (com 15
minutos de intervalo)
Classificação Etária: Livre
Ingressos:
Telefone: (21) 4003-1212
Horário da Bilheteria do Teatro
Bradesco Rio: De 3ª feira a domingo, das 13h às 19h.
O convencimento e a indicação do caminho certo.
“CINDERELA” é um espetáculo, para todas
as idades, que exige ser visto pelo maior número possível de espectadores.
As pessoas
precisam testemunhar este momento mágico de grande ascensão do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO e valorizar a
competência e o talento da mão de obra nacional.
Tenham a
certeza de que, em muitos exemplos, já não devemos nada aos grandes musicais da Broadway e de West End.
“CINDERELLA”
é a maior prova disso!!!
O baile.
A dança dos enamorados.
"E foram FELIZES PARA SEMPRE!!!
O “happy end”.
O GRAN FINALE!!!
Aplausos, mais que merecidos, para a orquestra.
(FOTOS: MARCOS MESQUITA
/ DIVULGAÇÃO.)
GALERIA PARTICULAR,
EM NOITE
DE SESSÃO
PARA CONVIDADOS:
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