sexta-feira, 21 de novembro de 2014


AGNALDO RAYOL – A ALMA DO BRASIL

 

 

 

 

(PARA JAMAIS SER ESQUECIDO.)

 

 


 

            Está acontecendo, no palco do Teatro do Centro Cultural Correios (RJ), algo, para o Brasil, tão insólito quanto a passagem do cometa Halley pela órbita da Terra, o que, infelizmente, só se dá a cada 76 nos.  A última foi em 1986, e eu vi. 

 

Refiro-me a uma homenagem prestada a alguém célebre, ainda em vida, num país pródigo em preitear mortos, muitas das vezes, homenagens até discutíveis.  Isso me faz lembrar a canção de Nélson Cavaquinho, Quando eu me Chamar Saudade (Por isso é que eu penso assim / Se alguém quiser fazer por mim / Que faça agora.”)

 

            A comparação com as visitas do cometa foi um tanto quanto exagerada, entretanto, muito raramente, alguém resolve reverenciar uma personalidade viva, como é o caso da belíssima e justa homenagem a um dos maiores cantores da música popular brasileira, AGNALDO RAYOL, o qual, do alto dos seus 76 anos, ainda canta, e muito, e encanta, mais ainda, seu fiel público e todos os que apreciam a boa música e uma bela voz.

 

 

 


Marcelo Nogueira / Agnaldo Rayol.

 

 

 

            AGNALDO RAYOL – A ALMA DO BRASIL é um excelente espetáculo, idealizado pelo talento e a garra de um magnífico ator e cantor, MARCELO NOGUEIRA, projeto surgido há três anos, durante os quais ele mergulhou, de corpo e alma, na vida, na obra, no trabalho de AGNALDO, fez contatos com o próprio (por telefone e pessoalmente), viajou muito a São Paulo, apresentou-lhe seu projeto, recebeu a bênção do cantor e se pôs em campo, até que aquela ideia se transformasse num dos melhores espetáculos deste ano, ora em cartaz no já referido Teatro do Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro (ver SERVIÇO, ao final desta resenha).

 

            Ainda que a peça mereça a minha mais veemente recomendação (assisti a ela duas vezes e, se tivesse disponibilidade, assistiria muitas outras, embora tenha a certeza de que ainda a verei, pelo menos, mais uma vez), não sei se devo chamá-la de uma “peça de TEATRO”, uma vez que não posso omitir um aspecto que deixou um pouco a desejar, nesta montagem, que é a questão da dramaturgia, o que já é comum em musicais biográficos brasileiros.  Têm-se montado muitos desse tipo de musical, entretanto poucos apresentam uma boa dramaturgia.  Aqui, a responsável pelo texto é FÁTIMA VALENÇA, que já provou seu talento, por exemplo, em Pixinguinha; Dolores (que eu adoro); Carmen, O It Brasileiro; e Rádio Nacional, as Ondas que Conquistaram o Brasil, esta recentemente reencenada. 

 

 

 


O elenco: Fabrício Negri, Mona Vilardo, Stela Maria Rodrygues e Marcelo Nogueira.

 

 


Mona, Marcelo e Stela.

 

 

Mas o fato é que isso é apenas um mero detalhe, que, em hipótese alguma, diminui o mérito do espetáculo.  Creio, mesmo, que a intenção de FÁTIMA não tenha sido traçar o roteiro da vida do consagrado cantor, no mais puro estilo biográfico, muito menos ater-se à cronologia dos fatos.  Parece-me, e disso tenho quase certeza, que a grande intenção da dramaturga foi apenas pinçar momentos da vida artística de AGNALDO, os mais importantes, se é que algum teve menor importância (ou tem, porque ele continua atuando profissionalmente, para o nosso deleite).  O texto, aqui, serve, na verdade, para entremear, costurar, excelentes números musicais.  E, para isso, é satisfatório.

 

É uma pena que o programa do espetáculo não traga a sequência de todas as canções interpretadas pelo fabuloso quarteto de atores/atrizes/cantores/cantrizes.

 

Parece mais um “show” com um texto.  As interpretações musicais sobrepõem-se à dramaturgia.  Mas, repito, isso não tem a menor importância.  O que FÁTIMA VALENÇA escreveu presta-se, perfeitamente, ao objetivo do espetáculo.

 

            Tentarei fazer uma análise minuciosa do que vi, de tanto que o espetáculo me marcou, a partir de anotações que fiz, na segunda vez em que assisti a ele, dois dias após a primeira, na estreia, para convidados.  Sobre essa noite, a do dia 11 de novembro de 2014, uma das mais inesquecíveis, para mim, reservarei um espaço no final desta resenha.

 

            Para abrir o espetáculo, MARCELO NOGUEIRA, que parece um clone, no melhor sentido da palavra, jovem de AGNALDO RAYOL, canta, ao piano, ele, que também tem formação musical clássica (toca piano e violão), Nature Boy, de Eden Ahbez, numa interpretação de fazer perder o fôlego.  Mal sabia eu que era apenas o início, um bom sinal do que viria nos próximos 80 minutos de ação.

 

            Segue-se uma cena em que FABRÍCIO NEGRI e MONA VILARDO interpretam, magnificamente, uma canção muito importante na carreira do cantor, Mia Gioconda, de Vicente Celestino, cuja letra é de gosto duvidoso, pelo menos para mim, bem no estilo de seu compositor, mas que emociona a plateia, sempre que executada.  Ali, contudo, estavam sendo homenageados os pais de AGNALDO.

 

            A próxima cena é muito boa, quando o menino AGNALDO, com apenas oito anos, se apresenta no programa Papel Carbono, na Rádio Nacional, comandado por um dos maiores radialistas brasileiros, Renato Murce.  Nesta cena, o menino interpreta, como gente grande, a ária de uma ópera e é aplaudido, prolongadamente, pela plateia.  FABRÍCIO NEGRI vive Renato e STELA MARIA RODRYGUES é sua assistente de palco, estimulando e comandando as reações do auditório, por meio de placas, com palavras de incentivo, como APLAUSOS!!! e OHHHHHHH!  Ótima cena!

 

 

 


Fabrício, Marcelo e Stela.

 

 

            Para mim, um dos pontos altos do espetáculo vem a seguir, quando AGNALDO se apresenta no programa de sua grande amiga e “irmã”, Hebe Camargo, interpretada, fidedignamente, por STELA, que rouba a cena.  Hebe entrevista AGNALDO e os dois cantam, juntos, a linda canção Serenata do Adeus, de Vinícius De Moraes.  É um primor de interpretação, a duas vozes e com contracantos belíssimos.  Ainda neste bloco, o público é brindado com as emocionantes interpretações de Fascinação (uma canção francesa, de 1905, que recebeu uma bela versão de Armando Louzada e foi gravada, e regravada, pelos maiores cantores brasileiros); Boa Noite, Amor, de José Maria de Abreu e Francisco Matoso, o maior sucesso de Francisco Alves, o Rei da Voz; e Foi Deus, um lindo fado, composto pelo português Alberto Janes, cantada com ligeiro e gostoso sotaque lusitano.

 

 

 


Stela e Marcelo.

 

 


Hebe e Agnaldo.

 

 


Amizade eterna.

 

 

            Por sua célebre interpretação da Ave Maria, de Gounod, AGNALDO passou a ser requisitado para cantá-la em casamentos, o que faz até hoje.  Para marcar esse detalhe, FÁTIMA VALENÇA criou uma excelente cena, em que um casal realiza o seu sonho de se casar, embalado pela interpretação de AGNALDO.  Só que a noiva quase abandona o noivo no altar, para se entregar a seu ídolo.  A cena é feita com um humor muito refinado, sutil, que arranca boas gargalhadas do público.  MONA VILARDO, a noiva; FABRÍCIO NEGRI, o noivo; STELA MARIA RODRYGUES, a mãe da noiva; e, obviamente, MARCELO NOGUEIRA, o cantor AGNALDO RAYOL, estão esplêndidos no palco.

 

            A cena seguinte é de um programa de TV, chamado Festival de Vozes, em que AGNALDO se apresenta, como convidado, para homenagear Terezinha Morango, recém-eleita Miss Brasil 1957.  Não sei se a memória estaria me traindo, mas creio que, na época, a imprensa que se dedicava a bisbilhotar a vida dos artistas chegou a insinuar um certo romance entre os dois, cuja veracidade não importa.  O certo é que, na cena deste espetáculo, AGNALDO, realmente, de forma bem discreta, arrasta a asa para a moça.  A canção interpretada, então, é E a Vida Continua, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, autores de muitas dezenas de “hits” do cancioneiro popular brasileiro (“cancioneiro popular brasileiro”: acabei de entregar a idade).  E, como se não bastasse, completa com Se Todos Fossem Iguais a Você, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.  É muita emoção ouvir essa canção na magnífica interpretação de AGNALDO; perdão, MARCELO NOGUEIRA.

 

 

 


Agnaldo, Terezinha Morango e o apresentador do programa.

 

 

            Um outro momento da vida do cantor, e ator (há muitas referências quanto a isso, na peça), é retratado, no espetáculo, quando ele, a convite do ex-presidente Juscelino Kubitschek, vai a Palácio, onde canta, especialmente, para JK, aqui interpretado pelo versátil FABRÍCIO NEGRI.  AGNALDO interpreta duas canções, uma delas acompanhando-se ao violão.  Bom momento.

 

            A próxima cena, por mim, poderia ser cortada do roteiro, pois faz referência à participação de AGNADO RAYOL na Jovem Guarda.  Na verdade, o cantor passou, meteoricamente, pelo movimento, apenas um pequeno flerte, não podendo ser considerado um de seus representantes.  A Jovem Guarda não marcou a vida do artista.  Na cena, MONA e FABRÍCIO interpretam, em “medleys”, respectivamente, Wanderléa e Erasmo Carlos, os quais, depois, anunciam AGNALDO, para cantar um “rock”.  A impressão que tive foi de que os dois atores não se sentem à vontade, na pele dos dois personagens.

 

 

 


Agnaldo põe toda a sua alma quando canta.

 

 

            Para compensar esse “desnecessário”, segue-se uma cena interessante, em que MONA, como namorada de um funcionário da TV Record (SP), logo após um incêndio que destruiu boa parte da emissora, acompanha o namorado ao que sobrou do prédio, quando, com muito sacrifício o “cast” daquele canal tentava reerguer a emissora, pondo no ar alguns de seus programas.  Ela, muito fã de AGNALDO, o que causa ciúmes no rapaz, e este assistem ao programa Corte Rayol Show, um dos grandes sucessos da fase de ouro da emissora paulista.  Era um programa de variedades, apresentado por AGNALDO e pelo humorista, de saudosa lembrança, Renato Corte Real, interpretado, exemplarmente, por FABRÍCIO NEGRI, o qual assistiu a muitos vídeos do artista, para poder chegar próximo à sua maneira de se apresentar no programa, inclusive com piadas “infames”, uma de suas marcas, e, aparentemente, sem-graça, daquelas das quais se vai rir com um certo “deley”.  Destaques para a interpretação de AGNALDO, para Estrada do Sol, de Dolores Duran e Tom Jobim, e para uma paródia, que marcou a carreira de Renato, para a canção Carcará, de João do Vale: Carlos Cará (o “águia” da cidade), letra de Renato, cantada por FABRÍCIO.  Muito boa, mesmo, a cena.

 

            Na sequência, AGNADO, se apresenta na extinta TV Tupi e interpreta duas canções do francês Alain Barrière (que eu adoro), vertidas para o português, de dificílimas interpretações, e que são outro momento de destaque do espetáculo, por conta das irrepreensíveis interpretações de MARCELO NOGUEIRA.  As canções em questão são Je T’attendais (A Tua Voz) e Ma Vie (A Minha Vida).  Esses dois momentos são de arrepiar e de tirar o fôlego, do cantor e da plateia.

 

            Na cena que se segue, quando AGNALDO apresenta um programa de TV, chamado Festa Baile, temos a gratíssima oportunidade de ver e ouvir STELA MARIA RODRYGUES, cantando Tango para Teresa, na pele da grande cantora Ângela Maria, e MONA VILARDO, como outra grande intérprete, Lana Bittencourt, cantando I’ll Follow Him.  Que saudade dos velhos tempos, quando ouvíamos verdadeiros cantores e cantoras, soltando suas belíssimas vozes!

 

 

 


Stela / Ângela Maria.

 

 

            Após esta cena, terminado o “programa”, todos vão embora, mas AGNALDO senta-se ao piano e interpreta uma versão, em português, que ele mesmo fez para a canção Love is All, de Malcolm Roberts, que, no Festival Internacional da Canção, em 1969, no Maracanãzinho, embora tenha perdido para Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, interpretada por Evinha, era a preferida do público.  O Amor é Tudo era a canção favorita do pai de AGNALDO, que completava um ano de morto, naquela ocasião.  A cena é muito comovente, por toda a carga de sentimento e emoção que o ator coloca na sua apresentação, como também pelo diálogo entre ele e uma funcionária do almoxarifado (STELA), fã do cantor, que o surpreende cantando e com ele inicia uma conversa.  É muito bonita a forma como ele trata aquela jovem humilde, para quem, “a capella (sem acompanhamento), canta a canção Maria (nome da moça), de Ary Barroso, e com ela dança.

 

            Meu coração já estava aos pedaços, naquele ponto, entretanto ainda havia mais emoção para acontecer.  E como havia!!!  O personagem diz um texto, de autor desconhecido, segundo as minhas pesquisas, de agradecimento a Deus, seguido da canção Rumo Certo, de Luís Chaves, iniciando-se a entrada dos outros três atores, e os quatro cantam uma versão belíssima de Tocando Em Frente, de Almir Sater e Renato Teixeira.  Interpretação antológica do quarteto.

 

 

Marcelo Nogueira é o protagonista (Foto: Eduardo Alonso)

Agnaldo ou Marcelo?

 

 

 

            Vamos, agora, a mais algumas observações sobre o espetáculo:

 

1) É preciso falar da ótima direção de ROBERTO BOMTEMPO, cujo talento já foi demonstrado, tantas vezes antes, como diretor e ator.  Acho que boa parte da leveza do espetáculo deve-se à condução de seu trabalho.

 

2) Musicalmente, o espetáculo é perfeito, graças ao talento dos atores/cantores e ao excelente trabalho de direção musical e arranjos de MARCELO ALONSO NEVES.  Os arranjos são lindos e não fogem às características da época em que foram escritos os originais.  Mais um belíssimo trabalho do MARCELO, que contou, também, com um brilhante trio de músicos: CRISTINA BHERING (piano e regência), AFFONSO NETTO (bateria) e LUCIANO CORRÊA (violoncelo).

 

            3) O cenário, de FLÁVIO GRAFF, é simples, bonito e funcional, composto por cortinas vermelhas, ao fundo, e brancas, mais à frente, uma espécie de renda branca, onde são projetadas imagens.

 

            4) Por falar em projeções, estas estão presentes em boa parte do espetáculo, mostrando fotos e filmes que nos transportam a um passado que, certamente, gostaríamos de que voltasse.  Belas imagens de arquivo, que dão dinamismo à encenação.  Um ótimo trabalho da BOND’S FILM (FELIPE BOND, JOÃO IGLÉSIAS e CAETANO MANENTI).

 

 

 


Cantando com a voz e a alma.

 

 

            5) Um dos maiores acertos do espetáculo está no variado e riquíssimo figurino, também de FLÁVIO GRAFF, com destaque para todos os inúmeros trajes masculinos (MARCELO troca de ternos e “blazers” muitas vezes, e as combinações são de encher os olhos) e para o figurino de Hebe Camargo e o de STELA, como mãe de uma já citada noiva.  O que mais me chamou a atenção nesses figurinos foram o acabamento das roupas, o bom gosto e a qualidade do material utilizado.  Apenas um não me agradou muito: o de Terezinha Morango, como Miss Brasil.  Dirão, talvez, que tinha de ser “cafona” mesmo.  Disso, eu sei, mas acho que a “cafonice” poderia ser obtida de outra forma.

 

            6) O craque do visagismo, BETO CARRAMANHOS, não poderia estar de fora desta montagem.  E lá está ele, transformando MARCELO em AGNALDO RAYOL, STELLA em Hebe Camargo e Ângela Maria, FABRÍCIO em Renato Murce e Renato Cortes Real (não gostei da caracterização de Erasmo Carlos) e MONA em Lana Bittencourt e Wanderléa (também não me agradou esta última caracterização).  Saldo final: excelente!

 

            7) Nem sei se vale a pena falar mais do elenco, se há adjetivos que possam tornar meus comentários criativos, não repetitivos.  Acho que não vou conseguir fugir ao emprego de “FANTÁSTICOS”, “EXCELENTES”, “COMPLETOS”.  Interpretam e cantam num nível de excelência inquestionável.  Sei que os atores não gostam, quando dizem que eles “encarnaram” este ou aquele personagem.  E compreendo isso, pois o que se vê, no palco, não aconteceu por um passe de mágica, por uma incorporação espiritual; é um longo e árduo trabalho de pesquisa, de mergulho no personagem, para a sua construção.  No caso de AGNALDO, menos ainda se aplica o verbo “encarnar”, ou “reencarnar”, pois, felizmente, ele ainda está vivo.  Mas o fato é que, ao ver o trabalho de MARCELO NOGUEIRA, no palco, tive a mesma sensação de quando vi Emílio Dantas, interpretando Cazuza.  A impressão era de que o próprio estava ali.  No dia da estreia, AGNALDO RAYOL sentou-se atrás de mim e, por várias vezes, olhei para ele, não só para observar suas reações (chorou quase que o tempo inteiro da peça), como também para ter a certeza de que não era ele que estava no palco.  Os detalhes de postura, de andar, de olhar, de piscadinhas do personagem, além de seu timbre de voz e maneira de falar e de cantar foram, perfeitamente, reproduzidos pelo protagonista da peça.  Todos os meus aplausos, de pé, para o talento de MARCELO NOGUEIRA!!!  Para ele, todos os meus “BRAVOS”!!!

 

 

 


Bravo, Marcelo!

 

 

 

            STELA MARIA RODRYGUES me parece estar vivendo sua melhor fase artística, sua mais exuberante forma, em todos os sentidos.  Canta e interpreta cada vez melhor.  Sua criação (não digo “imitação”) de Hebe Camargo é magnífica.  Que presença em cena!  Uma artista completa, que, além de cantar maravilhosamente, domina o drama e a comédia.

 

            FABRÍCIO NEGRI dispensa apresentações, quando o assunto é “musicais”.  Acompanho sua carreira há muitos anos, apesar de ele ser muito jovem (começou muito cedo).  Bom ator e um cantor e dançarino de altíssimo nível, brilha em cena, demonstrando muita versatilidade, saindo de um personagem e, imediatamente, trocando a pele por outro.  Camaleônico, esse FABRÍCIO!

 

            MONA VILARDO também é uma bela presença em cena, como atriz e cantora (excelente soprano).  Dona de uma voz belíssima e extremamente afinada, encanta a plateia com seu trabalho, do qual eu conhecia muito pouco e do qual espero não mais me afastar.

 

            8) A iluminação, de FELIPE LOURENÇO, também funciona muito bem.

 

            9) É ótimo o trabalho de preparação vocal, a cargo de GLÓRIA CALVENTE.  A despeito de o material humano em suas mãos ser da melhor qualidade, deve ter sido muito trabalhoso, para ela, atingir o excelente nível profissional que se observa no espetáculo.

 

            10) Embora as coreografias não sejam o forte deste espetáculo, as poucas, que foram preparadas por TONI RODRIGUES, são simples, mas não deixam a desejar.  O coreógrafo não poderia propor voos mais altos, em função do diminuto espaço do teatro em que o espetáculo está sendo apresentado.

 

 

            AGNALDO RAYOL – A ALMA DO BRASIL, já no seu título, conclama o público a deixar a sua alma à vontade, durante os 80 minutos de espetáculo, soltá-la naquele ambiente de paz e amor, e sair do teatro muito leve, emocionado e feliz.

 

 

 


Stela e Marcelo.: “guerra” de charme.

 

 

 

            E, para terminar, só gostaria de registrar a emoção que quase me derruba, na noite de estreia, quando o próprio AGNALDO RAYOL esteve presente ao evento e, chorou muito, ao longo do espetáculo, tendo sido chamado ao palco, no final da peça, quando fez emocionantes agradecimentos e cantou, a pedido do elenco e do publico, três lindas canções: A Noite do Meu Bem, de Dolores Duran (interpretação divina, a mais linda que já ouvi até hoje, e que ele não gravou); Paz do Meu Amor, de Luís Vieira, presente na platéia; e Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, um clássico do popular, esta acompanhado por um coro de todos os que assistiam ao espetáculo, a pedido do próprio AGNALDO, sob sua regência, inclusive com um trecho também “a capella”.

 

            Foi uma noite inesquecível, emocionante, indescritível, indelével!!!

 

Os atores/cantores que atuam em AGNALDO RAYOL – A ALMA DO BRASIL não são globais, não ganham salários milionários nem frequentam o castelo de Caras, mas são quatro excepcionais artistas, que merecem ser vistos por todos, e que todos também merecem ver, e aplaudir muito!

 

 

 


A imagem da alma do cantor.

 

 

 

Em tempos de “naldos”, “popozudas” e “anitas” (com um ou dois “n” e “t”; não faz a menor diferença, pois a falta de qualidade é a mesma), este espetáculo representa um resgate do que há de melhor na música popular brasileira e uma prova, para as novas gerações, de que existe muita qualidade na nossa música, embaçada pela mediocridade alimentada pela mídia.

 

 

Recomendo o espetáculo, com o maior empenho!!!

 

 

 

 


Não precisa de legenda.

 

 

 

 
FICHA TÉCNICA:
Texto: Fátima Valença

Direção: Roberto Bomtempo

Direção Musical: Marcelo Alonso Neves

Elenco: Marcelo Nogueira, Stela Maria Rodrygues, Mona Vilardo e Fabrício Negri

Músicos: Cristina Bhering (piano e regência), Affonso Neto (bateria) e Luciano Corrêa (violoncelo)

Cenografia: Flávio Graff

Iluminação: Felipe Lourenço

Visagismo: Beto Carramanhos

Preparação Vocal: Glória Calvente

Coreografias: Toni Rodrigues

Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti












Agnaldo Rayol e Marcelo Nogueira.

 


Um pouco da discografia de Agnaldo Rayol.

 

 

 
SERVIÇO:

Centro Cultural dos Correios – Av. Visconde de Itaboraí, 20, Centro – Rio de Janeiro.

Temporada: Até 21 de dezembro de 2014.
 
Ingressos: R$ 20,00(inteira) e R$ 10,00(Meia)
 
Dias e horários: de 5ª feira a domingo, às 19h
 
Gênero: Musical
 
Classificação etária: 10 anos
 

 

 


Explosão de emoção: no dia da estreia, para convidados, durante um número musical, Marcelo Nogueira desce à plateia e entrega uma rosa a Agnaldo Rayol.

 

 


Agradecimentos de Agnaldo, no dia da estreia.

 

 

(FOTOS: EDUARDO ALONSO, JANDERSON PIRES, REGINA CAVALCANTI e MARISA SÁ.)

2 comentários:

  1. Aplaudindo de pé sua resenha! Fantástica como o espetáculo!

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  2. Não assisti na estreia, mas a emoção foi igualmente arrebatadora.
    Bela resenha.

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