quarta-feira, 20 de novembro de 2013


SONHOS DE UM SEDUTOR   -   O CINEMA NO TEATRO ou DO TEATRO PARA O CINEMA.

 


 
            Mesmo correndo o risco de ser excomungado, pelos mais comedidos, e apedrejado, por xiitas “woodyallenanos”, ouso dizer que não gosto de tudo o que vem da cabeça de WOODY ALLEN. 

Para falar a verdade, gosto de poucos filmes dele, por uma incompatibilidade entre os nossos, o meu e o dele, tipos de humor.  Pronto, falei! 

Mas gosto bastante de SONHOS DE UM SEDUTOR, segundo texto teatral de ALLEN, que estreou, na Broadway, em 1969, com o título original de PLAY IT AGAIN, SAM, a inesquecível frase, pronunciada por Ingrid Bergman, na não menos inesquecível cena de CASABLANCA.  Depois, a peça ganhou a sua versão para o cinema, com o próprio WOODY ALLEN no papel do protagonista.

            MIGUEL COLKER, produtor, adquiriu os direitos de encenação no Brasil e convidou um dos mais festejados e competentes diretores da atualidade, ERNESTO PICCOLO, o NECO, para dirigir o espetáculo, que está em cartaz no Teatro Ipanema, com um elenco que domina o “timing” da comédia, o que faz com que o espetáculo se torne um agradável entretenimento: GEORGE SAUMA, GEORGIANA GÓES, HEITOR MARTINEZ e LUANA PIOVANI.

 
Luana Piovani, George Sauma, Heitor Martinez e georgiana Góes

SINOPSE: Allan Felix (GEORGE SAUMA), homem franzino e inseguro, é um crítico de cinema, que consome filmes ansiosamente e idolatra "CASABLANCA", e é abandonado por Nancy Felix (GEORGIANA GÓES), sua mulher, que quer o divórcio, pois não aguenta mais a insegurança emocional do marido.  
Incapaz de lidar com este momento conturbado da sua vida, Allan busca consolo nos filmes que ama, enquanto imagina HUMPHREY BOGART, seu ídolo (HEITOR MARTINEZ), dando-lhe conselhos de como deve lidar com as mulheres, sendo que estes são desprovidos de qualquer sutileza.

Paralelamente, um casal de amigos, Dick Christie (HEITOR MARTINEZ) e Linda Christie (LUANA PIOVANI), tentam ajudar Allan, arrumando-lhe encontros com outras mulheres, mas todos resultam em total fracasso, em virtude da insegurança e nervosismo de Allan. São sete tentativas. Em cada uma delas, GEORGIANA GÓES interpreta uma mulher diferente, em caracterizações hilárias, levando o público a sonoras e demoradas gargalhadas.   

Finalmente, Allan percebe que tem passado mais tempo com Linda do que com qualquer outra mulher e sente-se atraído por ela.  Linda se mostra receptiva às investidas de Allan, pois Dick tem trabalhado tanto, que ela se sente abandonada.  Mas Allan carrega um sentimento de culpa, por estar amando a mulher de seu amigo.

 
George e Luana

FICHA TÉCNICA (com alguns comentários):

Autor: WOODY ALLEN

Tradução: CAULOS

Direção: ERNESTO PICCOLO: Segura e bem ajustada ao texto.  Comédia parece não ser nenhum bicho-de-sete-cabeças para ele, a julgar por tantas, todas com bastante sucesso, já dirigidas por NECO.  Não se verificam exageros; ao contrário, as falas são ditas com muita naturalidade e os personagens, à exceção (intencional) das sete mulheres interpretadas por GEORGIANA, não se apresentam estereotipadas, a não ser, também de propósito, um pouco, o personagem Allan.  Isso é dedo da direção.  

Assistentes de Direção: JOÃO MAIA PEIXOTO e THEO NOGUEIRA

Elenco: GEORGE SAUMA, GEORGIANA GÓES, HEITOR MARTINEZ e LUANA PIOVANI: todos com bom rendimento, cada um tendo a sua oportunidade de solo.

Direção musical: RODRIGO PENNA: Muito boa.  RODRIGO é craque nessa seara e já o tem comprovado repetidas vezes, até com indicações para prêmios.

Direção de movimento: DEBORAH COLKER: Que luxo, hein, Sr. Produtor!

Desenho de Luz: JORGINHO DE CARVALHO: discreta e competente.

Preparadora Vocal: ROSE GONÇALVES

Direção de Produção: MIGUEL COLKER

Cenografia: CLIVIA COHEN: Simples, porém atende às necessidades do texto.

Figurino: HELENA ARAÚJO: Satisfatório, obedecendo às tendências da época e ao “gosto”, às vezes, bastante duvidoso, dos norte-americanos.

Concepção de Maquiagem - TON REIS

E agora, José (quer dizer, Allan)?!
 
“Discutindo limites e questões do amor e da separação, da paixão e da amizade, WOODY ALLEN resume suas angústias e divagações em personagens e cenas que fazem o espectador rir e refletir, fazendo de SONHOS DE UM SEDUTOR um dos trabalhos mais relevantes de sua extensa obra.” (extraído do programa da peça)
Alguém parece que "vai dançar".
 
É um espetáculo muito leve e divertido, com humor inteligente, bem dirigido e interpretado. 

Vale a pena conferir. 

Recomendo muito.
Olhar de cãozinho abandonado, do Allan.
 
 
Allan (George Sauma), em pose de dilema.  Linda: sim ou não?
 
Aplausos!
 
O elenco e o produtor, Miguel Colker, em noite de estreia.
 
 
SERVIÇO: Teatro Ipanema.  De 5ª a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 20h. 

 
 
 
 
 
 
 
 
(Fotos: produção/divulgação do espetáculo)

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