quinta-feira, 8 de agosto de 2024


“QUEBRA CABEÇA

– EM BUSCA DA

PEÇA QUE FALTA”

ou

(JÁ NÃO FALTA MAIS;

ESTÁ NA PLATEIA. )

ou

(XÔ, PASSIVIDADE!

ATIVIDADE 

É BEM-VINDA.)




  Só posso iniciar esta crítica a uma peça infantil, da qual gostei muito – Se assim não fosse, não dedicaria boa parte do meu tempo para escrever sobre ela. -, tendo que fazer uma observação, que julgo bem pertinente, visto que se trata para um espetáculo voltado para crianças, muitas ainda em fase de alfabetização. No título, como podem observar, o substantivo composto (por justaposição) está grafado sem o hífen, enquanto o correto é “QUEBRA-CABEÇA”. Interfere alguma coisa na qualidade da montagem? É claro que não! Foi, porém, um “descuido” que deveria ter sido evitado.     

  

 

  Fazer espetáculos para crianças e pré-adolescentes, infantis e infantojuvenis, portanto, não é tarefa das mais fáceis, principalmente nos dias de hoje, quando aqueles que seriam o público-alvo desse tipo de espetáculo teatral se sentem muito mais atraídos pela parafernália digital. Tudo o que lhes interessa cabe na palma da mão, na telinha de um celular, ou numa maior, a de uma TV. Tarefa hercúlea é conseguir fazer com que eles se sintam atraídos por uma “coisa” chamada TEATRO, que disseram a eles que “é legal”. É bem verdade que há tantas produções, nesse nicho, deixando a desejar, que, até por vezes, dou-lhes razão. Ficam frustrados, diante de peças que variam de ruins a péssimas. É preciso, pois, que dramaturgos, diretores e todos os demais envolvidos num projeto de TEATRO para os miúdos procurem ser o mais criativos possível, fugindo, ao máximo, de tudo aquilo que possa ser considerado “mesmice” e partam para ideias arrojadas, novas e criativas, como é o caso da peça aqui comentada.

 

 

 

SINOPSE:

A peça conta a trajetória de um herói a ser definido pela plateia, e o segue em uma jornada em que enfrentará diversos obstáculos e um temível vilão.

Essa é a base da estrutura dramatúrgica (livre) da peça.


 

 

   “QUEBRA CABEÇA: EM BUSCA DA PEÇA QUE FALTA” não é uma peça convencional. Ela começa sem existir. Como assim? Sobre o palco, um cenário e, no amplo espaço cênico, cinco atores, um músico e uma proposta: levar a plateia a sugerir elementos, para que uma história seja construída, coletivamente, e encenada pelo grupo de artistas, na base do improviso. Isso, de saída, já significa que, durantes quantas temporadas o espetáculo cumprir – esta é a segunda -, jamais haverá dois espetáculos iguais.  

 


    Curioso é que, apesar de destinada a crianças, os pais também entram no jogo, incentivando seus guris ou, inclusive, também dando suas sugestões. Isso significa que o espetáculo dialoga com todos e, com ou sem pretensão, faz despertar, nos marmanjos, a criança lá dentro adormecida. Isso é muito bom! Como eu não tinha uma criança “para chamar de minha”, naquele momento, dediquei uma considerável parte do tempo de duração da peça a observar a reação da plateia e fiquei maravilhado. Esse tipo de TEATRO existe para instigar os pequenos, fazer com que participem, ao máximo, da experiência teatral, entretanto, em toda a minha vida de espectador, que gira em torno dos 60 anos, jamais vi uma quantidade tão grande de crianças quase se “digladiando” – KKKKKKKK. “É verdade esse (SIC) ‘bilete’ (SIC)”. (Momento descontração!) –, muitas delas tentando, literalmente, subir ao palco, sem que fossem convidadas a isso, o que deu muito trabalho ao pessoal da produção, para serem contidas, visto que os papais e mamães nada faziam para impedi-las. Nem sei se deveriam tê-lo feito. Talvez não, mesmo. Quem inventou a coisa que se entenda com ela! Dei boas gargalhadas. 

 

 


 

    Infelizmente, ainda existem algumas produções que insistem em tratar a criança como um “debiloide”, sem opinião própria, sem o direito de ser vista como um ser humano “normal”, em formação. Além de não se preocuparem em apresentar um espetáculo “decente”, buscando a tão almejada, e dificílima, perfeição, ainda oferecem ao público um produto pasteurizado, pronto, para que seja consumido e digerido passivamente. Já de muito tempo, porém, a criança vem se impondo como um ser pensante, muito espontânea, em suas reações, não perdoando erros, baixarias e falta de preparo de uma FICHA TÉCNICA. Ela não é mais um espectador passivo, que precisa ficar quieta, sentada e prestando atenção. (...) Logo, captar sua atenção acaba sendo uma consequência natural. (...) Depois de ter vivenciado uma peça que nunca irá se repetir, ela poderá voltar, quantas vezes quiser, para ver novas apresentações e histórias.”, diz VICTORIA SCORZA, uma das criadoras e diretoras do espetáculo.

  

 

   Trata-se de  uma peça de improviso e convida as crianças e suas famílias ao embarque em uma aventura inesquecível. “As crianças são parte da peça, sugerindo ideias, subindo ao palco e interagindo com os personagens. Essa troca garante um espetáculo leve, divertido e envolvente para todas as idades.”, garante BARBARA DUVIVIER, a outra criadora e diretora da peça.

 

 

             Para fazer com que este espetáculo lúdico e divertido exista, um quinteto de atores, creio que todos egressos dos cursos do Teatro “O Tablado”, “seguram a barra”. São eles RAFAEL OLIVEIRA, RAFAEL SARAIVA, CLARICE SAUMA, JOANA CASTRO e SAMUEL VALLADARES. Juntos, uns dando apoio aos outros, constroem uma história viva, em tempo real, com a ajuda da plateia, assim como a música, que fica por conta de ILAN BECKER, que eu considero “o sexto mosqueteiro do elenco”, com direção musical de ANDRÉS GIRALDO 



      Um dos maiores méritos desta experiência teatral viva é que os espectadores mirins, aos quais ela é dedicada, deixam a posição de meros assistentes e passam a uma postura ativa, de participação total, na construção do espetáculo de cada sessão, sempre diferente dos demais. Isso se dá, é claro, com estímulos que partem do palco, na forma de jogos clássicos. Por meio deles e das sugestões da assistência, é possível criar histórias inéditas, surpresas inesperadas e vivências únicas. “Elenco e público se unem, para criar todo o contexto-chave de uma boa história, com o herói, o vilão, uma batalha, um conflito e, juntos, têm que chegar ao seu ‘felizes para sempre’”, de acordo com o “release” do espetáculo. O resultado final dessa criação coletiva acaba sendo “um espetáculo divertido, para todas as idades, que deixará marcado, na lembrança, uma vivência única e personalizada”. Quanto a isso, não tenho a menor dúvida.  

 


           É muito difícil escrever uma crítica sobre um espetáculo com uma proposta como esta, uma vez que “não há um texto prévio, escrito por algum(a) dramaturgo(a)”. Com relação ao que conhecemos como “direção”, idem, ainda que dois nomes assumam a “as rédeas” da montagem, na FICHA TÉCNICA, BARBARA DUVIVIER e VICTÓRIA SCORZA, como já citei. Não sei, exatamente, qual seria a função de um(a) “maestro/maestrina” numa peça de improvisação. Talvez, creio, orientar os atores para prováveis situações de surpresa, dizer-lhes como deveriam agir, ante as reações do público.

 

 

 

        Luzes e cores sempre atraem muito as crianças. São dois elementos importantes na parte plástica de uma peça de TEATRO. Como, no caso desta, o mais importante são os atores, “depois das crianças” (O elenco vai me excomungar. Outro momento descontração!), muito pouco se pode pedir e esperar de uma cenografia, interessante aqui, assinada por DINA SALEM LEVI, resumida a tiras bem largas de fitas multicoloridas pendentes, formando uma espécie de cortina, ao fundo, quatro cadeiras, de cores vibrantes, e um carrinho-caixa, que contém objetos a serem utilizados nas improvisações. O mesmo se pode dizer com relação aos figurinos, de HELENA BYINGTON, curiosas peças neutras, como macacões coloridos, às quais, quando necessário, se juntam acessórios, para caracterizar os personagens. Responsável pela iluminação, FELIPE LOURENÇO também apresenta um saldo positivo no seu desenho de luz.

 

 

       O elenco, sem exceção, se apresenta com muita personalidade e competência, neutralizando o que vem do público, mas não é bem propício ao desafio, e reagindo, de forma muito satisfatória, no dimensionamento das propostas, administrando tudo muito bem. Guardei, porém, o último comentário para alguém que me encantou, do primeiro ao último minuto da encenação, e que foi, por mim, elogiado, em conversas com vários amigos, após a sessão. E mais: todos com quem conversei também se mostraram tão encantados quanto eu. Falo do jovem ILAN BECKERN, que, bem discretamente, se posiciona, numa das laterais do palco, diante der um teclado, do qual retira sons impressionantes e precisos, acompanhando, atentamente, o desenvolvimento da história, criando uma trilha sonora original, ao vivo. É extremamente necessária a presença do músico nesta produção, já que ele é responsável por uma boa parte do sucesso da peça.

  

 

 


FICHA TÉCNICA:

Texto: Criação coletiva, a partir de propostas da plateia.

Direção: Barbara Duvivier e Victoria Scorza

 

Elenco: Rafael Oliveira, Rafael Saraiva, Clarice Sauma, Joana Castro e Samuel Valladares

Músico: Ilan Becker

 

Direção de Movimento: Ruy 

Direção Musical: Andrés Giraldo

Cenário: Dina Salem Levy

Figurino: Helena Byington

Iluminação: Felipe Lourenço

Som: João Gabriel Mattos

Assistência de Cenário: Alice Cruz

Identidade Visual: Theodora Duvivier

Fotos: José Sapir e André Moura Campos

Produção: Barbara Duvivier e Vicky 

 

 

 


 

 

 

SERVIÇO:

Temporada: De 03 de agosto a 01 de setembro de 2024.

Local: Teatro Adolpho Bloch.

Endereço: Rua do Russel, nº 804 – Glória – Rio de Janeiro.

Telefone: (21) 3553-3557.

Lotação: 359 lugares.

ACESSIBILIDADE: SIM, para pessoas com dificuldade de locomoção.

Dias e Horários: sábados e domingos, às 16h.

Valor dos Ingressos: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia-entrada). 
Vendas: Bilheteria do Teatro Adolpho Bloch, totem ao lado da bilheteria do Teatro e “on-line”, pela plataforma 
SYMPLA.

Duração: Variável (Em média, 60 minutos.)

Classificação Etária: Livre

Gênero: Teatro Infantil (De improvisação.)

 

 

 

 

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FOTOS: JOSÉ SAPIR

e

ANDRÉ MOURA CAMPOS

 

 

 

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