domingo, 13 de novembro de 2022

“A DESCOBERTA

DAS

AMÉRICAS –

RUMO À MAIORIDADE”

OU

(UMA SAGA, 

BEM CONTADA,

QUE VEIO PARA SER

ETERNIZADA 

NOS PALCOS.)












 

        E um espetáculo teatral está prestes a completar a maioridade, sempre com casas lotadas e o aplauso do público e da crítica. Óbvio é que isso só pode acontecer quando a montagem é de excelente qualidade, além de alguns outros fatores. No Brasil, tal fato é uma raridade, uma verdadeira efeméride, motivo maior para que exaltemos JULIO ADRIÃO e sua “A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS”, peça a que já assisti algumas vezes, cinco ou seis, porém, por vários motivos, mais que alheios à minha vontade, sobre a qual nunca havia escrito. Foi por esse motivo que, mais uma vez, parodiando o poeta Fernando Brant, apliquei um dos meus lemas, com relação ao TEATRO, “Todo crítico teatral tem de ir aonde o artista está.”, e me desloquei até o bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, a 30 quilômetros da minha residência, sob a ameaça de um temporal, que acabou marcando presença naquela noite, para aplaudir, com mais vigor ainda, JULIO e seu “carro chefe”, nos palcos, sem medir esforços. E, logicamente, não me arrependi, ainda mais porque pude retornar ao Teatro Arthur Azevedo, que frequentei bastante, na década de 1970, quando ministrei aulas de interpretação teatral por aquelas bandas. Bons tempos aqueles!!!

 

 


(Foto: GB)


      Contemplado no Edital FUNARJ de Circulação Teatral 2022”, que “visa ao desenvolvimento da economia criativa, estimulando a formação de plateia e a democratização da cultura fluminense, “A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS – RUMO À MAIORIDADE” voltou aos palcos, em comemoração aos seus quase 18 anos, a serem completados em 2023, em cartaz, ora aqui, ora ali, já tendo percorrido mais de 100 municípios, de todos os estados brasileiros, 8 países, de 4 continentes, em mais de 700 apresentações em festivais, temporadas e turnês. Não é para ser chamado de um fenômeno do TEATRO BRASILEIRO?


 



(Foto: GB.)

 


SINOPSE:

Um “zé ninguém”, de nome Johan Padan (JULIO ADRIÃO), rústico, esperto e carismático, num solo narrativo, escapa da fogueira da Inquisição, embarcando, em Sevilha, numa das caravelas de Cristóvão Colombo.

No Novo Mundo, o herói sobrevive a naufrágios, testemunha massacres, é preso, escravizado e quase devorado pelos canibais.

Com o tempo, aprende a língua dos nativos, cativa-os e safa-se, fazendo “milagres”, com alguma técnica e uma boa dose de sorte.

Venerado como “filho do sol e da lua”, catequiza e guia os nativos, numa batalha de libertação contra os espanhóis invasores.


 


 


       O texto, cujo título original é “Johan Padan a La Descoverta de La Americhe”, foi escrito por DARIO FO, escritor, dramaturgo e comediante italiano, além de arquiteto, nascido em San Giano, em 1926, falecido, aos 90 anos, em Milão, no ano de 2016. Esse texto surgiu em 1992, em Sevilha, quando FO improvisou o espetáculo, para as comemorações do quinto centenário da descoberta da América. DARIO FO recebeu, em 1997, o “Prêmio Nobel de Literatura”. Bastante influenciado por Bertolt Brecht, Antonio Gramsci, Alfred Jarry, Karl Marx, Vladimir Mayakovsky e Federico García Lorca, o dramaturgo tinha, como marca registrada, um viés anarquista, vindo de uma família que combatia, ferrenhamente, o fascismo.

 

 

 

       FO já nasceu com o TEATRO lhe correndo pelas veias, uma vez que seu pai, Felice, um socialista, era ator, numa companhia amadora do TEATRO. Apaixonado por Franca Rame, também atriz, FO com ela se casou, em 1954, e, juntos, encenaram muitos de seus textos – mais de 40 peças teatrais – numa companhia de TEATRO fundada por eles, a “Companhia Dario Fo – Franca Rame”.

 

 

 

    Quando “A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS” chegou ao Brasil, DARIO FO já era, aqui, conhecido e aplaudido por alguns de seus textos, como “Morte Acidental de um Anarquista” (Morte Accidentale di un Anarchico”) “Mistério Buffo”, principalmente, encenada esta, em território brasileiro, com o título original, “Mistero Buffo”. É considerado um autor de um TEATRO político, que abusa da blasfêmia e da escatologia e se baseia na tradição da “commedia dell'arte”.

 

 

 

    Em suas peças, nas quais sempre encontramos um humor aguçado e, igualmente, uma sátira certeira, FO demostra acreditar na ideia de que o TEATRO era um veículo de ideais políticos, o que, todos sabemos ser óbvio. Quando transposta para a televisão, “Mistero Buffo” foi considerada, pela Igreja Católica, como a obra mais blasfema da história da TV. Na verdade, todas as suas peças sempre soaram como “desconfortáveis”, para vários segmentos da sociedade.

 


 

Dario Fo

(Foto: autor desconhecido.)

 

    No Brasil, “A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS” ganhou tradução e adaptação, a quatro mãos, de ALESSANDRA VANNUCCI e JULIO ADRIÃO, cabendo, também, àquela a direção do solo. O espetáculo estreou, no Rio de Janeiro, em 2005, num espaço alternativo - rua do Mercado, no Centro do Rio de Janeiro, sede do Grupo Pedras, do Teatro de Anônimo e do Cordão do Boitatá, local que era conhecido como CASA (Cooperativa de Artistas Autônomos) - tendo rendido, a JULIO ADRIÃO, o “Prêmio Shell”, de Melhor Ator, além das mais consagradoras críticas. Eu, que, como já disse, havia assistido ao espetáculo cinco ou seis vezes, porém nunca havia escrito sobre ele, sentia-me na “obrigação” de revê-lo, para poder escrever com mais propriedade, aproveitando a oportunidade que me foi oferecida, agora, quando da abertura das comemorações para os 18 anos do aclamado espetáculo.

 

 


(Foto: GB.)


       Mas de que precisa uma montagem teatral, para atingir uma carreira tão longeva e ser aclamada por unanimidade? Aqui, mais uma vez, aproveito para discordar, totalmente, de Nelson Rodrigues, a meu juízo, muito “leviano”, quando afirmou que “toda unanimidade é burra”. Nem todas, Senhor Rodrigues; há exceções, e “A DESCOBERTTA DAS AMÉRICAS”, certamente, é uma delas. Voltando à pergunta que inicia este parágrafo, eu diria que não é necessária muita coisa. Basta um excelente texto, uma direção competente e um ator com o potencial artístico e a sensibilidade de JULIO ADRÃO. É, exatamente, isso o que vemos em cena. Um palco nu, sem qualquer vestígio de cenografia, uma iluminação sem alterações, da primeira à última cena (Nos cinco primeiros minutos, com um pouco menos intensidade; depois, aumenta e permanece inalterada, até o fim do espetáculo.), um figurino desprovido de qualquer sofisticação. Mas o vazio do espaço cênico é totalmente preenchido pelo ator, numa interpretação vibrante e contagiante, tirando partido, à exaustão, de um trabalho de corpo e voz, rarissimamente visto sobre as tábuas.

 

 


O "território" do ator.
(Foto: GB.)


     Numa prova de muita inteligência, ALESSANDRA VANNUCCI percebeu que um ator do quilate de JULIO ADRIÃO bastava, para contar aquela história e partiu para uma direção isenta de “grandes novidades”, deixando JULIO bastante livre, no palco, como narrador e personagens. A direção apostou “na simplicidade, mas também na sofisticação, quando utiliza apenas os recursos cênicos indispensáveis. No palco, JULIO ADRIÃO, em interpretação enérgica e dinâmica, narra as aventuras de Johan Padan e todos os personagens, como índios, espanhóis, cavalos, galinhas, peixinhos, Jesus e Maria Madalena. Com profunda conexão e cumplicidade com o público, JULIO ADRIÃO é um ator só em cena, que atua em estado essencial e de emergência”. (Texto extraído do “release”, a mim encaminhado por SILVANA CARDOSO e JULIANA FELTZ – Passarim Comunicação.) Isso prova que não basta ser ator; é preciso estar pleno, na posição de ator.

 

 

 

     E já que falei em trabalho de corpo e de voz, vale ressaltar, como um dos grandes destaques, nesta encenação, toda a parte de sonoplastia da peça, feita, unicamente, com os recursos vocais do magnífico ator. Sendo assim, não há uma trilha sonora, na FICHA TÉCNICA, do mesmo modo como ninguém assina uma cenografia, porque esta não existe, de forma palpável, porém pode ser “vista”, pelos espectadores, descrita pelo ator/personagem. Ninguém é capaz de, após ter assistido a esta montagem, não demonstrar um certo grau de perplexidade, diante dos efeitos que ADRIÃO consegue com seu corpo, de um homem de 62 anos (Acho que cometi uma indiscrição, pela qual peço desculpas ao JÚLIO, na certeza de que serei perdoado.). O resultado final do que se vê, no palco, é fruto de muita dedicação, de um trabalho bastante desgastante, do ponto de vista físico, sem o qual não seria possível atingir aquela perfeição. Que sirva de exemplo para os que estão se iniciando no nobre ofício de representar!

 

 

 

       Creio que deve girar em torno dos dez anos a última vez que tive a oportunidade de assistir à peça, e é claro que esperava “coisas novas” no palco. E não me enganei. Poderiam elas acrescentar ou retirar o brilho da encenação. Sabia que iria encontrar uma “nova peça”, e, jamais, me passou pela cabeça que tais “modernidades” poderiam embaçar o seu brilho. Em 18 anos, a humanidade evoluiu (ou involuiu), e o que fazia sentido, anos atrás, já não tem, hoje, o mesmo peso de outrora, da mesma forma como muita coisa aconteceu, e ainda vem acontecendo, que merecia estar em evidência no palco. Foram de uma sagacidade a toda prova os tradutores e adaptadores do texto, ao “cortar gorduras” (Leia-se: o que já não faz muito sentido hoje, não funcionando muito bem, portanto.) e trazer à tona frases e citações que provocam o público de hoje, com o cuidado de não tomar partido, praticamente, por esta ou aquela causa, e procurando não ser panfletários, pensando, também, em não criar “atritos” ou “desconfortos” com/para determinados tipos de “religiosos”. Mas o que merecia ser “cutucado”, para gerar reflexões, foi acrescido, ao texto, o qual, a meu juízo, tornou-se mais rico, ainda, se é que isso poderia ser possível, e, salvo engano, a peça ganhou uns minutos a mais, sendo que ninguém consegue conciliar o tempo cronológico do espetáculo, 90 minutos, com o psicológico, de forma que o tempo parece voar”. O espetáculo lucrou – ou foi o público –, com mais um pouco de “frescor” ao texto.

 

 

 

    Extraí, do “release”, já citado, este preciso depoimento de JULIO ADRIÃO: “Continuar é tentar não repetir, mas buscar sempre refazer, novo e único, a cada vez, com o vigor de sempre e a motivação do dia, respeitando o processo de amadurecimento da obra, em que o ator é esse privilegiado guardião, que a conhece, nas entranhas, e a reconhece mais importante que ele próprio”. Depoimento, para mim, bastante comovente e verdadeiro. Outra frase, que retirei daquele “release”, que julgo importante, não só para os espectadores, como também para os atores em formação: “Saber que o público que já assistiu será sempre menor do que o que jamais assistirá, é uma boa razão para renovar esse compromisso, pois, se o cinema é uma vez para sempre, o TEATRO é várias vezes para nunca.”.

 

 

 

JULIO se apresenta, 18 anos após a estreia da peça e com 10 quilos a mais, com a mesma garra e a mesma energia e entrega de quem é apaixonado por seu ofício, a ponto de repartir seu talento e conhecimento sobre o TEATRO com seus alunos, em cursos ou oficinas que ministra. A propósito, chamo a sua atenção para a oficina que ADRIÃO está oferecendo, paralelamente às apresentações que estão acontecendo no momento (VER SERVIÇO.).

       

 


 

 FICHA TÉCNICA:

Texto Original: Dario Fo

Tradução e Adaptação: Alessandra Vannucci e Julio Adrião

Direção: Alessandra Vannucci

 

Atuação: Julio Adrião

 

Figurino: Gabriella Marra

Iluminação: Luiz André Alvim

Montagem e Operação de Luz: Guiga Ensá

Fotografia: Christina Amaral, Maria Elisa Franco e Daniel Barboza

Mídia Digital: Rebelados Criação - Andrea Rebelo

Assessoria de Imprensa: Passarim Comunicação - Silvana Cardoso e Juliana Feltz

Produção e “Design”: Fernando Alax - Casa136 Produções Artísticas

Realização: Julio Adrião Produções Artísticas Ltda.

  

 

 



 

 

SERVIÇO:

Local: CAMPO GRANDE: TEATRO ARTHUR AZEVEDO.

Endereço: Rua Vitor Alvez, nº 454 – Campo Grande – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)2332-7516.

Dias e Horários: 11, 12 e 13 de novembro de 2022 - 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.

Valor dos Ingressos: R$5,00 (inteira) e R$2,50 (meia entrada).

Classificação Etária: 14 anos.

 

Oficina “Solo Narrativo”, com Julio Adrião.

Dia 11/11 – 6ª feira, das 10h às 14h / 12 vagas.

Inscrição até 9/11, 4ª feira, pelo e-mail: julioadriaoproducoes@gmail.com

 

Sobre a Oficina: Oficina conduzida por Julio Adrião, para atores interessados em um processo de criação cênica, baseado em suas ferramentas de ator – técnicas adquiridas e qualidades expressivas próprias, por meio de uma experimentação desarmada, generosa e autodisciplinada, sob uma observação atenta, provocativa e respeitosa. Pesquisa prática sobre o trabalho de criação do ator, no solo narrativo, com enfoque na expressão física.

 

Local: MARECHAL HERMES: TEATRO ARMANDO GONZAGA.

Endereço: Avenida General Oswaldo Cordeiro de Farias, nº 511 – Marechal Hermes – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)2332-1040.

Dias e Horários: 18, 19 e 20 de outubro de 2022 - 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.

Valor dos Ingressos: R$5,00 (inteira) e R$2,50 (meia entrada).

Classificação Etária: 14 anos.

 

Oficina “Solo Narrativo”, com Julio Adrião.

Dia 18/11 – 6ª feira, das 10h às 14h / 12 vagas.

Inscrição até 16/11, 4ª feira, pelo e-mail: julioadriaoproducoes@gmail.com

 

Local: BANGU: TEATRO MÁRIO LAGO

Endereço: Rua Jaime Redondo, nº 2 – Bangu (Vila Kennedy – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)2332-4851.

Dia e Horário: 03 de dezembro de 2022, sábado, às 18h.

Valor do Ingresso: GRÁTIS.

Classificação Etária: 14 anos.

 

Gênero: Monólogo Cômico.

 

 

Para terminar, deixo, aqui, algo que não tenho por hábito fazer, em outras críticas, que é reproduzir uma “mini bio” do fabuloso ator protagonista deste grandioso espetáculo: “Carioca, ator, produtor e diretor teatral. Formado pela CAL/RJ, em 1987, trabalhou durante seis anos na Itália, com foco no treinamento físico do ator, nas Cias Teatro Potlach, de Fara Sabina, Abraxa Teatro e Qabaloquá. De volta ao Brasil, em 1994, criou e integrou o trio cômico 'Cia. do Público', até 2002. Produziu e dirigiu espetáculos de TEATRO e, como ator, participou de diversas produções, em curtas e longa metragens, no cinema e séries na TV. Ganhou o ‘Prêmio Shell/RJ’ de Melhor Ator, em 2005, com o espetáculo solo ‘A Descoberta das Américas’, de Dario Fo, e, em 2021, dividiu, com o ator Vertin Moura, o ‘Troféu Conceição Moura’, do ‘VI Cine Jardim/PE’, pela atuação no longa ‘Sertânia’, de Geraldo Sarno. No TEATRO, trabalhou com os diretores Moacyr Góes, Fábio Junqueira, Lucia Coelho, Mauricio Abud, Isabella Irlandini, Dudú Sandroni, Márcia do Valle, Sidnei Cruz, Alessandra Vannucci, Tim Rescala, Moacir Chaves, Bia Lessa, Ivan Sugahara e Miwa Yanagisawa. Como diretor, dirigiu ‘Roda Saia, Gira Vida’, com o Teatro de Anônimo; a Ópera ‘O Elixir do Amor’, na UFRJ; o solo ‘Roliude’, do ator João Ricardo Oliveira; o espetáculo ‘clown’ bufão ‘Blefes Excêntricos’, do ‘Circo Dux’; e o solo musical ‘Fico’, com a Cia chilena ‘Tryo Teatro Banda’.

 

 

 

Para quem não viu, ainda, essa OBRA-PRIMA, é imperdoável não aproveitar esta oportunidade. Para os que já tiveram a ventura de aplaudir a peça, e são muitos, por mais de uma vez, como eu, aconselho-os a conhecer um “bebê que cresceu e está prestes a atingir a maioridade”, com a mesma pujança como veio ao mundo e, cada vez mais, super atual.

 

 

 

 

 

FOTOS: CHRISTINA AMARAL,

MARIA ELISA FRANCO

e DANIEL BARBOZA (OFICIAIS)

e

GILBERTO BARTHOLO

(GB – REGISTROS FOTOGRÁFICOS

DA SESSÃO DE 11 DE NOVEMBRO DE 2022,

NO TEATRO ARTHUR AZEVEDO – 

CAMPO GRANDE – 

RIO DE JANEIRO.)

 


GALERIA PARTICULAR:

 





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