O
SOM
E A
SÍLABA
(RESUMO DA ÓPERA:
OBRA-PRIMA.
OBRA-PRIMA.
ou
#PRONTOFALEI
ou
#PRONTOESTAFALADO
ou
“ISSO FAZ SENTIDO?”)
ou
O TEATRO E A MÚSICA SALVAM.)
Por
mais de uma vez, felizmente, vi-me diante de uma situação, paradoxalmente, boa
e ruim, ao mesmo tempo; fácil e de dificílima resolução, simultaneamente.
A
pessoa assiste a um espetáculo (Perdão: a uma OBRA-PRIMA!!!), sai do Teatro em total estado de graça, com a nítida sensação de ter visto e sentido Deus, sentado na poltrona do lado, e
trocado comentários com ele, e volta para a sua casa, em êxtase total.
Já estava decidido
a escrever uma crítica sobre o espetáculo, muito antes de ter
assistido a ele, pois tinha a certeza
plena (Vale o pleonasmo, porque
todos os pleonasmos e hipérboles ainda serão insuficientes, quando se trata do
espetáculo que é motivo desta crítica.), por tudo o que já lera e ouvira
falar da peça, senta-se diante de um
computador e... ...TRAVA. Não sabe
nem por onde começar e o que dizer. E já fica preocupado com a descoberta de
adjetivos novos, ao nível da encenação aqui analisada. Se não conseguir criar
meus neologismos, paciência! Apelo para os epítetos de “domínio público”.
Bem! Já escrevi alguma coisa e parece que está começando a “destravar”. Agora, que os DEUSES DO TEATRO me inspirem!!!
Bem! Já escrevi alguma coisa e parece que está começando a “destravar”. Agora, que os DEUSES DO TEATRO me inspirem!!!
Dizer
que MIGUEL FALABELLA é um gênio é
tão comum e verdadeiro quanto as centenas de ditados populares, como “Água
mole em pedra dura, tanto bate, até que fura.”, “Santo de casa não faz milagre.”,
“Mais
vale um pássaro na mão que dois voando.”, e por aí vai... Dizer que ele
se superou, com “O SOM E A SÍLABA”,
em cartaz no Teatro XP Investimentos,
antigo Teatro do Jockey (VER SERVIÇO.),
não seria verdade, pois, com este espetáculo,
MIGUEL completa uma “quadra” de OBRAS-PRIMAS, que se equivalem, por caminhos
e características diferentes, iniciada com “A
Partilha”, seguida de “Império”
e “O Homem de La Mancha”. As duas
primeiras, como autor, que é sobre o
que estou falando agaora (A segunda, em parceria com Josimar Carneiro.) e esta, mais como diretor, embora tenha sido responsável, também, pela adaptação do texto original. Costumo, em tom de brincadeira (É óbvio!!!) dizer, inclusive ao próprio FALABELLA, que “ele tem todo o direito de escrever os piores textos para o TEATRO”, o que jamais ele faria, evidentemente, porque seria “perdoado”,
até seu último dia de vida, e mesmo depois de morto, pelas três OBRAS-PRIMAS anteriores a “O SOM E A SÌLABA”. Agora o “perdão” vale pelas quatro. Quatro OBRAS-PRIMAS!!! E por outras,
que, certamente, virão por aí, porque MIGUEL
é uma fábrica de sonhos e surpresas. MIGUEL
FALABELLA é sinônimo de soma ou multiplicação; está mais para esta.
SINOPSE:
"O SOM E
A SÍLABA" trata da relação entre SARAH
LEIGHTON (ALESSANDRA MAESTRINI) e LEONOR
DELISE (MIRNA RUBIM), duas mulheres muito diferentes, opostas em quase
tudo, porém guardando algumas afinidades entre si.
A primeira é
uma jovem com dificuldades em se enquadrar na sociedade, porém completamente
única, por conta do diagnóstico de Síndrome
de Asperger, um transtorno neurobiológico, uma “variação” do autismo. SARAH é, mais propriamente, uma portadora da síndrome de “Savant”, o que significa dizer que
possui um autismo altamente funcional,
que, por um lado, lhe permite habilidades em algumas áreas, entre elas números e música, como se vê em cena; e que, por outro, faz com que ela se
comunique com o mundo de uma maneira inusitada,
gerando situações hilárias.
SARAH mora com o irmão
e a cunhada, a qual a rejeita explicitamente e tem como grande intento se
livrar daquele “estorvo”. O irmão de SARAH,
tendo descoberto seu dom para o canto, resolve levá-la a procurar LEONOR, com o objetivo de refinar sua
vocação, e a moça, que já se descobrira dona de uma belíssima e possante voz,
deseja mais: tornar-se uma grande cantora lírica e ocupar um espaço que lhe é
negado na, e pela, sociedade, alçar voos muito altos.
Já a segunda
é uma diva internacional da ópera, do
“bel
canto”, com mais de 50 anos,
que, por acasos da vida, se tornou professora
de canto. Direta, elegante, refinada e aparentemente bem resolvida.
Aparentemente, pois é uma mulher com uma história de vida traumática, do ponto
de vista afetivo, a ponto de estar rompida com a filha, que lhe “roubara” o
segundo marido.
A relação entre as duas
não começa muito bem, porque a mestra demonstra uma certa incredibilidade, com
relação à discípula, evoluindo para a irritabilidade, por mero preconceito,
entretanto, com o passar do tempo e a persistência e determinação de SARAH, tudo se transforma numa linda
amizade.
Na verdade, uma faz bem à
outra. Enquanto LEONOR conduz SARAH a atingir seu objetivo maior,
esta ensina àquela os caminhos para recuperar os afetos perdidos, a relação mãe
/ filha. E fica a pergunta: Quem está
ensinando a quem?
De forma brilhante, o
impecável texto mergulha, profundamente,
na temática da inclusão social e
cria um espetáculo que pode ser
classificado como uma comédia dramática
musical; não, exatamente, um musical,
explorando, com o máximo de maestria e cuidado, a seara do canto lírico
Por
duas vezes, tentei assistir à peça,
em São Paulo, contudo, por motivos
diversos e alheios à minha grande vontade, não consegui lograr êxito e,
bastante frustrado, fiquei numa torcida nervosa, para que a montagem viesse logo para o Rio de Janeiro, o que, felizmente, está
acontecendo agora.
Além
de uma brilhante carreira na “terra da garoa”, onde estreou, em temporada
oficial, no dia 02 de outubro de 2017,
no lindo e aconchegante Teatro Porto
Seguro, a peça vem viajando, por
mais de um ano e meio, tendo passado
por várias cidades do interior paulista e algumas capitais, sempre com o maior
sucesso de público e de crítica, tornando-se uma unanimidade, o que serve, mais
uma vez, para contradizer a “equivocada” (para ser bem eufemístico) teoria de Nelson Rodrigues, de que “toda unanimidade é burra”. MAS NÃO É MESMO, em casos como este!!! Antes
da estreia paulistana, o espetáculo
fez uma espécie de “esquenta”, por cidades do interior paulista, começando por Osasco, em 17 de agosto de 2017.
A altíssima, extremíssima, qualidade do espetáculo rendeu-lhe muitos prêmios e indicações, até o presente momento, porque, certamente haverá mais,
a saber:
PRÊMIOS RECEBIDOS NO TOTAL - 05
- 02 de Melhor Roteiro Original, para Miguel
Falabella;
- 01, de Melhor Direção,
para Miguel Falabella;
- 01, de Melhor Atriz, para Alessandra
Maestrini;
- 01, de Melhor Figurino, para Lígia Rocha e Marco
Pacheco.
INDICAÇÕES NO TOTAL - 23
- 04 Indicações a Melhor Produção / Melhor Musical / Melhor Musical Brasileiro, para Maestrini
Produções;
- 04 Indicações a Melhor Texto, para Miguel
Falabella;
- 05 Indicações a Melhor Direção, para Miguel Falabella;
- 05 Indicações a Melhor Atriz, para Alessandra
Maestrini;
- 02 Indicações a Melhor Elenco, para Alessandra
Maestrini e Mirna Rubim;
- 01 Indicação a
Melhor Atriz Coadjuvante, para Mirna Rubim;
- 01 Indicação a
Melhor Iluminação, para Wagner Freire;
- 01 Indicação a Melhor
Figurino, para Lígia Rocha e Marco Pacheco
A
peça foi escrita, especialmente,
para duas das mais representativas celebridades do TEATRO BRASILEIRO, mormente na área dos musicais. “Celebridades”,
no melhor sentido denotativo da palavra, bem distante do conceito que a mídia e
o grande público atribuem ao vocábulo: ALESSANDRA
MAESTRINI e MIRNA RUBIN. E,
apesar de substituições, em elencos,
serem comuns, no TEATRO, não posso
conceber a mínima possibilidade de ver qualquer uma das duas substituída, a
despeito de termos grandes atrizes / cantores no Brasil.
Mas
o que tem de tão especial este espetáculo? "TUDO" resumiria tudo. Do texto às atuações, passando por todos os elementos técnicos e de criação na montagem. Trata-se de um dos
melhores, mais lindos e marcantes espetáculos a que já assisti em toda a minha
vida. Desafio quem, tomado pelo maligno “espírito de porco”, insista em
encontrar um senão nesta montagem.
Perderá seu tempo e merecerá um “BEM
FEITO!”.
O TEXTO É UM PRIMOR!!! Embora apareça,
na ficha técnica, como uma “comédia musical”, ele está mais para
uma “comédia dramática musical”. E
as três palavras estão, visivelmente, presentes no espetáculo. É uma “comédia”,
porque, o comportamento de SARAH, por
meio de suas palavras, teorias e gestos, provoca o riso, por trás do qual há,
sempre, uma crítica, uma verdade, uma espécie de vetor para uma boa reflexão. O
adjetivo “dramática” fica por conta
dos dramas de ambas as personagens,
que estavam ocultos e que vêm à tona, a partir do relacionamento entre elas;
dramas diferentes, porém muito sofridos, ambos. Já o “musical” qualifica um espetáculo
em que a música surge com uma força
enorme e de primordial importância, como um elo, a unir a vida e os caminhos
futuros das duas personagens. Não se
trata de um musical, no formato que,
logo, nos vem à cabeça, porém nos remete a uma espécie de musical de câmara, discreto, circunspecto, sem coreografias e
grandes mirabolâncias. A música
entra para costurar as cenas, sob a forma de árias e duetos, trechos de algumas óperas, sendo que
todas, em suas letras, têm uma relação com a cena a que estão atreladas. Não foram selecionadas aleatoriamente.
Entrou aí o trabalho de pesquisa e o conhecimento musical erudito de FALABELLA. Que delícia, que afago, na
alma e no coração, é ouvir trechos de belíssimas óperas, e tudo isso nas potentes, lindas, afinadas e harmoniosas
vozes de duas sopranos, duas virtuoses:
ALESSANDRA MAESTRINI e MIRNA RUBIN, em solos ou duetos.
Giacomo Puccini, compositor
italiano, do século XIX, é o autor que mais aparece na trilha sonora, com “Vissi D’Arte”,
da “Tosca”; “Quando M’En Vo”, extraído de “La
Bohème”; “Oh Mio Babbino Caro”,
da ópera “Gianni Schicchi”; e “Chi Il Bel Sogno Di Doretta”, da ópera “La Rondine”. Gounod
também se faz presente, com “Je Veux
Vivre”, da ópera “Romeu e Julieta”, assim como, também,
tem a sua vez Leo Delibes, com “Viens, Mallika” e “Les Lianes Na Fleurs”, que fazem parte da ópera “Akmé”.
O roteiro tinha tudo para acabar num melodrama mexicano, piegas e
enfadonho, entretanto, com esta história tão simples e, por isso mesmo,
candidata a mais um texto teatral
comum, como tantos outros, ocorre, exatamente, o contrário. E não há nenhum
mistério nisso. Nas mãos competentes de FALABELLA,
o texto explode, de dentro para
fora, ao colocar em “contenda” duas personalidades
tão díspares, mantendo um diálogo muito
bem construído, do ponto de vista técnico, com excelentes tiradas engraçadas,
muito divertidas mesmo, piadas inteligentes e oportunas, formando um amálgama
com cenas que causam profunda emoção, havendo, nitidamente, em todo o corpo textual, demonstrações de humor,
afeto, empatia e comoção.
Antes de ter
assistido à montagem, apesar de já
conhecer sua sinopse, muita
curiosidade havia em mim, com relação ao título
da peça, porém, ao final da sessão, creio (Pode ser que seja uma “viagem” de minha parte.) que se trata de
uma singela homenagem à grande poeta
norte-americana Emily Dickinson, de quem o autor é grande admirador, assim como eu. Pela junção da música com a literatura, deve ter surgido “O
SOM E A SÍLABA”.
Ambos, eu e
ele, estudamos na Faculdade de Letras,
da UFRJ. Fomos quase contemporâneos
- ele um pouco depois de mim - e penso que todas as disciplinas eletivas, na
cadeira de literatura americana, que
fiz, sobre a obra de Dickinson, ele
também deve ter cursado, nos semestres seguintes. Essa formação acadêmica, certamente, foi, ainda é e será, sempre,
importante no seu ofício de escritor.
Nesta peça, MIGUEL, sem intenção aparente, nos passa, didaticamente, sem ser
“didático”, pejorativamente falando, muitas informações acerca do universo de
um tipo de gente muito “especial”,
que são os portadores de distúrbios neurológicos ligados ao autismo. Ele nos ajuda a enxergar o
“problema” de forma empática e desmitificada. Mostra-nos quão fácil e
necessário é trabalhar pela inclusão
social.
Se falei muito
do MIGUEL autor, menos procurarei
falar sobre o diretor. Não porque
não haja o que ser dito, mas por se tornar desnecessário e para encurtar esta,
já tão longa, crítica. Ele sabe que
a peça é para (as) e das duas atrizes. Ele conhece, como a palma de
sua mão, o potencial de cada uma delas, o quanto de talento cada uma esbanja,
interpretando e cantando. Aqui, MAESTRINI
leva um pouco mais de vantagem sobre MIRNA,
já que esta se dedica, muito mais, à música,
às sua preciosíssimas aulas, à preparação vocal, apresentando-se,
bissextamente, como atriz, porém,
quando o faz, mergulha, de cabeça, no seu trabalho e consegue resultados
brilhantes, como no espetáculo em
tela. E quem lucra somos nós.
FALABELLA apostou todas as suas fichas
no virtuosismo de suas duas magníficas
atrizes / cantoras e não se preocupou em querer que seu trabalho de direção aparecesse mais que a atuação das duas. Não deve ter tido
muito trabalho na condução da proposta de direção
de atrizes, até porque ambas são de um profissionalismo a toda prova. Foi
certeiro nas marcações, procurou preencher o espaço cênico, de forma que,
apesar de apenas duas pessoas em cena, passa a impressão de que estamos diante
de um elenco de muitos atores. Não posso deixar de repetir o
tratamento que utilizei, quando me referi ao texto: A DIREÇÃO DE MIGUEL
FALABELLA É PRIMOROSA!!! É cheia de detalhes, requintes, sensibilidade,
ousadia, delicadeza, de um bom gosto extremo, bordada em filigranas de ouro.
E o que dizer
das duas interpretações? E haja
redundâncias: ESPLÊNDIDAS!!! COMOVENTES!!! CONVINCENTES!!! PRIMOROSAS!!!
IMPECÁVEIS!!! IRRETOCÁVEIS!!!...
INACREDITÁVEL!!! É impossível conter o
riso e as lágrimas, diante de um trabalho que quase nos obriga a uma
autoflagelação, por meio de fortes beliscões, na própria carne, para termos a
certeza de que não estamos sonhando, de que não estamos no céu, de que não são
dois anjos celestes a nos embriagar com sua música, com suas vozes cristalinas,
seguras, suaves... Angelicais!!!
Tão
diametralmente opostas são as duas personalidades,
defendidas, com total segurança, apuro e beleza pela dupla ALE$SSANDRA e MIRNA.
Esta, que, na vida real, é professora de canto daquela, na pele de LEONOR DELISE, se comporta como uma
diva “recolhida”, pelas armadilhas que a vida coloca no nosso caminho. É uma
mulher que traz marcas indeléveis de dor, na sua alma; é de gestos curtos, econômica
nas palavras, a não ser que seja provocada; é pragmática e, aparentemente,
desapegada dos bons sentimentos e prazeres da vida, à exceção da música, seu
alimento principal. Merece um destaque especial a transformação pela qual a personagem vai passando, à medida que
os laços entre ela e SARAH vão sendo
construídos e tornados robustos. Ela vai, aos poucos, deixando de lado a frieza
e, até certo ponto, um pouco de arrogância, do início da peça, passando para um
amolecimento de coração, um sentimento de amor, quase maternal, pela aluna.
ALESSANDRA, como SARAH LEIGHTON, por sua vez, a que não é a “normal” da dupla, tem
um comportamento que a leva para “fora da caixinha”, conquanto, na verdade, seja
a que mais está dentro dela. De sua boca, sai um texto mais leve, engraçado, porém de muita profundidade. É de uma
enorme sagacidade e consegue, a personagem, coisas mirabolantes, como saber o que alguém está
digitando, no teclado de um computador ou de um celular, de longe, apenas por
ter decorado a posição das teclas. Algo totalmente inusitado, uma das
características de quem leva consigo a marca de um / uma “Savant”, pessoa que é capaz de fazer, de cabeça, as mais difíceis
operações matemáticas ou de tocar uma canção, ao piano, tendo-a ouvido uma
única vez. “A Síndrome de Savant (palavra de origem francesa, que significa
‘sábio’ - daí a síndrome do sábio, pela qual também é conhecida) é um distúrbio
psíquico raro, que faz com que algumas pessoas tenham habilidades intelectuais
extraordinárias, conhecidas, também, como ‘ilhas de genialidade’. Esses
talentos estão sempre ligados a uma memória acima da média, porém com pouca
compreensão do que está sendo descrito. Como abordado anteriormente, a
principal característica da Síndrome de Savant é a capacidade extraordinária em
determinadas áreas, como arte, música, cálculo de calendário, matemática e habilidades
mecânicas / visuoespaciais. Outras habilidades não tão frequentes são estas: linguagem
(poliglotia), discriminação sensorial, atletismo e conhecimento em áreas
específicas, como neurofisiologia, estatística e programação de computadores.”.(https://www.minhavida.com.br/saude/temas/sindrome-de-savant).
É bem significativo
o grau de dificuldade, para ALESSANDRA MAESTRINI, ao representar uma personagem como SARAH, que tem um jeito de olhar
diferente, expressões faciais diferentes, gestos diferentes, um jeito de falar
diferente, que precisa ser muito bem dosado, na composição da personagem, a fim de que não penda para a caricatura,
o que, infelizmente, vemos, muitas vezes, no palco. Ao contrário disso, ela nos
brinda com uma interpretação tão ajustada, no ponto, sem gorduras
desnecessárias.
O que não se
pode negar é que essas duas grandes artistas “abusam do direito” de serem PERFEITAS, em cena, atuando e / ou cantando, e ambas se complementam no espetáculo,
com vozes e maneiras de cantar distintas, mas que se equivalem em qualidade,
sensibilidade e técnica.
Não deixa de ser curioso, antes do início de cada sessão, ouvir-se, em gravação, a voz de FALABELLA, esclarecendo que não há “dublagens”, que “todos os números musicais são ao vivo”. Curioso, porém necessário, para alguns desavisados, que podem achar que o cantar que passarão a ouvir possa ser “de mentirinha”, tão fantástica é a “performance” das duas divas.
Não deixa de ser curioso, antes do início de cada sessão, ouvir-se, em gravação, a voz de FALABELLA, esclarecendo que não há “dublagens”, que “todos os números musicais são ao vivo”. Curioso, porém necessário, para alguns desavisados, que podem achar que o cantar que passarão a ouvir possa ser “de mentirinha”, tão fantástica é a “performance” das duas divas.
Quanto aos elementos técnicos e de criação, passo
a analisar um pouco do que vi, em cena, e que, no conjunto, marca muito ponto
para o esplendor desta montagem.
Começo pela linda,
discreta e requintada cenografia, de
ZEZINHO SANTOS e TURÍBIO SANTOS, reproduzindo a sala de
estar da professora de canto, com móveis e elementos de decoração um tanto “vintage”, o que significa dizer algo
clássico, antigo e de excelente qualidade, bem de acordo com a personalidade de
LEONOR.
Pulo para os figurinos, assinados por LÍGIA ROCHA e MARCO PACHECO. Um verdadeiro
deslumbramento e todos vestindo, “comme il faut”, as duas personagens. Os trajes de LEONOR, requintadíssimos e de um
acabamento ímpar, contrastam com os de SARAH,
muito simples, despojados de requinte, embora, ao longo da trama, a personagem vá
evoluindo, no seu “look”, tornando-se mais leve e moderna, mantendo, sempre, porém,
sua simplicidade.
WAGNER FREIRE é o responsável pelo desenho de luz, que valoriza tudo o que
há em cena. A iluminação é belíssima
e com mudanças muitos sensíveis e oportunas, para o deleite de nossos olhos.
Um elemento,
num espetáculo como este, da maior
importância, é o chamado desenho de som,
aqui, sob a responsabilidade de MÁRIO
JORGE ANDRADE, o qual fez um ótimo trabalho, que nos permite ouvir, em
detalhes, tudo o que é tipo de som, devidamente equalizado e agradável aos
ouvidos.
O visagismo também merece ser destacado,
nesta encenação. WILSON ELIODÓRIO foi de uma precisão
cirúrgica na caracterização das duas personagens,
de modo a contribuir para que possamos acreditar que elas “existem”.
FICHA TÉCNICA:
Concepção, Texto e Direção: Miguel
Falabella
Elenco: Alessandra Maestrini e Mirna Rubim
“Design” de Luz: Wagner Freire
“Design” de Som: Mário Jorge
Andrade
Figurinos: Lígia Rocha e Marco Pacheco
Visagismo: Wilson Eliodório
Cenário: Zezinho Santos e Turíbio Santos
Produtora Comercial: Carla Schvaitser
Direção de Produção: Deco Gedeon
Direção de “Marketing”: José
Vinicius Toro
Assessoria de Imprensa: Motisuki PR - Regis Motisuki e Vitor
Deyrmandjian Rosalino / Nobre Assessoria - Aline Nobre e Lucas Pasin
Fotos: Pedro Jardim de Mattos
Apresentação: Porto Seguro
Realização: Maestrini Produções
SERVIÇO:
Temporada: de 14 de março a
21 de abril de 2019.
Local: Teatro XP Investimentos (antigo Teatro do
Jockey).
Endereço: Jockey Clube Brasileiro - Avenida Bartolomeu Mitre, 1110 - B - Leblon, Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h;
domingo, às 20h.
Classificação Etária: 14
anos.
Capacidade do Teatro: 362 lugares + 2 PNE
Gênero: Comédia musical.
Esta é a
terceira empreitada, como produtora,
de ALESSANDRA, por meio de sua MAESTRINI PRODUÇÕES. A primeira foi o
delicioso “show” “Drama 'n Jazz",
que virou um CD, que não me canso de
ouvir; a segunda foi a emblemática "Yentl
em Concerto", baseado no filme “Yentl”,
transformada num DVD de cabeceira. Pela
primeira vez, ela assina a produção
e realização de um projeto idealizado por um terceiro, e
seu grande amigo: MIGUEL FALABELLA.
E o que
mais dizer sobre esta OBRA-PRIMA?
Que ele consegue ser um espetáculo popular, ao mesmo tempo que
imerge no campo do canto lírico, da ópera, e que, mesmo os que não têm a
menor intimidade com este tipo de arte
vão adorá-lo e poderão se interessar por esse segmento de espetáculo? Que ele é um grande desafio, para MIGUEL FALABELLA e lhe abre uma nova
identidade, como artista? Que ele é capaz de fazer rir e chorar, na mesma
intensidade, pessoas de qualquer idade, uma vez que é um espetáculo para a família e que toca, muito profundamente os
corações mais empedernidos? Que ele transborda amor à música, um sentimento de
paixão pela vida, é uma celebração à amizade verdadeira e é transformador, como
é o TEATRO, de uma forma geral? Que
é algo arrebatador e que merecia ser visto, e revisto, por todas as pessoas,
ficando em cartaz “ad aeternum”? Que ele é uma espécie de “droga”, que anestesia,
sem fazer mal; aliás, muito ao contrário? Que tudo o que se possa dizer sobre
ele sempre será insuficiente, porque é algo para se ver, ouvir, e sentir? Que,
plagiando o poeta, meu xará, Gilberto
Gil, se eu quiser falar com Deus,
tenho de assistir a “O SOM E A SÍLABA”?
Que ele é um dos espetáculos mais lindos
e marcantes que já vi em toda a minha vida?
É
melhor parar por aqui, sem, antes provocar os que já viram a peça e os que ainda assistirão a ela.
Na cena final (Isso não é “spoiller”.),
ALESSANDRA e MIRNA cantam em dueto,
durante a etapa final de um concurso de
música, no qual SARAH se
inscrevera, às escondidas e sob os protestos de LEONOR, quando soube, do qual a mestra não acreditava que a moça pudesse se
sagrar vencedora. Quem é aquela que
canta junto com SARAH? Prestem bastante atenção à cena que antecede esta
última!
Não vejo a hora de
rever o espetáculo!!!
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS
SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR
NO TEATRO
BRASILEIRO!!!
(FOTOS: PEDRO JARDIM DE MATTOS.)
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