CARMEN
(RELEITURAS DE BOM GOSTO ME
INTERESSAM.
ou
UM ESPETÁCULO VISCERAL.)
Sinto
um prazer especial, quando entro em contato com releituras de obras de arte, se
feitas com extremo bom gosto e criatividade, como é o caso do espetáculo teatral “CARMEN”, em cartaz
no Teatro Poeira (VER SERVIÇO.).
Isso muito me interessa.
Tendo origem na novela clássica, do historiador, arqueólogo, político e escritor romântico francês PRÓSPER MÉRRIMÉE (Paris, 1803 – Cannes, 1870), “CARMEN”, a história da “cigana que usa seus talentos de dança e canto para enfeitiçar e seduzir vários homens”, já foi transformada numa das mais célebres óperas de todos os tempos, a mais popular no mundo, talvez, composta pelo francês Georges Bizet, à qual não me canso de assistir; em balé, com várias versões, inclusive no emblemático Teatro Bolshoi; em diversos filmes, com destaque, a meu juízo, para o que foi dirigido por Carlos Saura, tendo, como protagonistas, Antonio Gades e Laura Del Sol; novela de televisão; e em peças teatrais, com várias montagens, seguindo a estrutura tradicional do TEATRO ou passando por adaptações, pelas diferentes visões de encenadores, no Brasil e em muitos outros países.
Tendo origem na novela clássica, do historiador, arqueólogo, político e escritor romântico francês PRÓSPER MÉRRIMÉE (Paris, 1803 – Cannes, 1870), “CARMEN”, a história da “cigana que usa seus talentos de dança e canto para enfeitiçar e seduzir vários homens”, já foi transformada numa das mais célebres óperas de todos os tempos, a mais popular no mundo, talvez, composta pelo francês Georges Bizet, à qual não me canso de assistir; em balé, com várias versões, inclusive no emblemático Teatro Bolshoi; em diversos filmes, com destaque, a meu juízo, para o que foi dirigido por Carlos Saura, tendo, como protagonistas, Antonio Gades e Laura Del Sol; novela de televisão; e em peças teatrais, com várias montagens, seguindo a estrutura tradicional do TEATRO ou passando por adaptações, pelas diferentes visões de encenadores, no Brasil e em muitos outros países.
Agora, somos apresentados a uma nova
e arrojada releitura de “CARMEN”,
sob as óticas de LUIZ FARINA, na criação dramatúrgica, e NELSON BASKERVILLE, na direção do espetáculo, idealizado
pelo casal FLÁVIO TOLEZANI e NATALIA GONSALES, os quais protagonizam
a peça, ao lado de VITOR VIEIRA.
A montagem
desembarcou no Rio de Janeiro, vinda
de São Paulo, onde cumpriu uma
brilhante carreira, com total sucesso de público e de crítica, em três temporadas
seguidas, no Teatro Aliança Francesa,
no Auditório MASP e no Tucarena.
SINOPSE:
CARMEN
(NATALIA GONSALES) e JOSÉ (FLÁVIO
TOLEZANI) vivem uma trágica paixão.
Na trama, ele narra o seu amor por ela
e o motivo que o levou à prisão.
E ela, através do seu olhar, narra o
seu ponto de vista em relação à história.
O espetáculo mistura ação e narração.
CARMEN
é uma cigana, cuja beleza quente atrai e seduz os homens.
Aquele que se apresenta como sua presa
e vítima, na trama, é o inocente soldado JOSÉ,
o qual se torna totalmente obcecado, em sua louca paixão, a ponto de perder a
farda, tornando-se seu amante, até o ponto de fazer parte de um bando de
contrabandistas, amigos de sua amada.
Em nome da liberdade de amar, a cigana
acaba deixando o pobre e iludido amante, trocando-o por um famoso toureiro.
O enfeitiçado e traído é tomado por um
acesso de ira e ciúme, e as consequências são as mais trágicas possíveis.
Do
original, ficou, nesta adaptação
dramatúrgica, a ideia central da trama, um drama de amor e ódio, uma relação amoroso fatídica, ambientada na Sevilha do século XIX, mas que, aqui, pela temática e pela adaptação, pode
ser considerada atemporal e passível
de acontecer em qualquer lugar. LUIZ
FARINA permitiu-se uma licença para omitir personagens e concentrar as
ações, porém manteve intacto o eixo dramático
da trama, num trabalho digno de todos os elogios.
No formato de ópera, apresentada em quatro atos, o espetáculo dividiu muito as opiniões, quando de sua estreia, em 3 de maio de 1875, na Opéra-Comique de Paris, uma vez que foi considerada como um espetáculo “repugnante e obsceno”, chocando, quase que por completo, a plateia, acostumada a assistir a histórias “edificantes”, com finais felizes, muito distantes daquele espetáculo instigante e “impróprio”, no qual uma cigana, desprovida de qualquer moral, sem a menor sombra de remorso ou piedade, enfeitiçava e levava os homens à perdição. Por outro lado, houve, também, quem aplaudisse, ainda que em minoria, a obra, justificando que o autor da ópera, Bizet, queria “pintar homens e mulheres de verdade, alucinados, atormentados pelas paixões, pela loucura”, como publicou, à época, o respeitável jornal Le National, de Paris, opinião embaixo da qual assino, reconhecendo, ainda, em Bizet, a intenção de, o mais deliberadamente possível, romper com os padrões da época.
No formato de ópera, apresentada em quatro atos, o espetáculo dividiu muito as opiniões, quando de sua estreia, em 3 de maio de 1875, na Opéra-Comique de Paris, uma vez que foi considerada como um espetáculo “repugnante e obsceno”, chocando, quase que por completo, a plateia, acostumada a assistir a histórias “edificantes”, com finais felizes, muito distantes daquele espetáculo instigante e “impróprio”, no qual uma cigana, desprovida de qualquer moral, sem a menor sombra de remorso ou piedade, enfeitiçava e levava os homens à perdição. Por outro lado, houve, também, quem aplaudisse, ainda que em minoria, a obra, justificando que o autor da ópera, Bizet, queria “pintar homens e mulheres de verdade, alucinados, atormentados pelas paixões, pela loucura”, como publicou, à época, o respeitável jornal Le National, de Paris, opinião embaixo da qual assino, reconhecendo, ainda, em Bizet, a intenção de, o mais deliberadamente possível, romper com os padrões da época.
O fato
é que o caráter transgressor da protagonista
teria sido o grande responsável por toda a reação negativa do grande público, o
que, aos poucos, foi sendo deixado de lado, tornando-se a ópera o sucesso que
é, sempre que encenada, servindo de pontapé inicial para tantas outras
explorações da obra, nas mais
variadas formas artísticas, como já citado.
CARMEN é uma personagem quase que totalmente aceita e, até mesmo, respeitada, hoje
em dia, por seu empoderamento, pelo fato de representar o protótipo da mulher
contemporânea, libertária, independente, digna representante de uma geração feminina que deseja ter vez e voz, numa sociedade explicitamente machista, e
viver a vida livremente, mergulhada em fervilhantes paixões. Ela pregava, há
quase um século e meio antes do que, felizmente, está acontecendo agora, à
custa de muita luta, a liberação feminina, com frases emblemáticas, como “O
amor é um pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar...”; “[o
amor] não adianta chamá-lo, pois ele só vem quando quer.”; “...
e, quando pensa tê-lo aprisionado, ele se vai."; “O
meu coração é livre como um pássaro!”; “Não tenho medo de nada. Carmen
nunca cederá! Nasceu livre e livre morrerá!”. CARMEN é uma mulher que não teme a morte, fascinada pelo risco e
capaz de prever o seu próprio e trágico destino.
Interpretar
CARMEN é um grande desafio, para
qualquer atriz, das incipientes às
mais tarimbadas. É preciso ter um bom estofo, para encarar a personagem, o que, para NATALIA GONSALES, não representa nenhum
problema maior, uma vez que a atriz,
de grande gabarito, entregou-se, de corpo e alma, a este trabalho, resultando
numa belíssima e convincente atuação. NATALIA
transpira sensualidade, por todos os poros, assim como, embora de pequena
compleição física, do tipo “mignon”, cresce, no palco, agiganta-se e ocupa todos
os espaços por onde transita, com muita garra e determinação. Sem falar no seu
ótimo desempenho nas coreografias, uma
vez que se iniciou, nas artes, pela dança. É um deleite vê-la atuando, com
tanto desembaraço e amor à arte de representar!
JOSÉ, um cabo do Exército, é um homem de boa índole, honesto e decente, que põe tudo
a perder, não por sua própria culpa, mas porque “a carne é fraca”, e a alma
idem, e ele se deixa enfeitiçar pelos encantos perigosos de CARMEN, cai na sua teia, tornando-se um
fora da lei contumaz. No fundo, não passa de um pobre coitado, de uma grande
vítima da desgraça em que se vê envolvido.
FLÁVIO TOLEZANI, excelente “physique du role”, para representar o personagem, comporta-se com total correção, deixando bem à mostra o caráter de JOSÉ, principalmente nos seus momentos de desespero, de tormento. A sua fraqueza interior, por total dedicação àquele “amor bandido”, contrasta com seu porte físico. Acho esse detalhe muito interessante, na relação ator/personagem. Um corpo tão forte abriga uma alma tão frágil. Por conta disso, o personagem vai ao fundo do poço, chafurda na lama, da mesma forma como, em seus momentos de glória, desfruta, com grande saciedade e vigor, do corpo insaciável da amante.
FLÁVIO TOLEZANI, excelente “physique du role”, para representar o personagem, comporta-se com total correção, deixando bem à mostra o caráter de JOSÉ, principalmente nos seus momentos de desespero, de tormento. A sua fraqueza interior, por total dedicação àquele “amor bandido”, contrasta com seu porte físico. Acho esse detalhe muito interessante, na relação ator/personagem. Um corpo tão forte abriga uma alma tão frágil. Por conta disso, o personagem vai ao fundo do poço, chafurda na lama, da mesma forma como, em seus momentos de glória, desfruta, com grande saciedade e vigor, do corpo insaciável da amante.
Junta-se
aos talentos de NATALIA e FLÁVIO o ator VITOR VIEIRA, o
terceiro vértice do triângulo amoroso, que lê pela mesma cartilha do casal e
faz, também, um excelente trabalho de interpretação.
Considero
primorosa a direção de NELSON BASKERVILLE, por cujo trabalho,
como diretor, já havia me
apaixonado, desde quando assisti à sua montagem
de “Luis Antonio – Gabriela”, espetáculo tão premiado, o qual vi três
vezes, e mais o faria, se tivesse tido oportunidade. NELSON se utiliza, mais ou menos, nesta montagem, da mesma estética explorada em “Luis Antonio - Gabriela”, com elementos muito próximos aos daquele
trabalho. Assina uma direção
arrojada, moderna, tirando partido, ao máximo, de todos os elementos de que
dispõe no palco, como o cenário e a iluminação, por exemplo, que merecem
uma análise especial.
Ouvi,
sim, alguns comentários desabonadores, acerca do espetáculo, os quais respeito, porém dos quais discordo totalmente.
Quem criticou, negativamente, a peça,
em conversas particulares comigo, antes de eu ter assistido a ela, apontava
dois motivos para rechaçá-la: o fato de já ter sido montada e remontada “n”
vezes e, também, por não aceitar uma desconstrução de um espetáculo clássico.
Não vejo o menor problema com relação às duas “justificativas”. O que é bom é
eterno, os clássicos serão, sempre, clássicos, vistam as roupas que vestirem, e
as histórias só mudam de espaço, tempo e personagens, mas quase todas continuam sempre atuais, em função da
própria essência do ser humano, o qual não evolui como deveria. Quanto ao
aspecto de reler o que alguém escreveu para outrem ler, vejo nisso um grande mérito,
desde que não se descaracterize a obra.
O centro
da trama, infelizmente, se repete todos os dias, sob os mais diversos disfarces
ou variações. Vale a pena reproduzir algumas palavras de NELSON BASKERVILLE, sobre o espetáculo,
que podem abrir a mente de quem não o viu com bons olhos (foi uma minoria, felizmente) e auxiliar os que ainda assistirão a
ele a compreender o porquê desta encenação
e os objetivos do diretor,
plenamente alcançados, com o que concordo totalmente: “O ponto de vista que nos interessa
é o de CARMEN, a mulher assassinada, dentro de uma sociedade que pouco mudou de
comportamento, ao longo dos séculos, que aceitou, brandamente, crimes famosos,
cometidos contra mulheres, como os de Doca Street, Lindomar Castilho e, mais
recentemente, o de Bruno, o goleiro. Crimes, muitas vezes, justificados, pela
população, pelo comportamento lascivo das vítimas, como se isso não fosse
aceito em situações invertidas relativas ao comportamento masculino. O homem
pode. A mulher não. Nesta encenação, CARMEN morre, não porque seu comportamento
justifique qualquer tipo de punição, mas porque JOSÉ é um homem, como tantos outros, doente, como a sociedade que o criou”. Considero muito lúcido
esse depoimento.
Extraído
do “release” da peça, enviado por DOUGLAS PICCHETTI
(POMBO CORREIO ASSESSORIA DE IMPRENSA), acho que vale a pena este registro:
“ Na
atual encenação, elementos clássicos, como a dança flamenca, os costumes
ciganos, a tauromaquia (arte de tourear), entre outros, são ressignificados, ao
som de guitarras distorcidas, microfones e coreografias, para que não reste
dúvida de que estamos repetindo histórias tristes de amor, de paixões
destruidoras”. E eu acrescento que tudo isso, aliado a outros fatores,
faz com que o público, muito próximo à ação, se deixe transportar para o palco
e sinta toda a emoção e a energia que de lá avança em sua direção.
Uma das ideias do projeto é resgatar os principais
personagens, os quais, paulatinamente, passando de releitura a releitura,
foram perdendo um pouco da sua essência original, criada por MÉRIMÉE, como o exemplo de CARMEN, que, de uma “figura
esquiva e inconstante”, passou a um exemplo de “femme fatale”. Essa ideia serve “para que o público volte a se
intrigar e querer decifrá-los”. A montagem
conta com uma leitura desconstruída, em que se permite que “a construção cênica explore a
cultura cigana, numa linguagem contemporânea”. Assim, vemos, no palco,
uma fusão de linguagens artísticas: o TEATRO,
a dança e a música.
Há dois elementos técnicos, numa montagem teatral, que, quando dialogam
bem, valorizam qualquer espetáculo e
seus destaques são observados, com facilidade, pelo público. São eles o cenário e a luz, aqui exaltados por todas as pessoas com as quais tive a
oportunidade de conversar sobre a peça.
A mim, encantaram-me ambos e se completam perfeitamente. Cenografia e iluminação
são assinados por uma única grande profissional, MARISA BENTIVEGNA, que se ocupou em imprimir interessantes metáforas no cenário, tão expressivo e difícil de ser descrito, em detalhes, e
de uma serventia incrível à estética da direção.
Cada detalhe do criativo cenário,
cada cena são postos em evidência com a utilização de uma luz adequada a cada situação; mais vibrante, nos momentos de maior
tensão; mais calma, nas cenas mais “calientes” e passionais. Não me canso de
admirar e exaltar esse trabalho conjunto.
A música original, de MARCELO PELLEGRINI, é de suma
importância nesta encenação, criando
estímulos para as situações e sensações que se deseja passar ao público. Ajuda
a criar os ambientes próprios a cada cena, funciona quase como um quarto personagem.
Reconhecimento também merecem FERNANDA BUENO e ANDI EL CANIJO, respectivamente, responsáveis pela fantástica direção de movimento e coreografias, aquela, e pelo treinamento na dança flamenca, este.
Reconhecimento também merecem FERNANDA BUENO e ANDI EL CANIJO, respectivamente, responsáveis pela fantástica direção de movimento e coreografias, aquela, e pelo treinamento na dança flamenca, este.
LEOPOLDO PACHECO e CAROL BADRA, que assinam os figurinos, optaram por manter as marcas dos trajes típicos espanhóis, sem, porém, repetir o que estamos acostumados a ver por aí, com o acréscimo de detalhes hodiernos e fora do universo original do enredo. Um acerto, acrescento.
FICHA TÉCNICA:
Criação Dramatúrgica: Luíz Farina
Direção: Nelson Baskerville
Assistente de Direção: Janaína Suaudeau
Elenco: Natalia Gonsales, Flávio Tolezani e Vitor
Vieira
Direção de Movimento e
Coreografia: Fernanda Bueno
Flamenco: Andi El Canijo
Música Original: Marcelo Pellegrini
Cenário e Iluminação: Marisa Bentivegna
Figurino: Leopoldo Pacheco e Carol Badra
Designer Gráfico: Murilo Thaveira
Fotografia: Ronaldo Gutierrez
Técnico de Luz: Walace Furtado
Técnica de Som: Caio Nogueira e Joana Guimarães
Técnico de Palco: Daniel Benevides
Produção Executiva: Joana D´Aguiar
Realização: Bem Casado Produções Artísticas
Idealização: Natalia Gonsales e Flávio Tolezani
SERVIÇO:
Temporada: De 13 de setembro a 28 de outubro de 2018.
Local: Teatro Poeira.
Endereço: Rua São João Batista, 104, Botafogo - Rio
de Janeiro – RJ.
Telefone: (21) 2537-8053.
Dias e Horários: Às
quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, às 21h; aos domingos, às 19h.
Valor dos Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada).
Horário de Funcionamento
da Bilheteria: De terça-feira a
sábado, das 15h às 21h; domingo, das 15h às 19h.
Classificação Etária: 14 anos.
Duração: 70 minutos.
Capacidade: 150 lugares.
Gênero: Drama.
teatropoeira@teatropoeira.com.br
www.teatropoeira.com.br
teatropoeira@teatropoeira.com.br
www.teatropoeira.com.br
Que
sempre surjam muitas novas releituras de grandes clássicos da literatura, no TEATRO, com a mesma qualidade deste
grande espetáculo, que eu recomendo, com o maior empenho, e
que procurarei rever, se me for possível, para me deliciar com uma ótima produção teatral.
Parabenizo, FLÁVIO TOLEZANI e NATALIA GONZALES, pela idealização
desta montagem, assim como a todos
os envolvidos neste arrojado e encantador projeto.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE
MELHOR NO
(FOTOS: RONALDO GUTIERREZ.)
GALERIA PARTICULAR:
(FOTOS: JOÃO PEDRO BARTHOLO.)
GALERIA PARTICULAR:
(FOTOS: JOÃO PEDRO BARTHOLO.)
Com Natalia Gonsales.
Com Flávio Tolezani.
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