quarta-feira, 3 de junho de 2015


BORDERLINE

 

(LIMITES?  O QUE SÃO?)

 

 

 

 

 


 

 

 

            Você sairia de sua casa, numa noite chuvosa de sexta-feira, no Rio de Janeiro, engarrafado, para assistir a uma peça, chamada BORDERLINE, um monólogo, feita por um ator que não frequenta a mídia, BRUCE BRANDÃO, escrita por um dramaturgo desconhecido (era, para mim), chamado JÚNIOR DALBERTO, e dirigida por um ator, MARCELLO GONÇALVES, em sua primeira experiência nessa área?

            Provavelmente, sua resposta seria negativa.  E eu só posso lhe dizer:
 

VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ PERDENDO!!!
 

NÃO SABE O QUE PERDERÁ, SE NÃO FOR, LOGO, ASSISTIR A ESSA PEÇA!!!

 

            BORDERLINE está em cartaz, de 5ª feira a sábado, às 21h, e, aos domingos, às 20h, no Galpão das Artes do Teatro Tom Jobim (dentro do Jardim Botânico), até o dia 28 de junho.

 

Para mim, foi uma das melhores surpresas, em TEATRO, dos últimos tempos.

 

 

 

A peça fala sobre transtornos como bipolaridade e esquizofrenia (Foto: Divulgação)

Bruce Brandão.

 

 

 

 
UM POUCO SOBRE A SÍNDROME DE BORDERLINE:
 
Síndrome de Borderline, ou Transtorno de Personalidade Limítrofe, é uma grave doença psicológica.  Os indivíduos com essa síndrome vivem no limite entre a normalidade e os surtos psicóticos, com dificuldades para se relacionar, oscilações de humor e impulsividade, atingindo, também, as pessoas que o cercam.  
Os sintomas começam a se manifestar na adolescência e se tornam mais frequentes no início da vida adulta.  É, frequentemente, confundida com esquizofrenia ou transtorno bipolar, porém possui características diferentes, como a duração e intensidade das emoções.
Os sintomas podem ser oscilações de humor, agressividade, irritabilidade, depressão, automutilação, comportamentos suicidas, medo de abandono, dificuldade em lidar com as emoções, mudanças de planos profissionais e nos círculos de amizades, impulsividade e baixa autoestima.
O tratamento é feito através de uma combinação de medicamentos e de acompanhamento psicológico.  Os medicamentos usados, com mais frequência, no tratamento da Síndrome incluem antidepressivos, estabilizadores de humor e tranquilizantes.
A psicoterapia é o principal tratamento utilizado, porém requer paciência e força de vontade do paciente.  É na psicoterapia que o indivíduo aprende a lidar com suas  emoções e a controlá-las.
A síndrome de Borderline não tem cura, porém o tratamento ajuda a diminuir as crises de personalidade na doença.
 
 

 

 

 

 


Rutras (Bruce Brandão).

 

 

 

 
SINOPSE:
 
RUTRAS, personagem vivido por BRUCE BRANDÃO, retrata, artística e poeticamente, um ser com transtorno de personalidade.
Bipolaridade, esquizofrenia, desejos, loucura e lucidez.  Esses são os temas de BORDERLINE, baseado no conto de JÚNIOR DALBERTO.
RUTRAS, personagem do livro O Cangaço e o Carcará Sanguinolento, posiciona-se diante de questões íntimas, relacionadas à família, sociedade, mundo cibernético e sua relação com a geração dos anos 90.
Para o ator BRUCE BRANDÃO, as leituras sobre o tema Borderline foram fruto do contato com o autor JÚNIOR DALBERTO, em Natal, onde residem.  Encantado com esse universo, fez suas pesquisas e se familiarizou com o tema.
Aos poucos, o personagem vai contando, da forma mais realista e natural possível, fatos e passagens da sua vida, desde a infância, quando ganhou um cãozinho do pai, já que ele era um menino “estranho” e sozinho. 
O cão era epilético e o menino deixou, com prazer, que o animal agonizasse, até a morte, negando-lhe uma dose do remédio que poderia salvar-lhe a vida.
A narrativa das relações incestuosas com a irmã, iniciadas, precocemente, aos doze anos de idade, quando esta era dez anos mais velha que ele, é de uma verdade teatral impressionante, até os detalhes do suicídio da moça (jogou-se do 18º andar do prédio em que moravam, caindo próximo à piscina), grávida dele, revelação feita, em carta, seguida do trágico gesto, no dia da festa dos quinze anos do adolescente, assim como o relato da morte da mãe, super obesa, para o que contribuiu, de propósito, o personagem, sem que nenhum desses atos, e outros afins, lhe causasse remorso,  arrependimento.
 
 

 

 

 

 


 

 

 

 


        

 

 

           Não é necessário se estender tanto, para dizer que este espetáculo é, até o presente momento, o grande “azarão” do páreo, se considerarmos que não conta com patrocínios, e todos os envolvidos no projeto, a despeito da grande competência profissional, não são conhecidos do grande público.

           Trata-se de um espetáculo de montagem modesta, em termos de cenário, luz e figurinos, os quais, no entanto, funcionam perfeitamente. 

           Conta com uma boa direção (MARCELLO GONÇALVES), traz um excelente texto (JÚNIOR DALBERTO) e, o melhor de tudo, nos apresenta um ator (BRUCE BRANDÃO), simplesmente, fantástico.

 

 

 


 

 

 

           O trabalho de BRUCE é merecedor de prêmios, e, não vai demorar muito, seu nome passará a ocupar espaço na mídia, tão logo algum “olheiro” da TV o veja atuando. 

           Seu trabalho é comovente.  É total a sua entrega ao personagem, sem deixar de falar na facilidade como ele brinca com o corpo, a voz e as expressões faciais, tudo a tempo e a hora.

           O cenário (ALEX BROLLO, RAFAEL RONCONI e HENRIQUE NEVES), que, no programa da peça, aparece com a rubrica “direção de arte”, não precisa mais do que uma mesa, sobre a qual estão alguns pequenos objetos, com destaque para uma moringa e uma caneca; uma cadeira, com um espaldar “diferente”; e quatro telas brancas, sobre rodas,  que o ator vai dispondo em formações diferentes, com uma bela luz predominando por trás das telas.

 

 

 


 

 

 

           O figurino, que creio estar ligado, também, à direção de arte, uma vez que não aparece destacado, no programa da peça, não vai além de um macacão, sobre uma camiseta, e um chapéu coco.  Mais que isso seria desperdício.

           A iluminação (FELIPE LOURENÇO) é bem interessante e realça alguns detalhes nesta montagem.

           Também merece um comentário positivo a direção de movimento (MÁRCIO VIEIRA).

           Um dos pontos mais altos do espetáculo fica por conta da excelente trilha sonora, cujo autor (não sei se é criação coletiva) também não consta na ficha técnica, de um bom gosto ao extremo, com detalhe para a inserção, numa das cenas, de Rhapsody in Blue, de Gershwin, e de um lindíssimo tango e de um, não menos lindo, fado.

 

 


 


 


 

           Eu desejo que muita gente vá prestigiar este magnífico espetáculo e dar uma força a uma companhia modesta, mas MUITO COMPETENTE, que se vê na necessidade de vender alimentos, guloseimas e “souvenirs”, à saída do espetáculo, com o objetivo de conseguir algum dinheiro, para a manutenção do espetáculo. 

           É uma atitude de coragem, linda, comovente, e que merece todo o meu respeito.  Ali, naquela banquinha, está presente o verdadeiro AMOR AO TEATRO!

 

           Parabéns a todos!!!  

 

           Parabéns à Cia. de Arte Nova!

 

 

 


 

 

 



 
 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto: Júnior Dalberto
Direção: Marcello Gonçalves
Elenco: Bruce Brandão
Iluminador: Felipe Lourenço
Diretor de Movimento: Márcio Vieira
Direção de Arte: Alex Brollo, Rafael Ronconi e Henrique Neves
Direção de Produção: Aline Mohamad e Rodrigo Turazzi
Produção Executiva: Bruna Fachetti e Danielle Toledo
Assistentes de Produção Executiva: Marcela Peringer, Michele Hayashi e Fabiana Sil
Programador Visual: Carol Vasconcellos
Assistente de Direção: Danielle Toledo e Karini Oliveira
Assistente de Direção de Arte: Desireé Raian e Karini Oliveira
Assistente de Iluminação: André Lyma e Diego Dantas
Administração: Bruna Fachetti e Fabiana Sil
Direção de Palco (Stage Manager): Vinicius Conrad
Fotografia: André Lyma e Vinicius Conrad
Web Designer: Henry Kaminski
Assessoria de Imprensa: Minas de Ideias
Realização: Cia de Arte Nova
 
 

 

 

 

 


 

 

 

 

 
 
SERVIÇO:
 
 
Local: Espaço Tom Jobim – Galpão das Artes
Endereço: Rua Jardim Botânico – 1008 – Telefone - (21) 2274-7012
Temporada: Até 28 de junho/2015
Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h – Domingo, às 20h
Valor: R$ 40,00 (Inteira)
Classificação: 16 anos
Capacidade: 60 Lugares
Gênero: Drama
Duração: 60 min.
 

 

 

 

 


 

 



 

 

 



 

 

 

 

(FOTOS: ANDRÉ LYMA e VINÍCIUS CONRAD.)

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