sexta-feira, 12 de junho de 2015


A ATRIZ

 

 

 

(DIVERTIMENTO GARANTIDO, FEITO COM MUITO AMOR, GARRA E COMPETÊNCIA.)


 

 


 

 

            Nem pensar em “bater palma, pra maluco dançar”!  Conhecem o sentido dessa frase, não?

 

            Não vou, pois, perder meu tempo, falando dos bastidores deste espetáculo, do que aconteceu, antes de ele estrear.  Vou falar, sim, apenas do que eu vi e com o que me diverti muito.

 

            E vamos logo ao assunto: o espetáculo A ATRIZ, em cartaz, até 28 de junho de 2015, numa das salas do Teatro do Leblon, é uma comédia leve, despretensiosa, porém muito bem feita, divertida, com o objetivo, primeiro, de entretenimento da plateia.

 

Por outro lado, no fundo, trata de um tema que permite uma reflexão sobre a hora de sair de cena, de interromper uma carreira e apostar no desconhecido.  Também toca no fato de os autores escreverem bons papéis apenas para atores e atrizes jovens.  Não deixa de ser um exercício, interessante, de reflexão.

 

            Inicio por transcrever parte do “release” que me foi enviado pela assessoria de imprensa. 

 

Em comemoração aos 50 anos de carreira, BETTY FARIA estrela a peça A ATRIZ, com direção de BIBI FERREIRA, texto do inglês PETER QUILTER e produção de MONTENEGRO e RAMAN.”


 

 




 


 

 

 

 

 
SINOPSE:
 
A peça mostra os bastidores da última apresentação da famosa atriz LYDIA MARTIN (BETTY FARIA), no dia em que ela vai entrar no palco pela última vez, encenando O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov. 
A ação do espetáculo acontece, predominantemente, no camarim da diva.  Apenas em duas (ou três) rápidas cenas, o palco do teatro em que está acontecendo a última apresentação de LYDIA é o local da ação.
LYDIA é uma mulher que dedicou todos os anos de sua vida ao TEATRO e às personagens que interpretou, mas está, agora, vivenciando um momento de dúvida: “Serei ainda convidada para grandes personagens? Ou esse direito e essa glória pertencem apenas às mais jovens?”.  
BETTY FARIA divide o palco com BEMVINDO SIQUEIRA, que interpreta CHARLES, seu noivo, um homem mais velho, caquético, riquíssimo, com quem ela pretende viver fora do país, na Suíça, ao se aposentar.  
Só que ainda mantém o desejo por PAUL (GIUSEPPE ORISTANIO), seu ex-marido e pai de seu filho, DANIEL (PEDRO GRACINDO), e que resolve visitar a ex-mulher, antes do início da derradeira sessão em sua carreira, confessando-lhe que jamais a esquecera, o que a confunde bastante.  
LYDIA ainda tem que lidar com ROGER (GABRIEL GRACINDO), o temperamental diretor do espetáculo, e suas exigências cênicas; BERRY (CACAU HYGINO), seu agente, afogado em carências e preocupado em perder a sua “galinha dos ovos de ouro”; e KATHERINE (STELA FREITAS), a fiel camareira, vagando, nos bastidores, entre a humildade e o veneno mortal.
Várias pessoas conhecidas invadem o camarim, para se despedir da ATRIZ, declarar-lhe seu amor, gargalhar, insultar, dar-lhe um último abraço ou retomar velhas questões.
LYDIA, na companhia de sua camareira, recebe a todos, entre goles de bebidas e cercada de muitas flores, enviadas pelos admiradores.
 

 





Betty e Bemvindo.

 



Betty e Giuseppe.

 



Betty e Pedro.

 



Gabriel e Bemvindo.

 



Betty e Cacau.

 



Betty e Stela.

 



Para recomendar este bom espetáculo, não há necessidade de me alongar nos comentários.  Vou me restringir, apenas, ao que a minha consciência de espectador e crítico me orienta.


O que mais me despertou a atenção, na peça, a ponto de me emocionar, foi ver, novamente, em cena, BETTY FARIA, que já ultrapassou a casa dos 70 anos de idade e comemora 50 de profissão, com um frescor, uma jovialidade, uma energia, em cena, como se fosse uma iniciante, que soubesse haver, na plateia, quem a pudesse alçar a uma carreira de sucesso.  É visível, no rosto da veterana atriz, a sua alegria, o seu prazer de estar atuando, o que faz exatamente como deveria ser, no tom exato, sem os exageros que tornam caricato o protótipo de uma diva.  Não!  LYDIA é uma diva mais com os pés no chão do que voando nas nuvens, preocupada com o seu futuro.  Ponho em relevo, além de sua correta atuação, a coragem e o profissionalismo, ao assumir uma substituição de última hora e conseguir, muito bem, dar conta do recado.




 


Elegância.

 




Elegâncias.

 



BIBI FERREIRA dispensa qualquer comentário, quando tem um trabalho seu analisado, seja como atriz, cantora ou diretora.  Tudo o que se falar sobre esse “totem” vivo (Graças a Deus!) do TEATRO BRASILEIRO será mera repetição.  Além de sua assistente de direção, PAULA LEAL, contou, também, na reta final dos ensaios, com a luxuosa ajuda de SUSANA GARCIA.
  

O autor do texto já teve algumas de suas peças encenadas no Brasil, como o belíssimo musical Judy Garland – O Fim do Arco-Íris, dirigido pela dupla Charles Möller e Cláudio Botelho, sobre a vida da cantora Judy Garland, divinamente interpretada por Cláudia Netto, e a comédia A Gloriosa, sobre a vida de Florence Foster Jenkins, considerada “uma das piores cantoras de todos os tempos”, espetáculo também dirigido pela dupla Möller & Botelho.  Ambas foram grandes sucessos, de público e de crítica, assim como está sendo esta A ATRIZ.

 




Ironias.


 


Todos “expulsos” do camarim.

 



No elenco, consideradas as condições de trabalho, não as oferecidas pela produção/direção, que sempre foram as melhores possíveis, até que as cortinas fossem abertas, devem ser tratados como verdadeiros e corajosos profissionais, GIUSEPPE ORISTANIO, brilhante, como sempre, no papel do ex-marido, que ainda sonha com uma reconciliação; STELA FREITAS, excelente atriz, também correta na construção da camareira; BEMVINDO SEQUEIRA, hilário, no papel do novo (velho) namorado da ATRIZ, sempre não resistindo a um “caco” ou outro; PEDRO GRACINDO, bem, em cena, no papel do discreto filho da diva, que não pretende participar muito da vida gloriosa da mãe; GABRIEL GRACINDO, como o cruel diretor, que “disputa”, com a ATRIZ, o estrelismo do espetáculo; e CACAU HYGINO, que, apesar de se sair bem, como o agente da protagonista, parece-me exagerar, um pouco, às vezes, nas suas “carências”, nada, porém, a ponto de desabonar a sua atuação.  Acho que poderia rever esse aspecto, já que ouvi o mesmo comentário de um pequeno grupo de espectadores, que ajudavam a lotar o teatro, no dia em que assisti ao espetáculo.

 




Juras de amor.

 



Fica comigo!

 



O cenário, de JOSÉ DIAS, é mais um de seus excelentes trabalhos, reproduzindo, com bom gosto e fidelidade, um camarim de teatro, de uma grande atriz.  Quando for assistir ao espetáculo, procure reparar nos detalhes da decoração.


SÔNIA SOARES abusou do direito de ter bom gosto na criação dos figurinos.  São todos muito acertados e confeccionados com requinte, com destaque para os que são usados por BETTY FARIA.  A figurinista não economizou em detalhes.  Reparem, por exemplo, nos complementos dos trajes, principalmente os sapatos.  Ouvi suspiros de várias mulheres, com relação aos figurinos.

Contribui para a beleza plástica do espetáculo, a bonita iluminação de PAULO CÉSAR MEDEIROS e o visagismo, de MELISSA PALADINO.


Achei bastante interessante a inserção, no texto, da explicação que LYDIA dá à camareira, sobre a origem da saudação “MERDA!”, que é feita aos atores, antes de uma estreia ou de cada apresentação, equivalente a se desejar “boa sorte”.


É bonito e tocante o discurso que a ATRIZ faz, após sua última apresentação, agradecendo, ao público, tudo o que dele recebeu, durante sua carreira, e falando o que significam, para ela, o aplauso e a profissão de atriz, o ofício de representar.  BETTY mostra-se bastante convincente – emociona - com esse texto, pois ele representa, de verdade, o que vai no coração de quem se dedica à nobre arte do TEATRO.




 


Alegria estampada na face.

 

 


 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Autor: Peter Quilter
Tradução: Bemvindo Sequeira
ELENCO: Betty Faria, Giuseppe Oristanio (convidado), Bemvindo Sequeira (participação especial), Stela Freitas (convidada), Gabriel Gracindo, Cacau Hygino e Pedro Gracindo
Direção: Bibi Ferreira
Assistente de direção: Paula Leal
Direção de Movimento: José Possi Neto
Cenário: José Dias
Figurino: Sônia Soares
Visagismo: Melissa Paladino
Iluminação: Paulo César Medeiros
Som: André Garrido
Trilha Sonora: Paulo Francisco Paes
Produtora Executiva: Cláudia Goldstein
Programação Visual: Roberta de Freitas
Direção de Produção: Marcus Montenegro
Uma produção MONTENEGRO E RAMAN
 

 

 

 


Antes de abrir o pano.

 

 

 


Antes de fechar o pano.

 

 


 

 
SERVIÇO:
 
Teatro do Leblon (a sala do meio).
Temporada: Até 28 de junho.
Dias e horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor do ingresso: R$100,00
Classificação indicativa: 14 anos​
Duração: 80 minutos
 
 

 



O reconhecimento do público, o mais importante.

 

 

 

 

(FOTOS: VERA DONATO
e RODRIGO LOPES.)

 

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