A QUANTAS SEPARAÇÕES
UMA MULHER É CAPAZ DE SOBREVIVER?
(QUER SE DIVERTIR? ENTÃO VÁ!)
Não sei se alguém se
interessaria pelo título. É longo, eu
sei; talvez meio impróprio para “vender” uma peça. Mas eu fui.
Não
sei se alguém se interessa tanto por monólogos quanto eu. Mas, porque gosto muito deles e os valorizo,
eu fui.
Não sei se alguém sairia
de casa para assistir a um monólogo, escrito e dirigido por uma atriz que frequenta
pouco a mídia, principalmente a “grande mídia”.
Mas eu fui.
Não sei se mesmo quem
conhece GUIDA VIANNA, como a grande atriz que é, acreditaria que ela também se sai bem
dirigindo. Mas disso eu já sabia, por
trabalhos anteriores; e fui.
EU FUI E
GOSTEI!
Renata
ou Ana?
O monólogo A
QUANTAS SEPARAÇÕES UMA MULHER É CAPAZ DE SOBREVIVER?, escrito e representado por RENATA
TOBELEM e dirigido por
GUIDA VIANNA,
com co-direção de MICHEL BERCOVITH, está em cartaz, até 29 de outubro, no
Teatro do Leblon (Sala Tônia Carrero), às 3ªs e 4ªs feiras, às 21h.
SINOPSE:
ANA é uma mulher de 33 anos, destemperada e intensa
nas suas decisões, que faz da sua vida uma incessante busca de sua alma gêmea,
do seu “príncipe encantado”. Após o
fracasso de seu último relacionamento, ela grava um vídeo, contando a
sua história, transformando seus depoimentos em um hilário e caótico
ritual.
Não preciso escrever muito
para dizer que gostei de um espetáculo. É
por isso que serei um pouco breve, mas não posso deixar de recomendar esta deliciosa comédia
dramática, em forma de monólogo. E por
quê?
1) O texto apresenta um humor
simples, de bom gosto, fácil de ser assimilado e que traça relações com o
cotidiano das pessoas normais, principalmente das mulheres – que todos
conhecemos – que “não dão sorte no amor”, vivem se entregando, de corpo e alma,
a quem lhes acena com uma mínima possibilidade de fazer parte da sua
felicidade; aquelas que investem tudo numa relação e que vivem “quebrando a
cara’, sem, contudo, perder a esperança.
RENATA, a pessoa física, parece
ter passado por situações análogas às que faz desfilar em cena ou, simplesmente
pode ter se baseado em histórias observadas por ela própria ou, até mesmo, ter
imaginado aquelas situações. O fato é
que cada desilusão amorosa parece muito verdadeira, quando encenada.
A personagem ANA é apresentada como uma “vítima”,
embora o que ele faz e diz faça com que o trágico se transforme em cômico,
provocando as gargalhadas que pipocam pela minúscula Sala Tônia Carrero, durante todo o espetáculo.
O título deixa bem claro
que sua intenção, com esse texto, é mostrar o que uma mulher consegue fazer, até
onde ela pode chegar, para suportar as dores de várias separações.
RENATA sabe brincar com o sério
e isso ameniza o sentimento de piedade pela personagem, que possa começar a
brotar no coração dos espectadores. (Na
sessão a que estive presente, ao meu lado, uma senhora – Quem sabe uma ANA? – não
parava de sussurrar; “Coitadinha!”. Mas também
não parava de rir.)
Nas palavras da
personagem: “Separações dão muito
trabalho. Temos que administrar os
nossos sentimentos e os da outra pessoa também. E, quando nos recuperamos de uma, começa tudo
outra vez… No final de cada relação mal
sucedida, quando tudo o que resta são feridas, mágoas e dúvidas, a pergunta
volta: tudo isso valeu a pena? Queremos
mesmo ter uma vida de comercial de margarina ou fomos programados para isso? Viajar ao passado pode trazer à tona as mais
dolorosas lembranças. Quanto mais
dolorosas elas tiverem sido, mais divertidas elas podem e devem se tornar no
futuro.”
E o que fazer para voltar à
realidade? Como levantar, sacudir a
poeira e dar a volta por cima? Servirá
de alguma coisa tocar o fundo do poço, cortar os pulsos, beber uísque com formicida? Não
seria melhor secar o pranto, retocar a maquiagem e voltar para a pista?
A peça não "puxa para
baixo", por contar histórias de amor mal-sucedidas, que não foram ruins, e sim
boas, enquanto duraram. Ao contrário, os
percalços de ANA acabam por ser positivos, para o espectador, elevando o astral;
propiciam uma reflexão sobre como ser feliz na vida, com ou sem amor.
2) A interpretação de RENATA, que, não por acaso, é
cria de O Tablado, tendo sido aluna de GUIDA, é ótima.
Sua veia cômica é inegável e a atriz demonstra conhecer muito bem o
tempo da comédia e sabe dosar os gestos, as pausas, as entonações, de modo a
provocar boas gargalhadas, principalmente porque está solta, num bom texto, de
sua própria lavra.
3) A direção de GUIDA
VIANNA é competente,
sem maiores novidades, explorando o que de melhor a atriz pode render em cena, funcionando,
pereceu-me, mais como uma “orientadora” do trabalho. Tudo com muita correção e parcimônia. Nada soa falso nem exagerado nas marcações
nem na linha de interpretação da atriz.
Guida Vianna e Renata Tobelem.
4) Os demais elementos da ficha
técnica, abaixo
relacionados, colaboram bastante para a correção do espetáculo, que pode “não
ser uma Brastemp”, mas que deixa a nossa cervejinha muito bem gelada, tinindo,
na temperatura ideal para nos proporcionar um bom prazer. E isso é o que interessa.
Se sua intenção
é procurar um bom divertimento, pronto; já o encontrou.
FICHA TÉCNICA:
TEXTO:
RENATA TOBELEM
DIREÇÃO:
GUIDA VIANNA
CO-DIREÇÃO:
MICHEL BERCOVITH
ELENCO:
RENATA TOLEBEM
ASSISTENTE
DE DIREÇÃO: RENATA AMARAL
CENÁRIO:
LÍDIA KOSOVSKI e NICOLE MARENGO
FIGURINO:
SOL AZULAY
ILUMINAÇÃO:
FELIPE LOURENÇO
TRILHA
SONORA: MICHEL BERCOVITCH
PREPARAÇÃO
VOCAL: LETÍCIA CARVALHO
ASSESSORIA DE IMPRENSA: MINAS DE IDEIAS
FOTOS: GUGA MELGAR
ASSESSORIA DE IMPRENSA: MINAS DE IDEIAS
FOTOS: GUGA MELGAR
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: KEVIN COSTA
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: FERNANDO DO VAL
REALIZAÇÃO: DO VAL PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: FERNANDO DO VAL
REALIZAÇÃO: DO VAL PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
SERVIÇO:
Até
29 de outubro de 2014
Dias
e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 21h
Local:
TEATRO LEBLON – SALA TÔNIA CARRERO
Endereço:
Rua Conde de Bernadote - 26 – Leblon
Duração:
65min
Classificação:
14 anos
Gênero:
Comédia Dramática
(FOTOS: GUGA MELGAR.)
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