domingo, 19 de outubro de 2025

 

“O FORMIGUEIRO”

ou

(A DISTOPIA DE UMA FAMÍLIA 

EM CRISE.)

 

 

         COMO É GRATIFICANTE SAIR DE UM TEATRO EM TOTAL ESTADO DE GRAÇA! Infelizmente, não é comum isso acontecer, mas, quando tal fato se dá, agradeço aos Deuses do Teatro por tal prazer e alegria. Foi o que ocorreu comigo, na noite de ontem (18 de outubro de 2025), depois de ter assistido a “O FORMIGUEIRO”, peça que está em cartaz, já em final de temporada - QUE PENA!!! - no Teatro Glaucio Gill, no Rio de Janeiro.




         O texto, excelentíssimo, é escrito por THIAGO MARINHO – seu primeiro texto para os adultos -, e também corresponde ao seu primeiro trabalho de direção. Por esses dois motivos, já passo a aplaudir e respeitar o THIAGO, que também é um ótimo ator, nas duas atividades.



SINOPSE:

“O FORMIGUEIRO” conta a história de uma família que se reúne para o almoço de aniversário da mãe, Gilda, que está em estágio avançado de Alzheimer.

O deprimente estado de saúde da matriarca da família serve como catalisador para a história, um gatilho.

A sinopse descreve o caos e as tensões que surgem nesse reencontro, abordando a forma como a doença afeta a dinâmica familiar, seus papéis e a convivência entre os irmãos, com um equilíbrio entre humor e drama. 

O reencontro familiar traz à tona traumas, disputas e um segredo, escondido sob as mentiras guardadas, há décadas, pela família.

A peça explora o impacto emocional e psicológico da doença na família, focando nas mudanças de papéis e na convivência entre os irmãos e a mãe.


 

 


          Lendo a SINOPSE supra, você, que me honra com a distinção da sua leitura, pode achar que não vale a pena assistir a esta montagem, pensando que vai sofrer por conta da doença de Gilda, mas fique sabendo que isso não é nada, diante dos conflitos que envolvem os três irmãos. Isso, sim, incomoda e provoca um oceano de reflexões no público. Mas nada que a gente não suporte, nada que possa nos afastar do prazer de assistir a um magnífico espetáculo do verdadeiro TEATRO, visto que se trata de uma COMÉDIA dramática, que amalgama momentos de um ótimo humor e passagens que mexem com o nosso emocional, tudo na dosagem certa, bem balanceado. Segundo THIAGO MARINHO, e eu ratifico, “a peça é mais engraçada do que triste”.




         Muito poucos dramaturgos atingem o grau de perfeição em sua primeira experiência como autores. THIAGO MARINHO apresenta-se como uma dessas raridades, ao nos brindar com um texto tão enxuto, sem qualquer tipo de “gordura” que pudesse ser retirada da peça, quanto perfeito em todos os arcos dramáticos. Do início ao final do espetáculo, que tem a duração de 80 minutos, a plateia se projeta para o espaço cênico e não consegue se desligar dele, atenta e totalmente motivada a saborear cada uma das falas e das cenas, como hipnotizada pela trama. O texto é atemporal e universal e nos surpreende com surpresas que ninguém consegue antever.




          Acumulando o dramaturgo com o diretor, THIAGO dá uma aula de direção teatral, muito criativo - a solução para termos Gilda em cena é ótima - e sabendo como extrair, do quarteto de atores, o melhor rendimento de cada um dos quatro, contando com a experiente supervisão artística de JOÃO FONSECA. Para quem se expõe, em sua primeira vez, como o “maestro” de uma montagem teatral, o diretor já disse a que veio, marcando seu território, com maestria, e se mostrando como um grande candidato a premiações, também como dramaturgo.



          Não basta um bom diretor, se lhe falta um elenco de primeira. Afinados no mesmo diapasão e nível de atuação, com o sarrafo colocado a uma superlativa altura, os atores não me permitem destacar algum nome, dado que cada um dos quatro dignifica a profissão de ator/atriz e sabe como se destacar em cada cena. O que não falta é verdade cênica a RODRIGO FAGUNDES (Luiz), LUCAS DRUMMOND (Victor), ROBERTA BRISSON (Joana) e DIEGO DE ABREU (Cláudio Márcio). Feliz reunião de talentos num só elenco. Todos se agarram à boa construção de cada personagem e nos revelam um estupendo quarteto de actantes. Os quatro personagens são profundo e humanos, o que cada um representa magistralmente.




         A força do texto e a atuação dos atores são os grandes “carros-chefes” desta peça, cujo acerto conta com uma excelente cenografia, assinada por VICTOR ARAGÃO, adequados figurinos, criados por LUÍSA GALVÃO, e uma afinada iluminação, idealizada por FELIPE MEDEIROS. Acrescentem-se, também, com suportes de criação para o espetáculo, a discreta e boa trilha sonora (IFÁTÓKI MAÍRA FREITAS) e a direção de movimento, a cargo de VICTORIA ARIANTE, que garante muita dinâmica à encenação



          A ideia para a escrita do texto teve como ponto de partida uma experiência pessoal, quando a condição da avó de THIAGO MARINHO mudou as relações da sua família, embora a história não represente a sua. Sabemos todos, por experiência própria ou pelo conhecimento via terceiros, que, “quando a doença de Alzheimer afeta uma pessoa, a dinâmica familiar também é abalada pela carga emocional e psicológica de cuidar de alguém doente, além das mudanças financeiras e sociais que acompanham a situação”, trecho extraído do “release” que me foi enviado por PAULA CATUNDA, assessora de imprensa da peça.



          Vale a pena uma explicação sobre o curioso título da peça, extraída do já citado “release”: O título da peça surge de um paralelo feito pelo autor entre a doença e a natureza. No formigueiro, há uma certa ordem de ‘status’ e posições. Mas, quando a rainha, genitora de seus súditos, deixa de cumprir sua função de liderança, o caos se instaura e as formigas perdem seu rumo, até que uma nova liderança surja. E, em uma família, não é diferente”.



 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Thiago Marinho

Direção: Thiago Marinho

Assistência de Direção: Mel Carvalho

Supervisão de Direção: João Fonseca

 

Elenco (por ordem alfabética): Diego de Abreu (Cláudio Márcio), Lucas Drummond (Victor), Roberta Brisson (Joana) e Rodrigo Fagundes (Luiz)

 

Cenografia: Victor Aragão

Assistência de Cenografia: Clarah Borges

Execução de Cenografia: Tessitura Produções Artísticas e Victor Aragão

Figurino: Luísa Galvão

Iluminação: Felipe Medeiros

Trilha Sonora: Ifátóki Maíra Freitas

Direção de Movimento: Victoria Ariante

Programação Visual: Marcelo Alvim

Produção Geral: Lucas Drummond

Coordenação de Produção: Nathalia Gouvêa

Produção Executiva: Ana Paula Marinho

Operação de Luz: Yasmim Lira

Operação de Som: Thiago Silva

Contrarregragem: Feliphe Afonso

Fotografia e Vídeo: Costa Blanca Films

Assessoria de Imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha

Realização: Ministério da Cultura e Gaulia Teatro.


 

 



 

SERVIÇO:

Temporada: De 04 a 27 de outubro de 2025.

Local: Teatro Glaucio Gill.

Endereço: Praça Cardeal Arco Verde, s/nº – Copacabana – Rio de Janeiro.

Dias e Horários: sábados, domingos e segundas-feiras, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada).

Vendas “on-line” pelo “site” da Funarj: https://funarj.eleventickets.com/ (com taxa de serviço).

Horário de funcionamento da bilheteria (sem taxa de serviço): De 2ª a 6ª feira, das 16h às 22h; sábado e domingo, das 15h às 22h.

Classificação Indicativa: 16 anos.

Duração: 80 min.

Instagram: oformigueiroteatro.

Gênero: COMÉDIA Dramática.




A peça aborda a memória, a convivência, os laços familiares e a forma como os indivíduos lidam com a mudança e a dor, tratando-se de uma COMÉDIA dramática que utiliza o humor, para lidar com um tema delicado, como a dor e o desespero diante de uma doença ainda incurável, o Mal de Alzeheimer



A montagem é apaixonante e me provocou o imenso desejo de revê-la, ainda que falte pouco tempo para o término da atual temporada. Tenho a certeza de que a peça merece outras e de que isso acontecerá, além de poder viajar por outras praças do Brasil. É, SEM SOMBRA DE DÚVIDAS, UM DOS MELHORES ESPETÁCULO A QUE ASSISTI NESTE ANO, E MOTIVOS NÃO ME FALTAM, PARA RECOMENDAR ESTE MAGNÍFICO ESPETÁCULO.

 

 

 

 

 


FOTOS: COSTA BLANCA FILMS

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É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!

























































































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