quarta-feira, 24 de setembro de 2025

“JERSEY BOYS – 

A HISTÓRIA DE

FRANKIE VALLI

E OS FOUR SEASONS”

ou

(MELHOR DO QUE

A MONTAGEM

DOS GRINGOS.)

 

 

 

         Há um pouco menos de dez anos, tive a rara e feliz oportunidade de assistir, em Londres, meio por acaso, a um musical surpreendente. Não tinha programação teatral para uma das minhas noites na capital inglesa e comprei ingresso para assistir a “JERSEY BOYS”. A única motivação que eu tinha para ver a peça era a minha imensa admiração por Frankie Valli e “The Four Seasons”, que marcaram a minha adolescência e parte da minha juventude. Fui sem muito esperar, porém saí do teatro maravilhado com o que vira. Quase uma década depois, vou a São Paulo, escolho assistir a uma versão brasileira da peça e me surpreendo muito mais ainda, ao constatar – Pasmem! – que a montagem “brazuca” é muito superior à londrina, no meu entender. “JERSEY BOYS – A HISTÓRIA DE FRANKIE VALLI E OS FOUR SEASONS” é o melhor musical a que já assisti neste ano da graça de 2025 e, dificilmente, mudarei de opinião até o final do ano. A conferir.

 



 

SINOPSE:

“JERSEY BOYS...” segue a jornada de Frankie Valli, Tommy DeVito, Bob Gaudio e Nick Massi, integrantes originais dos “Four Seasons”, banda norte-americana, de “rock” e baladas, que fez enorme sucesso, principalmente na década de 1960.

A montagem mostra desde as origens humildes dos integrantes, em Nova Jersey, até se tornarem estrelas internacionais.

Com destaque para os altos e baixos da carreira da banda, o musical inclui os sucessos estrondosos, os desafios pessoais e os conflitos internos que o grupo enfrentou.

“JERSEY BOYS...” é uma montanha-russa de emoções, que combina músicas icônicas, com uma narrativa envolvente sobre amizade, família e o preço da fama.


 



 

         O espetáculo, já assistido, ao redor do mundo, por mais de 13 milhões de pessoas e que, na montagem da Broadway, venceu quatro “Tony Awards”, incluindo o de Melhor Musical, além de um “Grammy”, para Melhor Álbum de Musical de Teatro, um “Oliver Award”, de Melhor Novo Musical, em Londres, e dois prêmios “Drama Desk”, conta a história do grupo “The Four Seasons”, grande fenômeno dos anos 1960, liderado pelo cantor norte-americano Frankie Valli, que atingiu o auge do sucesso, em 1962, quando gravaram a canção “Sherry”. Dentre outras músicas lançadas nos anos seguintes, encontram-se “Big Girls Don't Cry”, “Can’t Take May Eyes Off You”, “Beggin”, “Walk Like a Man” e “Spend The Night In Love”



Os “Four Seasons” foram, junto dos “Beach Boys”, a única banda norte-americana a ter sucesso nas paradas musicais antes, durante e após a invasão britânica, representada pelos “Beatles” e os “Rolling Stones”. A formação original da banda foi conduzida ao “Rock and Roll Hall of Fame”, em 1990 e ao “Vocal Group Hall of Fame”, em 1999. Eles são um dos grupos mais vendidos de todos os tempos, com vendas estimadas em mais de cem milhões de unidades, ao redor do mundo. Só na Broadway e no Reino Unido, o espetáculo atingiu a surpreendente marca de mais de 4.600 apresentações entre 2005 e 2017. 



         Um dos grandes trunfos deste espetáculo é o texto, que se propõe a mergulhar fundo nos bastidores da banda, jogando luz sobre cada um de seus participantes, mostrando-os, nua e cruamente, muito além do que lhes reservou a fama. Apresenta cada artista na sua porção humana, com seus vícios, medos, erros e acertos, sucessos e fracassos, revelando pessoas comuns, com total direito a acertar e errar, da forma mais humanizada possível. O espetáculo se reveste de muita beleza, mesmo quando aborda os muitos percalços pelos quais os integrantes da banda passaram, sem maquiar nada ou varrer para debaixo do tapete.



         Não assisti à montagem da Broadway, entretanto, quando digo, com o maior respeito, que a versão brasileira supera, em muito, a de West End, não o faço por puro ufanismo. Sem jamais me alinhar com a conhecida “síndrome de vira-lata” da maioria dos brasileiros, reconheço a nossa superioridade, no caso deste musical, por vários motivos.



A bela e corretíssima direção, de FRED HANSON, dinâmica por excelência, dispensa uma parafernália de elementos cenográficos e opta por uma cenografia comedida (BRUNO ANSELMO), com a utilização de poucos elementos cenográficos, o suficiente para ajudar a compor os diferentes espaços em que se dão as variadas cenas.



Quanto mais assisto a espetáculos cujos figurinos são encomendados a KAREN BRUSTOLLIN, mais ardoroso fã me revelo desta, que considero um dos mais importantes nomes de figurinistas do TEATRO brasileiro. As peças desenhadas por ela, para este espetáculo, principalmente os muitos trajes vestidos pelo quarteto dos “Four Seasons”, são de uma beleza ímpar, além de apresentarem um perfeito caimento e fino acabamento. E são fidelíssimos à estética da moda da época. Ingenuamente, cobicei ter alguns daqueles modelos no meu guarda-roupa particular (Momento descontração.).



MELISSA GUIMARÃES criou um desenho de luz fascinante, deixando em relevo, na devida intensidade, cada uma das cenas. A essa artista, não posso deixar de lhe render um preito de reconhecimento por um majestoso trabalho.



Um outro grande acerto desta montagem está na escolha de JORGE DE GODOY para a direção musical. Os arranjos musicais são perfeitos, principalmente os vocais. Não percebemos nada de relevante, em se tratando de diferenças, entre o som da combinação das quatro vozes dos nossos atores/cantores e as do quarteto original. São muitíssimo próximas. Por oportuno, julgo merecedores de muitos aplausos especiais os quatro que interpretam os “Four Seasons”: HENRIQUE MORETZSOHN (Frankie Valli), VELSON SOUZA (Tommy DeVito), ARTUR VOLPI (Bob Gaudio) e BRUNO NARCHI (Nick Massi). Todos brilham por demais, intensamente, em grupo ou individualmente, contudo há de se reservar um peso maior a MORETZOHN, por sua personalíssima voz, seu timbre inimitável, cantando em espantosos falsetes, atingindo notas que não seriam fáceis de serem alcançadas por outrem. A atuação de HENRIQUE MORETZOHN é, a meu juízo, digna de todas as premiações referentes à categoria Melhor Intérprete em Musicais, na temporada de 2025, até o presente momento, muito difícil de ser superada por alguma futura surpresa. 




Além das belas vozes do quarteto, este também atende às duas outras necessidades exigidas por quem pretende se destacar num musical: interpretam com total desembaraço e obedecem, corretamente, às excelentes coreografias, propostas por KÁTIA BARROS, que também é a responsável pela direção de movimento do espetáculo. Aproveitando o gancho, estendo as minhas felicitações aos demais 12 artistas que formam o elenco, todos nivelados por um sarrafo colocado muito ao alto: RENATO CAETANO (Gyp DeCarlo), WILLIAN SANCAR (Bob Crewe), RUPA FIGUEIRA (Barry Belson), ARTHUR BERGES (Joey Pesci e Barry Belson Cover), NATHAN LEITÃO (Norm Waxman e Tommy DeVito Cover), DIEGO LURI (Hank Majewski, Nick Massi Cover e Gyp DeCarlo Cover), GIGI DEBEI (Mary Delgado), LARA SULEIMAN (Lorraine), GIOVANNA MOREIRA (Francine), AMANDA BAMONTE (Swing e Dance Captain), PAULINHO OCANHA (Swing e Frankie Valli Cover) e FABIO GALVÃO (Swing e Bob Gaudio Cover).




         Para fechar as citações positivas nesta produção, na qual não consegui detectar qualquer imperfeição, reúno os nomes de TOCKO MICHELAZZO, pelo perfeito desenho de som, de FELICIANO SAN ROMAN, pelo desenho de perucas, e de CARLOS POMPEIO, pelo desenho de maquiagem. Não posso, ainda, deixar de fora o responsável pela versão brasileira, VICTOR MÜHLETHALER, e a produção geral, assinada por STEPHANIE MAYORKIS, que já nos brindou com uma quantidade imensa de grandes sucessos em musicais. No que diz respeito à versão para o nosso idioma, aplaudo a ideia de terem sido mantidas, no original inglês, todas as letras das canções da peça.






FICHA TÉCNICA:

Baseado no livro de Marshall Brickman e Rick Elice

Letras: Bob Crewe

Músicas: Bob Gaudio

Versão Brasileira: Victor Mühlethaler

Direção Artística: Fred Hanson

Direção Musical: Jorge de Godoy

 

Elenco: Henrique Moretzsohn, Velson Souza, Artur Volpi, Bruno Narchi, Renato Caetano, Willian Sancar, Rupa Figueira, Arthur Berges, Nathan Leitão, Diego Luri, Gigi Debei, Lara Suleiman, Giovanna Moreira, Amanda Bamonte, Paulinho Ocanha e Fabio Galvão

 

Coreografias e Direção de Movimento: Kátia Barros

Cenografia: Bruno Anselmo

Figurino: Karen Brusttolin

Desenho de Luz: Melissa Guimarães

Desenho de Som: Toko Michelazzo

Desenho de Perucas: Feliciano San Roman

Desenho de Maquiagem: Carlos Pompeio

Fotos: Caio Gallucci

Produção: IMM, EGG Entretenimento e Dínamo Realizações


 


 


 

SERVIÇO:

Temporada: De 02 de agosto a 28 de setembro de 2025.

Local: 033RoofTop.

Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041, Itaim Bibi, São Paulo - Complexo JK Iguatemi.

Dias e Horários: 6ª feira, às 20h30min; sábado e domingo, às 15h30min e às 19h30min.

Valor dos Ingressos: MESA VIP: R$ 175 (meia-entrada) e R$ 350 (inteira); MESA: R$ 160 (meia-entrada) e R$ 320 (inteira); PLATEIA: R$ 125 (meia-entrada) e R$ 250 (inteira); *POPULAR: R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira) - *sujeito à disponibilidade.

Clientes Santander têm 30% de desconto nos ingressos inteiros, limitados a 2 por CPF.

Vendas: Internet: https://www.sympla.com.br/ e Bilheteria física: Teatro Santander: Horário de funcionamento: Todos os dias, das 12h às 18h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação. A bilheteria do Teatro Santander possui um totem de autoatendimento, para compras de ingressos, sem taxa de conveniência, 24h por dia. Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041.

Verificar Descontos.

Duração: 150 minutos, com intervalo de 15 minutos.

Classificação Etária: Livre (Menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.)

Gênero: Musical.


 

 



       Gostaria muito de poder reassistir a este magnífico musical, entretanto não o conseguirei, por questão de agendas. Nunca é demais lembrar que uma montagem como esta só pode ser viabilizada graças à Lei de Incentivos, a “Lei Rouanet”, e que este musical emprega cerca de duas centenas de artistas e técnicos, em empregos diretos e indiretos.

 

 



FOTOS: CAIO GALLUCCI

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: CARLOS SABBAG.)

 





É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!







































 












































































Nenhum comentário:

Postar um comentário