“JERSEY BOYS –
A HISTÓRIA DE
FRANKIE VALLI
E OS FOUR SEASONS”
ou
(MELHOR DO QUE
A MONTAGEM
DOS GRINGOS.)
Há um pouco menos
de dez anos, tive a rara e feliz oportunidade de assistir, em Londres,
meio por acaso, a um musical surpreendente. Não tinha programação teatral para
uma das minhas noites na capital inglesa e comprei ingresso para assistir a “JERSEY BOYS”. A única motivação que eu
tinha para ver a peça era a minha imensa admiração por Frankie Valli e “The
Four Seasons”, que marcaram a minha adolescência e parte da minha
juventude. Fui sem muito esperar, porém saí do teatro maravilhado com o que
vira. Quase uma década depois, vou a São Paulo, escolho assistir a uma
versão brasileira da peça e me surpreendo muito mais ainda, ao constatar –
Pasmem! – que a montagem “brazuca” é muito superior à londrina,
no meu entender. “JERSEY BOYS – A HISTÓRIA
DE FRANKIE VALLI E OS FOUR SEASONS” é o melhor musical a que já assisti
neste ano da graça de 2025 e, dificilmente, mudarei de
opinião até o final do ano. A conferir.
SINOPSE:
“JERSEY
BOYS...” segue a jornada de Frankie Valli, Tommy DeVito, Bob
Gaudio e Nick Massi, integrantes originais dos “Four Seasons”, banda
norte-americana, de “rock” e baladas, que fez enorme sucesso, principalmente na
década de 1960.
A montagem mostra desde as origens humildes
dos integrantes, em Nova Jersey, até se tornarem estrelas internacionais.
Com destaque para os altos e baixos da
carreira da banda, o musical inclui os sucessos estrondosos, os desafios
pessoais e os conflitos internos que o grupo enfrentou.
“JERSEY
BOYS...” é uma montanha-russa de emoções, que combina músicas icônicas, com uma
narrativa envolvente sobre amizade, família e o preço da fama.
O espetáculo, já assistido,
ao redor do mundo, por mais de 13 milhões de pessoas e que,
na montagem da Broadway, venceu quatro “Tony Awards”, incluindo o de Melhor
Musical, além de um “Grammy”, para Melhor Álbum de Musical de Teatro,
um “Oliver Award”, de Melhor Novo Musical, em Londres,
e dois prêmios “Drama Desk”, conta a história do grupo “The Four Seasons”,
grande fenômeno dos anos 1960, liderado pelo cantor
norte-americano Frankie Valli, que atingiu o auge do sucesso, em 1962,
quando gravaram a canção “Sherry”. Dentre outras músicas
lançadas nos anos seguintes, encontram-se “Big Girls Don't Cry”, “Can’t
Take May Eyes Off You”, “Beggin”, “Walk Like a Man” e “Spend
The Night In Love”.
Os “Four Seasons” foram, junto dos “Beach
Boys”, a única banda norte-americana a ter sucesso nas paradas musicais
antes, durante e após a invasão britânica, representada pelos “Beatles”
e os “Rolling
Stones”. A formação original da banda foi conduzida ao “Rock
and Roll Hall of Fame”, em 1990 e ao “Vocal Group Hall of Fame”,
em 1999. Eles
são um dos grupos mais vendidos de todos os tempos, com vendas estimadas em mais
de cem milhões de unidades, ao redor do mundo. Só na Broadway
e no Reino
Unido, o espetáculo atingiu a surpreendente marca de mais
de 4.600 apresentações entre 2005 e 2017.
Um
dos grandes trunfos deste espetáculo é o texto, que se propõe a mergulhar
fundo nos bastidores da banda, jogando luz sobre cada um de seus participantes,
mostrando-os, nua e cruamente, muito além do que lhes reservou a fama.
Apresenta cada artista na sua porção humana, com seus vícios, medos, erros e
acertos, sucessos e fracassos, revelando pessoas comuns, com total direito a
acertar e errar, da forma mais humanizada possível. O espetáculo se reveste de
muita beleza, mesmo quando aborda os muitos percalços pelos quais os
integrantes da banda passaram, sem maquiar nada ou varrer para debaixo do
tapete.
Não
assisti à montagem da Broadway, entretanto, quando digo, com o maior respeito, que a versão brasileira supera, em muito, a de West End, não o faço por
puro ufanismo. Sem jamais me alinhar com a conhecida “síndrome de vira-lata”
da maioria dos brasileiros, reconheço a nossa superioridade, no caso deste
musical, por vários motivos.
A bela e
corretíssima direção, de FRED HANSON,
dinâmica por excelência, dispensa uma parafernália de elementos cenográficos e
opta por uma cenografia comedida (BRUNO
ANSELMO), com a utilização de poucos elementos cenográficos, o suficiente
para ajudar a compor os diferentes espaços em que se dão as variadas cenas.
Quanto mais
assisto a espetáculos cujos figurinos são encomendados a KAREN BRUSTOLLIN, mais ardoroso fã me
revelo desta, que considero um dos mais importantes nomes de figurinistas
do TEATRO
brasileiro. As peças desenhadas por ela, para este espetáculo, principalmente
os muitos trajes vestidos pelo quarteto dos “Four Seasons”, são de uma
beleza ímpar, além de apresentarem um perfeito caimento e fino acabamento. E
são fidelíssimos à estética da moda da época. Ingenuamente, cobicei ter alguns
daqueles modelos no meu guarda-roupa particular (Momento descontração.).
MELISSA GUIMARÃES criou um desenho de luz fascinante, deixando em relevo, na devida intensidade,
cada uma das cenas. A essa artista, não posso deixar de lhe render um preito de
reconhecimento por um majestoso trabalho.
Um outro
grande acerto desta montagem está na escolha de JORGE DE GODOY para a direção musical. Os arranjos
musicais são perfeitos, principalmente os vocais. Não percebemos nada de
relevante, em se tratando de diferenças, entre o som da combinação das quatro
vozes dos nossos atores/cantores e as do quarteto original. São muitíssimo
próximas. Por oportuno, julgo merecedores de muitos aplausos especiais os
quatro que interpretam os “Four Seasons”: HENRIQUE MORETZSOHN (Frankie
Valli), VELSON SOUZA (Tommy
DeVito), ARTUR VOLPI (Bob
Gaudio) e BRUNO NARCHI (Nick
Massi). Todos brilham por demais, intensamente, em grupo ou
individualmente, contudo há de se reservar um peso maior a MORETZOHN, por sua personalíssima voz, seu timbre inimitável, cantando
em espantosos falsetes, atingindo notas que não seriam fáceis de serem
alcançadas por outrem. A atuação de HENRIQUE
MORETZOHN é, a meu juízo, digna de todas as premiações referentes à
categoria Melhor Intérprete em Musicais, na temporada de 2025,
até o presente momento, muito difícil de ser superada por alguma futura
surpresa.
Além das belas vozes do quarteto, este
também atende às duas outras necessidades exigidas por quem pretende se destacar
num musical: interpretam com total desembaraço e obedecem, corretamente, às excelentes
coreografias,
propostas por KÁTIA BARROS, que
também é a responsável pela direção de movimento do espetáculo.
Aproveitando o gancho, estendo as minhas felicitações aos demais 12
artistas que formam o elenco, todos nivelados por um
sarrafo colocado muito ao alto: RENATO
CAETANO (Gyp DeCarlo), WILLIAN
SANCAR (Bob Crewe), RUPA
FIGUEIRA (Barry Belson), ARTHUR
BERGES (Joey Pesci e Barry Belson Cover), NATHAN LEITÃO (Norm Waxman e Tommy DeVito Cover), DIEGO LURI (Hank Majewski, Nick Massi Cover
e Gyp DeCarlo Cover), GIGI DEBEI
(Mary
Delgado), LARA SULEIMAN (Lorraine),
GIOVANNA MOREIRA (Francine),
AMANDA BAMONTE (Swing e Dance Captain), PAULINHO OCANHA (Swing e Frankie Valli Cover) e FABIO GALVÃO (Swing e Bob Gaudio Cover).
Para fechar as citações
positivas nesta produção, na qual não consegui detectar qualquer imperfeição,
reúno os nomes de TOCKO MICHELAZZO,
pelo perfeito desenho de som, de FELICIANO
SAN ROMAN, pelo desenho de perucas, e de CARLOS
POMPEIO, pelo desenho de maquiagem. Não posso, ainda, deixar de fora o
responsável pela versão brasileira, VICTOR
MÜHLETHALER, e a produção geral, assinada por STEPHANIE MAYORKIS, que já nos brindou
com uma quantidade imensa de grandes sucessos em musicais. No que diz respeito
à versão
para o nosso idioma, aplaudo a ideia de terem sido mantidas, no original inglês, todas
as letras das canções da peça.
FICHA
TÉCNICA:
Baseado
no livro de Marshall Brickman e Rick Elice
Letras:
Bob Crewe
Músicas:
Bob Gaudio
Versão Brasileira: Victor Mühlethaler
Direção Artística: Fred Hanson
Direção Musical: Jorge de Godoy
Elenco:
Henrique Moretzsohn, Velson Souza, Artur Volpi, Bruno Narchi, Renato Caetano,
Willian Sancar, Rupa Figueira, Arthur Berges, Nathan Leitão, Diego Luri, Gigi
Debei, Lara Suleiman, Giovanna Moreira, Amanda Bamonte, Paulinho Ocanha e Fabio
Galvão
Coreografias e Direção de Movimento: Kátia Barros
Cenografia: Bruno Anselmo
Figurino: Karen Brusttolin
Desenho
de Luz: Melissa Guimarães
Desenho
de Som: Toko Michelazzo
Desenho
de Perucas: Feliciano San Roman
Desenho
de Maquiagem: Carlos Pompeio
Fotos: Caio Gallucci
Produção: IMM, EGG Entretenimento e Dínamo
Realizações
SERVIÇO:
Temporada:
De 02 de agosto a 28 de setembro de 2025.
Local:
033RoofTop.
Endereço:
Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041, Itaim Bibi, São Paulo -
Complexo JK Iguatemi.
Dias
e Horários: 6ª feira, às 20h30min; sábado e domingo, às 15h30min e às 19h30min.
Valor
dos Ingressos: MESA VIP: R$ 175 (meia-entrada) e R$ 350 (inteira); MESA: R$ 160
(meia-entrada) e R$ 320 (inteira); PLATEIA: R$ 125 (meia-entrada) e R$ 250
(inteira); *POPULAR: R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira) - *sujeito à
disponibilidade.
Clientes
Santander têm 30% de desconto nos ingressos inteiros, limitados a 2 por CPF.
Vendas:
Internet: https://www.sympla.com.br/ e Bilheteria física: Teatro Santander: Horário de
funcionamento: Todos os dias, das 12h às 18h. Em dias de espetáculos, a
bilheteria permanece aberta até o início da apresentação. A bilheteria do
Teatro Santander possui um totem de autoatendimento, para compras de ingressos,
sem taxa de conveniência, 24h por dia. Endereço: Avenida Presidente Juscelino
Kubitschek, nº 2041.
Verificar
Descontos.
Duração:
150 minutos, com intervalo de 15 minutos.
Classificação
Etária: Livre (Menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.)
Gênero:
Musical.
Gostaria muito de poder reassistir
a este magnífico musical, entretanto não o conseguirei, por questão de agendas.
Nunca é demais lembrar que uma montagem como esta só pode ser viabilizada graças à Lei de Incentivos, a “Lei Rouanet”, e que este musical
emprega cerca de duas centenas de artistas e técnicos, em empregos diretos e
indiretos.
FOTOS: CAIO GALLUCCI
GALERIA PARTICULAR
(Fotos: CARLOS SABBAG.)
É preciso ir ao
TEATRO, ocupar todas
as salas de espetáculo,
visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta
crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO
BRASILEIRO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário