“DRÁCULA –
UM TERROR
DE COMÉDIA”
ou
(UM BESTEIROL
DE ALTÍSSIMA
QUALIDADE.)
ou
(COMO É
GOSTOSO “TERRIR”!)
Com uma temporada brilhante em Nova York, na Off-Broadway, entre 2023 e 2024, e apresentações também em Londres, aportou em São Paulo, mais precisamente no Teatro Bravos, uma COMÉDIA para além de hilária, muito próxima a um gênero teatral, levado, depois, ao cinema, nos anos 1980, ao qual se convencionou chamar de “besteirol” - que eu adoro -, termo brasileiro usado para descrever um tipo de COMÉDIA caracterizada por um humor anárquico, absurdo e escrachado, em forma de paródias, com referências à cultura “pop”, utilizando, inclusive, temas tabus, à época, como sexo e escatologia, de forma caricaturada e desprovida de preconceitos. Embora o termo “besteirol” exista em outros países, o brasileiro é considerado um gênero cultural exclusivo do país, conhecido por sua linguagem e referências que satirizam o cotidiano.
É, exatamente, nessa linha
que se desenvolve “DRÁCULA – UM TERROR
DE COMÉDIA”, escrito por GORDON
GREEMBERG e STEVEN ROSEN, com
direção de RICARDO GRASSON e HEITOR GARCIA, reunindo um time de
excelentes atores, aplicados na arte de fazer rir: TIAGO ABRAVANEL, BRUNA
GUERIN, JEFFERSON SCHROEDER, LINDSAY PAULINO e LUDMILLAH ANJOS. Junta-se ao quinteto o nome de BERNARDO BERRO, que, infelizmente, não
vi atuando, como cover de ABRAVANEL,
no papel do protagonista.
O texto, que ganhou uma
rica e criativa versão e adaptação de BRUNO NARCHI,
chamou a atenção do público e da crítica especializada norte-americana, por seu
humor ácido e extremamente de ótimo gosto, trazendo um consagrado vampiro dos
folhetins, o lendário Conde Drácula, desconstruído, com uma
cara completamente nova, irônico, sarcástico e vetor para muitas gargalhadas,
levando o público a rir muito, durante os 90 minutos de espetáculo, a ponto de,
ao final da peça, qualquer espectador, como eu, sentir dores na mandíbula, de
tanto rir, isso por conta de um texto inteligente, repleto de
referências da cultura “pop” e do cotidiano brasileiro, com
muitas piadas internas, trazendo uma nova visão do conto clássico gótico, de Bram
Stoker, texto esse totalmente
dito à vontade por um grupo de magníficos atores, a maioria já bastante
conhecida, na COMÉDIA, por trabalhos anteriores, e uma grata surpresa para os
que ainda não a conheciam fazendo graça (BRUNA
GUERIN), o que não era o meu caso.
SINOPSE:
Nas traiçoeiras montanhas da Transilvânia,
um pacato corretor de imóveis britânico, Jonathan Harker (JEFFERSON SCHROETER) entra numa jornada alucinante, a fim de
encontrar um novo e misterioso cliente, que, por um acaso, é o mais
aterrorizante e feroz monstro que o mundo conheceu: o Conde Drácula (TIAGO ABRAVANEL), egocêntrico e
narcisista.
Ao mesmo tempo, a famosa caçadora de
vampiros Jean Van Helsing (BRUNA
GUERIN) e sua trupe estão procurando por “Drac” da Transilvânia,
entre as terras longínquas, da Transilvêrnia e de Londres,
e vice-versa, até os confins.
Suas trapalhadas são garantias de que seus batimentos e sua pressão sanguínea vão subir - de tanto rir!
Este espetáculo é
recomendado a quem está precisando de um bom motivo para esquecer, por algum
tempo, o momento de trevas pelo qual passa o país, quando os maiores absurdos
estão acontecendo na política brasileira. A peça não faz pensar em nada; apenas
diverte, e muito, e ajuda a desopilar qualquer fígado doente.
A melhor das COMÉDIAS
em cartaz, entre Rio de Janeiro e São Paulo, neste momento, a montagem
é muito bem cuidada, do texto e direção à atuação,
passando por todos os elementos plásticos, abrangendo a ótima cenografia, de CHRIS AIZNER, os esplêndidos figurinos, assinados por BRUNO OLIVEIRA, o corretíssimo desenho de luz, a cargo de CESAR
PIVETTI, e o fantástico visagismo,
criado por ALISSON RODRIGUES.
RICARDO
GRASSON, de cujos trabalhos mais recentes, na direção, destaco “O Bem
Amado – Musicado”, que lhe rendeu prêmios e indicações,
e “A
Mulher da Van”, recentíssimo e que lhe promete mais agradáveis
surpresas nos prêmios de TEATRO de 2025, empreende, ao espetáculo, junto com HEITOR GARCIA, uma rica direção, pautada no dinamismo de
cada cena, explorando, ao máximo, o potencial de fazer rir de cada ator/atriz.
A direção leva o espectador a
ver não apenas um único clímax no espetáculo, mas uma boa quantidade de
anticlímax, fazendo com que a atenção e o interesse do espectador se
potencializem. Um grande desafio para os diretores é criar condições para que os
atores, à exceção de TIAGO ABRAVANEL, possam trocar de figurinos e de caracterizações
em segundos, para interpretarem vários personagens, o que até nos faz lembrar
bastante, ainda que em menor quantidade de vezes, o que se dava em “O Mistério de Irma Vap”.
Boa parte
das ações da peça vem da competente direção
de movimento, trabalho de um grande artista como é ALONSO BARROS,
e, ainda que não seja um musical, tudo o que, na montagem, existe relacionado à
música é fruto de um bom trabalho de direção
musical, da parte de GUI LEAl.
Quanto ao elenco, foi felicíssima a reunião de um grupo de artistas, os quais pouco se esforçam para distrair o público – Eles o fazem muito naturalmente. -, uma vez que trazem a divina arte de fazer rir nas veias, o que é fundamental para um “actante” numa COMÉDIA. Todos já provaram, em produções anteriores, quão capacitados para seus personagens estão, dominando o “timing” necessário a fazer rir.
TIAGO ABRAVANEL, embora mais conhecido do público por seus trabalhos em musicais, dispensa qualquer comentário como um ator cômico, o mesmo podendo ser dito, com relação a LINDSAY PAULINO, que já tem seu público cativo na TV e que se saiu muito bem numa recente montagem de “Hairspray”, e sobre JEFFERSON SCHROEDER, um grande ator, nome de destaque nas redes sociais, com suas imitações e seus personagens de muitas vozes.
LUDMILLAH ANJOS assume uma posição mais histriônica na peça e consegue arrancar boas gargalhadas.
Por
fim, para muitos, mas não para este
crítico, a grande surpresa do espetáculo é representada por BRUNA
GUERIN, uma das melhores “cantrizes”
do TEATRO Musical, mas que já
demonstrou sua veia cômica em grandes produções, como, por exemplo, “The Rocky Horror Show”, “Kiss Me Kate - O Beijo da Megera” e
“Um Porre de Shakespeare”, em
papéis hilários.
A realização é da Palco 7 Produções, de Marco Griesi e Solo Entretenimento, de Daniella Griesi, responsáveis por um sem-número de grandes produções.
FICHA TÉCNICA:
Idealização: Heber Gutierrez
Texto: Gordon Greenberg e Steven Rosen
Tradução e
Adaptação do Texto: Bruno Narchi
Direção
Geral: Ricardo Grasson e Heitor
Garcia
Assistência
de Direção: Matheus Ribeiro
Elenco: Tiago Abravanel (Drácula), Bruna Guerin (Lucy, Kitty e
Motorista), Jefferson Schroeder (Jonathan
Harker, Pretendentes, Contramestre e Coveiro), Lindsay Paulino (Mina e Van Helsig), Ludmillah Anjos (Dr. Westfeldt, Reinfield e Capitão) e Bernardo Berro (Drácula - Cover)
Direção de
Musical: Gui Leal
Cenografia: Chris Aizner
Figurinos: Bruno Oliveira.
Desenho de
Luz: Cesar Pivetti
Desenho de
Ilusões: Maicon Clenk
Visagismo: Alisson Rodrigues
Direção de
Movimento: Alonso Barros
Comunicação
Visual: Kelson Spalato
Fotografia: Ale Catan.
Produção
Geral: Marco Griesi e Daniella
Griesi.
SERVIÇO:
Temporada: De 15 de agosto a 12 de outubro de
2025.
Local:
Teatro Bravos.
Endereço:
Rua Coropé, nº 88, Pinheiros – São Paulo.
Telefone: (11)99008-4859.
Dias e Horários: Sexta-feira, às 21h;
sábado, às 17h e 21h; domingo, às 18h.
Valor dos
Ingressos: PLATEIA PREMIUM: R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia-entrada);
PLATEIA INFERIOR: R$ 250 (inteira) e R$ 125 (meia-entrada); MEZANINO (INGRESSO
POPULAR): R$ 50.
Funcionamento da Bilheteria: De terça-feira a domingo, das 13h às
19h, ou até o início do último espetáculo. (Sem taxa de serviço.)
Vendas
pela internet (Com taxa de serviço.): Plataforma Sympla.
INFORMAÇÕES IMPORTANTES:
1) Não é
permitida a entrada no teatro após o início do espetáculo. Em caso de atraso,
não haverá devolução do valor dos ingressos nem a troca para outro dia ou
sessão. Caso haja liberação no Teatro, o assento, automaticamente, se tornará livre.
2) Respeitando
a acessibilidade, o Teatro Bravos ainda conta com elevadores e escadas rolantes
de acesso à sala de espetáculos em todos os andares, além de seis posições para
cadeirantes e seis poltronas para obesos.
3) Observar a possibilidade de
descontos.
4) Crianças menores, de 02 anos de idade (1 ano, 11 meses e 30 dias), não
pagam entrada, desde que assistam o espetáculo/show no colo do responsável.
Capacidade Máxima: 611 lugares.
Classificação Etária: 12 anos.
Duração: Aproximadamente: 100 minutos.
Gênero: Comédia.
O TEATRO tem muitas funções
e uma delas é, simplesmente, divertir, fazer rir, para o que se presta, em
muito, este espetáculo, infelizmente, já em final de temporada e que eu RECOMENDO COM O MAIOR
EMPENHO.
FOTOS: ALE CATAN
É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e
salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos,
possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!
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