“BOSSA NOVA
CABARET BAR”
ou
(A VELHA E BOA
BOSSA NOVA
NO TEATRO.)
ou
(OS VELHOS
TEMPOS
ESTÃO DE
VOLTA.)
No
ano passado, ouvi ótimas referências a um espetáculo que estava fazendo muito
sucesso em São Paulo. Era “BOSSA
NOVA CABARET BAR”, uma produção do GRUPO
CIRCO GRAFITTI, companhia cujo trabalho, salvo engano, eu não conhecia, e
fiquei muito curioso para assistir à peça, o que consegui, no último dia da
minha mais recente estada na capital paulista (28 de janeiro de 2024).
Trata-se de um musical que fica em cartaz apenas até o próximo domingo, 04 de fevereiro, no Teatro do SESI-SP (Centro
Cultural FIESP) (Ver SERVIÇO.), já tendo sido
assistido por cerca de 20.000 pessoas.
“BOSSA NOVA CABARET BAR” é uma comédia de variedades, retratada em formato de um “show”, no fictício Copacabana Cabaret Bar, conduzido
por uma trupe de comediantes cantores.
Livremente inspirado em fatos,
personagens e músicas da Bossa Nova, o espetáculo apresenta
as canções emblemáticas do movimento cultural, artístico-musical, que
floresceu, no Brasil, entre o final de 1958 e 1963, justamente os anos
que marcam os primeiros álbuns de João Gilberto, considerado o “Pai
da Bossa Nova”.
A encenação se apresenta em forma de
números de mágica, quadro de bonecos, números de cortina com vedetes
interagindo com a plateia, paródias, bem como variadas performances musicais,
com o rearranjo das composições.
Com o selo de qualidade do GRUPO CIRCO GRAFITTI, o espetáculo
busca, além de entreter e divertir, por meio de um humor refinado, cumprir a
função social de mostrar, ao público, uma COMÉDIA MUSICAL BRASILEIRA, por seu
conteúdo temático, estilo ou construção composicional, em oposição a fórmulas
importadas de entretenimento cultural.
Quando me proponho a assistir a um espetáculo teatral, gosto
de ir bem informado sobre o que irei ver, no que incluo conhecer a SINOPSE da peça. Ao final da sessão, a
primeira coisa que pergunto a mim mesmo é se o que vi corresponde,
fidedignamente, à referida SINOPSE. Nem
sempre o que as assessorias de imprensa nos enviam corresponde ao que foi
encenado. Respondendo pelo espetáculo em tela, afirmo, peremptoriamente, que
sim; nem mais, nem menos. E isso é muito bom.
“BOSSA NOVA CABARET
BAR” é um espetáculo dos que costumam ser rotulados, sem nenhum demérito,
como “digestivo”,
ou seja, que não tem maiores pretensões, além de divertir, de forma alegre,
simples, agradável e bem feita. Não traz grandes mensagens nem o escopo de
fazer refletir, criticar o que quer, ou quem quer, que seja e, menos ainda,
fazer denúncias. Não é para se pensar; é para se saborear e se divertir. E o GRUPO atinge seu objetivo. A prova
disso é a resposta do público e da crítica especializada.
A peça aqui analisada veio a público depois de um hiato de quinze
anos, de atividades da companhia, segundo apurei, e sua estreia ocorreu
no dia 12 de outubro de 2023, no Teatro do Sesi-SP, no Centro Cultural Fiesp, onde
permanece até hoje. Como uma digital do trabalho do GRUPO, esta montagem traz o estilo de décadas de atuação do CIRCO GRAFFITI: “ênfase na COMÉDIA MUSICAL, o
texto inédito, e muita música com arranjos inéditos. No caso do novo
espetáculo, foi criada uma carnavalização da Bossa Nova sob o filtro do humor e
do lirismo.”.
Diverti-me
à farta com a encenação, que tem texto e direção geral de dois fundadores do CIRCO GRAFFITI, HELEN
HELENE e PEDRO PAULO BOGOSSIAN, os quais criaram um
espetáculo de quadros, no molde dos “shows” de cabarés, tendo como
locação um fictício bar, situado em Copacabana, Rio de Janeiro. “Cada
cena traz um elemento teatral, circense ou de cabaré, misturando a linguagem
sofisticada da bossa nova com o escracho, a poesia, as cores e a alegria do
carnaval, se comunicando com públicos de diferentes idades e situações de vida.”
(Trecho extraído do “release” que me foi enviado por DANI VALÉRIO – Canal Aberto – Assessoria de Imprensa.).
Não
se trata de nenhuma montagem sofisticada, porém é feita com muito acerto e simplicidade,
visando a atingir, fácil e diretamente, o grande público. É um espetáculo
direcionado a todas as classes sociais, desde que o espectador goste de TEATRO
e de música e saiba apreciar um bom espetáculo teatral.
O
elenco
é bastante homogêneo e numeroso, para os padrões de hoje em dia, contrariando o que estamos acostumados a
ver, nos últimos tempos, por questões de “praticidade”, eufemismo para
“questão econômica”: ROSI CAMPOS, HELEN HELENE, RACHEL RIPANI, LUCIANO
SCHWAB, CONRADO CAPUTO, DANILO MARTHO, DIEGO GAZIN, EFRAIM RIBEIRO, FLÁVIA TEIXEIRA, JOÃO PEDRO ATTUY, LARISSA
GARCIA, NAIARA DE CASTRO e PALOMA RODRIGUES, numa “mistura
de gerações de atores, com suas diferentes características e experiências, para
falar de amor e de música”.
Como,
da primeira à última cena, toda a ação se passa num fictício “Copacabana
Cabaret Bar”, é obvio que a cenografia teria que ser algo que
lembrasse tal espaço. Seu responsável é ATTILIO
MARTIÑS. No palco, ao fundo, numa das laterais, fica o quinteto de músicos,
os quais tocam ao vivo; na outra extremidade, o típico balcão de um bar e um
letreiro em neon, como o nome do estabelecimento. A parte central e a anterior
do palco ficam livres para os números musicais e a coreografia. Vez por outra,
entram contrarregras com mesas e cadeiras, para o apoio cenográfico a algumas
cenas, e alguns outros elementos cenográficos.
ATTILIO também
assina os figurinos, bastante coloridos, alegres e criativos, alguns um
pouco mais “exuberantes e exóticos”, com pinceladas circenses, próximas ao
“clown”,
seguindo uma estética, segundo soube, que é marca registrada do GRUPO, sendo que o conjunto, tendo como
aliado o visagismo, de ANDERSON
BUENO, realçado pela maquiagem, ajuda a criar a atmosfera
da proposta: um espetáculo de cabaré, nos moldes, por exemplo, da Alemanha
dos anos 1930 e também com tintas do TEATRO DE REVISTA BRASILEIRO.
Completando o time de
artistas criativos, GUILHERME BONFATTI
responde pelo desenho de luz da peça, preciso na escolha de tonalidades e
intensidades, e JC VIOLLA pensou em coreografias
leves e graciosas.
Todos do elenco
fazem um ótimo trabalho, cada um sabendo aproveitar seus momentos de
protagonismo, arrancando muitos risos e gargalhadas da plateia. Reservo um
destaque para um trio feminino, formado por ROSI CAMPOS, HELEN HELENE
e RACHEL RIPANI. Além de interpretar
vários personagens, todos dançam e cantam os maiores “hits” do repertório da bossa
nova, acompanhados pelo agradável som de uma banda: PEDRO PAULO
BOGOSSIAN (piano), GIULLIA ASSMANN
(contrabaixo),
RODRIGO MARDEGAN (bateria),
JESUM BIASIN (percussão) e JULIENE BELLINGERI (sax e flauta).
Texto:
Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian
Direção
Geral: Helen Helene e Pedro Paulo Bogossian
Direção
de Atores: Helen Helene
Assistência
de Direção: Sandra Mantovani
Direção
Musical: Pedro Paulo Bogossian
Assistência
de Direção Musical: Pedro Ascaleta
Elenco:
Rosi Campos, Helen Helene, Rachel Ripani, Luciano Schwab, Conrado Caputo,
Danilo Martho, Diego Gazin, Efraim Ribeiro, Flávia Teixeira, João Pedro Attuy,
Larissa Garcia, Naiara de Castro e Paloma Rodrigues
Cenografia:
Attilio Martiñs
Figurinos:
Attilio Martiñs
“Design” de
Luz: Guilherme Bonfatti
Coreografia: JC Violla
Assistência de Coreografia: Nelly Guedes
Visagismo:
Anderson Bueno
Adereços
de Cenário e Figurino: Sidnei Caria
“Design” de
Bonecos: Sidnei Caria
Preparação e Tradução de LIBRAS: Mirian Caxilé
Assistência e Operação de Luz: Francisco Turbiani
Operação de Seguidor: Lays Ventura
“Design” de Som: Luciano Manson e Gabriel Bocutti
Operador de Mesa: Gilbel Silva
Microfonista: Adriana Lima
Coordenador de Palco: Flávio Rodriguez
Camareiros: Ana Lúcia Arruda e Wellington
Oliveira
Contrarregras: Flores Ayra e Sérgio Sasso
Roadie: Roupa
Nova
Assessoria de Comunicação: Canal Aberto
Fotografia:
Ary Brandi
Direção de Planejamento e Produção: Fá Almeida
Coordenação de Produção: Karina Cardoso
Produção Executiva: Daniel Aureliano
Assistência de Produção: Eduardo Barros
Assistência Jurídica: F&R Advogados
Realização: Grupo Circo Grafitti e Diorama Casa
de Produção
SERVIÇO:
Temporada: de 18 de outubro de 2023 a
04 de fevereiro de 2024.
Local: Teatro do Sesi-SP (Centro
Cultural FIESP).
Endereço: Local: Avenida Paulista, nº 1313, Bela Vista -
São Paulo (Em frente ao Metrô Trianon-MASP).
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 20h; aos
domingos, às 19h.
Sessões com interpretação
em Libras e audiodescrição: 29/10, 26/11,
03 e 23/12/23; e 28/01/24.
Valor dos Ingressos: GRATUITOS. Reservas
antecipadas pelo site: sesisp.org.br/eventos
As reservas abrem todas as segundas-feiras, a partir
das 08h, para as apresentações que acontecem na mesma semana. Verifique a
disponibilidade.
Classificação
indicativa: 12 anos.
Duração: 100 minutos.
Gênero: MUSICAL / COMÉDIA
+Informações: centroculturalfiesp.com.br
“BOSSA NOVA CABARET BAR” é um bom programa para a família e merece ser visto, porque, além de
divertido, resgata um dos momentos mais profícuos da cultura brasileira,
marcado pelo grande acontecimento que foi o movimento da bossa nova. Gostei
muito de ter encerrado a minha primeira maratona teatral de 2024 em São Paulo com este espetáculo, o qual, obviamente, recomendo.
FOTOS: ARY BRANDI
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