quinta-feira, 26 de outubro de 2023

 “A FABULOSA FÁBRICA

DE MÚSICA

– O MUSICAL”

ou

(TEATRO PARA MIÚDOS COM “CHEIRINHO DE BROADWAY”.)





         Com muita tristeza, não posso deixar de dizer que o panorama teatral brasileiro voltado para os nichos infantil e infantojuvenil, de uma forma geral, é consideravelmente ruim, deixa muito a desejar, de sorte que, quando me deparo com uma obra que respeita os pequenos espectadores, que serão a plateia do futuro, produzida com o maior esmero e bom gosto, como se fosse voltada para o público adulto, não vejo a hora de registrar logo minhas considerações sobre este ou aquele espetáculo, como faço agora, tecendo comentários sobre uma montagem belíssima e irretocável, em cartaz no Teatro das Artes, dentro do Shopping da Gávea, em sessões duplas, aos sábados, e uma aos domingos: “A FABULOSA FÁBRICA DE MÚSICA – O MUSICAL”, com texto de ADALBERTO NETO, dirigida por ROBERTO BOMTEMPO, trazendo um excelente elenco, formado por atores adultos, crianças e adolescentes.





         Sou um inveterado amante de todas as ARTES, mas duas ocupam um maior espaço no meu coração: o TEATRO, disparadamente a primeira delas, e a música, as quais vêm, cada vez mais, se amalgamando, dialogando, entre si, em um só espetáculo, o TEATRO MUSICAL. Via de regra, porém, muitas produções preenchem os palcos – falo dos cariocas, mas não é diferente em outras praças do Brasil – com propostas de TEATRO infantil ou infantojuvenil, as quais, ao contrário de atrair público e despertar o seu interesse, mais o afastam, já que os pequenos espectadores passam a ter uma ideia distorcida do que seja TEATRO, o bom TEATRO. Só posso concluir que essas produções “capengas” só fazem prestar um grande desserviço à nobre causa de formar plateias para o futuro.





         Ao contrário disso, “A FABULOSA FÁBRICA DE MÚSICA – O MUSICAL” é um acerto total, por conta de reunir, num palco, tudo o que pode desaguar num excelente espetáculo teatral, especialmente voltado para os pequenos: uma ótima e criativa história; uma direção corretíssima; um elenco fabuloso; cenários, figurinos e iluminação a serviço de um deleite para os olhos, com relação aos elementos plásticos da montagem; e muita música boa.


 






 SINOPSE:

Já pensou num mundo sem música?

É o que acontece, quando uma caixinha de música, que esconde um poder mágico, se quebra, no Colégio Beethoven

A partir daí, qualquer música só pode ser executada e ouvida num único lugar encantado e secreto, habitado por Melodia (VITÓRIA RODRIGUES), Ritmo (RODRIGO FERNANDO) e Harmonia (CAROL DONATO), os três elementos da música.

Com a quebra da caixinha, os três ganham vida humana e precisam se unir, para que o objeto seja restaurado.

Mas precisam da ajuda dos responsáveis pelo incidente, as crianças Flora (MANU ESTEVÃO) Mike (ENZO PACÍFICO / PIETRO CHEUEN) e Luna (ESTHER SAMUEL / BRUNA NEGENDANK).

E do próprio Beethoven (DU HERRERA) habitante deste lugar mágico, que reúne todos em torno desta missão.

O grande compositor, usando seu próprio exemplo, mostra a cada um a importância de reconhecer sua potência única e ir em busca dos seus sonhos. 


 






Atendendo a um convite de STELLA STEPHANY, assessoria de imprensa, assisti, no último sábado, na primeira sessão - um novo horário oferecido ao público, das 14h -, ao espetáculo “A FABULOSA FÁBRICA DE MÚSICA – O MUSICAL” e deixei o Teatro das Artes em total “estado de graça”, pelo que acabara de assistir e por ver a multidão que se aglomerava, à porta do Teatro, aguardando a sessão das 16h. Lotação esgotada; ou quase.





Para não receber, injustamente, o “selo” de “exagerado”, ou alguma coisa parecida e pior, vejo-me na obrigação de explicar o sentido do subtítulo desta crítica: “TEATRO PARA MIÚDOS COM ‘CHEIRINHO DE BROADWAY’”. Um musical da Broadway é sempre montado visando à perfeição ou à aproximação máxima dela. Na produção aqui analisada, guardadas as devidas proporções, não é diferente. Na “Meca dos musicais”, chamam a atenção a cenografia, os figurinos, a iluminação, as canções, a coreografia e, evidentemente, a interpretação dos atores / cantores / bailarinos. Estão achando que aqui é diferente? Exatamente a mesma coisa. A produção do espetáculo não poupou esforços para oferecer o melhor possível, e o resultado é surpreendente.





Não basta que a o argumento, o enredo, seja bom; é preciso que a trama seja muito bem contada, por meio de uma dramaturgia contagiante, que prenda a atenção dos espectadores. Nesse sentido, aplaudo, vigorosamente, ADALBERTO NETO, pela excelente ideia e, mais ainda, por tê-la colocado no papel de forma tão brilhante. O autor do texto soube dosar, com perfeição, cenas de tensão, surpresas, beleza e bom humor. Além disso, ADALBERTO encontrou um caminho certeiro, objetivo e descomplicado para abordar temas polêmicos e da maior importância, como a problemática que envolve a separação dos pais; o ciúme e o sentimento de desprezo e abandono de um filho, com a chegada de um irmãozinho; a questão da adoção, ou alguma coisa parecida; e, talvez, o mais delicado de todos: a abordagem da relação homoafetividade, tudo apresentado em pinceladas discretas e delicadas. O dramaturgo, segundo suas próprias palavras (Adaptei do “release”.), dentro de uma história lúdica, fala sobre os sonhos que não envelhecem, mostra que não existe criança incapaz e que um lar em desarmonia reflete, diretamente, no desenvolvimento da criança. Destarte, além de ser um espetáculo bonito, lúdico e divertido, acaba sendo educativo para as crianças.



ROBERTO BOMTEMPO, que, além de ótimo ator, já tem uma boa experiência na direção deste tipo de espetáculo, executa seu trabalho com muita correção, atento a todos os detalhes que, reunidos, garantem a qualidade de uma peça de TEATRO. Com uma bela “partitura” à sua mão, uma FICHA TÉCNICA de competentes profissionais e muita criatividade, bom gosto e senso estético apurado, BOMTEMPO faz uma ótima "regência", garantindo mais um tento de sucesso no seu currículo.



Porção imprescindível num espetáculo deste gênero, a música ganha total protagonismo nesta encenação. Considero excelente a ideia de utilizar trechos das composições mais expressivas de Ludwig van Beethoven, compositor alemão, “considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento, tanto da linguagem como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos”, com letras especialmente criadas para o espetáculo. Ainda sobre a parte musical, destaco outra ideia interessante, concentrada na utilização de trechos de “hits” populares, na trilha sonora da peça, todos do agrado do grande público. Pela ótima direção musical, responde ROGER HENRI



Musical sem coreografia é o mesmo que “romeu e julieta só com queijo ou goiabada”; ou seja, algo incompleto. A este espetáculo, dois dos nossos melhores profissionais no ofício de coreografar, TONI RODRIGUES e JULIANA GAMA, deram sua inestimável colaboração e contribuíram para que a montagem seja bastante dinâmica e alegre, com seus “bailados”, muito bem executados por todos do elenco.








Por falar em elenco, este se apresenta de forma impecável, tanto os artistas adultos quanto os demais, crianças e adolescentes. Presume-se que atores adultos já estejam com uma boa base profissional solidificada, mas sabemos todos que interpretar, para os pequenos, não é algo que nos chegue com a devida naturalidade. Via de regra, são interpretações “forçadas e falsas”, que nos levam – a mim, pelo menos – ao estágio da irritação. Não é o que acontece aqui. O elenco de crianças e adolescentes responde, à altura, às provocações dos colegas adultos, e o resultado final é o melhor possível. Todos interpretam, cantam e dançam muito bem. No que tange a cantar, destaco, com muito prazer, a atuação de VITÓRIA RODRIGUES. Que voz abençoada!






Cada um dos personagens traz sua marca registrada. Beethoven, excelentemente interpretado por DU HERRERA, é apresentado como um sábio bem humorado, que usa seu conhecimento musical como base para as analogias que faz sobre a vida. Tranquilo e racional, na maior parte das vezes, mas, em momento de exaltação, é um pouco desastrado.




Apesar de parecer uma pequena adulta, por ser sensata, prática e de humor sarcástico, além de sofrer com as brigas e competição constantes dos pais separados, a personagem Flora "não é chata", embora tivesse tudo para ser, graças ao bom trabalho de MANU ESTEVÃO.



Luna, personagem defendida por ESTHER SAMUEL ou BRUNA NEGENDANK (Como não conheço nenhuma das duas, não sei quem esteve em cena na sessão em que estive presente, mas asseguro que o trabalho foi bem cumprido.) tem um jeito doce de falar e, depois da chegada do irmãozinho, anda meio triste, por crer que já não tem mais a mesma importância para os pais.



Mike, personagem de ENZO PACÍFICO ou PIETRO CHEUEN (Aqui, aplica-se o mesmo que escrevi sobre a personagem Luna.) é um pouco acelerado, fala atropelando as palavras, faz amigos com facilidade e gosta de todos, mas não aguenta seus primos implicantes, com quem vive desde que perdeu os pais. Gosta muito dos seus pais substitutos - o tio e seu marido.



CAROL DONATO destaca-se na personagem Harmonia, a mais desconfiada dos três elementos da música. Vaidosa, adorou virar gente e quer aproveitar tudo da nova vida. Adora aromas.




A mais “de bem com a vida”, entre os três elementos da música, é a Melodia, personagem, esplendidamente, vivido por VITÓRIA RODRIGUES, a que topa tudo e adora sabores.




Com uma atuação muito marcante, RODRIGO FERNANDO interpreta, da forma mais solta possível, o Ritmo, o mais dinâmico entre os três elementos da música, o qual perde a paciência, quando não consegue resolver as coisas, e adora cores.




O papel de diretora do Colégio Beethoven, a professora Cléa, ficou com FRANCIANE MELO, que também merece muitos aplausos. Ela é severa, mas amiga dos alunos; perde a paciência diante de qualquer tipo de injustiça. Alimenta o sonho de ser cantora, mas acha que não conseguiria viver de música. Desde cedo, precisou trabalhar para ajudar em casa. 




O Professor Eliseu, uma espécie de “faz-tudo” do Colégio Beethoven, é muito bem interpretado por Rômulo Weber. Ele também aparece como uma espécie de mestre de cerimônias do musical. Competente e simpático, um pouco desorganizado, mas é alguém com que se pode contar. 




Os elementos de criação concernentes à parte plástica do espetáculo são de causar espanto, positivamente, e nos provocar um saudabilíssimo sentimento de orgulho do artista brasileiro, pelo conjunto da obra. Não é sempre que tenho a oportunidade de testemunhar, num palco, um triálogo tão pertinente, frutífero e proficiente quanto à “conversa” entre GLAUCO BERNARDI (cenografia), BRUNO OLIVEIRA (figurino) e ROGERIO WILTGEN (iluminação). A cenografia é impecável e bastante variada, com diversos ambientes trocados à vista do público, com eficiência e adequação. Os figurinos, principalmente os dos personagens Beethoven, Melodia, Ritmo e Harmonia, são algo de espantoso, em termos de beleza e criatividade. Aliás, tanto com relação aos cenários como os trajes vestidos pelo elenco, acrescento um detalhe muito importante: todos os acabamentos são impecáveis, com detalhes que saltam aos olhos. Tive a oportunidade de estar, rapidamente, com os atores, cara a cara, após a sessão, e fiquei extremamente bem impressionado com o que vestiam. Esses quatro personagens parecem "estátuas vivas". E, sinceramente, não sei o que dizer sobre o lindíssimo desenho de luz, criado por ROGÉRIO WILTGEN. Ele se apresenta, aqui, como um "mago das cores", utilizando uma paleta de cores quentes e vibrantes, valorizando, mais ainda, todos os detalhes da cenografia e dos figurinos, que não podiam, absolutamente, passar ao largo.






Para completar o visagismo dos personagens, registro a refutável perfeição, beleza, bom gosto e criatividade empregada por DICKO LORENZO, principalmente no que se refere à maquiagem.  





 

 FICHA TÉCNICA:  

Idealização: Gustavo Nunes e Rose Dalney 

Dramaturgia: Adalberto Neto 

Direção: Roberto Bomtempo

Assistência de Direção: Anna Sant’Ana

Direção Musical: Roger Henri

 

Elenco Adulto: Du Herrera, Franciane Melo, Rômulo Weber, Carol Donato, Vitória Rodrigues e Rodrigo Fernando 

Elenco Infantil: Enzo Pacifico, Pietro Cheuen, Esther Samuel, Bruna Negendank e Manu Estevão

 

Cenografia: Glauco Bernardi  

Figurino: Bruno Oliveira 

Iluminação: Rogerio Wiltgen 

Coreografia: Toni Rodrigues e Juliana Gama 

Visagismo: Dicko Lorenzo

Produção Executiva: Clayton Epfani

Produção Financeira: Mariana Teixeira

Produtora de Captação: Gheu Tibério

Produção de Elenco: Giselle Lima e Fabiana Tolentino

Assistência de Produção: Marcos Goerdeler

Gestor de Tráfego: Tiago da Silveira

Mídia Social: Juliana Braga

“Designer” gráfico: Felipe Braga

Apresentado por Lei de Incentivo à Cultura e Bradesco Seguros.

Patrocínio: LGA MINERAÇÃO

Realização: Miniatura 9 Produções

Produção: Turbilhão de ideias

Fotos: Carlos Costa – Estúdio CAC

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany


 

 




 

 SERVIÇO:

Temporada: De 07 a 29 de outubro de 2023.

Local: Teatro das Artes.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 – Shopping da Gávea - 2º piso – Gávea – Rio de Janeiro.   

Telefone: (21)2540-6004.

Capacidade: 418 espectadores

Acessibilidade: SIM.

Dias e Horários: sábado, às 14h e 17h; domingo, às 16h.

Valor dos Ingressos: R$100,00 e R$50,00 (meia-entrada). Preços promocionais, limitados a 20% da lotação: R$39,00 e R$19,50 (meia-entrada), na bilheteria

Horários de Funcionamento da Bilheteria: De 5ª feira a dom, a partir das 15h.

Vendas “on-line”https://divertix.com.br/teatro/a-fabulosa-fabrica-de-musica

Duração: 70 minutos.

Classificação Etária: LIVRE e indicada para crianças a partir de 2 anos

Gênero: Musical Infantill (Para a família.)

 

 






“A FABULOSA FÁBRICA DE MÚSICA – O MUSICAL” nasceu do desejo de seus idealizadoresGUSTAVO NUNES e ROSE DALNEY, de explorar o impacto da música na vida do ser humano. Trata-se de um projeto que aspira a uma vida longa, com a intenção de apresentar uma série de espetáculos musicais que ofereçam ao público uma experiência teatral sobre o poder da música, seus diferentes ritmos e sua importância para a formação da identidade cultural ao longo da história. Este é apenas o primeiro deles. Não posso me furtar a prestar uma homenagem a GUSTAVO e ROSE, pelo cuidado e empenho como se comportam à frente desta produção, a qual EU RECOMENDO COM O MAIOIR EMPENHO.

 

 






 

 

FOTOS: CARLOS COSTA

(ESTÚDIO CAC)

 

 

 

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