segunda-feira, 9 de dezembro de 2019


UMA DELICIOSA
EXPERIÊNCIA
IMERSIVA NO
TEATRO PAULISTANO

(UMA MARATONA INESQUECÍVEL
– 7 ESPETÁCULOS EM 4 DIAS.)






            Com muito atraso - cerca de um mês e meio -, que não dependeu da minha vontade, estou escrevendo sobre uma inesquecível experiência imersiva no TEATRO de São Paulo, mais uma, que me deu a oportunidade de assistir a sete espetáculos em, apenas, quatro dias (um numa 5ª feira, outro na 6ª, três no sábado e dois no domingo), todos de níveis que variam, segundo a minha classificação, de BOM a OBRA-PRIMA, passando pelo MUITO BOM e pelo ÓTIMO, experiência esta que ficará na minha memória afetiva, como já ocorreu em outras ocasiões em que fiz a mesma coisa. 

            Sabendo dos muitos ótimos espetáculos em cartaz em São Paulo sem, por vários motivos, a menor chance de vir para uma temporada no Rio de Janeiro, e como amante do palco e apaixonado por ele, desloco-me, de uns anos para cá, de vez em quando, até a capital paulista, com o objetivo de não perder aquilo que tanto prazer me proporciona. E a mais recente dessas “loucuras” se deu entre os dias 24 e 28 de outubro (2019), e voltei feliz e encantado com tudo o que vi na “terra da garoa”, garoa esta que, durante a minha estada naquela megalópole, não deu as caras; ao contrário, suportei um calor que me fazia acreditar que estava no Rio de Janeiro e, que, de repente, ao dobrar uma esquina (Poderia ser a da Avenida Ipiranga com a São João.) daria de cara com o azul do mar.

            Procurarei não fazer uma (muito) detalhada crítica de cada um dos espetáculos a que assisti (Eu disse "Procurarei", mas não garanto. Eu me conheço muito bem.), por um motivo meio óbvio: nada mais do que falta de tempo. Os que vierem para o Rio, quando, e se, isso acontecer, merecerão uma análise aprofundada (Apenas um já está com temporada carioca confirmada, para maio e junho de 2020. Falarei sobre ele adiante.), entretanto faço questão de registrar minha modesta opinião sobre cada um deles, com o máximo de detalhes que a minha memória e a disponibilidade de tempo permitirem, para que os que têm o hábito de ler o que escrevo possam imaginar e avaliar a minha alegria, diante do que vi, e , até mesmo, se sentirem atraídos a viajar a São Paulo, com o mesmo propósito que me moveu. Não para assistir aos espetáculos aqui comentados, uma vez que quase todos já terão encerrado suas temporadas (Somente três estarão, ainda, em cartaz, quando este texto for publicado. Também falarei sobre isso adiante.).  Com relação a um ou outro, há promessas de uma segunda (Que os DEUSES DO TEATRO digam “AMÉM”!) e (Quem sabe?) uma distante possibilidade de serem apresentados no Rio.

            Pela ordem cronológica em que assisti a cada um, falarei de “O FANTASMA DA ÓPERA”, “LAZARUS”, “MADAGASCAR – UMA AVENTURA MUSICAL”, “COMO TER UMA VIDA QUASE NORMAL”, “AMIGAS, PERO NO MUCHO”, “ESCOLA DO ROCK – O MUSICAL” e “CHAVES – UM TRIBUTO MUSICAL”. Abri e fechei os trabalhos de forma magistral, com chave de ouro, e do maior quilate.




“O FANTASMA DA ÓPERA”
(Fica em cartaz até 15 de dezembro/2019.)
  



         







            Tudo o que se disser sobre este musical, dos mais vistos e aclamados, no mundo inteiro, em cartaz há mais de 30 anos, desde 1988, quando estreou na Broadway, e continua sendo encenado no mesmo Majestic Theater de Nova York, será pouco e repetitivo. E, por tudo o que já foi escrito sobre "O FANTASMA...", vou me limitar a poucas, porém sinceras, palavras a respeito da montagem a que assisti, no dia 24 de outubro (2019), no Teatro Renaut, São Paulo, onde vem cumprindo uma longa e vitoriosa temporada, desde 1º de agosto de 2018. Era uma 5ª feira e o Teatro estava superlotado, como ocorre todos os dias. É lamentável que as produções da T4F não venham para o Rio de Janeiro, onde, certamente, também teriam público, pela qualidade que apresentam.

            O espetáculo teatral é baseado num romance de ficção gótica francês, escrito por Gaston Leroux e publicado, inicialmente, em capítulos, entre setembro de 1909 e janeiro de 1910.









SINOPSE:

           “O Fantasma da Ópera” conta a história trágica de um triângulo amoroso, passado nos bastidores da Opéra de Paris.

O protagonista, ERICK, o FANTASMA (THIAGO ARANCAM), uma entidade mascarada, que assombra a Ópera, desenvolve uma paixão obsessiva por CHRISTINE DAAÉ (LINA MENDES), uma jovem soprano, que ficou órfã e foi acolhida pela trupe.

Durante anos, de noite, ela escuta a voz de ERICK e ele a ensina a cantar, dizendo que é o "Anjo da Música".

A chegada de RAOUL (FRED SILVEIRA), o VISCONDE DE GHAGNY, novo patrono da Ópera, e que já fora namorado de CHRISTINE, na infância, perturba a rotina dos dois e nela interfere profundamente.

Quando se reencontram, logo se reconhecem e se apaixonam de novo.

O FANTASMA ameaça e ataca a “prima donna”, CARLOTTA (JOYCE MARTINS), a cantora principal, a qual acaba perdendo a voz e sendo substituída por CHRISTINE.

Depois de vê-la no palco, RAOUL a procura e se declara a ela, convidando-a para sair.

O FANTASMA escuta a proposta e fica enraivecido de ciúmes, aparecendo, finalmente, diante da moça e sequestrando-a.

CHRISTINE é levada para o mundo subterrâneo, onde o FANTASMA vive.

Ele confessa o seu amor por ela, dizendo que precisa da sua companhia e da sua voz, para a música que compõe.

Ela tenta ver o seu rosto e arranca a sua máscara, provocando-lhe a fúria, causando-lhe vergonha.

ERICK, então, manda que CHRISTINE regresse ao Teatro, e a moça conta para RAOUL que fora sequestrada.

Decidem fugir juntos, mas ela quer se despedir e cantar uma última música para ERIK, o qual ouve a conversa e, no dia seguinte, leva-a, novamente, para o seu esconderijo, querendo obrigá-la a se casar com ele.

CHRISTINE se recusa, mas o FANTASMA ameaça matar RAOUL, o qual se tornara seu refém.

Por amor ao VISCONDE, a moça acaba aceitando.

ERIK resgata RAOUL da sua câmara de tortura e CHRISTINE levanta a máscara do infortunado, para beijar seu rosto.

O FANTASMA confessa, então, que nunca fora beijado antes, nem mesmo por sua mãe, e os dois choram.

Suas lágrimas se misturam, num momento de grande intimidade e emoção.

Em agradecimento, ERIK, num majestoso gesto de generosidade e lucidez, permite que a amada parta, com RAOUL, mas faz a moça prometer-lhe que vai regressar, quando ele morrer, e devolver o anel de ouro que lhe dera.

Algum tempo depois, ERIK morre, “de amor”, e CHRISTINE volta à Opéra, para enterrar o seu corpo em um local escondido, devolvendo o seu anel.







       Piegas? Sem a menor dúvida! Melodramático e romântico demais? Idem. Açucarado ao extremo? Saturadamente doce!!! Então, a que se pode creditar, em pleno século XXI, o grande sucesso dessa história, que já vem atravessando três décadas, entrando na quarta, nos palcos do mundo inteiro, e que será sempre sucesso, até quando resolverem parar de encenar este musical? Muitos fatores podem servir como justificativa. Em primeiro lugar, por mais “água-com-açúcar” que seja, qualquer história de amor sempre agrada. A quem já amou, a quem está amando e a quem virá a amar. Depois, eu diria que é impossível não se apaixonar pela belíssima e inspiradora música de Sir ANDREW LLOYD WEBBER, para as letras de CHARLES HART e RICHARD STILGOE. Por fim, além de diversos outros motivos, todo o “glamour” do espetáculo, o bom gosto dos encenadores e os elencos, em qualquer lugar em que tenha sido montado. Assisti a três encenações do musical mais longevo da história da Broadway: lá, pela primeira vez, em 1998; à primeira montagem nacional, em 2005; e à atual, que considero tão boa quanto a original, da Broadway, sem ufanismo.
O espetáculo já foi visto por mais de 140 milhões de pessoas em 35 países, 160 cidades e, além do original, traduzido para 15 idiomas, ao redor do mundo. Foi levado à cena, pela primeira vez, em 1986, em Londres, no Her Majesty's Theatre, dois anos antes de ganhar a meca dos musicais, a Broadway, um sucesso estrondoso, desde que estreou até os dias atuais. Ir a Nova Iorque e não assistir a “O FANTASMA DA ÓPERA” soa como o famoso “ir a Roma e não ver o papa”. Guardadas as devidas proporções, o mesmo está acontecendo no Brasil: muita gente que viaja para São Paulo, a turismo ou a trabalho, reserva uma noite para ir ao Teatro Renaut.




A atual montagem é uma superprodução, orçada em cerca de R$40.000.000,00, o maior custo, em se tratando de TEATRO BRASILEIRO, e, ao que tudo indica, independentemente das crises (política, econômica e social, principalmente), por que vem passando o Brasil, deve, ao final da temporada (15 de dezembro de 2019), superar o número de assistentes da primeira montagem nacional, que foi de 880.000 espectadores. São expectativas. Os números ligados à produção são grandiosos e alguns detalhes, interessantes: são muitos efeitos especiais, destacando-se a queda de um gigantesco lustre, no qual são utilizados 75.025 cristais. Em casa sessão, 10 máquinas de fumaça são usadas. Para o cenário, foram utilizados 7.700 metros de tecido, na confecção das cortinas; 281 velas; 15 manequins em tamanho real; 10 candelabros e 1 elefante em tamanho real. No que diz respeito ao figurino, são, ao todo, 230 trajes, 111 perucas e 35 máscaras, usadas na cena “Carnaval”. O ator que interpreta o FANTASMA leva cerca de 90 minutos para ficar pronto, e todo FANTASMA tem uma máscara personalizada, feita a partir de um molde de seu rosto.

O musical já ganhou mais de 70 grandes prêmios de TEATRO, como sete Tony Awards, em 1988 (incluindo Melhor Musical) e três Prêmios Olivier, além do Olivier Audience Award, de 2016, no West End.

Cronologicamente, a peça é encenada em três momentos. Começa em 1905, na Opéra Populaire, durante um leilão, no qual RAOUL, já velho, compra um lote, em que estão guardados artefatos antigos, relacionados com o mistério do FANTASMA DA ÓPERA. Quando levantam o pano do lustre comprado, ele, magicamente, se acende e sobe, ficando no cimo do palco. O cenário muda, como se os anos voltassem e o Teatro recuperasse a sua era de esplendor. Passa a haver um “flashback”. O primeiro ato ocorre em 1881 e o segundo, seis meses depois do encerramento do primeiro.





O grande protagonista, o FANTASMA, a despeito de suas crueldades, consegue a comiseração do espectador, de uma forma geral, uma vez que, no fundo, é uma vítima e sofreu discriminação, desde quando nasceu, com uma deformidade, o que levou sua mãe a abandoná-lo. O sentimento de rejeição, antes de qualquer outro motivo, pode ser o que moldou a personalidade doentia de ERIK: agressivo, egocêntrico e obsessivo; um marginalizado, enfim. Ele se escondeu da convivência social, por medo e vergonha, para evitar um sofrimento ainda maior. Mesmo assim, o personagem demonstra, em certos momentos, um contraponto a si mesmo, revelando-se doce, com um coração apaixonado, sensível ao amor, ainda que de forma obsessiva. A empatia, por parte de quem assiste ao drama do FANTASMA, justifica a compaixão pelo personagem, solitário e abandonado, rejeitado. O beijo de CHRISTINE, dado não por piedade, mas por agradecimento, reconhecimento e amor ao próximo, por pura empatia, representa o único momento em que ele se sentiu amado e respeitado.

O titular do papel é THIAGO ARANCAM, oriundo da ópera e que faz, com o pé direito, sua estreia em musicais, da forma mais brilhante possível. Não encontro adjetivos para qualificar sua atuação. O tenor, que já viveu doze anos radicado na Europa, e cantando por outras partes do mundo, é reconhecido internacionalmente. Já se apresentou em mais de 40 países e foi o primeiro brasileiro a ingressar na italiana Academia de Canto Lírico do Teatro Alla Scala, depois de ter vencido o Concurso Internacional de Canto Erudito Bidu Sayão. Na ópera, apresentou-se ao lado de nomes consagrados do “bello canto”, como Plácido Domingo, e já cantou em importantes palcos, como o da Opera de Roma, na Itália; Opera Nacional de Washington, nos EUA; Opera Estadual de Viena, na Áustria; Deutsche Opera de Berlim, na Alemanha; Bolshoi, em Moscou; além de inúmeras produções no Japão, Emirados Árabes, Malásia, Canadá, Espanha, França, Polônia, Letônia, Mônaco e Reino Unido. Com esse currículo, não se poderia esperar nada diferente do que um incomensurável talento em cena.





Para viver a personagem CHRISTINE DAAÉ, pareceu-me acertadíssima a escolha de LINA MENDES, a qual, como ARANCAM, faz seu “début”, em musicais, já que, também, até então, só atuava como soprano, em óperas, com uma longa carreira de sucesso, já tendo feito parte da Accademia Teatro Alla Scala em Milão e se apresentado no Teatro Regio di Parma, na Itália, e em Atenas, na Grécia. Também já se apresentou nos centenários Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Theatro Municipal de São Paulo. Fez parte do Centre de Perfeccionament Plácido Domingo, na Espanha, onde, também, se apresentou no Palau de les Arts de Valencia. LINA, paralelamente, também tem uma sólida carreira como dubladora. É excelente sua atuação como CHRISTINE, a qual vive um grande dilema, ao se ver numa bifurcação da estrada: a opção por um homem que a sequestra e quer obrigá-la a casar, continuando na carreira de cantora lírica, e ceder à pressão de um amor de infância, com quem teria de fugir, para, com ele, se casar, abrindo mão de sua carreira artística.




RAOUL, VISCONDE DE CHAGNY, brilhantemente vivido por fred silveira, é o novo patrono da ÓPERA de PARIS, o qual reencontra CHRISTINE, uma paixão de infância, e passa a reviver os sentimentos do passado. Esse encontro é o responsável pela deflagração de um profundo conflito, quando os três lados de um triângulo amoroso se veem frente a frente, lado a lado. O personagem, para defender o seu amor pela infortunada CHRISTINE, é capaz de assumir e correr todos os riscos, inclusive o de perder a própria vida, para libertar a amada do jugo do “bandido”. Sou, de longa data, grande admirador de seu trabalho, basicamente, em musicais, todos de grande sucesso, nos quais o ator sempre se destacou, embora também tenha atuado em óperas. Dentre suas marcantes atuações, em musicais, destaco “Jesus Cristo Superstar”, “Les Misérables”, “Godspell”, “My Fair Lady”, “Os Produtores”, “Alô, Dolly”, “West Side Story”, “Avenida Q”, “Evita” e o próprio “O FANTASMA DA ÓPERA”, na primeira montagem brasileira. Por esses trabalhos, recebeu vários prêmios e indicações a. Também preenche seu tempo como professor de canto, compositor de trilhas sonoras e dublador. Ao lado de THIAGO ARANCAM e LINA MENDES, forma um trio de intérpretes merecedor de todos os “BRAVOs”.    



 

            Além dos três, todo o elenco se comporta de forma impecável, com grande estofo, merecedor de elogios e aplausos.
            Não sinto necessidade de falar sobre a direção, a não ser que me pareceu muito correta e precisa.
            É uma pena que, na ficha técnica oficial e no programa da peça, não constam os nomes de quem assina o cenário e os figurinos, ambos elementos de inquestionável destaque, na peça. Deslumbrantes!!!

         Quanto ao cenário, que prima pela beleza e pelo acabamento, chama a atenção, principalmente, o gigantesco lustre, que, num determinado momento, por conta de um gesto de revolta e vingança do FANTASMA, de forma “mágica”, cai sobre o palco e que, durante o intervalo, é içado até o teto, no meio da plateia, onde permanece até o fechamento das cortinas. Impossível não fixar o olhar nele. Além disso, chamam a atenção muitos detalhes cenográficos muitos, mesmo –, de difícil e prolongada descrição, os quais, por si sós, já justificam uma ida ao Teatro Renaut, o mesmo podendo ser dito com relação aos magníficos figurinos, que ultrapassam duas centenas.




            A orquestra também é um destaque à parte.
           Trata-se “O FANTASMA DA ÓPERA” de uma grandiosa, impactante e corajosa montagem, que conta com um elenco de 39 pessoas, envolve dezenas de competentes artistas criadores e emprega, direta e indiretamente, centenas de pessoas.

            Embora um clichê, digo que este musical, como o vinho, fica mais saboroso, à medida que envelhece; apenas no tempo.
           







FICHA TÉCNICA:

Baseado no livro de Gaston Leroux
Música: Andrew Lloyd Webber
Letras: Charles Hart
Letras Adicionais: Richard Stilgoe
Libreto: Richard Stilgoe e Andrew Lloyd Webber
Atualização de “Script”: Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaller
Versão Brasileira: Claudio Botelho
Direção: Harold Prince
Diretor Associado: Arthur Masella
Assistente de Diretor Associado: Rainer Fried
Diretor Residente: Rodrigo Miallaret




Elenco:

O Fantasma -Thiago Arancam
Christine Daaé – Lina Mendes
Christine Daaé Alternante – Giulia Nadruz
Raoul, Visconde de Chagny e Cover de Fantasma – Fred Silveira
Monsieur Firmin – Sandro Christopher
Monsieur André – Marcos Lanza
Carlotta Giudicelli – Joyce Martins
Ubaldo Piangi e 2º Cover de Fantasma – Cleyton Pulzi
Madame Giry – Taís Víera
Meg Giry – Fernanda Muniz

Ensemble – Alexandra Liambos
Ensemble – Anderson Barbosa
Ensemble Bailarina – Ariadne Okuyama
Ensemble Bailarina – Carol Paz
Ensemble Bailarina e Cover de Meg Giry – Carol Tangerino
Ensemble Bailarina e Cover de Meg Giry – Caru Truzzi
Ensemble e Cover de Christine Daaé – Daruã Góes
Ensemble, Cover de Raoul, Visconde de Chagny e Cover de Monsieur André – Felipe Assis Brasil
Ensemble – Gabriela Bueno
Ensemble e Cover de Ubaldo Piangi – Gilberto Chaves
Ensemble e Cover de Raoul, Visconde de Chagny – Henrique Moretzsohn
Ensemble Bailarina – Isabella Morcinelli
Ensemble e Cover de Ubaldo Piangi – Leandro Cavalcante
Ensemble e Cover Monsieur Firmin – Leo Diniz
Ensemble e Cover de Carlotta Giudicelli – Natália Hubner
Ensemble e Cover de Madame Giry – Natacha Wiggers
Ensemble – Paulo Grossi
Ensemble – Paulo Santos
Ensemble e Cover de Carlotta Giudicelli – Roseane Soares
Ensemble Bailarino – Thiago Garça
Ensemble Bailarino – Victor Vargas
Ensemble Bailarina – Yasmin Barbosa

Swing e Cover de Madame Giry – Bianca Tadini
Swing e Cover de Monsieur André – Diego Luri
Swing – Gustavo Ceccarelli
Swing Bailarino e Dance Captain – João Luis da Matta
Swing Bailarina – Larissa Leão
Swing – Maria Netto

OBSERVAÇÃO: Em vermelho, estão os nomes dos que atuaram no dia em que assisti ao musical.



Orquestrações: David Cullen e Andrew Lloyd Webber
“Design” de Produção: Maria Björnson
“Design” de Luz: Andrew Bridge
“Designer” de Luz Associado: Michael Odam
“Design” de Som: Mick Potter
“Designer” de Som Associado: Nick Gray
Direção de Movimento e Coreografia: Gillian Lynne
Coreógrafa Associada: Denny Berry
Coreógrafa Residente: Olívia Branco
Assistente de Coreografia Associada: Joelle Gates
Supervisor Musical: Guy Simpson
Cenário: NÃO CONSTA NA FICHA TÉCNICA
“Designer” de Cenário Associado: Jonathan Allen
Figurino: NÃO CONSTA NA FICHA TÉCNICA
Supervisão de Figurino: Sam Fleming
Supervisão de Montagem, Máscara e Próteses: Christian Gruaz
Supervisão de Perucaria e Confecção de Perucas: Feliciano San Roman
Diretor Técnico: Stewart Crosbie
Gerente Geral de Divisão de Teatro T4F: Renata Alvim
Diretor Musical Residente / Regente: Miguel Briamonte
Assistente de Direção Musical Residente / 2º Regente: Thiago Rodrigues
Produtora de Elenco: Marcela Altberg
Produtor: José Vinícius Toro










SERVIÇO:

Temporada: Até 15 de dezembro de 2019.
Local: Teatro Renaut.
Endereço: Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista – São Paulo – SP.
Dias e Horários: 5ª e 6 feira, às 21h; sábado, às 16h e às 21h; domingo, às 15h e às 20h.
Valor dos Ingressos: De R$40,00 a R$250,00, com direito a meia entrada, para os que fizerem jus ao benefício.
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 2ª feira: Fechada; entre 3ª feira e sábado: das 12h às 20h; domingo: Das 13h às 20h.
Duração: 2h50min.
Classificação Etária: Livre (Menores de 12 anos, apenas acompanhados pelos pais).
Gênero: Musical Dramático.





           

INFELIZMENTE, COMO TODAS AS PRODUÇÕES DA T4F, MUSICAIS, O ESPETÁCULO NÃO VIRÁ PARA O RIO DE JANEIRO.



(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)




“LAZARUS”
(Temporada encerrada.)






            Embora nunca tenha sido admirador de DAVID BOWIE, além de pouco conhecer sua obra, por falta de interesse mesmo, ainda que confiasse nos amigos que gostam de seu trabalho, tinha muita curiosidade para assistir ao musical “LAZARUS”, o que fiz na última semana de sua temporada, mais precisamente, no dia 25 de outubro (2019), quando estava em cartaz no excelente mais novo espaço cultural paulistano, o Teatro Unimed, sob a curadoria de programação a cargo dos produtores MONIQUE GARDENBERG e JEFFREY NEALE. Era uma 6ª feira e a lotação estava esgotada, o que me parece ter sido uma constante, durante toda a temporada.

A escolha de “LAZARUS”, musical dirigido por FELIPE HIRSCH, para inaugurar o novo e simpático Teatro Unimed, com 246 lugares, distribuídos entre plateias inferior e superior, com um palco de 100 metros quadrados, boca de cena com 12 metros de largura e um pequeno fosso, para acomodar músicos, com um entorno agradabilíssimo, partiu de JEFFREY NEALE, sócio de MONIQUE GARDENBER, na DUETO PRODUÇÕES, empresa responsável por grandes eventos culturais.

O conteúdo informativo da peça, encontrado nesta crítica, foi extraído, com supressões e adaptações - motivo pelo qual não usarei, sempre, aspas -, do “release” que me foi enviado por JÚLIA ENNE, ASSESSORA DE IMPRENSA - CANIVELLO COMUNICAÇÃO, a quem agradeço, imensamente, o convite.





O espetáculo foi escrito por DAVID BOWIE e o dramaturgo irlandês ENDA WALSH, baseado no romance “O Homem Que Caiu Na Terra”, que, na versão para o cinema, teve o próprio BOWIE no papel de protagonista. O roteiro narra a vida atormentada de THOMAS NEWTON (JESUÍTA BARBOSA), um alienígena, que viaja para a Terra, a fim de salvar seu planeta. O musical estreou, oficialmente, em Nova Iorque, em dezembro de 2015, com a presença de BOWIE, um mês antes de sua morte.

Diretor reconhecido por seu grande talento, já tendo emplacado inúmeros sucessos, é a primeira vez que FELIPE HIRSCH, grande conhecedor e admirador contumaz da obra de DAVID BOWIE, encena um musical. Para chegar ao elenco final (BRUNA GUERIN, CARLA SALLE, JESUÍTA BARBOSA, RAFAEL LOSSO, GABRIEL STAUFFER, LUCI SALUTES, MARCOS DE ANDRADE, NATASHA JASCALEVICH, OLIVIA TORRES, VALENTINA HERSZAGE e VITOR VIEIRA), ele testou, junto com as diretoras musicais MARIA BERALDO e MARIÁ PORTUGAL, mais de duas centenas de atores, selecionados pela produtora de elenco, MARCELA ALTBERG.









SINOPSE:

“LAZARUS” conta a história de um alienígena, THOMAS NEWTON (JESUÍTA BARBOSA), que migra para o planeta Terra, porque seu lar, o seu planeta, cujo nome é Anthea, já não é mais habitável.

Corre para a Terra, na esperança de refazer a vida e trazer seu povo para cá.

Não demora e começa a sentir o peso de viver aqui.

Um estranho em terra estranha.

Frustrado, torna-se um alcoólatra, rodeado de fantasmas e memórias.







A sinopse é bem simples – pelo menos, para mim - e acho que o público não consegue entender, a fundo, a proposta do espetáculo, o desenrolar do enredo, a não ser os iniciados em DAVID BOWIE, o que – espero que fique bem claro – não interfere na qualidade da peça, para a qual, embora classificada como um musical, contendo 18 músicas de diversas fases da carreira de BOWIE, alguns de seus grandes sucessos, obviamente, como “Life on Mars” e “Heroes”, incluindo, também, músicas do seu último álbum, “Blackstar”, prefiro me valer do termo “performance”. Sim, uma excelente “performance”, pelo ótimo resultado do trabalho do elenco, sem exceção, com destaque, obviamente, para a atuação de JESUÍTA BARBOSA, motivo principal de meu interesse pela peça, de quem me declaro, despudoradamente, fã incondicional. 

“A vida é essa tragédia: como um espetáculo, em um palco, uma hora acaba. Sendo o primeiro artista que entendeu a dimensão ‘pop’ da tragédia de nossa condição existencial, DAVID BOWIE tratou de escrever e dirigir sua própria vida. Antes de, como a maioria de nós, tornar-se o que o mundo quisesse que ele se tornasse, foi ser o que ele decidiu ser. Você, então, ao sentar na poltrona, é ao mesmo tempo espectador do espetáculo ‘LAZARUS’ e figurante no espetáculo (...).”

“Se você perguntar a FELIPE HIRSCH, diretor de ‘LAZARUS’, como ele se sentiu, aos 17 anos, ao ver, ao vivo, DAVID BOWIE, no palco do antigo estádio do Palmeiras, em São Paulo, ele passará vinte minutos, contando como foi a viagem de Curitiba, dar detalhes de como se comportava a plateia, os momentos preferidos do ‘show’. Mas o momento em que viu BOWIE, pela primeira vez, isso as palavras não alcançam. Uma coisa é certa: BOWIE foi fundamental para a calibragem do peso da vida para FELIPE. ‘LAZARUS’ é todo sobre gravidade, reflexão e desfoque.”.





O programa da peça é muito bem cuidado, entretanto, por mais que eu tenha lido, atentamente, e relido, os longos textos nele contidos, assinados por JEFFREY NEALE, FELIPE HISRSH, ENDA WALSH, NÉLSON MOTTA e DODÔ AZEVEDO, não consegui entender o espetáculo, que é muito confuso. Mas isso pode ser uma limitação minha. Certamente o é. Embora, por opção, jamais tenha vivido a experiência de ter sido introduzido no mundo das drogas, ainda que não me faltassem oportunidades de oferta – e não vai, aqui, qualquer julgamento a quem delas faz uso -, penso que, talvez, o que eu senti possa ser comparável a uma “viagem” alucinógena.

Quero dizer que o espetáculo não me tocou, como eu esperava, porém não posso negar que se trata de uma ótima e cuidada produção, na qual o destaque, a meu juízo, recai no trabalho de canto e corpo de todo o elenco, principalmente.

Também merece realce a ótima atuação da banda, ao vivo, da qual fazem parte FÁBIO SÁ (baixo acústico, baixo elétrico, guitarra, synth e piano), MARIA BERALDO (clarinete, clarone, guitarra, eletrônica, piano) e MARIÁ PORTUGAL (bateria, eletrônica, MPC e piano). 


  

            Dentre os 110 profissionais envolvidos na montagem brasileira deste musical, aplaudo os diretores de arte, DANIELA THOMAS e FELIPE TASSARA, pelo ótimo cenário: apenas uma plataforma, no palco, que sobe e desce, inclinando-se, e um gigantesco espelho, ao fundo, que também se inclina, num desafio à lei da gravidade, criando efeitos muito interessantes. A banda fica instalada nas duas laterais do palco. Incluo os figurinos, assinados por VERÔNICA JULIAN e DIOGO COSTA, a curiosa e instigante direção de movimento, cuja responsabilidade cabe a ALEJANDRO AHMED, e a provocante iluminação, de BETO BRUEL, que cria momentos os quais reportam a alucinações.  

            Embora não esteja à vista do espectador, esta superprodução reúne, atrás do palco, quase duas toneladas de equipamento: 700 kg de luz, 300 kg de áudio, 600 kg de projeção, 300 kg de cenário.

“Em ‘LAZARUS’, tudo é estranho. O texto é cifrado, há referências que só se percebe se você for interessado o suficiente para aprofundar-se no(s) universo(s) de DAVID(s) BOWIE(s). Se você estiver de fato vivo. A encenação do espetáculo, o tempo todo, nos convida a tentar ver beleza em descompassos de tempo. Atores e atrizes estão em lugares e funções nunca antes experimentados por eles.”.








FICHA TÉCNICA:

Texto: David Bowie e Enda Walsh
Direção Geral: Felipe Hirsch


Elenco: Bruna Guerin, Carla Salle, Jesuíta Barbosa, Rafael Losso, Gabriel Stauffer, Luci Salutes, Marcos de Andrade, Natasha Jascalevich, Olívia Torres, Valentina Herszage e
Vitor Vieira

Músicos: Fabio Sá, Maria Beraldo e Mariá Portugal

Direção Musical: Maria Beraldo e Mariá Portugal
Direção de Arte: Daniela Thomas e Felipe Tassara
Figurino: Verônica Julian e Diogo Costa
Direção de Movimento: Alejandro Ahmed
Iluminação: Beto Bruel
"Casting": Marcela Altberg
Produção: Bruno Girello e Ricardo Frayha
Realização: Dueto Produções


           






Infelizmente, tudo indica que o espetáculo não fará temporada no Rio de Janeiro, mas consta que os DEUSES DO TEATRO estão “mexendo os seus pauzinhos”, para que os cariocas posamos assistir ao espetáculo. Que assim seja! Gostaria de revê-lo.



(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)




“MADAGASCAR – UMA AVENTURA MUSICAL”
(Temporada encerrada.)






    O sábado, dia 26 de outubro (2019), foi de jornada tripla, começando por “MADAGASCAR – UMA AVENTURA MUSICAL”, às 15h, no Theatro Net São Paulo. Trata-se de uma superprodução, levada à cena, graças à TOUCHÉ ENTRETENIMENTO (Leia-se RENATA BORGES, que já viabilizou, para os brasileiros, montagens inesquecíveis, como as recentes “Peter Pan – O Musical”, vista por mais de 200.000 pessoas, e “Cinderella, O Musical”, que atraiu 100.000 espectadores). São 6 cenários, uso de efeitos em 3D, mais de 60 figurinos e um gigantesco telão de “led”, com tecnologia inédita, no Brasil.







Para a alegria dos cariocas, com a autorização da produtora, RENATA BORGES, já estou antecipando que o musical fará temporada, na ex-Cidade Maravilhosa, em maio e junho de 2020, no Teatro Village Mall, antigo Teatro Bradesco, na Barra da Tijuca, razão pela qual deixarei para fazer uma crítica mais aprofundada depois de ter assistido à versão que, para o Rio, será trazida (Espero que com o mesmo ótimo elenco.). Por ora, vou me limitar a alguns comentários, mais informativos e leves, os quais, certamente, serão mais que suficientes para aguçar a curiosidade dos futuros espectadores e despertar seu interesse pela peça.











SINOPSE:

          O espetáculo, que não é infantojuvenil, e sim destinado à família, é baseado num filme de animação, de 2005, realizado pela DreamWorks e idealizado pela divisão teatral do estúdio (DreamWorks Theatricals).

Conta a divertida história de animais criados no Zoológico de Nova York, que organizam um plano de fuga, com o objetivo de conhecer o que existia fora dos muros do local em que sempre viveram, entretanto algo dá errado e eles embarcam em um navio, acabando, acidentalmente, por ir parar na ilha que dá nome ao espetáculo.

E os personagens, os protagonistas, são MARTY, a zebra (MAURÍCIO XAVIER), ALEX, o leão (ANDRÉ LODDI), GLÓRIA, o hipopótamo fêmea (LUDMILLAH ANJOS) e MELMAN, a girafa (IVAN PARENTE), os quais passam por situações perigosas e inusitadas, que, no fundo, servem para divertir o público, independentemente da idade dos espectadores.


















            Além dos quatro protagonistas, o elenco conta, ainda, com as atuações de LUCAS CÂNDIDO [REI JULIEN e FUNCIONÁRIO DO ZOO I]WILL SANCAR [CAPITÃO, FUNCIONÁRIO DO ZOO V, LÊMURE V e MARTY (COVER)]RENATO BELINI [RICO, FUNCIONÁRIO DO ZOO IV, LÊMURE II e FOOSA II]FERNANDO PALAZZA [KOWALSKI, FUNCIONÁRIO DO ZOO VII, LÊMURE IV, FOOSA I e MELMAN (COVER)]JÚLIO OLIVEIRA (RECRUTA, FUNCIONÁRIO DO ZOO VI, LÊMURE III, MORT, REI JULIEN (COVER) e POLICIAL (COVER)]NALIN JÚNIOR (MAURICE, FUNCIONÁRIO DO ZOO II, CAPITÃO DO NAVIO, POLICIAL, KOWALSKY e RICO (COVER), LÊMURE II E IV (COVER), FOOSA I E II (COVER), FUNCIONÁRIO DO ZOO IV E VII (COVER)]RAFAEL ARAGÃO (ZEKE - FUNCIONÁRIO DO ZOO, MASON (O MACACO), CONTROLE DE ANIMAIS, LÊMURE I, FOOSA LÍDER E ALEX (COVER)]BRENDA NADLER (ZELDA - FUNCIONÁRIO DO ZOO, DULCE NAPAFORTE, LYNN LÊMURE, RECRUTA (COVER), FUNCIONÁRIO DO ZOO VI (COVER), LÊMURE III (COVER)]VANESSA MELLO (FUNCIONÁRIO DO ZOO III, MORT, LARS LÊMURE, GLÓRIA (COVER), CAPITÃO (COVER), LÊMURE V (COVER), FUNCIONÁRIO DO ZOO V (COVER); e LETÍCIA MAMEDE (SWING FEMININO)GUILHERME PEREIRA (SWING MASCULINO). Por ora, sobre o elenco, apenas registro que todos defendem muito bem seus personagens, num trabalho bastante harmonioso.





 O sucesso do filme foi tamanho, que deu origem a duas continuações, no cinema, e ao musical. “MADAGASCAR fala da busca de um sonho, da importância da amizade e da família e, principalmente, do respeito ao próximo e sobre aceitar as diferenças. São temas que devem sempre ser pauta de uma sociedade”, explica MARLLOS SILVA, diretor do espetáculo. Como se pode ver, os temas abordados no enredo são todos construtivos e, no caso, muito bem explorados, no texto de KEVIN DEL AGUILA, assim como nas alegres músicas originais e letras de GEORGE NORIEGA e JOEL SOMEILLAN.








No Brasil, o espetáculo ganhou versão de DANIEL SALVE, cenografia de RENATA BORGES, direção musical de NATAN BÁDUE, coreografias de VIVIEN FORTES, figurinos de FAUSE HATEN e direção associada de CARINA GREGÓRIO.







Como já disse, farei uma crítica aprofundada do espetáculo quando de sua estreia no Rio de Janeiro, entretanto gostaria de, apenas, registrar dois detalhes que enriquecem, por demais, a montagem: os figurinos, de FAUSE HATEN, extremante criativos, e a cenografia,  de RENATA BORGES, que faz sua iniciação, com o pé direito, nessa seara, com um ousado projeto cenográfico de alta tecnologia. A cenografia foi, quase toda, produzida na China, uma grande novidade para o Teatro Brasileiro. Se não é nenhuma novidade o apuro, no trabalho de HATEN, para vestir os personagens, com relação à cenografia, em nada se parece com o trabalho de uma neófita, e sim obra de uma profissional muito experiente. Uma agradabilíssima surpresa.







A montagem nacional, uma superprodução, de quase 9 milhões de reais, é 100% original, e a equipe teve total liberdade de criação. “Estamos criando um musical muito alegre, colorido e dançante, diferente de qualquer outra versão já encenada”, acrescenta MARLLOS SILVA. “O que torna esse espetáculo encantador é a história de amizade entre este grupo de animais. Estamos sendo fiéis ao original, mas com o nosso tempero brasileiro. Quando se faz uma versão, algumas piadas perdem a força e, para que elas voltem a fazer sentido, dentro da história, nós as adaptamos para a nossa cultura. Nossas referências estão presentes no estilo de interpretação, nas coreografias e na forma como os personagens são construídos”, explica, ainda, o diretor.





“O musical propõe, ainda, uma forte interação com o público, que irá aprender uma coreografia antes de cada sessão. Sendo assim, a plateia terá a oportunidade de dançar com os animais do zoo e também será convidada a responder a algumas questões. É um desafio imenso, mas o espetáculo está lindo, com todos olhando para a mesma direção. Um projeto para ser feliz e para deixarmos o público feliz”, finaliza RENATA.








A ficha técnica desta encenação traz, ainda, BRUNO JUNQUEIRA (efeitos especiais), ANDRÉ GARRIDO (designer de som) e RAFAEL REIS (“stage manager”). O próprio diretor, MARLLOS SILVA, assina o “design” de luz, tendo TÚLIO PEZZONI como “designer” de luz associado. Muito importante, nesta peça, é a preparação de atores, a cargo de uma experiente profissional na área: INÊS ARANHA.








Agora, é só torcer para que o tempo cronológico “passe logo” e chegue maio de 2020, para que os cariocas possamos nos divertir e nos encantar bastante com esta linda produção. É claro que vou rever, mais de uma vez.





(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)




“COMO TER UMA VIDA QUASE NORMAL”
(Fica em cartaz até 15 de dezembro/2019.)


           


A segunda peça daquele sábado, 26 de outubro de 2029, foi uma grata surpresa, para mim. Atendi a um gentil convite da minha querida amiga CÉLIA FORTE, para assistir a um monólogo – como se já bastassem os trocentos a que já assisti este ano, no Rio de Janeiro - NADA CONTRA ELES; MUITO PELO CONTRÁRIO -, estrelado por MONIQUE ALFRADIQUE, atriz cujo trabalho eu conhecia, com pouca profundidade, apenas na TV.

 A televisão é uma mídia muito perigosa, que “constrói” ídolos e mitos e os destrói, na mesma velocidade empregada na sua criação (Ver “Roda Viva”, musical de Chico Buarque.) e consegue esconder, ou boicotar, por vezes, o talento de muita gente. Como vou, diariamente, aos Teatros, não me sobra tempo para me ligar na TV; quase não assisto a novelas; somente a um capítulo ou outro, ou a parte de um, bissextamente, o que não me permitia avaliar o talento da jovem atriz MONIQUE ALFRADIQUE, a mim revelado, naquela agradável noite de sábado, no palco do Teatro Folha (São Paulo), onde o solo está em cartaz, desde 21 de setembro, com o término da temporada previsto para 15 de dezembro (2019).

Com dramaturgia de um querido e talentoso amigo, RAFAEL PRIMOT, ótimo ator também, livremente inspirada no livro “Como Ter Uma vida Normal, Sendo Louca”, de CAMILA FREMDER e JANA ROSA, o espetáculo, também dirigido pelo RAFAEL, é uma excelente indicação, para quem deseja se divertir bastante, e, também, exercitar a empatia e fazer suas reflexões acerca do que venha a ser “levar uma vida normal” ou “ser normal”, vendo uma talentosa atriz em cena, dizendo um texto muito bom, com um humor que oscila entre o escrachado e o refinado, inteligente, sobretudo, espetáculo que indico, sem pensar duas vezes.








SINOPSE:

MONIQUE ALFRADIQUE protagoniza uma comédia, em forma de solo, sobre a vida de uma mulher contemporânea, tentando sobreviver nos dias de hoje.

O texto narra a história de uma mulher moderna, que, depois de passar por decepções amorosas, fracassos profissionais e experiências nada convencionais na vida virtual, permanece incansável, tentando lidar e sobreviver com seus dilemas contemporâneos, os quais, no fundo, são os de todos nós.

Dona de seu destino, ela tenta fazer suas próprias escolhas, apesar da pressão constante da sociedade, para que ela leve uma vida considerada “normal”.

E, afinal, será que se encaixar nos padrões é assim mesmo tão necessário?

Sufocada, ansiosa, impulsiva, a personagem, muitas vezes, se perde no turbilhão de informações que recebemos por todos os lados, nos dias de hoje.

A peça fala sobre a vida, as dores, os amores e todas as mazelas que assolam os 30 e poucos anos: Venci na vida? Sou, suficientemente, independente? Sou bem-sucedida? Sou amada? Sei amar?

Os efeitos da ansiedade, na vida desta mulher, aparecem sob o filtro de uma cabeça fervilhante de pensamentos, mãos trêmulas, falta de ar e, sobretudo, humor.

E, claro, sempre rindo de si mesma, o que confere, a tudo isso, graça, humanidade e identificação.

Ansiosa e caótica, ela atravessa seus dias na busca por encontrar a si mesma e acaba descobrindo que, talvez, precise de muito menos do que imagina para ser feliz.








            Sempre repito que adoro, quando a minha expectativa, todas as vezes em que que vou ao Teatro, sempre a melhor possível, tem um resultado potencializado, ao final da peça, em função da qualidade do espetáculo, exatamente o que aconteceu quando assisti a este monólogo, cujo texto, de RAFAEL PRIMOT, é delicioso: leve, com um humor inteligente, engraçado e que provoca reflexões. No fundo, a função primeira do humor é provocar reflexões, por meio do exercício da empatia. O público, ou boa parte dele, se identifica com a personagem, que ri de si mesma (Rir é sempre o melhor remédio; nem que seja de si próprio.) e que não tem nome, porque pode ser qualquer pessoa; é universal. As gargalhadas que saem da plateia indicam essa identificação.

            A direção, também de PRIMOT, é marcada por uma agilidade, que prende a atenção do público, durante os 70 minutos que dura essa experiência, essa conversa, esse abrir de coração, essa troca de alegria e emoções, para o que é fundamental, imprescindível, o talento da atriz MONIQUE ALFRADIQUE, que se revelou uma excelente atriz de comédia (O pouco que conhecia de seu trabalho se limitava a papéis não-cômicos. Pelo menos, é do que me lembro.), com o “timing” exigido por aquele gênero teatral. Muito comunicativa e carismática, com uma excelente presença e domínio de palco, MONIQUE “traz nas rédeas”, todo um público, que lota, em todas as sessões, o Teatro Folha, pelo que pude apurar. Faz humor com o texto e com silêncios, marcados por pausas, muito bem encaixadas no contexto, e expressões faciais e corporais.







            O cenário, leve e criativo, de muito bom gosto, de WILLIAN LINITCHE, e a direção de arte, assinada por CAROLINA BERTIER, merecem elogios e serem mencionados num só parágrafo, uma vez que esta complementa aquele, da forma mais harmoniosa possível.

            KAREN BRUSTTOLIN é a responsável por um figurino, leve, prático e funcional, que se encaixa, com total ajuste, à proposta do espetáculo, o qual recebeu uma correta iluminação, criada por ALINE SANTINI.

            O solo é embalado, nos momentos em que a música se faz necessária, por uma boa trilha sonora, inspirada e muito apropriada aos momentos em que as canções entram, a cargo de DAN MAIA.







FICHA TÉCNICA:

Livremente inspirado num livro de Camila Frender e Jana Rosa, “Como Ter Uma Vida Normal, Sendo Louca”
Dramaturgia e Direção: Rafael Primot
Assistente de Direção: Haroldo Miklos

Elenco: Monique Alfradique

Direção de Arte: Carolina Bertier

Cenografia: Willian Linitch
Figurino: Karen Brusttolin
Desenho de Luz: Aline Santini
Trilha Sonora: Dan Maia
Preparação de Danças: Rodrigo Frampton
Coordenação de Comunicação: Beth Gallo
Assessoria de Imprensa: Daniela Bustos e Thaís Peres – Morente Forte Comunicações
Coordenação do Projeto Gráfico: Haroldo Miklos e Carolina Bertier
Fotografia: Caio Gallucci
Conteúdo Web: Jady Forte
Redes Sociais: Gabriela Torres, Lorraine Fonseca e Paloma Adeodato
Coordenação de Produção: Egberto Simões
Produção Executiva: Martha Lozano
Coordenação Administrativa: Dani Angelotti
Assistência Administrativa: Alcení Braz
Administradora: Magali Morente
Idealização: Monique Alfradique e EnkapothadoArtes Ltda.
Produtores Associados: Selma Morente, Célia Forte, Monique Alfradique e Rafael Primot
Uma produção Morente Forte Produções Teatrais










SERVIÇO:

Temporada: Até 15 de dezembro de 2019.
Local: Teatro Folha.
Endereço: Avenida Higienópolis, 619 – Santa Cecília – São Paulo – SP. (Shopping Pátio Higienópolis – Terraço.).
Telefone: (11) 3823-2323.
Dias e Horários: 6ª feira, às 21h30min; Sábados e domingos, às 20h.
Valor dos ingressos: R$60,00 (Setor I) e R$50,00 (Setor II) - 50% de desconto para Clube folha e Funcionários, além dos casos previstos em lei.
Vendas: (11) 3823.2423 / 3823-2737.
Venda de espetáculos para grupos e escolas: (11) 3104-4885.
Horários de Funcionamento da Bilheteria: Consultar o “site” do Teatro Folha.
Não aceita cheques, porém são aceitos cartões de crédito: todos da Mastercard, Redecard, Visa, Visa Electron e Amex.
Acesso para cadeirantes, ar-condicionado e estacionamento do shopping: R$14,00 (Primeiras duas horas).
Informações: (11) 3823-2323.
Capacidade: 305 pessoas.
Duração: 70 minutos.
Recomendação Etária: 14 anos.
Gênero: Comédia (monólogo).
www.morenteforte.com – (11) 3255-6183 e (110 3259-3545.









            “COMO TER UMA VIDA QUASE NORMAL” é daqueles espetáculos que agradam a qualquer tipo de pessoa - quem gosta de comédia ou quem prefere o drama -, porque toca, com suas verdades, a todos.

            Recomendo, com empenho, este monólogo.



(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)




“AMIGAS, PERO NO MUCHO”
(Temporada encerrada.)


            Estava pensando, aqui, em como começar a escrever sobre uma peça que se tornou um dos maiores sucessos de público e de crítica, em São Paulo, nos últimos tempos, há 12 anos em cartaz, e cheguei à conclusão de que a melhor maneira para isso seria dizer que esta crítica vai, principalmente, para quem não gosta de comédias e, pior ainda, considera-as uma “arte menor”. COMÉDIA é uma coisa muito boa, porque faz bem à alma, desde que feita com competência, como é o caso de “AMIGAS, PERO NO MUCHO”, uma delícia de espetáculo, totalmente despretensioso, na linha da chanchada ou do besteirol, ambos os termos já considerados anacrônicos, mais aquele que este, porém um gênero que eu adoro e que é tão presente e necessário, ainda nos dia de hoje.

           Nenhum espetáculo teatral, ainda mais nos dias de hoje, e sendo uma comédia, consegue fazer tanto sucesso, durante tanto tempo, se não contiver elementos que o sustentem no alto do pódio.
“AMIGAS, PERO NO MUCHO”, de certa forma, pode até ser considerado um fenômeno, não por falta de merecimento, mas por sua fórmula, sua proposta despretensiosa, simples, porém que também tem seu lugar e sua função, para uma boa parte do público que vai a TEATRO. 







            O espetáculo, escrito por CÉLIA FORTE, teve sua estreia em fevereiro de 2007, no Teatro Renaissance, inaugurando o horário da meia-noite. “Tirando cola” do “release”, que me foi enviado pela própria CÉLIA (MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES), “O sucesso foi tanto, com o elenco de atores interpretando as quatro 'amigas', que, por cinco anos, percorreu vários teatros de São Paulo, com temporada também no Rio de Janeiro. Ganhou montagem baiana, com apresentações em várias capitais do nordeste e Angola. Tem seu texto traduzido para o espanhol, alemão e inglês. Doze anos depois, as 'amigas' seguem em cartaz, em nova temporada no Teatro Folha, com apresentações as sextas e sábados, até 23 de novembro (2109)”. Desde sua estreia, a hilária comédia já foi aplaudida por mais de 170 mil pessoas.











SINOPSE:

A peça reúne, na tarde de um sábado, quatro “amigas” – “pero no mucho” -, mulheres da nossa época, as quais tentam dar conta de tudo: do cotidiano, do corpo, da mente, do trabalho, da família e da amizade, causando inusitadas situações típicas do universo feminino, virando tudo uma grande “lavagem de roupa suja”.

São quatro mulheres que sustentam, durante todo o decorrer da peça, uma relação de amor e ódio, afogadas em neuroses e idiossincrasias, expondo ironias e irreverências a rodo, pondo em destaque seus devaneios e loucuras.

O encontro se dá na sala de estar do apartamento de uma delas.

É claro que as conversas exploram, em tom de “fofoca’, as fraquezas umas das outras, quando não entram terceiras, citadas, nesse jogo de vaidades e autoafirmações, sem qualquer tipo de censura, principalmente de autocensura, tudo regado ao melhor molho de um humor cáustico.

As personagens são representadas por homens, o que já é o pontapé inicial para 80 minutos de pura diversão.











          Pelo elenco da peça, já passaram alguns ótimos atores, em temporadas diferentes e em viagens, como Leopoldo Pacheco, Norival Rizzo e Nilton Bicudo. No atual, estão ELIAS ANDREATO (O único remanescente da temporada de estreia.), LEANDRO LUNA, RAPHAEL GAMA e ROMIS FERREIRA.

A comédia teve seu embrião num fertilíssimo encontro de CÉLIA com o Senhor Paulo Autran, tendo a peça sido “abençoada’, também, por Marcelo Médici. Tinha como não dar certo? Paulo, segundo a autora, ajudou-a a reescrever algumas partes e Marcelo foi o autor da ideia de que as quatro “amigas” fossem representadas por homens, já que, originalmente, seriam as personagens feitas por atrizes. Em princípio, a direção seria de Autran, porém, por motivos que desconheço, acabou caindo nas mãos competentes de JOSÉ POSSI NETO.

            Para que o público tome conhecimento de quem é quem, naquele encontro surreal e bizarro, as personagens são apresentadas, em “off”, no início da peça, pela voz marcante e inconfundível de Denise Fraga, cada qual com um perfil mais singular e “exótico” do que a outra. Já nesse momento, a plateia começa a dar boas gargalhadas, a partir de cada apresentação:

            ELIAS ANDREATO é FRAM, 50 anos - Divorciada, dois filhos, que moram com o pai. É a mais velha das quatro "amigas". Já passou dos 50 anos, mas quer parecer 30. Ninfomaníaca. Fala muito palavrão, quando está sozinha; em público, jamais. Faz meditação, mas, quando está com raiva, tem tiques nervosos. (É muita contradição numa só mulher.)







LEANDRO LUNA é SARA, 35 anos - Solteira. Executiva. A mais reservada. Parece ser fria, mas esconde grande esperança. Fuma descontroladamente. Não perdoa as "amigas", mas pouco se importa com a opinião dos outros. Desconfiada. Odeia as hipocrisias de FRAM. (Mas são “amigas”.)

RAPHAEL GAMA é DEBORA, 40 anos - Divorciada, sem filhos. Inteligente, perspicaz, irônica, mas do tipo “dona da verdade”. Sempre tem uma consideração a fazer, tentando que sua opinião prevaleça. Idealiza o amor. Come compulsivamente. (Reprimida, até a página 5.)

ROMIS FERREIRA é OLÍVIA, 40 anos – Casada, com filhos. Foi rica, não é mais. Tem que dirigir sua van, que leva crianças para a escola. Julga-se, constantemente, perseguida. Está sempre perguntando: “O que vocês estão falando de mim?” Exalta o marido, Alfredo, para as "amigas". (“Frustração” resume tudo.)







CÉLIA FORTE diz que as personagens “São pessoas que conheço, parentes e amigas, que juntei nessas quatro personagens.”. Quem assiste à peça, certamente dirá: Nós também as conhecemos. Sim, porque são arquétipos, mais do que “figurinhas carimbadas” e presentes na vida de todos, quer de forma muito próxima, quer um pouco mais afastadas. São mulheres da vida (Não no sentido conotativo.). Estão na vida; de todos; é o que quero dizer.

Um detalhe interessante do texto é que ele não conta, propriamente, uma história, não desenvolve um enredo. Não há um aprofundamento em nenhuma temática, especialmente; seria, no bom sentido, uma “colcha de retalhos”, pulando de um tema a outro, tudo, aparentemente, solto, porém alinhavado num mesmo sentido e com um mesmo propósito.

Embora pareça, aos olhos dos leigos, muito fácil montar este espetáculo, na verdade, não o é. Primeiro, pela complexidade que envolve o ato de fazer rir. Depois, por outros motivos, como diz o diretor da peça: “Elas trazem suas pequenas tragédias cotidianas, que não interessam a ninguém, nem mesmo ao TEATRO, por serem tão medianas. Nesse mundo de emoções baratas, as 'amigas' tentam tornar suas vidas num drama. Por isso, não há nobreza nem vileza”. As quatro personagens são toscas e, no fundo, patinam na mediocridade, tentando valorizar, uma mais que a outra, as suas mazelas, os seus sofrimentos, as suas queixas da vida, alternando momentos de tentativas de autoafirmação e superioridade, em relação às outras. Tudo isso, junto e misturado, resulta num delicioso espetáculo, que diverte muito o espectador, ávido por boas comédias.







Não resta a menor dúvida de que (Sou eu quem está dizendo.), sem querer tirar, em absoluto, o mérito do texto, o grande trunfo, para o humor, nesta peça, reside no fato de as personagens femininas serem representadas por homens, que “são mulheres”; não “gays” ou travestis, como bem lembra o diretor.

Podemos dizer que a produção tem um toque franciscano, sem “glamours”, desnecessários mesmo, com elementos técnicos bem simples, os quais servem de apoio para que se destaquem o texto, o trabalho da direção e, “last, but not least”, a atuação do elenco.

O cenário, de JEAN-PIERRE TORTIL, reproduz, com fidelidade e simplicidade, uma sala de estar de um apartamento de classe média, com poucos móveis e detalhes.

Os figurinos, assinados por JOSÉ POSSI NETO, me parecem bem adequados à personalidade de cada uma das quatro mulheres, com alguns toques de exagero, cafonice e excentricidade, tudo, perfeita e propositalmente, pensado, conferindo, a cada visagismo, detalhes que já provocam risos, antes mesmo que os atores digam qualquer coisa.









Aliás, por falar em visagismo, as perucas, de ADRIANA ALMEIDA, contribuem, sobremaneira, para a composição exterior de cada personagem. Na verdade, esses adereços, se podemos assim nos referir a elas, são, a bem dizer, a base de construção exterior das quatro “mulheres”, e os quatro atores tiram muito partido delas, movimentando-as, explorando-as de forma repetitiva, exagerada e muito engraçada.

WAGNER FREIRE é o responsável pela iluminação, tendo pensado num desenho de luz sem qualquer sofisticação, dentro do espírito da peça.

Os quatro atores fazem um excelente trabalho de interpretação, todos muito nivelados, com momentos, oferecidos pelo texto, e valorizados pela direção, em que cada um tem a oportunidade de se destacar. E todos sabem fazê-lo da melhor forma possível. Os quatro atores/personagens são hilários, entretanto ELIAS ANDREATO parece-me encarnar a “amiga” que mais agrada ao público, em geral (A mim também, confesso.), a FRAM, aquela que respira sexo e transpira-o por todos os poros. A sua obstinação em querer parecer ter vinte anos a menos que sua idade real incomoda as outras “amigas”, provocando-lhes, pelo que estas demonstram, uma certa inveja, uma pontinha de “dor de cotovelo”. Imaginem uma senhora que quer se fazer de jovem, totalmente “fora da caixinha”, querendo se mostrar uma mulher livre e que não tem o menor pudor, quando se trata de pisar nas “amigas”. ANDREATO se apossou da personagem de tal forma e a interpreta com um proposital cinismo, que, mesmo não participando, diretamente, de alguma cena, quando eu, instintivamente, creio, desviava o meu olhar para ele, explodia numa gargalhada, pensando no que a personagem já dissera e imaginando o que ainda seria capaz de dizer e fazer, ou no que estaria arquitetando. Há um fato, envolvendo FRAM e OLÍVIA, que não revelarei, para não dar “spoiler”, o qual, quando de sua revelação, leva os espectadores à loucura, de tanto rir. ANDREATO brilha, até calado.







A SARA, de LEANDRO LUNA, é o protótipo da mulher fútil, que já pode ser considerada solteirona, uma vez que, aos 35 anos, ainda está sem um homem para chamar de seu, mas não perde a esperança de se dar bem na vida, encontrando um marido rico, que lhe dê boa vida. Das quatro, é a que mais obteve sucesso profissional, trabalhando, e se portando, como uma executiva, extremamente fria, sem se importar com a opinião alheia, fixada em ganhar dinheiro e alimentar suas futilidades. Em suas palavras, percebe-se uma forte dose de crueldade, em relação às outras, as quais se fragilizam, ante suas agressões. LUNA parece ter sido talhado para o papel.

Dentre as quatro, há aquela que simboliza a “mulher perfeita", a esposa e mãe “modelo”. Essa é OLÍVIA, personagem de ROMIS FERREIRA. A sua condição de base, alicerce, de uma família “padrão” faz com que ela tripudie, de certa forma, sobre as outras, “desajustadas”. Sua “pièce de resistence”, conotativamente falando, para se colocar num patamar superior ao das outras, se concentra nos exacerbados elogios que não poupa ao marido e na maneira como fala do “paraíso” que é ter uma família “normal” e feliz, na qual ninguém tem defeitos, nem mesmo a sogra. Por outro lado, vê-se obrigada a trabalhar, no volante de uma van, utilizada em transporte escolar, para ajudar na renda familiar. ROMIS faz uma excelente OLÍVIA.





(Foto: Gilberto Bartholo.)


A RAPHAEL GAMA cabe interpretar DÉBORA, em cujo apartamento se dão as costumeiras reuniões das “amigas”. Ela procura ser a melhor anfitriã possível, o que, aparentemente, faz com que angarie a simpatia e o amor de todas. Solteirona, aos 40 anos, vive nas nuvens, como uma jovenzinha romântica, idealizando e aguardando a chegada de um homem perfeito, o seu “príncipe encantado”. Sua compulsão por devorar os petiscos que tem em casa, para, em princípio, oferecer às visitas, arranca muitas gargalhadas também. Um detalhe curioso da personagem é que seu pai é “gay”, com o que ela diz, da boca para fora, não se preocupar, não ter nenhum problema com relação a isso, o que não se revela verdadeiro. RAFAEL também é um dos destaques da peça.

Além de interpretar, os atores também cantam e dançam, e isso também provoca risos à farta. E, já que falamos em canto, chegamos à música, quando não podemos, de forma alguma, ignorar a participação do músico ANDERSON BELTRÃO, ao piano, acompanhando, ao vivo, os atores, nas canções. E, continuando no quesito música, faz-se necessário, e obrigatório, citar o nome do maestro MIGUEL BRIAMONTE, que compôs uma ótima trilha sonora original







JOSÉ POSSI NETO, como de hábito (Não me lembro de ter assistido a nenhum trabalho dirigido por ele que não me tenha agradado.), sai-se muito bem, na direção do elenco, o que já vem fazendo desde a primeira temporada, tomando o cuidado, obviamente, de ir moldando seu trabalho às novidades que surgem a cada dia. Embora esta tenha sido a primeira vez em que assisti à comédia, acredito ter havido, ao longo de mais de uma década em cartaz, muito de atualizações, não só no texto como também na direção, até por considerar as substituições no elenco. Embora eu saiba do rigor, no melhor sentido possível, e necessário, do perfeccionismo que POSSI imprime às suas montagens, nos seus trabalhos, a ideia que me passou foi a de que ele deixou os atores bem à vontade, para que se vestissem (das) e investissem (nas) personagens. E não me parece se importar muito com as "ótimas improvisações e "cacos" dos quatro em cena.

Embora a interpretação dos atores, na procura da “finesse” feminina, acabe resvalando no escracho, o quarteto se desloca, pelo espaço cênico, procurando, à sua maneira, deixar o toque de feminilidade, por conta do trabalho de direção de movimento, a cargo de VIVIEN BUCKUP.











FICHA TÉCNICA:

Texto: Célia Forte                                    
Direção Geral: José Possi Neto    

Elenco: Elias Andreato, Leandro Luna, Raphael Gama e Romis Ferreira

Músico (Piano ao vivo): Anderson Beltrão

Trilha Sonora Original: Miguel Briamonte
Música “Amigas Pero Para Siempre” - Dueto (Versão Livre): Elias Andreato
Participação Especial: Denise Fraga (Voz em "Off")
Cenário: Jean-Pierre Tortil
Figurinos: José Possi Neto
Sapatos: Fernando Pires
Iluminação: Wagner Freire
Direção de Movimento: Vivien Buckup
Supervisão Cenográfica: Luís Rossi
Execução Cenográfica: FCR Produções Artísticas
Perucas: Adriana Almeida
Coordenação de Comunicação: Beth Gallo
Assessoria de Imprensa: Daniela Bustos e Thaís Peres – MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES
Programação Visual: Vicka Suarez
Adaptação de Arte Visual: Luciano Angelotti
Filmagens e Edições para Web: Jady forte - DESTEATRANDO
Fotos: João Caldas Fº
Assistente de Fotografia: Andréia Machado
Redes Sociais: Gabriela Torres, Lorraine Fonseca e Paloma Adeodato
Coordenação de Produção: Egberto Simões
Produção Executiva: Martha Lozano
Coordenação Administrativa: Dani Angelotti
Assistência Administrativa: Alcení Braz
Administração: Magali Morente Lopes
Produção: Selma Morente
Realização: MORENTE FORTE PRODUÇÕES TEATRAIS






(Foto: Gilberto Bartholo.)


            
              
         Podem anotar: Acabei de saber, pela querida CÉLIA FORTE, que o espetáculo emplacará, pelo menos, o 13º ano de vida, uma vez que retornará em 2020, em local e horários a serem anunciados. Seria tão bom que viesse para o Rio de Janeiro novamente!!!



(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)




“ESCOLA DO ROCK – O MUSICAL”
(Temporada até 15 de dezembro/2019.)









            Minha paixão é o TEATRO. Gosto de todos os gêneros, mas nunca escondi minha predileção pelos musicais, um formato tão difícil de ser montado, que exige grandes investimentos, um batalhão de profissionais e um elenco especialíssimo, uma vez que, além de exigir a presença, no palco, de atores de alto nível, é preciso que estes também dominem o canto e a dança. Ultimamente, até é melhor que, também, sejam musicistas.







            Muita gente pensa que sabe fazer musical, que conhece todas as manhas e exigências, para que um espetáculo desse gênero agrade e se mantenha em cartaz por muito tempo. O Brasil, embora ainda se discuta muito o assunto e se contestem os números, aparece, no “ranking” mundial, como o terceiro maior produtor de musicais do mundo e, certamente, um dos países que reúnem grande quantidade de consumidores. A grande produção de musicais, de uma forma geral, se concentra em dois polos: Rio de Janeiro e São Paulo. Creio que mais nesta cidade. Seria ótimo se houvesse um intercâmbio total entre as duas capitais, as maiores do país, e que todos os musicais montados em uma delas fossem apresentados, também, na outra, e vice-versa. Melhor, ainda, seria se todos rodassem o país, para que muitos brasileiros pudessem ter acesso a eles, na sua grande maioria, de excelente qualidade, alguns nada ficando a dever a produções estrangeiras (Leia-se: Broadway e West End.), ainda que, para muitos, esse meu pensamento soe como excesso de ufanismo, coisa que não conheço, ou pura sandice, mesmo, o que também não me incomoda. Continuo firme na minha opinião, alicerçada nos espetáculos a que assisto, com muita frequência, alguns deles mais de uma vez.







            Exatamente porque sei que muitas das melhores montagens de musicais, de São Paulo, não vêm para o Rio de Janeiro, como já disse - a maioria -, é que, vou a Sampa, três ou quatro vezes, por ano, para poder assistir a eles, aproveitando, também, para ver outros tipos de espetáculos. Mas a minha prioridade são os musicais. Na mais recente visita que fiz à capital paulista, a qual está motivando estes escritos, dos sete espetáculos a que assisti, cinco eram musicais, sendo que, infelizmente, apenas um já tem data para estrear no Rio, como também já disse (“MADAGASCAR – UMA AVENTURA MUSICAL”).

Desses cinco, quatro me marcaram muito e “ESCOLA DO ROCK”, espetáculo ao qual assisti, na primeira sessão de um domingo, 27 de outubro (2019), foi um deles. E me marcou mesmo, a ponto de eu ter vontade de permanecer no Teatro Santander, onde fica em cartaz, até o dia 15 e dezembro (2019), para a segunda sessão, e, até mesmo, voltar a São Paulo, para rever a peça, mais duas vezes, pelo menos. Era meu desejo, mas, infelizmente, não pude realizá-lo. “ESCOLA DO ROCK” não é para ser visto apenas uma vez. Mas não é mesmo!!! 

O musical é baseado no filme homônimo, “School of Rock”, título original, de 2003, escrito por Mike White e dirigido por Richard Linklater. O filme fez um enorme sucesso, com o público jovem, tornando-se um clássico da cultura “pop” dos anos 2000. Em dezembro de 2015, virou um musical de grande sucesso, encenado na Broadway. Atualmente, ainda podem ser vistas montagens de “ESCOLA DO ROCK” em Londres (West End), na Austrália e na Coreia do Sul. Em março de 2016, foi lançada uma série de televisão, no canal Nickelodeon.










SINOPSE:

           O enredo principal gira em torno de DEWEY FINN (ARTHUR BERGES), um cantor e guitarrista de rock, que é demitido da banda “No Vacancy”, e, posteriormente, se disfarça, como professor substituto em uma prestigiosa escola preparatória.

O protagonista, na casa dos 30 e poucos anos, ainda deseja se tornar uma estrela do “rock”.

Depois de testemunhar o talento musical de seus alunos, DEWEY forma uma banda, com os da 5ª série do ensino fundamental, para vencer um concurso, a “Batalha das Bandas”, e poder pagar o seu aluguel.

DEWEY mora com o amigo NED SCHNEEBLY (CLETO BACCIC), este, sim, professor de música, e a namorada deste, ROSALIE MULLINS (SARA SARRES), mas ela não aguenta mais o namorado sustentando o amigo e manda DEWEY conseguir dinheiro, se quisesse continuar morando com o casal.

O roqueiro, por conta de uma artimanha, se passa por NED e vai trabalhar, como professor substituto, numa escola tradicional.

Lá, DEWEY assiste às crianças, na aula de canto, e descobre que elas têm talento para a música.

Resolve, então, montar uma banda, na classe, dizendo, aos pequenos, que eles iriam participar de uma competição com as outras escolas e ganhariam pontos em seu histórico escolar.

Para conseguir levar a efeito seu plano, DEWEY embebeda a reprimida diretora da escola, PATTY DI MARCO (THAIS PIZA), e consegue convencê-la a deixá-lo levar as crianças a uma “excursão”.

Um dia antes da “Batalha”, na “Noite dos Pais”, encontro entre pais e mestres, para que aqueles tomem conhecimento de como seus filhos estão indo nos estudos, todos descobrem que DEWEY é uma farsa.

No dia seguinte, as crianças ficam tristes, mas não desistem, fogem da escola e vão até a casa de DEWEY, a fim de chamá-lo para o “show”, no qual acabam, como não poderia deixar de ser, bem-sucedidas.

O final já pode ser adivinhado.






            Não cabe à história, ao enredo, ao texto a responsabilidade pelo grande sucesso do musical. Nada de novo, com muita coisa, até mesmo, previsível. O texto serve, apenas, para que a direção e o elenco, além dos artistas criadores, mostrem a que vieram. É claro que não se pode desprezar, por completo, a dramaturgia, que apresenta alguns pontos em comum com outras obras já do conhecimento do grande público, como é o caso de um professor revolucionário, com pensamentos modernos, que “subverte” a ordem, numa escola extremamente conservadora e rígida. Alguém não viu “Sociedade dos Poetas Mortos”, uma das maiores obras-primas do cinema universal, a meu juízo? DEWEY e o Professor John Keating, brilhantemente interpretado pelo falecido ator Robin Williams, em “Sociedade...”, são muito parecidos. E da canção “Another Brick in tke Wall”, grande “hit” da banda inglesa Pink Floyd, alguém se lembra ou conhece o teor de sua letra, que fala de alunos presos a regras inadmissíveis, numa escola “linha dura’, que se utilizam da rebeldia para se libertar do sistema escolar? A canção se encaixaria, inteira, na trilha sonora de “ESCOLA DO ROCK”. Um paralelo com a referida canção também pode ser feito, no musical em tela. Por oportuno, não devemos nos esquecer de que “a rebeldia foi, durante muito tempo, marca fundamental do ‘rock 'n roll’”.






            Por meio de um acordo especial com a Really Usefull Group, o musical chegou ao Brasil apenas quatro anos após sua estreia na Broadway, o que é pouco comum acontecer. É preciso que aqueles que detêm os direitos da peça confiem muito em quem irá produzir uma versão, em outro país, em outro idioma. Essa confiança o ATELIER DE CULTURA mereceu, merece e merecerá, sempre, pelo tanto de excelentes produções pelas quais são responsáveis, no Brasil, bastando citar, apenas quatro, campeãs de sucesso e bilheteria: “O Homem de La Mancha”, “Annie – o Musical”, “A Noviça Rebelde” e “Billy Elliot”, todas OBRAS-PRIMAS, das coisas mais lindas e emocionantes a que já assisti, até hoje, em termos de musicais.






“ESCOLA DO ROCK” é uma arrojadíssima e impecável produção, que conta com 63 atores, o maior elenco jamais apresentado no Brasil (42 crianças e 21 adultos), em mais uma superprodução do ATELIER DE CULTURA, desta vez em parceria com SIR ANDREW LLOYD WEBBER.






            Por exigência legal, há três elencos de crianças e adolescentes, 14 por sessão, num total de 42 pessoas, multiartistas, os quais representam, cantam e dançam magnificamente bem, além de, também, tocar, ao vivo, vários instrumentos (Quatro deles: guitarra, baixo, bateria e teclado). A propósito, antes do início de cada sessão, num vídeo, Mr. WEBBER faz questão de falar de sua felicidade, pelo fato de o musical estar sendo apresentado no Brasil, concluindo seu breve pronunciamento com a informação de que “todos tocam de verdade”.







SIR ANDREW LLOYD WEBBER é o consagrado autor de grandes sucessos universais, em musicais, como “O Fantasma da Ópera”, “Cats”, “Jesus Cristo Superstar” e tantos outros. A “ESCOLA...” é sua mais recente criação de sucesso. Para a nossa alegria, e motivo de grande orgulho, “a produção do ATELIER DE CULTURA, em 2019, é o primeiro licenciamento internacional do título e a primeira vez em que o espetáculo é apresentado, em versão para a língua local”. (Extraído do “release”, enviado por CÉLIA FORTE (MORENTE FORTE COMUNICAÇÃO).






Muito motivos me levaram ao encantamento com a peça. Não tanto o texto, como já disse, libreto de JULIEN FELLOWES, com letras de GLEEN SLATER. A música, sim, do gênio LLOYD WEBBER, alegre, comunicativa, extremamente dançante e agradável, melodicamente, faz com que saiamos do Teatro saltitantes e com algumas frases melódicas na cabeça. E eu tive de me esforçar, a fim de me abstrair delas e me preparar para assistir a um outro musical, em seguida, sobre o qual falarei adiante, para finalizar estas considerações.







Não há apenas um ponto alto, nesta montagem, entretanto, se me fosse cobrado, sob a mira de uma arma de fogo, que eu apontasse um único elemento de destaque, para ter a vida poupada – e tão somente por isso –, eu diria que é o elenco. Em especial, ARTHUR BERGES, que interpreta o protagonista. A depender de mim, o ator ganharia todos os prêmios de Melhor Ator de Musicais, de 2019, não só em São Paulo como também em qualquer outra cidade em que a peça fosse encenada, no Brasil. Os aplausos e os gritos de “BRAVO!” são uma unanimidade, em relação ao rapaz. Na saída do Teatro Santander, o assunto não era outro, partindo de uma multidão, que, como eu, acabara de assistir a uma atuação irretocável, em todos os sentidos, daquelas indeléveis. Jamais conseguirei apagar, da minha mente, as imagens e os sons de ARTHUR e seu DEWEY.







Sobre ARTHUR, é difícil falar, além do que já disse. Começo por esclarecer que já conhecia o seu trabalho, em vários espetáculos anteriores, todos de grande porte, como “Um Violinista no Telhado”, “Godspell”, “Os Dez Mandamentos”, “Rent”, “Urinal”, “Chaplin – o Musical” e “Aparecida – um Musical”. Infelizmente, não pude aplaudi-lo em outros trabalhos, aos quais não assisti, mas o fiz, e muito, nos citados. É quase inacreditável a energia, física e emocional, que ARTHUR utiliza neste espetáculo. Seu "pique", em cena, parece coisa sobrenatural. E não estou exagerando. Por força de seu personagem, ele não para de se locomover, freneticamente, no palco, e canta com uma voz possante, afinada, tal qual um roqueiro de verdade. O DEWEY FINN é para lá de carismático, e acho que só um ator com o talento, o preparo físico e o carisma de ARTHUR poderia dar vida ao personagem, da forma como este se apresenta ao público. É impossível não tirar os olhos dele, até quando, raramente, não é o foco da cena. Senti-me, profundamente, gratificado com seu trabalho e orgulhoso, por saber que é um artista brasileiro que faria sucesso em qualquer parte do mundo.









Quero fazer um registro especialíssimo com relação a dois grandes nomes dos musicais, CLETO BACCIC e SARA SARRES, por tantas vezes protagonistas, por terem, generosamente, cedido o protagonismo do musical ao jovem ARTHUR. CLETO e SARA, que fazem parte da linha de frente do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, aqui, interpretam dois personagens coadjuvantes, ainda que de importância na história. Os personagens é que são coadjuvantes; o casal de atores não. O talento dos dois valoriza qualquer papel, como ocorre aqui. Ambos não atuam em tantas cenas, entretanto, quando fazem parte de alguma, valorizam-na, quer na interpretação, quer no canto. Respectivamente, NED SCHNEEBLY e ROSALIE MULLINS, ambos, sem nenhuma surpresa, compõem, com perfeição, o papel do amigo “boa praça”, que abriga e sustenta DEWEY, este numa fase ruim da vida, financeiramente, e da namorada do amigo, a qual não consegue mais admitir a “indolência” do “hóspede”, o que gera um pequeno conflito conjugal.

















THAIS PIZA também tem seu grande mérito, na pele de PATTY DI MARCO, a severa (Até a página 50.) diretora da escola, interpretando, cantando e dançando. Uma atriz completa, de musicais.
Já imaginaram o que é ter 14 crianças e adolescentes em cena, atuando, cantando, dançando e, quatro delas, tocando um instrumento musical? E tudo de forma perfeita? Isso é possível, e em dose tripla, uma vez que, conforme já mencionei acima, há três elencos infantojuvenis. Como pude assistir ao musical, infelizmente, apenas uma vez, só posso avaliar o grupo que atuou na primeira sessão do domingo, 27 de outubro de 2019, ainda que não de forma individual. Como não os conheço, fico sem condições de fazer um julgamento particular, de cada um, limitando-me a dizer que o conjunto dos 14 que vi é excelente. Sei, contudo, por quem teve a grata oportunidade de ver a peça com os três elencos, que “não há como apontar o melhor ou os melhores de cada grupo”, no que acredito piamente. Os 14 talentos que vi atuando estão, na ficha técnica, com seus nomes destacados em vermelho, entretanto faço questão de citar todos os outros 28, na certeza de que aplaudiria a todos da mesma forma como, entusiasticamente, aplaudi os que vi: MAFÊ MOSSINI, NINA MEDEIROS e SOPHIA MARIE – KATIE (BAIXISTA); AGYEI AUGUSTO, HENRIQUE  BONADIO e NICOLAS CRUZ – ZACK (GUITARRISTA); JOÃO PEDRO DELFINO, RAFAEL MEZADRI e THOMAS DINIZ – FREDDY (BATERISTA); DUDU EJCHEL, HENRY GASPAR e KAUÃ SOARES – LAWRENCE (TECLADISTA); BIA BRUMATTI, DUDDA ARTESE e LUISA BRESSER – SUMMER; LUIZA GATTAI, MARIA CLARA ROSIS e RINON UEYAMA – TOMIKA; GIGI PATTA, GIOVANA MACIEL e VALENTHINA RODARTE – SCHONELLE; ISABELLA DANELUZ, JULIA RIBAK e MARTHA NOBEL – MARCY; FELIPE COSTA, FELIPE DE SOUZA e LUIS PRUDÊNCIO – ANDY; LORENZO TARANTELLI, ISIDORO GUBNITSKY e PAULO GOMES – BILLY; DAVI LOURENÇO, GUSTAVO SPINOSA e RODRIGO SPINOSA – JAMES; JUJU MORGADE, MARIANA DIAS e MILENA BLANK – MADISON; GU FERREIRA, GABRIEL MEIRELLES e MICHEL SINGER – MASON; e DUDA RAMALHO, ERIN BORGES e PAULA SERRA – SOPHIE.






Ainda, em papéis de adultos, contamos com ótimas atuações de CLARTY GALVÃO, JANA AMORIM (COVER DE ROSALIE MULLINS), KELIA BUENO, LAURA CAROLINAH, LEILANE TELES, LUCIANA ARTUSI e ROBERTA JAFET, formando o grupo de ENSEMBLE FEMININO; e ABNER DEPRET, BERNARDO BERRO, BRUNO SIGRIST, CADU BATANERO, FABRICIO NEGRI, GUILHERME LEAL, MAU ALVES, THIAGO PERTICARRARI, TONY GERMANO  e TCHELLO GASPARINI (COVER DE DEWEY), o grupo de ENSEMBLE MASCULINO.
Quem responde pela direção do espetáculo é MARIANO DETRY, o qual “traz um projeto cênico inédito, que nos faz transitar pelo mundo do ‘rock’n’roll’ com gigantesca eficácia (...)”, como consta no “release”. São palavras do diretor: “É incrível dirigir ‘ESCOLA DO ROCK’, um musical encantador, para toda a família, que não vai te deixar parado.”. Não tenho como desmentir DETRY, quanto a isso. O diretor soube tirar partido do texto, de qualidade mediana, não por culpa de quem assina a versão brasileira, MARIANA ELISABETSKY e VICTOR MÜHLETHALER, ambos excelentes versionistas, mas pelo teor do original, mesmo. A direção acertou no alvo, considerando o público-alvo (Perdão pelo trocadilho redundante!).







O ATELIER DE CULTURA não poupou esforços, para pôr, no palco, um arrojado projeto, poucas vezes visto num musical montado no Brasil, no que diz respeito aos elementos de apoio - sem qualquer demérito a eles, pelo “de apoio”; muito pelo contrário -, tais como cenografia, figurino, iluminação e outros.
“O espetáculo traz um arrojado projeto de cenografia e figurino, ambos desenvolvidos, especialmente para o Brasil, pela cenógrafa e figurinista da produção original na Broadway e no West End, ANNA LOUIZOS, de Nova Iorque (...). Sua nova cenografia explora a altura da boca de cena do Teatro Santander e cria alturas, com cinco elevadores automatizados, construídos, sob medida, para a produção, além de projeções mapeadas, que tornam os ambientes empolgantes”. (Extraído do “release”.) ANNA divide a criação dos figurinos com ABBY HAHN. São, de verdade obras que chamam a atenção, pelas dimensões, pelo acabamento e pela funcionalidade, além de, obviamente, a criatividade nelas empregada.





“Os figurinos remetem às tradicionais escolas americanas e ao mundo do ‘rock’, com pintura de tecido feita a mão e diversas aplicações de ‘hotstamps’, penas e lantejoulas, que engrandecem, ainda mais, o musical.” (Extraído do “release”.) Creio que não há nada mais a acrescentar, com relação a este elemento. Todos os figurinos são ajustados aos personagens e à época, apresentando um visível, e necessário, contraste entre os que pertencem ao universo do “rock” e aos que fazem parte do “mundo careta”.
Um musical não pode abrir mão de uma ótima coreografia. “A coreografia de ‘ESCOLA DO ROCK’, é assinada por PHILIP THOMAS, coreógrafo inglês (...). Assim como a composição, a coreografia é fundamental para o ritmo elétrico que conduz o espetáculo.” (Extraído do “release”.). É preciso que toda coreografia, num musical, esteja inserida no contexto. Não pode ser “gratuita”. Não faz sentido um desenho coreográfico que destoe da proposta e da temática da peça. Quanto a este detalhe, tudo me parece perfeito, em termos de passos e movimentos, acompanhando o “frenetismo” (Acabei de criar um neologismo.) do espetáculo.







A música, obviamente, também tem de ser de excelente qualidade e brilhar, num bom musical. Além do quilate das canções, temos de render um preito à direção musical, a cargo do maestro DANIEL ROCHA, nome sempre presente, e com destaque, em grandes musicais, aqui à frente de uma orquestra de 9 músicos. Para ilustração, de acordo com o “release”, “As músicas, de ANDREW LLOYD WEBBER, serão (são) reproduzidas na formação original da orquestra, como realizado em Londres e em Nova Iorque”.






“O desenho de luz fica a cargo do premiado inglês MIKE ROBERTSON, um dos maiores nomes para a iluminação de TEATRO MUSICAL da atualidade, vencedor do Prêmio Olivier Award, entre outros tantos, ao redor do mundo. Seu projeto é criado em conexão com a composição das músicas, do cenário e das movimentações do elenco, do texto e das coreografias, construindo momentos emocionantes.”. Nada a acrescentar. E seria preciso?
E onde entram os profissionais e criação, brasileiros, envolvidos no projeto? É claro que, assumindo as responsabilidades locais, em consonância com os criadores originais, há nomes de destaque, no TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, responsáveis pela sustentação da temporada, dentre os quais destaco FLORIANO NOGUEIRA (diretor associado), LÍGIA ROCHA (figurinista associada) e MARCELA ALTBERG (produtora de elenco).









FICHA TÉCNICA:

Libreto: Julian Fellowes
Letras: Glenn Slater
Músicas: Andrew Lloyd Webber
Originalmente dirigido por Laurence Connor
Direção Geral Mariano Detry
Diretor Associado: Floriano Nogueira
Versão Brasileira: Mariana Elizabetsky e Victor Mületahler
Diretor Musical: Daniel Rocha



ELENCO / PERSONAGEM: Arthur Berges (Dewey Finn), Sara Sarres (Rosalie Mullins), Cleto Baccic (Ned Schneebly), Thais Piza (Patty Di Marco)

ELENCO INFANTOJUVENIL: Mafê Mossini, Nina Medeiros e Sophia Marie (Katie - Baixista); Agyei Augusto, Henrique  Bonadio e Nicolas Cruz (Zack - Guitarrista); João Pedro Delfino, Rafael Mezadri e Thomas Diniz (Freddy - Baterista); Dudu Ejchel, Henry Gaspar e Kauã Soares (Lawrence - Tecladista); Bia Brumatti, Dudda Artese e Luisa Bresser (Summer); Luiza Gattai, Maria Clara Rosis e Rinon Ueyama (Tomika); Gigi Patta, Giovana Maciel e Valenthina Rodarte (Schonelle); Isabella Daneluz, Júlia Ribak e Martha Nobel (Marcy); Felipe Costa, Felipe de Souza e Luis Prudêncio (Andy); Lorenzo Tarantelli, Isidoro Gubnitsky e Paulo Gomes (Billy); Davi Lourenço, Gustavo Spinosa e Rodrigo Spinosa (James); Juju Morgade, Mariana Dias e Milena Blank (Madison); Gu Ferreira, Gabriel Meirelles e Michel Singer (Mason); e Duda Ramalho, Erin Borges e Paula Serra (Sophie)


ENSEMBLE FEMININO: Clarty Galvão, Jana Amorim (Cover de Rosalie Mullins), Kelia Bueno, Laura Carolinah, Leilane Teles, Luciana Artusi e Roberta Jafet

ENSEMBLE MASCULINO: Abner Depret, Bernardo Berro, Bruno Sigrist, Cadu Batanero, Fabricio Negri, Guilherme Leal, Mau Alves, Thiago Perticarrari, Tony Germano e Tchello Gasparini (Cover de Dewey)

Coreógrafo: Philip Thomas
Cenógrafa: Anna Louizos
Cenógrafa Associada: Christine Peters
Figurinistas: Anna Louizos e Abby Hahn
Figurinista Associada: Lígia Rocha
“Designer” de Luz: Mike Robertson
“Designer” de Luz Associado Adam Motley
“Designer” de Som: Gaston Birski
“Designer” de Som Associado: Alejandro Zambrano
Visagista: Feliciano San Roman
Produtora de Elenco: Marcela Altberg
Produtores Associados: Cleto Baccic, Carlos A. Cavalcanti e Vinícius Munhoz
Realização: Atelier de Cultura, Secretaria Especial de Cultura e Governo Federal

OBSERVAÇÃO: Em vermelho, estão os nomes de quem vi atuando, no elenco infantojuvenil.
















SERVIÇO:
Temporada: De 15 de agosto a 15 de dezembro de 2019.
Local: Teatro Santander.
Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitscheck, 2041 – Vila Olímpia – São Paulo.
Capacidade: 1100 espectadores.
Dias e Horários: Às 5ªs e 6ªs feiras, às 20h30min; aos sábados e domingos, às 15h e às 18h30min.
Informações: (11) 4810-6868.
Valor dos ingressos: Variam de R$75,00 a R$310,00 (Meia entrada para quem, legalmente, faz jus ao benefício.).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De domingo a 5ª feira, das 12h às 20h, ou até o início do espetáculo; às 6ªs feiras e sábados, das 12h às 22h. Aceita todos os cartões de crédito e de débito. Não aceita cheques.
Estacionamento no local: R$35,00.
Vendas “on line”: www.ingressorapido.com.br
Duração: 120 minutos (com 20 minuto de intervalo).
Classificação Etária: Livre.
Gênero: Musical











(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)




“CHAVES – UM TRIBUTO MUSICAL”
(Temporada encerrada.)










            A vida nos reserva, de verdade, grandes surpresas, boas e ruins. Destas, procuramos sempre nos esquecer. As boas, estas, sim, tratamos de cultivá-las e mantê-las vivas na memória, a afetiva, como é o caso da experiência que vivi, ao encerrar esta imersão pelo TEATRO de São Paulo, com o musical “CHAVES – UM TRIBUTO MUSICAL”.










            Acreditem: até assistir à peça, eu nutria uma total aversão, com relação ao programa de TV e, obviamente, seus personagens, e, sempre que estava zapeando e acontecia de passar pelo seriado, sentia calafrios, de pavor. Não o tolerava mesmo. Acho que por puro preconceito, em função de vários motivos, que não vale a pena serem citados. Eu ODIAVA o CHAVES, pelo que era muito criticado por uma legião de crianças e por amigos adultos também. "Como não gostar daquela maravilha?". Esse era eu. Depois daquela noite de domingo, 27 de outubro de 2019, passei a AMAR o CHAVES e sua turma. Descobri que “aquela bobeira”, na verdade, é uma delícia, que aquilo, que parecia um humor tosco ou algo parecido com “falta de humor” é uma forma, muito simples de divertir e criticar o que merece ser criticado, mais aquela intenção que esta, apesar de que todo humor seja crítico.










     Perguntariam: Se “ODIAVA o CHAVES”, por que, então, foi assistir ao espetáculo? Masoquismo? NÃO!!! Três motivos, muito fortes, me levaram a me empenhar, ao máximo (Agradeço aos amigos FABIANO AUGUSTO, que faz parte do elenco, e FABIANA SERAGUSA, uma queridona, que foi morar em Portugal.), para assistir a esta montagem: o primeiro era a grande quantidade de queridos e talentosos amigos no elenco; a segunda era a qualidade da encenação, de que tanto ouvia falar, principalmente no que se referia ao trabalho dos atores, em especial o de MATEUS RIBEIRO, e às caracterizações, que diziam ser perfeitas; a terceira seria ratificar ou retificar a minha opinião sobre o legado que nos deixou ROBERTO GÓMEZ BOLAÑOS, o idealizador do programa, o dono da ideia, o “pai da criança”, infelizmente falecido em 2014. RETIFIQUEI-A, e não tenho o menor pudor em confessar isso, assim como não me envergonho de dizer que CHOREI, em alguns momentos da peça.










     Não poderia ter escolhido melhor o espetáculo que encerraria aqueles quatro dias de “confinamento” (Santo “confinamento”!) nos Teatros de São Paulo. Desde que voltei para o Rio de Janeiro, assisto, diariamente, aos episódios da série, atualmente em exibição em dois canais de TV: um aberto, à tarde (SBT), e outro fechado (MULTISHOW), este, no final da noite, início da madrugada, que é o meu horário. E rolo de rir. Explodo em gargalhadas, porque a peça me ensinou a entender aquele tipo de humor e a descobrir por que o seriado faz tanto sucesso, até hoje, no México, onde surgiu, e em tantos outros países (Itália, França, Coréia do Sul, Colômbia, Chile, Venezuela, Argentina, Peru, Panamá, Porto Rico e Estados Unidos) No Brasil, durante muito tempo, foi uma febre, atingindo grandes níveis de audiência, o que ainda vem ocorrendo. É só constatar o auditório do Teatro Opus, totalmente lotado, em todas as sessões, com um público que delira e vai à loucura, com o que vê em cena.








        Como o próprio título do musical diz, trata-se de uma linda – linda mesmo – e merecida homenagem a um gênio da comédia, ROBERTO GÓMEZ BOLAÑOS, e todo o seu legado”, como consta no “release”, enviado por GUILHERME OLIVEIRA (AGÊNCIA TAGA).









        Valendo-me, ainda, do material enviado por GUILHERME, com supressões e adaptações: “Esta é a primeira grande produção dessa natureza, endossada e licenciada pelo GRUPO CHESPIRITO e pelo SBT.”. Esta montagem, genuinamente brasileira, traz um roteiro inédito, de FERNANDA MAIA, também a diretora musical, e direção geral de ZÉ HENRIQUE DE PAULA, ambos conhecidos por grandes e inesquecíveis musicais, como “Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812”, “Urinal - o Musical” e “Lembro Todo Dia de Você”.




Fernanda Maia.



Zé Henrique de Paula.


            Na verdade, por total ignorância e preconceito, eu não tinha noção do talento e da importância de BOLAÑOS para a comédia, que “conquistou crianças e adultos do mundo inteiro, com seu humor simples e carismático, criando personagens, que serviram de inspiração para diferentes gerações de atores, comediantes e escritores. (...) Foi assim que surgiu a ideia de se criar um roteiro inédito, que não apenas trouxesse de volta aquela atmosfera lúdica, inocente e saudosista da vila da série, mas que, também, desse pitadas da vida de BOLAÑOS e de sua trajetória, como um grande mestre das artes cênicas e do ‘clown’. Mesmo não se tratando de um ‘episódio do CHAVES, transposto para os palcos’, e, sim, de uma homenagem, com uma história inédita, o musical reproduz, fielmente, o cenário mais conhecido da carreira de BOLAÑOS - a Vila do Chaves – (...), para envolver o público, ainda mais, na memória afetiva do mundo do seriado.”.












            Achei genial a ideia de ser montada uma exposição sobre CHESPIRITO no largo corredor, ou “foyer”, que dá acesso ao Teatro Opus, o que já vai inserindo o público no divertido universo de BOLAÑOS e seus personagens. São ambientes cenográficos, imagens, fotografias e objetos do acervo pessoal do “criador do personagem cômico mais icônico do México - e da América Latina também”.









            À frente do Grupo CHESPIRITO, dando continuidade ao legado deixado pelo pai, Roberto Gómez Fernandes, “comenta que se sentiu muito honrado e orgulhoso, quando ficou sabendo da ideia do musical aqui, no Brasil, e que segue se surpreendendo com o impacto que a obra de CHESPIRITO (apelido carinhoso de BOLAÑOS) ainda tem em todo o mundo. Ele diz que (o musical) ‘é uma enorme responsabilidade, para se preservar o legado do meu pai’, e que está ‘emocionado, por saber que (o musical) está em mãos profissionais e talentosas, e com um conceito único e original’”. Quanto a isso, o herdeiro de BOLAÑOS tem toda a razão. O musical, felizmente, caiu em mãos de profissionais muito competentes, que souberam honrar a memória e a obra do grande artista mexicano. E arremata Roberto, dizendo que “CHAVES – UM TRIBUTO MUSICAL” é um sonho que se tornou realidade”. Ele esteve em São Paulo, creio que para a estreia do musical, e, segundo informações, chegou a passar mal, de tanta emoção. Acho que, em seu lugar, eu também reagiria da mesma forma, diante do acolhimento e o carinho do povo brasileiro por seu pai.




Fabiano Augusto, Mateus Ribeiro e Roberto Gómez Bolaños.


Mateus Ribeiro/Chavez e Roberto Gómez Bolaños.


            Não pensem que, indo ao Teatro Opus, para assistir à peça, estariam os espectadores diante de algum ou alguns episódios da série televisiva. Não se trata, em absoluto, disso, como já foi dito. É um texto original, ótimo, diga-se de passagem, que já o seria, se, apenas, se ativesse às trapalhadas de CHAVEZ e sua turma. O que acontece, e isso me fez chorar muito, durante o espetáculo, é que a ideia de FERNANDA MAIA contemplou, também, a presença de palhaços em cena. Palhaços e circo sempre me comovem em dose cavalar.  Eles não estão em cena por acaso, mas com um propósito muito nobre, qual seja o de homenagear esses maravilhosos artistas do picadeiro e, em especial, BENJAMIN (MILTON FILHO), o primeiro palhaço negro brasileiro. (Pronto, já estou me contando, para não chorar.). Para mim, a ideia de FERNANDA extrapolou os limites da criatividade, do bom gosto e da capacidade de causar emoção, como pode ser conferido na sinopse abaixo:










SINOPSE:

O espetáculo começa e o público fica intrigado.

Em vez da Vila do Chaves, o abrir da cortina deixa à mostra um grande paredão, com uma porta de elevador no centro e um "bureau" de atendimento.

Palhaços em cena. (O que estariam fazendo ali, na “peça do CHAVEZ?!”).

Num dos cantos do palco, três pessoas: duas vestidas de palhaço, um homem e uma mulher. A terceira é um outro homem, vestindo um terno. É BOLAÑOS (FABIANO AUGUSTO).

Na verdade, todos já estão mortos, pleiteando uma entrada no “Céu dos Palhaços”, para o que teriam de provar tal condição.

O primeiro candidato provou, entrou no elevador e foi levado ao tal “Céu”.

O mesmo aconteceu com a simpática palhacinha que o acompanhava.

O palhaço responsável pela seleção não entendeu a presença do homem de terno e gravata e pergunta-lhe o que ele estava fazendo ali.

BOLAÑOS diz que se achava uma espécie de palhaço, embora não se caracterizasse, fisicamente, como um.

Disse que, na verdade, era um escritor, mas, como “não há um “Céu de Escritores”, achou que o mais próximo e adequado a si seria o “Céu dos Palhaços”, uma vez que o que ele escrevia sempre provocava risos.

O selecionador pede-lhe, então, que prove que ele é um palhaço e, graças à magia do TEATRO, descem à Terra, sem problema de serem vistos, uma vez que eram apenas espíritos, e BOLAÑOS leva o palhaço-chefe e sus ajudantes, os quais o punham à prova, até os estúdios em que estavam sendo gravadas cenas da série que ele escrevia e na qual atuava também.

Então, desaparece aquele paredão, surge o cenário da Vila e ocorre o dia a dia de seus moradores e frequentadores: CHAVEZ (MATEUS RIBEIRO), CHIQUINHA (CAROL COSTA), DIEGO VELLOSO (QUICO), ANDRÉ POTTES (SEU MADRUGA), ANDREZA MASSEI (DONA CLOTILDE), PATRICK AMSTALDEN (PROFESSOR GIRAFALES), MARIA CLARA MANESCO (DONA FLORINDA e PÓPIS), ETTORE VERÍSSIMO (SR. BARRIGA e NHONHO).

A partir daí, é só diversão e muitas gargalhadas.









            Poderia existir maior criatividade e poesia, por parte da dramaturga, quando pensou num “Céu de Palhaços”? Isso já basta para nos emocionar. Neste espetáculo, diversão e emoção dão as mãos, o tempo todo, em cerca de 150 minutos de duração. E demora, bastante, para nos recuperarmos, quando a peça termina.









            Eu teria muitos motivos para recomendar este musical, feito, de propósito, para atingir crianças e adultos, e agradar a todos, mas vou me limitar a alguns.








            Quanto ao texto, inédito (REPITO!), de FERNANDA MAIA, creio já ter esgotado a minha empolgação com ele. Os diálogos são muito bem costurados, as piadas funcionam na dose certa, algumas, sabiamente, adaptadas para a nossa realidade, e, acima de tudo, a ideia do argumento é um achado. Homenagear um “palhaço” sem tintas no rosto e sem roupas coloridas, utilizando “clowns” de verdade é algo que merece todos os aplausos.





            FERNANDA ainda é a responsável pela parte musical da peça, que reúne alguns sucessos conhecidos, clássicos do seriado, e composições inéditas e adaptações dela. E o público canta junto, o que sabe e o que não sabe. A cada canção, uma explosão: delírios e saudosismo.






           

          Aplaudo, mais uma vez, de pé, um trabalho de direção de ZÉ HENRIQUE DE PAULA, principalmente pelo grande desafio que, certamente, foi, para ele, dirigir esta montagem, uma vez que não faria o menor sentido levar à cena uma cópia do que se vê na televisão. "Percebemos que não poderia ser uma simples transposição, pois, se a TV oferece o ‘close’, o TEATRO ocupa mais o olhar do espectador.". São palavras do diretor, o qual acertou no centro do alvo, com seus toques pessoais, sem, contudo, descaracterizar a obra de BOLAÑOS.





            O elenco é digno de todos os gritos de “BRAVO!!!”. O trabalho de todos é irretocável. Houve, por parte de cada um, um visível comprometimento com o trabalho, a vontade de dar o seu melhor, que acabou culminando nesta inesquecível montagem. Cada um reproduz, fielmente, os trejeitos, cacoetes e particularidades dos personagens.  Todos, no elenco, sem a menor exceção, do protagonista ao personagem mais coadjuvante (Sempre repito que “coadjuvante” é o personagem, não o ator.) são dignos dos mais calorosos aplausos, como prova do nosso reconhecimento, por tanto talento e dedicação.








            Sinceramente, eu não sei mais o que dizer sobre MATEUS RIBEIRO, porque, sempre que escrevo uma crítica acerca de um espetáculo em que ele atua, não faço outra coisa a não ser jogar todos os focos sobre ele. MATEUS faria uma brilhante carreira internacional, se fosse seu desejo. Seu CHAVEZ, garoto órfão, de 8 anos, que mora dentro de um barril, certamente, lhe renderá mais prêmios, para a sua coleção. É inacreditável e indescritível o talento desse rapaz, de quem tenho a honra de ser amigo, embora, quando escrevo, sempre o faça com a maior isenção. Amigos, amigos; profissionais, à parte. Também não posso deixar de registrar sua humildade e generosidade. MATEUS é uma unanimidade, entre seus pares e amigos. Mas o que se pode dizer, de verdade, sobre alguém que, em 2018, entrou para a lista “Under 30”, da revista Forbes, como “um dos jovens, com menos de 30 anos, mais promissores do país”? Só que, para mim, ele, faz tempo, deixou de ser uma promessa, para se tornar uma feliz realidade e motivo de orgulho para os brasileiros que amam o TEATRO MUSICAL. MATEUS é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos nossos mais completos e competentes atores de musicais e, em cada novo trabalho, consegue a façanha de se superar, em relação aos anteriores. “ISSO, ISSO, ISSO, ISSO!”; “FOI SEM QUERER, QUERENDO.”; “NINGUÉM TEM PACIÊNCIA COMIGO!”; “É QUE ME ESCAPULIU!”; “TÁ BOM, MAS NÃO SE IRRITE”!











            MATEUS brilha, em “CHAVEZ...”, mas não está sozinho. Com todo o seu talento, sua “luz” não seria tão ofuscante, se não brilhassem, também, seus colegas de cena. Como fiquei feliz por ver FABIANO AUGUSTO interpretando ROBERTO GÓMEZ BOLAÑOS! O personagem, pessoa física, que não teria nada para angariar tanta simpatia do público, misturado aos personagens que BOLOÑOS criou, é importantíssimo, na trama, e ganha a total simpatia do público, pela correção como é interpretado por FABIANO.













            Acho que este trabalho já se alongou demais, motivo pelo qual vou limitar, a poucas palavras, meus comentários aos demais elementos do elenco. Paralelamente ao talento individual de cada um, que é enorme, o trabalho de caracterização, obviamente, contribuiu bastante para o sucesso de cada atuação, assim como a preparação de atores, a cargo de uma das mais competentes profissionais no ramo, INÊS ARANHA.

Não poderia haver melhor CHIQUINHA que CAROL COSTA. É a própria, em carne, osso, trapalhadas e elogios interesseiros. “O QUE VOCÊ TEM DE BURRO VOCÊ TEM DE BURRO!"; "POIS É, POIS É, POIS É!"; "PAPAIZINHO LINDO, MEU AMOR!"












O mesmo pode ser dito em relação a DIEGO VELLOSO, com seu impagável QUICO e suas bizarrices, implicando com o pobre do CHAVEZ, brigando com CHIQUINHA, levando a pior, com o SEU MADRUGA, e superprotegido pela mãe, a DONA FLORINDA. “GENTALHA, GENTALHA!"; "DA PARTE DE QUEM?"; "VOCÊ VAI VER, EU VOU CONTAR TUDO PRA MINHA MÃE"; "DIZ QUE SIM, DIZ QUE SIM, VAI... SIIIIIIM?"; "NÃO DEU!"; "AH! CALE-SE, CALE-SE, CALE-SE, QUE VOCÊ ME DEIXA LOOOOUCO!"















ANDRÉ POTES, na pele de SEU MADRUGA, de todos, é o que menos se parece, fisicamente, com o original, entretanto se comporta como o personagem original e também executa um ótimo trabalho, sempre incompreendido, dando “mancadas” e apanhando da DONA FLORINDA. QUE QUE FOI, QUE QUE FOI, QUE QUE HÁ?"; "TINHA QUE SER O CHAVES MESMO!"; "SÓ NÃO TE DOU OUTRA PORQUE..."; "COM TODA BARRIGA, SENHOR CERTEZA"; "SOU POBRE, PORÉM HONRADO!" 







Uma das grandes damas do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, ANDREZZA MASSEI, convidada, especialmente, para o elenco, é uma perfeita DONA CLOTILDE, a “BRUXA DO 71”. A personagem, temida pelos vizinhos (Até a página 5.), não aparece tanto em cena, porém, sempre que o faz, marca presença, graças ao imenso alento da atriz e total domínio da personagem. Sempre furiosa, quando chamada de “bruxa”. Muitos aplausos para ANDREZZA!!! “QUEM É BRUXA? EU NÃO SOU NENHUMA BRUXA! COMO? CHAMOU QUEM DE BRUXA?"; "BONECO, SIMPÁTICO!"; "O QUÊ?" É MELHOR NÃO DIZER NADA!"; “SATANÁS! CADÊ VOCÊ, SATANÁS? SATANÁÁÁÁÁÁÁS!"; “AI, SEU MADRUGA! O SENHOR ME ENCABULA!”; “É A SUA BISAVÓ, VIU?!”












MARIA CLARA MANESCO interpreta, com muita propriedade, DONA FLORINDA, derretendo-se de amores pelo PROFESSOR GIRAFALES, sem, contudo, “dar mole”, fazendo-se de “difícil”. Também, na excelente cena que reproduz uma aula, do PROFESSOR GIRAFALES, muito parecida com a nossa impagável "Escolinha do Professor Raimundo", a atriz faz uma “dobradinha”, dando vida a outra personagem, a menina PÓPIS. “PROFESSOR GIRAFALES! QUE MILAGRE O SENHOR POR AQUI!"; "NÃO GOSTARIA DE ENTRAR, PARA TOMAR UMA XÍCARA DE CAFÉ?"; "VAMOS, TESOURO, NÃO SE MISTURE COM ESSA GENTALHA!"; "E, DA PRÓXIMA VEZ, VÁ (...) A SUA VÓ!”












O PROFESSOR GIRAFALES, o qual, por ser muito alto e magro, era chamado, por trás, pelos alunos, de vários apelidos (“Quilômetro Parado”, Mangueira de Bombeiro”, “Trilho em Pé”,  “Tobogã de Salto Alto” e “ Professor Linguiça”, este o melhor de todos, na minha opinião.), parece ter sido escrito para PATRICK AMSTALDENN, ator também especialmente convidado para o papel. Ele é o cortejador contumaz de DONA CLOTILDE, que lhe corresponde, parcimoniosamente, o interesse. A gentileza em forma de homem. “SE NÃO FOR INCÔMODO"; "VIM LHE TRAZER ESTE HUMILDE PRESENTE"; "DEPOIS DA SENHORA."; "DIZIA EU QUE A ARITMÉTICA..."; "SILÊÊÊÊÊNCIOOOO..."; "TÁ! TÁ! TÁ! TÁ! TÁ!”









Para finalizar o universo dos amigos e conhecidos de CHAVEZ, temos o pobre do SR. BARRIGA, o proprietário da Vila, sempre na, quase impossível, missão de cobrar os aluguéis que lhe são devidos, personagem de ETTORE VERÍSSIMO, que também é o NHONHO, um colega de classe, que sofre “bullying”, por ser gordo, na já citada cena da aula. “TINHA QUE SER O CHAVES!" "TINHA QUE SER O CHAVES DE NOVO!".











Mas não para aí o ótimo e numeroso elenco do musical. Os palhaços são um “show” à parte. Todos os atores e atrizes que os vivem fazem excelentes trabalhos, a começar por MILTON FILHO, interpretando BENJAMIN (Benjamin de Oliveira), o primeiro palhaço negro, no Brasil, o responsável por selecionar quem deve ou não entrar no “Céu dos Palhaços”. Ainda fazem parte dessa trupe DANTE PACCOLA, o hilário PALHAÇO DR. ZAMBETA; DAVI NOVAES, o PALHAÇO TUFO; LARISSA LANDIM, a graciosa PALHAÇA PATINETE; LUCAS DRUMMOND, o PALHAÇO TUTUZINHO, que ainda aparece, de relance, como CHAPOLIM COLORADO (Será que vem outro musical, na mesma linha, por aí?); NAY FERNANDES, a PALHAÇA PAÇOQUINHA; THIAGO CARREIRA, o PALHAÇO WLADIMIR; e BIA FREITAS (SWING).  Quase todos também podem ser utilizados, numa emergência, como “covers” de outros personagens.







Esta crítica jamais estaria completa, se eu não tecesse os mais merecidos elogios e aplausos à impecável cenografia, digna de premiações, assinada por EROM REIGOTA e BRUNO ANSELMO (A reprodução da Vila é perfeita!!! A cenografia do "foyer" é de CÉSAR COSTA. Muitos aplausos para todos!!!)), assim como os figurinos e o visagismo, feitos por um grande artista no assunto, FÁBIO NAMATAME, inspiradíssimo, tanto na escolha, no desenho e na confecção dos modelos e das cores como no cuidadoso trabalho de maquiagem e adereços, que levaram o elenco a se transformar, fisicamente, nos personagens. Trabalho de um grande mestre!






Dois outros elementos de criação, muito próximos, entre si, são a direção musical e a coreografia. Aquela, a cargo de FERNANDA MAIA, é excepcional, incluindo os arranjos e as composições originais. Esta, muito alegre, como pede o espetáculo, surgiu da criatividade de GABRIEL MALO. É divertida e muito bem realizada em cena.









Não poderia ficar de fora o desenho de luz, criado por FRAN BARROS, totalmente compatível com as cenas, moldado ao sabor e intenção de cada uma delas.














FICHA TÉCNICA:

Texto: Fernanda Maia
Direção Geral: Zé Henrique de Paula
Canções Originais: Fernanda Maia
Direção Musical: Fernanda Maia

Elenco: Mateus Ribeiro (Chavez), Carol Costa (Chiquinha), Diego Velloso (Quico), André Pottes (Seu Madruga), Andreza Massei (Dona Clotilde), Patrick Amstalden (Professor Girafales), Maria Clara Manesco (Dona Florinda e Pópis), Ettore Veríssimo (Sr. Barriga e Nhonho), Fabiano Augusto (Roberto Gómez Bolaños) Milton Filho (Palhaço Benjamin), Dante Paccola (Palhaço Dr. Zambeta), Davi Novaes (Palhaço Tufo), Larissa Landim (Palhaça Patinete), Lucas Drummond (Palhaço Tutuzinho), Nay Fernandes (Palhaça Paçoquinha), Thiago Carreira (Palhaço Wladimir) e Bia Freitas (Swing)

Músicos: Rafa Miranda (piano e regência), César Roversi (flauta, clarinete e saxofone), Ivan de Andrade (clarinete e saxofone), Leo Versolato (baixo), Lucas Brogiolo (bateria e percussão) e Renato Oliveira (violão e guitarra)

Preparação de Elenco: Inês Aranha
Assistência de Direção Musical, Regência e Preparação Vocal: Rafa Miranda
Coreografia: Gabriel Malo
Assistência de Coreografia: Bia Freitas
Cenografia: Eron Reigota e Bruno Anselmo
Assistência de Cenografia: João Paulo Oliveira
Cenografia “foyer”: César Costa
Cenotécnicos: Fernando Bretas e Francisco Marcos (Chiquinho)
Maquinista: Diego Machado
Figurino e Visagismo: Fábio Namatame
Assistência de Visagismo: Dhiego Durso
“Design de Luz: Fran Barros
“Design” de Som: João Baracho e Guilherme Ramos
Operação de Som: João Baracho e Guilherme Ramos
Consultoria de Áudio: Vinícius Ribeiro
Microfonista: Beatriz Passeti
Camareira: Marisa Hiodo
“Stage Manager": João Paulo Oliveira
Coordenação de Produção: Tatiana Véliz Lobos
Produção Executiva: Cláudia Miranda e Rodrigo Burgese
Assistente de Produção e Contrarregra: Lipe Rasoilo
Fisioterapia: Physioart Studio
Marketing e Planejamento: Anne Crunfli
Projetos Incentivados: Malagodi Projetos Culturais
Financeira / Administração: Daniela Figueiredo
Diretora Comercial: Simone Carneiro
Diretor de Arte: Gustavo Perrella
Assessoria de Imprensa: Agência Taga
Mídias Sociais: Gumma Creative Consulting e Agência Taga
Fotografia: Stephan Solon e Rafael Beck
Consultoria: Antônio Felipe Purcino e Gustavo Berriel
Assessoria de Redes Sociais: Cristina Bordinhao, Isabela Leite e Jacqueline Plensack Viana
Produção Geral: Adriana Del Claro
Realização: Adriana Del Claro e Move Concerts





      















(FOTOS: DIVULGAÇÃO.)



GALERIA PARTICULAR:










Com Natasha Jascalevich e Gabriel Stauffer.






Com André Loddi, Leandro Luna e Maurício Xavier.
















































 Com Mateus Ribeiro.







E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!


CENSURA NUNCA MAIS!!!












































































































































































































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