QUANDO EU SONHO,
VIRO SONHO.
(SEM LUXO NEM RIQUEZA,
MAS, COM AMOR E
COMPETÊNCIA,
TAMBÉM SE FAZ UM BOM
TEATRO INFANTOJUVENIL.)
Embora
meio sem tempo para escrever e com dificuldade de enfrentar um longo tempo
sentado, em frente a um computador, em função de uma recém-cirurgia, resolvi
reservar um tempinho, para tecer uma merecida crítica, positiva, ainda
que de forma muito superficial, diferente do que me é habitual fazer, sobre um espetáculo
infantojuvenil, que, de superficial, não tem nada. É bem simples, é
verdade, o que não é nenhum defeito, tanto quanto poético, singelo e com um
conteúdo muito enriquecedor. Falo de “QUANDO EU SONHO, VIRO SONHO”, em
cartaz no Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim (VER SERVIÇO.).
SINOPSE:
Quantos sonhos cabem
na cabeça de uma criança?
A quantos lugares se
pode ir, sem sair do quarto, apenas usando a imaginação?
É isso que ELISA
(CAROL LEIPELT), uma menina apaixonada pelo mundo dos sonhos, tenta nos
mostrar. Aliás, consegue.
Mas... E quando surge
um pesadelo?
O que fazer para
superar os medos?
Para isso, ela conta
com personagens já presentes em sua vida, como a mãe e a avó, e com personagens
inusitados, como um pássaro e um caderno (Ou seria uma "caderna"?) falante.
Toda essa história de
superação é embalada pelas músicas de TOQUINHO, que também trazem o
lúdico e o imaginário infantil, em suas letras e melodias.
Embarque nas asas da
imaginação, com ELISA, e sonhe também, pois, como ela mesma diz: “Quando
chega a hora de sonhar, eu que viro sonho”.
E como é importante virar sonho,
principalmente nos dias de hoje, quando pesadelos são mais frequentes! Não
podemos, entretanto, nos acovardar e nos deixar contaminar por eles. É preciso
sonhar. E muito!!! Sonhar como ELISA. Sonhar colorido, pensando, sempre,
que “sonho que se sonha junto, é realidade” (“Prelúdio” - Raul
Seixas).
A vida não é feita só de sonhos,
infelizmente. De vez em quando, surge um ou outro pesadelo, que nos amedronta,
que nos tira a calma e a paz. E isso é muito natural. O autor do texto,
o jovem DANIEL DE MELLO, em sua estreia como dramaturgo (Já há
outras peças na gaveta.), também, ator e diretor, teve a ideia
dupla de passar a necessidade de se viver intensamente cada sonho, focando,
sempre, na possibilidade de sua realização, porém ensinando-nos que, quando o
onírico desaparece e surge a realidade, representada pelos pesadelos, não
podemos ter medo ou fugir deles. É hora, sim, de buscar ajuda, apoio, de reunir
forças e lutar contra o “inimigo”.
DANIEL escreveu um texto
muito simples, de facílima assimilação por crianças bem pequeninas e que
consegue deslumbrar, também, os adultos, porque “gente grande” também tem o
direto de sonhar – e deve – e porque o belo, o que é positivo, agrada a
pessoas, a gente, antes de tudo, não importando a idade. Utiliza um vocabulário
bem comum e, sabiamente, encontrou, na dramaturgia, um momento próprio,
para que a personagem interaja com as crianças, chamando algumas ao
palco. Isso agrada e funciona muito bem.
Como
sonho e música formam uma combinação perfeita, DANIEL selecionou algumas
canções de TOQUINHO, para fazer parte de uma deliciosa trilha sonora,
acompanhada, em uníssono, pelo público: as crianças e os adultos. São canções
conhecidas, que fazem parte da memória afetiva de todos e serão, para sempre,
atemporais: “O Filho Que Quero Ter”, “O Poeta Aprendiz”, “Canção
do Medo”, “Valsa Para Uma Menininha”, “Ao Que Vai Chegar (Voa
Coração)”, “O Caderno” e a emblemática e icônica “Aquarela” (“Numa
folha qualquer, / Eu desenho um sol amarelo. / E, com cinco ou seis retas, / É
fácil fazer um castelo.), que encerra o espetáculo; todas as
canções se encaixam, perfeitamente, nas cenas.
Também deve ser citado o fato do bom aproveitamento, por parte do autor/diretor, das cenas em que inclui o velho e bom Teatro de Sombras, que sempre terá sua importância e despertará interesse no público.
Também deve ser citado o fato do bom aproveitamento, por parte do autor/diretor, das cenas em que inclui o velho e bom Teatro de Sombras, que sempre terá sua importância e despertará interesse no público.
CAROL LEIPELT, cujo trabalho,
como atriz, eu não conhecia ainda, encanta a plateia, por ser uma boa
intérprete e ter uma bela presença de palco e muito carisma, tanto com relação
aos pequenos quanto no que diz respeito aos adultos. Representa uma ELISA
meio ingênua, doce, meiga, sonhadora, alegre e consegue que seja vista, adulta
que é, como uma menina, mas sem aqueles vícios horrorosos, a que estamos
acostumados a ver, infelizmente, no Teatro Infantojuvenil, de idiotização
da criança. Seu trabalho é muito natural e ela consegue uma excelente
comunicação com o público. Tem, ainda, a seu favor, o fato de ter uma belíssima
voz e ser afinadíssima, outro ganho para a peça. Além da protagonista,
interpreta outros personagens ou, simplesmente, reproduz as vozes deles (mãe,
avó, pássaro e “caderna” – isso mesmo, no feminino), em pequenas participações, alterando a voz e a
postura física.
CAROL é a protagonista
da peça, porém, generosamente, divide a cena com o ótimo músico RENAN
FRANCIONI, que a acompanha, ao vivo, ao violão, apoiado num “playback”,
muito bem gravado, e, meteoricamente, participa de alguma cena, com uma fala ou
outra.
Com parcos recursos financeiros, a produção
é, contudo, muito bem cuidada, com elementos simples, entretanto funcionando
muito bem, como o bonito cenário, de GUSTAVO PINHEIRO, que se
resume a quatro guarda-chuvas coloridos, pendurados, utilizados em algumas
cenas, e dois caixotes coloridos, além de alguns poucos objetos de cena.
TERESA MELO criou um figurino
muito simples e singelo, um vestido “de menininha”, que combina muito bem com a
personagem. Não sei se devo incluir com parte do figurino ou
considerar como objeto de cena uma peça, assemelhada a uma capa, que
assume várias funções no decorrer da peça. Um aproveitamento muito
criativo da direção.
FRANCISCO
HASHIGUCHI é o responsável por uma bela luz, que ajuda a criar o universo
onírico do espetáculo.
Ganham destaque, na montagem,
os adereços, criados por LEANDRO MELO, todos fundamentais, na peça.
Também deixaram a marca de sua
participação e colaboração, para o bom resultado final do espetáculo, BRUNO
COSTA, na direção musical; ELIS LOUREIRO, na direção de
movimento; e WILLIAM LOPES, no desenho de som, além de outros
profissionais, sem os quais o trabalho de equipe não existiria: GUILHERME
QUADRADO (operador de luz e assistente de produção), ADRIANA
MARINHO (“design” gráfico), MOISÉS SANTANA e MÁRCIA LOPES (fotos e vídeos) e
ISADORA GUENKA (produção).
FICHA
TÉCNICA:
Texto e Direção: Daniel
de Mello
Atuação: Carol
Leipelt
Músico: Renan
Francioni
Direção Musical:
Bruno Costa
Direção de Movimento:
Elis Loureiro
Cenário: Gustavo
Pinheiro
Figurino: Teresa
Melo
Adereços: Leandro
Melo
Iluminação: Francisco Hashiguchi
Desenho de Som:
William Lopes
Operador de Luz:
Guilherme Quadrado
“Design” Gráfico: Adriana
Marinho
Fotos e Vídeos:
Moisés Santana e Márcia Lopes
Produção: Isadora
Guenka
Assistente de Produção:
Guilherme Quadrado
Direção de Produção:
Carol Leipelt e Daniel de Mello
Realização:
Caramello Produções
SERVIÇO:
Temporada: De 03 a
25 de agosto de 2019.
Local: Teatro da Casa
de Cultura Laura Alvim.
Endereço: Avenida
Vieira Souto, 167 – Ipanema – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: Sábados
e domingos, às 16:00.
Valor dos Ingressos:
R$40,00 e R$20 (meia entrada).
Classificação:
Livre.
Gênero: Teatro Infantojuvenil
Está cada vez mais difícil encontrar boas montagens
teatrais voltadas para o público infantojuvenil, que, quando nos
deparamos com uma, como esta, de boa qualidade, desperta-nos, logo, a vontade de escrever sobre
ela e recomendá-la.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
(FOTOS: MOISÉS
SANTANA.)
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