PEQUENA
MISS
SUNSHINE
(QUANDO O HUMOR NEGRO
E O
“POLITICAMENTE INCORRETO”
“POLITICAMENTE INCORRETO”
Não
só admiro as práticas de montagem do
CEFTEM (CENTRO DE FORMAÇÃO DE ESTUDOS EM
TEATRO MUSICAL), o qual, como diz o próprio nome, tem como objetivo
preparar pessoas, de todas as idades, para a atuação em musicais, ou não – alguns batem à sua porta por outras razões -, como também assisto a todas as suas produções, a mais recente das quais foi “PEQUENA MISS
SUNSHINE”, em cartaz no Teatro Cesgranrio
(VER SERVIÇO.), em curtíssima temporada.
Trata-se
de uma hilariante história, bem conhecida do público, que surgiu como filme, em 2006, tendo sido um grande sucesso de bilheteria, inclusive no Brasil, e aclamado pela crítica. Foi indicado a quatro categorias,
no Oscar,
vencendo em duas indicações: Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante.
É considerado um clássico da comédia e uma das maiores surpresas
cinematográfica por ter sido feito por um casal de diretores e roteiristas
ambos iniciantes.
SINOPSE:
O sonho da pequena OLÍVIA (MARINA
MALFACINI / ANAIS WAUCAMPT) é participar do concurso da “PEQUENA MISS SUNSHINE”, para pré-adolescentes.
Ela embarca, então, em uma
divertida e comovente viagem, denotativa e conotativamente falando, com o PAI, RICHARD (JOÃO TELLES), a MÃE, SHARON (FERNANDA GABRIELA / ARIANE ROCHA),
o AVÔ (MURICI LIMA), o TIO, FRANK (NANDO BRANDÃO / NANO MAX) e o
IRMÃO, DAVID (JOÃO PEDRO CHASELIOV / BRENNO
NEGRELLOS).
A família tem que correr
contra o tempo, para que OLÍVIA
chegue no horário e possa fazer a apresentação (coreografia) criada pelo seu AVÔ.
Durante três dias, eles
tentam deixar as diferenças de lado e viajam, numa velha e enferrujada Kombi amarela, de sua cidade ao local
do concurso, cortando o país por mais de mil quilômetros, do Novo México, onde moram, à Califórnia.
Muitas situações hilárias
e imprevistas dão o toque maior do humor contido na peça.
O espetáculo,
com texto, para o TEATRO, de JAMES LAPINE, letras e
músicas de WILLIAM FINN, baseado
no filme, escrito e dirigido por MICHAEL
ARNDT e sua mulher, VALERIE FARIS,
conta com a tradução de LEONARDO ROCHA e a versão de BRUNO CAMURATI,
com direção musical de MIGUEL SCHÖNMANN e TONY LUCCHESI, coreografia e direção de movimento
de CLARA DA COSTA, os elementos
fundamentais do TEATRO MUSICAL, e direção
geral de SÉRGIO MÓDENA, além da coordenação geral de REINER TENENTE.
Segundo REINER, "Este musical (...) leva o
espectador a uma reflexão sobre o estigma de vencedores e perdedores, sugerindo
que a vida não é um concurso permanente. A vida é fracassar, perder, cair, e,
por fim, levantar-se para, novamente, ‘empurrar aquela velha kombi no caminho
certo’ (Grifo meu: uma delícia de metáfora.) E o sucesso,
talvez, não seja uma coleção de conquistas, mas, sim, de todas as tentativas. É
uma obra sobre otimismo e resiliência, valores essenciais para qualquer pessoa.
É de imensa importância disseminar uma mensagem de aceitação e superação com
potencial cômico. A peça nos faz refletir sobre questões sérias, com diálogos
poderosos e pungentes. Montar “PEQUENA MISS SUNSHINE” é importante, quando
vivemos numa sociedade com uma realidade de culto à beleza e à estética".
Os elencos, com exceção de JOÃO TELLES e MURICI LIMA, se alternam e os destaques, em vermelho, na sinopse,
correspondem aos atores que
participaram da sessão a que assisti.
Toda a
história envolve uma família, HOOVER, igual às demais. Embora possa
ser o desejo de todas, nenhuma é
verdadeiramente normal, sendo que a da nossa história extrapola os padrões do
que seja o não ser “politicamente
correta”. A heroína é ingênua e
desajeitada, passando muito ao largo dos padrões de beleza; pelo menos, os que a
credenciassem a participar de um concurso relativo à estética. O pai desenvolveu um estranho método de
autoajuda, “para quem quer ser um vencedor”, que tenta passar aos demais
da casa, mas que é um fracasso. O filho,
que é mais velho que a protagonista
da trama, fez voto de silêncio, até conseguir entrar para o quadro de pilotos
da Força Aérea, e tem um ataque de
nervos, mudando de comportamento, ao saber de um fato (É daltônico.) que o
impossibilitaria, para sempre, de realizar seu sonho. O tio, irmão da mãe, é “gay”, professor, e cortou os pulsos,
na tentativa de cometer suicídio, depois de ter sido trocado por outro “bofe”,
pelo antigo namorado, tendo sido, por isso mesmo, por não ter estabilidade
emocional, aconselhado a se juntar à família. O avô é o oposto do protótipo do que conhecemos como tal, uma vez que
adora pornografias, usa um vocabulário chulo e foi expulso de uma casa de
repouso, por usar drogas. A mãe, que
valoriza a honestidade, mas pratica o oposto, é uma espécie de esponja,
absorvendo toda aquela loucura, alternando momentos de “pacifismo e guerra”, histérica,
em determinados momentos.
Por
ser uma prática de montagem de uma escola de formação de atores para musicais,
que não dispõe de muitos recursos financeiros, o espetáculo é bastante franciscano, como têm sido os anteriores, em
termos de estrutura material, o que é compensado pela criatividade, a garra e o
talento de todos os envolvidos no projeto.
Dessa forma, trabalhando pesado, em esquema de equipe, as soluções, corretas
ou, então, aceitáveis, vão aparecendo e o espetáculo
vai tomando forma, sendo construído.
A mim, agradou-me muito. Diverti-me à farta, porque é uma ótima
história, bem contada em cena, contando com o profissionalismo de SÉRGIO MÓDENA, na direção geral, muito criativa, levando-se em consideração os recursos
que tinha às mãos. Com poucos elementos cênicos, cria um delicioso e interessante espetáculo.
Ótimos
profissionais participam, com sua experiência, para o sucesso da montagem, como FERNANDA MANTOVANI, na iluminação;
NELLO MARRESE, na cenografia, genial, por sinal (as
soluções); e YASMIN TOZZI, nos
discretos e adequados figurinos. O único senão, que, em algumas cenas,
comprometeu um pouco o trabalho, corresponde ao desenho e operação de som, com algumas pequenas falhas, as quais, vale
a pena dizer, não chegaram a atrapalhar, no todo, o espetáculo, mas precisam ser reparadas.
Quanto
ao elenco, em todas as suas práticas de montagens, o CEFTEM coloca alguns profissionais, misturados aos
incipientes, como forma de dar um sustento, um apoio às produções, ideia que acho ótima, vendo pelo lado dos iniciantes.
Nesta, estão presentes, FERNANDA
GABRIELA, NANDO BRANDÃO e JOÃO TELLES, todos em bons trabalhos,
com um destaque para o de JOÃO,
considerando a “cancha” maior dos outros dois. A alternante de FERNANDA GABRIELA é ARIANE ROCHA e o de NANDO BRANDÃO é NANO MAX. Gostaria de poder assistir à peça com os dois elencos.
Infelizmente,
só posso analisar o trabalho dos que vi atuando. Sendo assim, começo por MARINA MALFACINI, que sustenta bem o
papel da protagonista, com graça e
se mostrando candidata a um futuro promissor no TEATRO MUSICAL. MURICI LIMA
também se sai muito bem, como o desajustado VOVÔ (Salvo engano, o personagem
não é chamado por seu nome próprio, em cena.), sendo responsável por muitas das
muitas gargalhadas que damos durante a peça.
JOÃO PEDRO CHASELIOV, durante boa
parte da encenação, fica mudo, porém
se comunica bem, por meio de expressões faciais e sua mudez, entretanto, a
partir do momento em que começa a falar, passa por momentos de altos e baixos,
bem próprios de quem está começando na carreira e tem muito o que aprender,
principalmente a utilizar a voz. Tenho quase certeza de que vem a ser neto da
saudosa e talentosíssima, e querida amiga, Ada
Chaseliov. Sem pressão e sem cobranças, menino, mas como orientação e
incentivo, não perca o foco e vá em busca de fazer jus a seu sobrenome. Está no
caminho certo. Seu alternante é BRENNO
NEGRELLOS.
Ainda
completam o elenco, em papéis
menores ou meteóricas aparições, FLÁVIO
MORAES (LARRY, BUDDY e KIRBY), um pouco “over”, em todos os personagens, a meu juízo (Seria melhor um pouco de parcimônia, na
interpretação.), e DANIEL DE MELLO (JOSHUA, BUDDY e JEFF), este em
pequenas, porém boas, atuações. Ainda temos CÍNTIA PAREDES (MISS
CALIFÓRNIA, LINDA e GPS), GLEDY GOLDBACH (MISS
CALIFÓRNIA e LINDA), YASMIN TOZZI (GAROTA MALVADA e MISS SÃO PEDRO), BEATRIZ RUFFO (GAROTA MALVADA, MISS
SANTA MÔNICA e GPS), MARIA SOUZA (GAROTA MALVADA e MISS GARDEN GROVE), JOANA NUNES (GAROTA MALVADA e MISS LONG BEACH) e MARINA MORETZSOHN (GAROTA MALVADA e MISS COSTA MESA).
Embora
leigo no assunto – pode ser que eu esteja falando bobagem –, acho bem complexa,
difícil, a partitura musical da peça,
o que exige muito dos atores. Há
bons momentos e outros ainda precisando de uma lapidação, quando o assunto é canto, à exceção de alguns mais
experientes.
FICHA TÉCNICA:
Texto: James Lapine
Baseado no filme escrito por
Michael Arndt
Versões: Bruno Camurati
Tradução: Leonardo Rocha
Direção Artística: Sérgio Módena
Assistência de Direção: Ariane Rocha e Daniel
de Mello
Direção Musical: Tony Lucchesi e Miguel
Schönmann
Coreografia e Direção de Movimento: Clara da Costa
Assistência de Coreografia: Bella Mac
Elenco (em ordem alfabética): Anais Waucampt, Ariane
Rocha, Beatriz Ruffo, Brenno Negrellos, Cíntia Paredes, Daniel de Mello,
Fernanda Gabriela, Flávio Moraes, Gledy Goldbach, Joana Nunes, João Pedro
Chaseliov, João Telles, Maria Souza, Marina Malfacini, Marina Mortzsohn, Murici
Lima, Nando Brandão, Nano Max e Yasmim Tozzi
Banda: Miguel Schönmann (piano e regência), Cleison
Rodrigues (teclado), Gabriel Quinto (violão e guitarra), Eduardo Simões (baixo)
e Pedro Paulo dos Santos (bateria)
Cenografia: Nello Marrese
Assistente de Cenografia: Flávio Moraes e
Nano Max
Cenotécnica: André Salles
Iluminação: Fernanda Mantovani
Figurino: Yasmin Tozzi
Desenho e Operação de Som: Thiago Silva
Microfonista: Eduardo Trindade
Direção de Produção: Joana Mendes e Reiner
Tenente
Produção Executiva: Brenda Monteiro
Programação Visual: Leonardo Rocha
Assessoria de Imprensa: Ribamar Filho
(MercadoCom)
Mídias Sociais: João Pedro Chaseliov, Maria
Souza, Brenno Negrellos, Yasmin Tozzi e Flávio Moraes
Coordenação Geral: Reiner Tenente
Fotos: Bernardo Santos
Produção: CEFTEM (Centro de Estudos e
Formação em Teatro Musical)
SERVIÇO:
Temporada: de 04 a 19 de dezembro de 2018.
Local: Teatro Cesgranrio.
Endereço: Rua Santa Alexandrina, 1011 – Rio
Comprido – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 20:00
(com Elencos Alternantes).
Valor: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia entrada)
Duração: 120 minutos, com intervalo.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Musical
Neste apagar das luzes de 2018, “PEQUENA MISS SUNSHINE” é uma excelente pedida, para quem está à
procura de diversão boa e barata. Pena que a temporada é tão curta, para um espetáculo que merece ser visto por um público grande!
Recomendo
bastante o espetáculo, sem falar que uma ida ao Teatro Cesgranrio é sempre
motivo de grande prazer e alegria.
E VAMOS AO
TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS
SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTA
CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO
BRASILEIRO!!!
(FOTOS: BERNARDO SANTOS)
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