FAVELA 2 –
A GENTE
NÃO DESISTE
(TEATRO É RESISTÊNCIA.
FAVELA É RESISTÊNCIA.
FAVELA, NO TEATRO,
É RESISTÊNCIA MAIOR.
ou
NADA DE “COMUNIDADE”!
FORA, “POLITICAMENTE CORRETO”!
Montar um espetáculo
teatral, no Brasil, é, na grande
maioria das vezes, uma imensa ousadia, algo hercúleo. E isso vem se
agigantando, cada vez mais, nos últimos tempos. Levar público aos teatros está muito difícil,
ultimamente; lotar as casas de espetáculo, então, mais ainda. Ficar em cartaz
durante muito tempo, com um espetáculo,
fazendo sucesso, tornou-se uma raridade neste país. Basta ver as temporadas
muito curtas das peças em cartaz.
Vez por outra, porém, surge algum “fenômeno”
teatral que contradiz tudo isso.
Com muita dificuldade, porém com excesso de amor ao TEATRO e respeito ao público, há cinco anos um grupo de amigos se
juntou para erguer uma peça que
marcou época, grande sucesso de público e de crítica. Estou falando de “Favela”, hoje conhecida como “Favela 1”, uma vez que o mesmo grupo
de amigos e outros novos se juntaram para montar “FAVELA 2 – A GENTE NÃO DESISTE”, motivo desta crítica.
“Favela (1)”
era uma comédia musical que estreou, em dezembro
de 2012, no FITA (Festa
Internacional de Teatro de Angra), quando ganhou o Prêmio Especial (Troféu Ítalo Rossi), para o elenco, e indicação a Melhor
Texto, lotando um espaço com 1500
lugares. A estreia oficial, no Rio
de Janeiro, aconteceu em abril de
2013, no Teatro Fashion Mall, o
que provocou, na época, muitos comentários, pelo fato de um espetáculo com a temática “favela” estrear no Shopping Fashion Mall, um dos mais
sofisticados da ex-Cidade Maravilhosa,
em pleno bairro de São Conrado, um
dos preferidos da chamada classe “A”.
Em seguida, vieram temporadas no Teatro
do Leblon, na Sala Baden Powell,
no Teatro João Caetano (por duas vezes),
no SESC Tijuca, SESC São Gonçalo, SESC São
João de Meriti e no Teatro Carlos
Gomes. Fora do da cidade do Rio de
Janeiro, a peça foi, também,
apresentada em Campos (RJ) e na
cidade de Itu (SP). A última
temporada de “Favela 1” foi em setembro de 2017, novamente no Teatro João Caetano, fechando um longo
e vitorioso ciclo. Durante cinco anos,
a “Favela (1)” foi vista por mais de 80.000 espectadores. Algumas
pessoas, como eu, assistiram a ela mais de uma vez. Creio que esse pequeno texto, que trata da trajetória de um
espetáculo teatral no Brasil, é mais
que suficiente, para justificar o desejo de o grupo voltar ao cartaz com outra peça, “FAVELA 2 – A GENTE NÃO DESITE”, que é uma espécie de “continuação”
do espetáculo anterior.
Segundo
o “release” da montagem (adaptado), enviado por RÔMULO RODRIGUES (PRAMA COMUNICAÇÃO) “O espetáculo mostra, de forma
bem humorada, o dia a dia numa favela, sem falar apenas de bandidos, do lado
violento de uma ‘comunidade’. Mostra pessoas comuns, relações familiares,
relações de amor; mostra o cotidiano de seus moradores. O texto apresenta uma abordagem
bem diferente de tudo o que já foi apresentado sobre o assunto. Mostra que a
violência é inegável, dentro de uma comunidade, mas também que histórias comuns
podem acontecer ali, como em qualquer outro lugar; histórias engraçadas e
comoventes, que levam o público, em questão de minutos, a rir muito, se
emocionar e a questionar a vida. O grande mote do espetáculo é “A VIDA É FEITA
DE ESCOLHAS”. O que você quer da vida? Quais escolhas você fez ? Aonde elas te
levaram? Quais escolhas você fará?
Em
tempos de pacificação de comunidades, quando a favela é o tema de muitas manchetes, e, na maioria das vezes, esse tema é a
violência, nada mais oportuno de se levar aos palcos, para todos os tipos de
público, que uma visão, sem preconceito e mais abrangente, dos moradores de uma favela.
O
espetáculo tem
como diferencial ser uma peça que fala de um tema bem atual, mas com um enfoque
diferente, uma ênfase nos seus
moradores comuns, gente que trabalha, que tem problemas familiares e amorosos, como todo mundo, e não apenas convivem com a violência, como é comumente retratado no cinema, na TV e no Teatro”.
moradores comuns, gente que trabalha, que tem problemas familiares e amorosos, como todo mundo, e não apenas convivem com a violência, como é comumente retratado no cinema, na TV e no Teatro”.
Para
escrever o texto, das duas peças, principalmente da primeira, RÔMULO RODRIGUES envolveu-se, durante dois anos, numa profunda pesquisa de
campo, mergulhado em livros, filmes, documentários, notícias veiculadas na
imprensa e, principalmente, convivendo com moradores de favelas cariocas, tendo
como companheiro de trabalho MÁRCIO
VIEIRA, idealizador do projeto e
diretor das duas versões. Essa
experiência levou a dupla a desmistificar toda uma opinião pré-concebida, que
tinham, sobre a favela e seus moradores, e é essa desmistificação
que o espetáculo leva à cena, contagiando todos os
espectadores.
Embora
a montagem conte com músicas
inéditas, feitas, especialmente, para ela, e seja classificada como uma “comédia musical”, vejo-a mais, em termos estruturais, como uma deliciosa comédia, com inserções musicais, já que as canções são em menor número do que se
vê, comumente, nos musicais, e as
letras não, obrigatoriamente, ajudam a contar a trama. São mais para apoio e
ilustração do espetáculo, o que não
constitui o menor problema na sua classificação tipológica.
A peça, como já tive a oportunidade de dizer, é a continuação das histórias do espetáculo “Favela (1)”, contando com os mesmos personagens e, salvo engano, um ou
outro novo, só que vem para mostrar histórias inéditas desses personagens.
Passados alguns anos, todos tomaram os seus rumos e assumem os riscos de suas
escolhas. Os mesmos personagens, com novas histórias. “O humor continua presente,
durante toda a peça, mas tudo se encaminhando para um pedido de atenção e
cuidado com os moradores das favelas. Em cena, personagens cômicos e dramáticos,
que falam de temas muito atuais, como empoderamento feminino, corrupção,
violência nas favelas, o mau uso da internet, entre outros assuntos. As últimas
falas do espetáculo resumem, um pouco, o alerta que ele pretende fazer: “ É morador! É morador! É preto! É pobre! É favelado! Não é
bandido! É morador! É morador! É preto! É pobre! É favelado! É gente do bem! É
gente do bem!”
SINOPSE:
A
ameaça de destruição da favela e a eleição para o novo presidente da associação
de moradores servem de pano de fundo para as novas histórias das personagens
que encantaram a todos na primeira fase do espetáculo, que comemorou cinco anos, em 2017.
Nessa
continuação, DONA JUREMA (DJA MARTINS)
está comemorando 100 anos e terá um
belo baile de debutante; JUVENAL (DÉRIO
CHAGAS) virou pagodeiro famoso e enfrenta uma crise no casamento, porque um
“nudes” dele vazaram na internet; MEIRE
(PAULA PARDON) está grávida de OSMAR
(LEANDRO SANTANNA) e inferniza a vida do marido com desejos malucos; VALDIRA (DILENE PRADO) casou-se com um
gringo milionário e está de volta ao Brasil, de férias, na favela; JEOMAR (TITO SANT’ANNA) realiza seu
grande sonho de trabalhar como engenheiro, mas vive o conflito de participar ou
não da derrubada da favela, e a sua esposa ELISA
(CINTHIA ANDRADE) virou pastora da Igreja e se une a seu EUZÉBIO (THIAGO JUSTINO), que é da
umbanda, para lutar pela favela.
Essas
são apenas algumas das novidades do “FAVELA
2 - A GENTE NÃO DESISTE”.
Trata-se
de um espetáculo de cunho popular,
no melhor sentido do termo, voltado para uma plateia eclética, que vai do
favelado às pessoas de maior posse, dos de pouca instrução aos que têm seus
diplomas, dos que gostam de rir, de se divertir, aos que procuram um TEATRO que faça pensar.
Ao
analisar a ficha técnica da peça, não podemos deixar de dar
destaque a vários nomes, como o de RÔMULO
RODRIGUES, responsável por um texto
que flui, sem nenhuma sofisticação e com bastante verdade; o de MÁRCIO VIEIRA, na direção, que fez um trabalho simples, ainda que difícil, já que o elenco é numeroso, um trabalho sem
firulas e sabendo explorar a riqueza dos personagens;
o de MILTON FILHO, na assistência de direção; o de DERÔ MARTIN, que construiu um excelente
cenário, salvo engano, uma repetição
do primeiro, com um ou outro elemento a mais ou a menos; o de RICARDO ROCHA, preciso nos figurinos; o de DJALMA AMARAL, na competente iluminação;
o de SUELI GUERRA, na coreografia, um grande desafio, quando
se trata de um elenco que não me
pareceu ter muita intimidade com a dança, à exceção de poucos; o de PEDRO LIMA, na preparação vocal; o de MÁRCIO
EDUARDO MELO, na direção musical;
e o de VINNY RODRIGUES e JENIFER DEMÉTRIO, no ótimo visagismo.
Chegou
a hora de falar do trabalho do elenco,
formado por alguns atores de grande
experiência e longo currículo, atuando ao lado de nomes desconhecidos, mas de
bom rendimento no palco, somando-se, uns aos outros, para que o resultado se
tornasse positivo. Vejo destaque em alguns e correção em outros. Merecem
destaque, a meu juízo, VILMA MELO (DONA
VILMA), sempre roubando as cenas de que participa; JUVENAL (DÉRIO CHAGAS), compondo, na medida, o personagem do pagodeiro “que se deu bem”; HUGO MOURA (MURILO), cadeirante, que ficou impedido de andar, por
conta da violência (levou um tiro na coluna vertebral); CINTHIA ANDRADE (ELISA), a jovem pastora evangélica, que se alia a
um líder umbandista, para “salvar” a favela, uma ótima sacada do texto; DJA MARTINS (DONA JUREMA), a fofoqueira centenária, que vive na
janela e é a “rede social” da favela; e PAULA
PARDON (MEIRE), dona de um tempo para o humor que merece ser aplaudido,
assim como LEANDRO SANTANNA (OSMAR),
seu marido.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Rômulo
Rodrigues
Direção e
Idealização: Márcio Vieira
PERSONAGEM
/ ELENCO:
Seu
Euzébio – Thiago Justino
Dona Vilma
– Vilma Melo / Sarito Rodrigues
Juvenal –
Dério Chagas
Suelen –
Renata Tavares
Murilo –
Hugo Moura
Jeomar –
Tito Sant’anna
Elisa –
Cinthia Andrade
Dona
Jurema – Dja Martins
Osmar –
Leandro Santanna
Meire –
Paula Pardon
Valdira –
Dilene Prado
Menina
Marilyn “Mou” – Ana Paula Quevedo
Pastor
Pereira – Natálio Maria
Dona
Antônia – Helena Giffonni
Fiel Kadu
– Jéferson Melo e Daniel Almeida
Ex-policial
Celsão – Henrique Sathler
Bandido
“Sinistro” – Walace Fortunato
Bandido
“D’onde” – Júlio Nunes
Moça Jane
– Gisele Castro
Moça Sara
– Cláudia Leopoldo
B Boy –
Vinícius Rodrigues
Stand-in -
Murilo - Hugo Carvalho
Stand- in
- Seu Euzébio – Jorge Jeronymo
Stand-in -
B Boy – Peterson Christopher
Músicos: Caio
Martins, Leandro Lopes, Jorge China e Patrick Angello
Direção
Musical: Márcio Eduardo Melo
Músicas
inéditas: Xande de Pilares, Thiago Tomé e Efferson Souza (Jeff Ss)
Assistente
de Direção: Milton Filho
Coreografia:
Sueli Guerra
Iluminação:
Djalma Amaral
Cenário: Derô
Martin
Figurinos:
Ricardo Rocha
Preparação
Vocal: Pedro Lima
Visagismo:
Vinny Rodrigues e Jenifer Demétrio
Fotografia:
Fernanda Sabença e Marden Nascimento
Programação
Visual: Leandro Antônio
Assessoria
de Imprensa: Vítor Minateli
Direção de
Produção: Rômulo Rodrigues e Márcio Vieira
Produção: Milton
Filho E Gilbert Magalhães
Realização:
Prama Comunicação e Sobradinho Cultural
SERVIÇO:
Temporada:
De 15 de junho a 19 de agosto de 2018.
Local: Teatro
João Caetano.
Endereço:
Praça Tiradentes, s/nº - Centro – Rio de Janeiro.
Dias e
Horários: 6ª feira e sábado, às 19h30min; domingo, às 18h.
Valor do
Ingresso: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada).
Capacidade:
1222 pessoas.
Classificação
Etária: 14 anos.
Gênero:
Comédia Musical.
“FAVELA 2 – A GENTE NÃO DESISTE” tem tudo para seguir os
mesmos caminhos de “FAVELA (1)”, a
julgar pelo fato de estar levando, ao Teatro
João Caetano, centenas de espectadores, em cada sessão e de já estar com a
agenda lotada, em outras temporadas, até o final do ano.
Não
percam a oportunidade de verificar, “in loco”, as minhas palavras.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO
BRASIL!!!
(FOTOS: FERNANDA SABENÇA
e
MARDEN NASCIMENTO.)
O espetáculo Favela 2 - A gente não desiste é realmente sensacional e emocionante. Suas palavras retratam a realidade do teatro brasileiro e ressaltam a magnitude deste espetáculo. Já assisti duas vezes e assistiria mais. Amei! É realmente um fenômeno teatral! Parabéns pelas belas palavras!
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