LUIS
ANTONIO – GABRIELA
(MAIS QUE UM
PEDIDO DE DESCULPAS;
UMA DECLARAÇÃO DE AMOR,
FEITA COM A CORAGEM
UMA DECLARAÇÃO DE AMOR,
FEITA COM A CORAGEM
DOS VERDADEIROS HOMENS.
ou SIMPLESMENTE,
UMA OBRA-PRIMA.)
UMA OBRA-PRIMA.)
Há
bem mais de meia hora, diante do computador, tento encontrar o ponto de partida
para o início desta crítica e
confesso que está sendo muito difícil. Muito difícil...
Agora,
finalmente, sinto que a poeira baixou um pouco e o nível de adrenalina também.
Então, vamos, pelo menos, tentar.
Foi uma das
piores noites de sono que já tive, a do dia 3 de agosto de 2017.
Sono agitado, que
teimava em não vir, em não me deixar em paz, em mexer com os meus nervos, em
convocar os meus fantasmas, em me trazer à lembrança as imagens que eu acabara
de ver, o texto que eu acabara de ouvir...
Uma sensação,
paradoxalmente, boa e ruim, de encantamento e de “impactação” (um neologismo, não registrado no léxico da
língua portuguesa). De alegria e de sofrimento. De celebração e de dor, por uma
perda. Ou muitas... E quem me causou esse “estrago bom”?
Aqui está a resposta: NELSON
BASKERVILLE, DAY PORTO, LUCAS BEDA, MARCOS FELIPE, SANDRA MODESTO (indiretamente), VERÔNICA GENTILIN, VIRGÍNIA
IGLÉSIAS, VIRGÍNIA CAVENDISH, GUSTAVO SARZI e PEDRO AUGUSTO.
Como eu ansiava por
esse espetáculo!!! Tantas vezes, em São
Paulo, nos últimos anos, não consegui ver a peça. Peça? Não! Essa OBRA-PRIMA.
Esse pedido de
desculpas, em forma de uma declaração de amor, de poesia, feito com a coragem
dos verdadeiros HOMENS: fortes e
sensíveis; humanos e inteligentes.
NELSON
BASKERVILLE é um HOMEM
com todas as maiúsculas, que, em 2011,
teve a coragem de abrir seu coração e expor as chagas lá expostas, dividindo-as
com quem topasse a parceria, como num grito de socorro: AJUDEM-ME A REVIVER, A RENASCER! AJUDEM-ME
A RESGATAR O MEU PASSADO E A ME PERMITIR SONHAR EM TRAÇAR, PELO MENOS, NA MINHA
CABEÇA, UMA OUTRA ROTA, PARA ME LIBERTAR DA DOR DO ARREPENDIMENTO!
“LUIS ANTONIO – GABRIELA” é muito mais
que, simplesmente, uma peça de TEATRO.
É algo que eu não consigo traduzir numa só palavra; talvez, nem em muitas. É um
espetáculo para ser visto; só vale se for visto, e muitas vezes, se possível. E
sentido, e reverenciado, como uma experiência única. E muito amado. É daqueles
espetáculos transformadores, que ficam na nossa alma, como uma tatuagem,
indelével.
SINOPSE:
O diretor NELSON BASKERVILLE leva à cena a história de seu irmão LUIS ANTONIO, homossexual assumido, filho mais velho, com mais cinco irmãos.
A história começa em 1953, com o nascimento de LUIS ANTONIO, que, desde a mais tenra idade, sabia que era homossexual, e se comportava como um, e passa pela sua infância, adolescência e parte da juventude, em SANTOS, onde desafiava as regras de uma família conservadora dos anos 1960, em plena época em que o país vivia seus anos de chumbo, sob a “égide” de uma ditadura militar, nascida de um golpe de estado.
Pressionado por um ambiente de violência familiar (era, constantemente, espancado pelo pai, que, dessa forma, acreditava que o “curaria”) e repressão social, reflexo do regime ditatorial, aos 30 anos, sob o nome de GABRIELA, parte para a Espanha, onde se torna uma das estrelas da noite de Bilbao, cidade que escolheu para viver, até o final de sua vida, aos 53 anos.
Na peça, fisicamente representados ou, simplesmente, citados, transitam, além do protagonista, NELSON, o irmão caçula, abusado sexualmente por LUÍS ANTONIO; a irmã mais velha, MARIA CRISTINA, que sai à procura do paradeiro do irmão, perdido (denotativa e conotativamente falando) no mundo; um pai que não o reconhecia como filho; a madrasta DORACY, o cabeleireiro e amigo SERGINHO, com quem o protagonista chegou a morar, além de amigos e outras pessoas que faziam parte do círculo ao qual pertencia o protagonista. A mãe, GLADYS, que morreu durante o parto de NELSON, é representada por um lençol branco.
Um detalhe que não deve ser omitido é que foi por volta dos oito anos de idade que LUIZ ANTONIO descobriu que nascera num corpo errado e que era preciso partir para enfrentar tudo o que o impedia de encontrar sua própria identidade, o que lhe rendeu muito sofrimento.
A peça estreou em 2011 e, depois de ter conquistado uma
quantidade impressionante de prêmios
(nove) e vinte indicações e, após sete
temporadas, em São Paulo e em outras praças do Brasil e em Portugal, e
de ter realizado mais de 350 apresentações,
tendo sido vista por um público superior a 35.000
espectadores, finalmente, chega ao Rio
de Janeiro - depois de duas ou três brevíssimas passagens anteriores -, mais
propriamente, no Mezanino do SESC
Copacabana, para uma, infelizmente, curtíssima temporada, de quatro semanas.
Que os DEUSES DO TEATRO nos garantam
outras!!!
O
espetáculo tem a chancela da CIA MUNGUZÁ
DE TEATRO, nascida em São Paulo,
em 2006, pela “união de atores recém-formados,
motivados a aprofundar as técnicas aprendidas na escola e, assim, desenvolver
um estudo detalhado do Teatro Épico de Brecht e de linguagens estabelecidas na
contemporaneidade”, segundo o “release”
da peça, enviado por JOÃO PONTES e STELA STEPHANY (JSPONTES COMUNICAÇÃO).
O primeiro grande sucesso da CIA foi o espetáculo “Por Que A Criança Cozinha Na Polenta?”,
com cinco temporadas, de “extremíssimo” sucesso, em São Paulo, entre 2008 e 2017,
que nós, cariocas, ainda temos a esperança de, um dia, ver, numa montagem na (ex-) Cidade Maravilhosa. Esse
espetáculo foi agraciado com 36 prêmios,
em diversas categorias.
Mas
voltemos ao nosso “LUIS ANTONIO –
GABRIELA”.
A peça é apresentada como um “documentário cênico”, “gênero” teatral bastante discutido e
contestado, por alguns teóricos e críticos de TEATRO, porém, a meu juízo, de grande valor e que vem se ampliando,
em termos de novas propostas, nos últimos anos, gerando excelentes espetáculos.
Foi idealizado e criado pelo ator e diretor NELSON BAKSERVILLE, a partir das memórias
da convivência com seu irmão transgênero,
que “nasceu errado”, até no nome, o qual deveria ser LUÍS ANTÔNIO,
com os devidos acentos gráficos, segundo as regras ortográficas oficiais. Mas acertou
no GABRIELA. Isso, porém, são meros
devaneios de um, também, professor de língua portuguesa e que não fazem a menor
diferença nesta análise. Foi só para relaxar e preparar o leitor para o que vem
por aí.
Para chegar ao texto final, à montagem, propriamente dita, o diretor e sua equipe
contaram com uma garimpagem em documentos,
além de depoimentos do próprio NELSON (apelidado de BOLINHO), de
sua irmã MARIA CRISTINA (TINA), de sua madrasta DORACY e de SERGINHO,
um cabeleireiro, em Santos, amigo de LUIS ANTONIO, cujo apelido
era BOLOTA - todos personagens da peça.
O
tempo cronológico da trama vai desde o nascimento do protagonista, em 1953,
em Santos, e termina em 2006, com sua morte, aos 53 anos de
idade, em Bilbao, Espanha, embora não exista, na dramaturgia,
nenhuma preocupação em apresentar os fatos cronologicamente.
Apesar
de todos os pesares, de todas as feridas purgando, de todas as provações por
que passa o personagem que dá título à peça, atrevo-me a dizer que, em se tratando
de um espetáculo teatral, arrisco chamá-lo de um grande “happening”, no
qual não faltam muitas ações, surpresas, cenas inusitadas, música, dança e, por
incrível que possa parecer, alegria; não com a intenção de varrer a dor para
debaixo do tapete, mas como uma comprovação de que há beleza e poesia até no
sofrimento.
NELSON
BASKERVILLE amargava uma dor, um grande arrependimento, um sentimento de
culpa, por não ter tido, com o irmão “gauche”, um comportamento de amor, aceitação,
proteção e tolerância, como deveria, com os olhos que, hoje, ele o enxerga,
motivo pelo qual resolveu, num gesto de extrema coragem e generosidade, pedir
perdão, por uma culpa que, talvez não lhe coubesse, a julgar pela época em que
“conviveram” (?) e pelos padrões rígidos de educação que receberam, ele e os
irmãos, de um pai totalmente “cego”, no esplendor da metáfora.
Creio
que vale a pena transcrever um depoimento de NELSON, também extraído do “release”
da peça, não para que ele seja julgado por nós.
POR MIM, JAMAIS!!!
PARA ELE, SÓ DEDICO MUITOS APLAUSOS!!!
Servirá para que se entenda a
obsessão de criar o espetáculo de que trato aqui:
“Em 2002, recebi uma ligação de minha segunda mãe, DORACY - segunda
mãe, porque a minha primeira faleceu, após o meu parto, fazendo meu pai, PASCHOAL,
viúvo, com seis filhos, casar-se com a DONA DORACY, viúva, com três filhas, quando
eu tinha dois anos. Ela me ligou, para dizer que LUIS ANTONIO havia morrido, na
Espanha.
LUIS ANTONIO, para mim, era aquele irmão, oito anos mais velho, que
sempre mantive na sombra. Só alguns poucos amigos sabiam da sua existência. Ele
era aquele que, além de me seduzir e de abusar, sexualmente, de mim, fazia com
que muitos dedos da cidade de Santos fossem apontados para nós, os “irmãos da
bicha”, “a família do pederasta” e outros nomes.
Sou obrigado a confessar que a notícia da morte dele não me abalou
nem um pouco. Eram quase trinta anos sem saber nada dele, sem saber se ele
estava vivo ou morto.
Enfim, liguei para a minha irmã, MARIA CRISTINA, advogada, para
passar a notícia para frente, e a preocupação imediata dela foi com os papéis,
atestado de óbito, documentação para o espólio etc.. Mas não sabíamos nada do
fato e nem, ao menos, o local exato de sua morte.
MARIA CRISTINA empreendeu, então, uma jornada fadada ao fracasso,
que era saber notícias do paradeiro dele. Depois de alguns meses, através da
embaixada brasileira na Espanha, ela o encontrou (acréscimo meu: 20
anos após a morte do pai). Mas não
exatamente da forma que esperava. LUIS ANTONIO estava vivo, morava em Bilbao e,
a partir disso, começamos a tentar formar e entender aquela lacuna de 30 anos,
que nos separavam dele.
Minha irmã, numa aventura ‘almodovariana’, foi encontrá-lo. LUIS
ANTONIO chamava-se, então, GABRIELA, tinha sido uma estrela das noites de
Bilbao, era viciada em cocaína e a AIDS era a menor das suas doenças.
Através da MARIA CRISTINA,
passamos, então, a ter notícias dele, até a sua morte, agora verdadeira, em
2006. As perguntas mais frequentes dos amigos, ao saberem da história, eram:
Mas vocês nunca mais se viram?
Resposta: Nunca.
Por que não o trouxeram de volta ao Brasil, quando o encontraram
doente?
Resposta: Porque não.
Você não foi nem ao enterro?
Não.
Fiz este espetáculo.”
Não é para fazer chorar? Tudo
isso está, dramaturgicamente, expresso na peça. E muita coisa mais!!!
A estrutura desta montagem foge
a todos os padrões do que se convencionou chamar de TEATRO, o
tradicional. Em todos os sentidos. E, por isso mesmo, pela estética adotada pela
direção, chama a atenção de qualquer espectador, logo que adentra o
espaço em que está sendo apresentada a peça, ao se deparar com um cenário
riquíssimo em detalhes, porém, que, à primeira vista, provoca um misto de
estupefação e curiosidade. A imagem positiva do caos, se isso é possível.
Às vistas do público, uma
“poluição” visual, “do bem”, com os mais insólitos objetos à mostra, com
destaque para dezenas de bolsas de soro, penduradas, em todo o espaço cênico.
Tudo instiga bastante a imaginação do público, o qual, ao se acomodar em seus
lugares, já encontra os atores, fazendo um aquecimento vocal, uma espécie de
vocalize, utilizando canções, com letras debochadas e provocativas, compostas,
especialmente para o espetáculo, por NELSON BASKERVILLE.
Nessa cenografia, há
espaço para 22 telas, do
jovem artista plástico THIAGO HATTNER,
todas de temática erótica, que são mostradas numa espetacular cena que reproduz
o momento em que MARIA CRISTINA leva
LUIS ANTONIO a uma visita ao Museu Guggeinhein, de Bilbao.
Destacam-se, ainda, objetos
pessoais e peças de roupas, pertencentes a alguns personagens, cartas e
documentos, originais ou reproduzidos.
Além de tudo, não se pode omitir a parafernália
eletrônica, que envolve painéis de “led”, instrumentos musicais e material
de iluminação.
Os figurinos, de CAMILA
MURANO, também chamam a atenção por fugirem, totalmente, ao que se poderia
chamar de “normal”, todos bastante criativos e com um apelo lúdico, ao mesmo
tempo que funcionais. Um deles se destaca e é de uma expressividade intensa. Reporto-me
a um macacão, de tecido elástico, usado pelo protagonista, durante boa parte do
final da peça, com vários bolsos, dentro dos quais se encontram bolsas de soro,
que acentuam as deformidades do corpo de LUIZ ANTONIO – GABRIELA, fruto
de tantas aplicações de silicone industrial. Realmente, foi uma genial ideia da
figurinista.
A direção, de NELSON BASKEVILLE,
é fantástica. Como marca da CIA, o diretor optou por aplicar a teoria
brechtiana, do distanciamento, levando o espectador a ser cotejado com uma situação que trata da
sua própria realidade, e não apenas uma realidade teatral, representada por um
ator, na pele de um personagem. Quem assiste ao espetáculo apreende e
compreende o que desfila à sua frente, relacionando o que vê ao seu próprio dia
a dia.
Os atores parecem brincar
com o que há de mais sério em cada cena, todos com um rendimento digno de todos
os aplausos, principalmente para os atores MARCOS FELIPE (LUIS ANTONIO –
GABRIELA); LUCAS BEDA (PASCHOAL, o pai, e SERGINHO); VIRGÍNIA
CAVENDISH (MARIA CRISTINA, a irmã TINA), que, na temporada atual,
entra no grupo, como convidada, para substituir SANDRA MODESTO, esta às
vésperas de dar à luz; e VERÔNICA GENTILIN (NELSON BASKEVILLE). Mas
também brilham os talentos de VIRGÍNIA IGLÉSIAS (DORACY, a madrasta);
DAY PORTO, a excepcional cantora; GUSTAVO SARZI, o pianista,
diretor musical e autor das composições e dos arranjos, musicais e
vocais, além de PEDRO AUGUSTO, o técnico “performer”.
Para a execução da trilha
sonora, foi necessário que alguns atores aprendessem a tocar instrumentos
musicais, o suficiente para agradar aos nossos ouvidos.
A direção acerta, em
cheio, em muitos outros detalhes, como o de atribuir aos atores, em cena,
a tarefa de operar a luz e o som, durante todo o espetáculo,
assim como colocar uma atriz para fazer o seu papel, sem que ela abrisse
mão de sua naturalidade feminina. Seria isso uma outra maneira de mostrar, ao
irmão, o seu lado feminino, agora reconhecido e aceito? Não estou me referindo,
absolutamente, à sexualidade; que isso fique bem claro!
Por oportuno, é preciso realçar
que, dentro do objetivo do idealizador do projeto e diretor do
espetáculo, não há a menor intenção de levantar qualquer bandeira ou fazer
julgamentos desta ou daquela ordem.
BASKEVILLE também assina
a cenografia e a iluminação da peça, a quatro mãos, com MARCOS FELIPE, e é responsável por um espetáculo
multimídia, que mistura TEATRO, dança, artes plásticas
e cinema, tudo junto e misturado, dentro de um caldeirão mágico.
Com toda a técnica de distanciamento, BASKEVILLE não consegue, contudo, fazer com que o público deixe de
se emocionar ao extremo. Nos hiatos de silêncio, ouvem-se respirações arfantes
e outros sons, vindos da plateia, que retratam quão profundamente mergulham
todos no abissal universo de LUIS
ANTONIO – GABRIELA. Sistemática e compulsoriamente, todos aplaudem, de pé,
o espetáculo, numa demonstração de reconhecimento a um belíssimo trabalho
coletivo e que todos, de certa forma, encontraram algo com que se identificaram
e como se todos também externassem, com aquela reação, os seus pedidos de
desculpas, por suas fraquezas, intolerâncias, ausências, medos, incertezas...
O diretor nos brinda com cenas belíssimas, como uma, em que o protagonista permanece, por um bom tempo, literalmente, no colo da irmã, TINA, como se esta fosse a sua mãe. Já bastante debilitado e à porta da morte, é comovente o “bife” (longo texto de um personagem) dito por LUIS ANTONIO - GABRIELA, no qual, dentre outras coisas ele diz à “mãe” que vai para o céu e que lá não existem homens ou mulheres; existem travestis. E termina, dizendo que “Tudo o que fiz foi por amor”.
O diretor nos brinda com cenas belíssimas, como uma, em que o protagonista permanece, por um bom tempo, literalmente, no colo da irmã, TINA, como se esta fosse a sua mãe. Já bastante debilitado e à porta da morte, é comovente o “bife” (longo texto de um personagem) dito por LUIS ANTONIO - GABRIELA, no qual, dentre outras coisas ele diz à “mãe” que vai para o céu e que lá não existem homens ou mulheres; existem travestis. E termina, dizendo que “Tudo o que fiz foi por amor”.
Acho interessante acrescentar que,
durante o tempo em que viveu na Espanha,
até adoecer, LUIS ANTONIO – GABRIELA
fez uma interessante carreira artística, apresentando-se, em “performances’, em
grandes casas noturnas de Bilbao, mas
sempre movido a drogas, como a cocaína, em que era viciado. No final de sua
vida, encontrou abrigo numa instituição, que cuida de prostitutas velhas, já,
por conta da idade, afastadas da atividade antes exercida, e de travestis, também
velhos e doentes. Essa casa de acolhimento se chama ASKABIDE, que agasalhou o nosso protagonista em 2003, três anos antes de morrer, depois
que ele, em carta à sua irmã, diz que sofrera um assalto e que havia perdido
tudo, não tendo, por consequência, como se sustentar.
FICHA TÉCNICA:
Argumento: Nelson Baskerville
Texto / Relatos: Nelson Baskerville, Cristina Baskerville Ierardi,
Doracy e Serginho
Intervenção Dramatúrgica: Verônica Gentilin
Direção: Nelson Baskerville
Diretora Assistente: Ondina Castilho
Assistente de Direção: Camila Murano
Elenco: Marcos Felipe, Lucas Beda, Virgínia Cavendish, Verônica
Gentilin, Virginia Iglesias e Day Porto
Técnico "Performer": Pedro Augusto
Técnico "Performer": Pedro Augusto
Direção Musical, Composição, Arranjo e Pianista: Gustavo Sarzi
Preparador Vocal: Renato Spinosa
Trilha Sonora: Nelson Baskerville
Preparação de Atores: Ondina Castilho
Iluminação: Marcos Felipe e Nelson Baskerville
Cenário: Marcos Felipe e Nelson Baskerville
Figurinos: Camila Murano
Visagismo: Rapha Henry - Makeup Artist
Vídeos: Patrícia Alegre
Projeto Visual: Luciana Zunfrilli e Leonardo Akio
Fotos: Victor Iemini, Bob Souza e Priscila Prade
Fotos: Victor Iemini, Bob Souza e Priscila Prade
Produção Executiva: Sandra Modesto e Marcos Felipe
Produção Geral: Cia Mungunzá de Teatro
Realização: Cia
Mungunzá de Teatro e SESC Rio .
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
Temporada: De 3 a 27 de agosto de 2017.
Local: SESC Copacabana
(Mezanino).
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana – Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 2547-0156.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo,
às 20h.
Valor dos Ingressos: R$25,00
(inteira); R$12,00 (meia entrada) e R$6,00
(associados SESC).
Horário de
Funcionamento da Bilheteria: 2ª feira, das 9h às
16h; de 3ª feira a 6ª feira, das 9h às 21h; sábado, das 13h às 21h; domingo,
das 13h às 20h.
Duração: 90 minutos.
Lotação: 80 lugares.
Gênero: Documentário Cênico.
Classificação
Indicativa: 16 anos.
A
cena final do espetáculo é belíssima, contundente, significativa e contagiante, quando todo o elenco se
traveste de GABRIELA e, com os
rostos emoldurados, em espelhos de camarins, devidamente iluminados, juntos, entoam a belíssima canção “Your Song”, cuja tradução da letra, quase literal, resolvi
utilizar neste trabalho, para que aqueles que assistiram ao espetáculo ou virão
a fazê-lo possam associar o seu conteúdo ao que é mostrado em cena.
SUA CANÇÃO
(BERNIE TAUPIN / ELTON JOHN)
É um tanto engraçado esse sentimento aqui dentro.
Eu não sou um daqueles que conseguem esconder facilmente.
Eu não tenho muito dinheiro, garoto, mas se eu tivesse,
Eu compraria uma grande casa, onde nós dois pudéssemos morar.
Se eu fosse um escultor, mas eu também não sou,
Ou um mago, que fizesse poções em uma turnê...
Eu sei que isso não é muito, mas é o melhor que posso fazer.
Meu presente é minha canção, e esta é para você.
E você pode dizer a todos que esta é a sua canção.
Ela pode ser um tanto simples, mas, agora, que está pronta,
Eu espero que você não se importe,
Espero que não se importe que eu expresse, em palavras,
Quão maravilhosa a vida é, enquanto você está no mundo.
Eu me sentei no telhado e tirei os musgos.
Alguns desses versos me deixaram embaraçado.
Mas o sol tem sido agradável, enquanto eu escrevia esta canção.
É por pessoas como você que ele continua a brilhar.
Então me desculpe por esquecer, mas eu faço essas coisas.
Veja só, eu esqueci se eles são verdes ou azuis.
De qualquer forma, o que eu, realmente, quero dizer é
Que seus olhos são os mais lindos que eu já vi.
E você pode dizer a todos que esta é a sua canção.
Ela pode ser um tanto simples, mas, agora, que está pronta,
Eu espero que você não se importe,
Espero que não se importe que eu expresse, em palavras,
Quão maravilhosa a vida é, enquanto você está no mundo.
É impossível sair
do Teatro, depois de assistir a esta
peça, sendo a mesma pessoa antes de conhecê-la.
“LUIZ ANTÔNIO – GABRIELA” é um dos mais
belos trabalhos teatrais que já vi, em toda a minha longa vida.
É uma daquelas
obras que encontram um “vão entre a
porta e o armário do quarto das crianças” (assistam ao espetáculo, para
entender o sentido do que está em negrito) e ali ficará, eternamente, alojada,
quietinha, sozinha e me provocando, até o último segundo da minha vida.
Não esperem um dia
a mais e corram ao Mezanino do SESC Copacabana, para fazer parte da
lista de privilegiados que conseguirão assistir a esta OBRA-PRIMA do TEATRO
BRASILEIRO.
Mas vão preparados
para tudo!!!
A temporada é
curtíssima.
Em tempo: Surgiu um
candidato, em potencial, a muitos prêmios, no Rio de Janeiro.
Certamente o de MELHOR ESPETÁCULO DO ANO será um deles.
Antes de
desejar parabéns a todos os envolvidos no projeto, deixo,
aqui, um sincero agradecimento: MUITO
OBRIGADO!!! Aprendi muito com vocês.
LUIS ANTONIO - GABRIELA é uma flor no
asfalto. E não há fantasma que resista a um exorcismo como esta OBRA-PRIMA.
(FOTOS:
VICTOR IEMINI,
BOB SOUZA
e
Montagem incrível!
ResponderExcluirSua resenha está fantástica, contém tudoooo o que se vive nesse espetáculo !
Sai com o coração feliz e destruído ao mesmo tempo!
Que experiência!