“MEU REMÉDIO”
ou
(UMA
DIVERTIDA E EMOCIONANTE AULA DE CULTURA ÁRABE.)
ou
(TUDO POR UM
NOME.)
Está em
cartaz, no Teatro Ipanema Rubens Corrêa, um espetáculo IMPERDÍVEL,
excelente para se começar o ano teatral de 2025. Trata-se de “MEU REMÉDIO”, um monólogo que diverte
e emociona, na mesma proporção, idealizado, escrito, produzido
e interpretado
por MOUHAMED HARFOUCH, com direção
de JOÃO FONSECA.
SINOPSE:
Misturando elementos
autobiográficos e ficcionais, a peça, que, já na escolha do título, faz
referência a uma situação vivida com o seu nome de batismo - e que é explicada em cena -,
apresenta um monólogo íntimo, costurado a algumas canções, entre “hits” e paródias,
cantadas e tocadas ao vivo, marcando transições importantes da narrativa, em
que o autor recria personagens que representam figuras significativas nas duas
primeiras décadas da sua vida, mantendo, ao mesmo tempo, a privacidade de sua
própria história.
Com uma abordagem sensível e
profunda, a obra convida o público a refletir sobre a importância da
autocompreensão e do existir de cada um.
O
projeto de HARFOUCH era um velho sonho
do artista, realizado agora, após dois anos para a sua concepção, durante os
quais ele venceu as dúvidas de que valeria a pena insistir no seu desejo, preocupado
com a receptividade do público. Estaria alguém interessado em ouvir a sua
história? Desde a estreia do monólogo, no dia 10 próximo passado, a hesitação
de MOUHAMED deixou de existir e ele
compreendeu que valeu, a pena, sim, ter insistido no projeto, a julgar pela ótima receptividade
do público, que vem lotando o charmoso, e importantíssimo, para a
cultura teatral carioca, Teatro Ipanema Rubens Corrêa, como
também aconteceu ontem, quando assisti ao solo, apenas há uma semana de sua
estreia.
Antes
da temporada de estreia – espero que haja outras – a peça foi apresentada em
três sessões, com estrondoso sucesso, em Juiz de Fora, como uma espécie de “esquenta”.
Considero muito profícua, e bem executada, a ideia de levar ao público um espetáculo que traz uma narrativa profundamente pessoal e emotiva, na qual o ator, da forma mais natural possível, mergulha na sua história de vida, lidando com temas como identidade, pertencimento e aceitação de sua própria história, num monólogo que, na medida exata, consegue misturar a comédia e o drama, resultado de um processo criativo íntimo que levou o artista a revisitar momentos de sua própria trajetória, especialmente sua relação com seu nome e sua herança cultural.
Penso
ser impossível, para qualquer espectador de “MEU REMÉDIO”, não se divertir, emocionar-se e, até mesmo, se
identificar com as situações vividas pelo ator/personagem, durante a sua
infância, puberdade e adolescência. Os que têm ascendentes estrangeiros,
mormente de origem árabe, mais ainda.
MOUHAMED HARFOUCH, conhecido do grande
público por seus trabalhos na TV, é um ator de muitas
possibilidades, que, por se garantir interpretando e cantando, também brilha em
espetáculos musicais, o mais recente deles o super e emocionante “Querido
Evan Hansen”, com direção de Tadeu Aguiar. Com “MEU REMÉDIO”, MOUHAMED celebra 30 anos de carreira e “transforma um projeto
profundamente pessoal em uma expressão artística única, tanto no palco quanto
fora dele”, como está escrito no “release” a mim encaminhado por GRAZY PISACANE (assessoria de imprensa),
com o que concordo plenamente. Um dado muito interessante e de grande
significado para o artista é que sua estreia, como profissional, se deu, exatamente,
no icônico palco em que ele, agora, pisa, em seu primeiro trabalho solo, e autoral. Durante
essas três décadas, o ator e cantor já participou de mais de 40 produções teatrais,
além da já citada vitoriosa carreira na telinha.
“MEU REMÉDIO” representa um grande desafio para o MOUHAMED HARFOUCH, do qual
ele dá conta, muito além do que eu já esperava. E olha que fui ao Teatro
já esperando muito, grande admirador que sou de seu trabalho, desde a primeira vez em que o vi atuando.
O espetáculo, como diz o
primeiro subtítulo desta crítica, é uma “DIVERTIDA E EMOCIONANTE AULA DE CULTURA
ÁRABE”, que nos dá o ator, filho de um pai sírio, que o batizou com um antropônimo,
palavra tão “estranha, esquisita”, que significa “nome próprio”, e de uma
mãe brasileira, filha de portugueses. “‘MEU
REMÉDIO’ nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu
nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. (...) Crescer
com um nome tão emblemático, em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a
dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma
comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre
entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos.”, nas
palavras de HARFOUCH, “que
busca, com o espetáculo, tocar o coração do público, ao falar, sobretudo, como
cada ser é único e especial em sua individualidade, origem e essência”.
E o melhor de tudo: ele o consegue, com seu enorme talento e orgulho de suas
origens, a importância de sua ancestralidade.
Como o TEATRO
é uma arte coletiva, os intérpretes não se bastam, para garantir o sucesso de
uma produção. Nesta montagem, a FICHA TÉCNICA traz grandes nomes de
profissionais do TEATRO BRASILEIRO, como um excelente suporte para o ator, sendo
que este também escreveu o texto, leve, divertido e emocionante, para uma “autoexposição”.
JOÃO FONSECA, que acumula muitos
merecidos prêmios em sua carreira, mais uma vez, nos brinda com uma ótima
direção, dando-nos a impressão de que, por “confiar no taco” de MOUHAMED HARFOUCH, muito acertadamente,
deu-lhe bastante liberdade e foi certeiro nas marcações e soluções para as
cenas. Uma direção simples e bem natural, criativa e na medida certa. Destaco,
ainda, os nomes de NEY MADEIRA e DANI VIDAL, que assinam o simples e
ajustado figurino, bem como o de DANI
SANCHEZ, responsável por uma iluminação que valoriza cada cena.
Dos trabalhos dos artistas
de criação, chamo a atenção para a cenografia, criada por NELLO MARRESE, que vai sendo construída
aos poucos, um agradável elemento de surpresa, uma bela surpresa para os
espectadores. Quando o espetáculo se inicia, o palco está quase nu de elementos
cenográficos, com um grande baú, de dentro do qual vão sendo retirados objetos
e elementos característicos do universo árabe, o que ganha mais peso quando uma
cortina, ao fundo, é descerrada e deixa à mostra mais alguns signos daquele
universo.
FICHA TÉCNICA:
Idealização,
Produção e Texto: Mouhamed Harfouch
Direção:
João Fonseca
Interpretação:
Mouhamed Harfouch
Cenografia:
Nello Marrese
Figurinos:
Ney Madeira e Dani Vidal
Iluminação:
Dani Sanchez
Produtora
Executiva: Valéria Meirelles
Coordenação
Geral: Edmundo Lippi
Fotos: Gustavo de Freitas Lara
Assessoria de Imprensa:
GPress Comunicação | Grazy Pisacane
SERVIÇO:
Temporada: De 10 de
janeiro a 16 de fevereiro de 2025.
Local: Teatro Ipanema
Rubens Corrêa.
Endereço: Rua Prudente
de Morais, 824 - Ipanema, Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª
feira a sábado, às 20h; domingo, às 19h.
Valor do Ingressos: R$ 80
(inteira) e R$ 40 (meia-entrada)
Vendas: Bilheteria do
Teatro e “site” ElevenTickets:
https://riocultura.eleventickets.com
Duração: 75 minutos.
Classificação: 10 anos.
Gênero: Monólogo.
O segundo subtítulo destes comentários críticos, “TUDO POR UM NOME”, já é uma pista – não chega a ser, totalmente, um “spoiler” – do que o espectador vai ver e ouvir, e se deliciar, durante os 75 minutos de duração da peça, os quais passam sem que nos demos conta da passagem do tempo, atentos como ficamos à magnífica interpretação do ator.
Extraído
do já referido “release”: “‘MEU REMÉDIO” destaca, como o
nome, muitas vezes imposto, carrega histórias que conectam o indivíduo ao
passado e iluminam seu futuro, e convida a todos a olhar para dentro, entender
melhor a própria caminhada e perceber como a arte pode ser um remédio”.
EMPENHADO, RECOMENDO
O ESPETÁCULO, com a convicção de que os que
acreditarem nas minhas considerações, haverão de fazer coro comigo, após terem
assistido à peça.
FOTOS: GUSTAVO DE FREITAS LARA
GALERIA PARTICULAR
(Fotos Ana Cláudia Matos
e Gilberto Bartholo.):
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