sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

 “MEU REMÉDIO”

ou

(UMA DIVERTIDA E EMOCIONANTE AULA DE CULTURA ÁRABE.)

ou

(TUDO POR UM NOME.)

 



         Está em cartaz, no Teatro Ipanema Rubens Corrêa, um espetáculo IMPERDÍVEL, excelente para se começar o ano teatral de 2025. Trata-se de “MEU REMÉDIO”, um monólogo que diverte e emociona, na mesma proporção, idealizado, escrito, produzido e interpretado por MOUHAMED HARFOUCH, com direção de JOÃO FONSECA.


 


SINOPSE:

Misturando elementos autobiográficos e ficcionais, a peça, que, já na escolha do título, faz referência a uma situação vivida com o seu nome de batismo - e que é explicada em cena -, apresenta um monólogo íntimo, costurado a algumas canções, entre hits” e paródias, cantadas e tocadas ao vivo, marcando transições importantes da narrativa, em que o autor recria personagens que representam figuras significativas nas duas primeiras décadas da sua vida, mantendo, ao mesmo tempo, a privacidade de sua própria história.

Com uma abordagem sensível e profunda, a obra convida o público a refletir sobre a importância da autocompreensão e do existir de cada um.

 



         O projeto de HARFOUCH era um velho sonho do artista, realizado agora, após dois anos para a sua concepção, durante os quais ele venceu as dúvidas de que valeria a pena insistir no seu desejo, preocupado com a receptividade do público. Estaria alguém interessado em ouvir a sua história? Desde a estreia do monólogo, no dia 10 próximo passado, a hesitação de MOUHAMED deixou de existir e ele compreendeu que valeu, a pena, sim, ter insistido no projeto, a julgar pela ótima receptividade do público, que vem lotando o charmoso, e importantíssimo, para a cultura teatral carioca, Teatro Ipanema Rubens Corrêa, como também aconteceu ontem, quando assisti ao solo, apenas há uma semana de sua estreia.



         Antes da temporada de estreia – espero que haja outras – a peça foi apresentada em três sessões, com estrondoso sucesso, em Juiz de Fora, como uma espécie de “esquenta”.



         Considero muito profícua, e bem executada, a ideia de levar ao público um espetáculo que traz uma narrativa profundamente pessoal e emotiva, na qual o ator, da forma mais natural possível, mergulha na sua história de vida, lidando com temas como identidade, pertencimento e aceitação de sua própria história, num monólogo que, na medida exata, consegue misturar a comédia e o drama, resultado de um processo criativo íntimo que levou o artista a revisitar momentos de sua própria trajetória, especialmente sua relação com seu nome e sua herança cultural.



         Penso ser impossível, para qualquer espectador de “MEU REMÉDIO”, não se divertir, emocionar-se e, até mesmo, se identificar com as situações vividas pelo ator/personagem, durante a sua infância, puberdade e adolescência. Os que têm ascendentes estrangeiros, mormente de origem árabe, mais ainda.



         MOUHAMED HARFOUCH, conhecido do grande público por seus trabalhos na TV, é um ator de muitas possibilidades, que, por se garantir interpretando e cantando, também brilha em espetáculos musicais, o mais recente deles o super e emocionante “Querido Evan Hansen”, com direção de Tadeu Aguiar. Com “MEU REMÉDIO”, MOUHAMED celebra 30 anos de carreira e “transforma um projeto profundamente pessoal em uma expressão artística única, tanto no palco quanto fora dele”, como está escrito no “release” a mim encaminhado por GRAZY PISACANE (assessoria de imprensa), com o que concordo plenamente. Um dado muito interessante e de grande significado para o artista é que sua estreia, como profissional, se deu, exatamente, no icônico palco em que ele, agora, pisa, em seu primeiro trabalho solo, e autoral. Durante essas três décadas, o ator e cantor já participou de mais de 40 produções teatrais, além da já citada vitoriosa carreira na telinha.



         “MEU REMÉDIO” representa um grande desafio para o MOUHAMED HARFOUCH, do qual ele dá conta, muito além do que eu já esperava. E olha que fui ao Teatro já esperando muito, grande admirador que sou de seu trabalho, desde a primeira vez em que o vi atuando.



         O espetáculo, como diz o primeiro subtítulo desta crítica, é uma “DIVERTIDA E EMOCIONANTE AULA DE CULTURA ÁRABE”, que nos dá o ator, filho de um pai sírio, que o batizou com um antropônimo, palavra tão “estranha, esquisita”, que significa “nome próprio”, e de uma mãe brasileira, filha de portugueses. “‘MEU REMÉDIO’ nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. (...) Crescer com um nome tão emblemático, em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos.”, nas palavras de HARFOUCH, “que busca, com o espetáculo, tocar o coração do público, ao falar, sobretudo, como cada ser é único e especial em sua individualidade, origem e essência”. E o melhor de tudo: ele o consegue, com seu enorme talento e orgulho de suas origens, a importância de sua ancestralidade.



         Como o TEATRO é uma arte coletiva, os intérpretes não se bastam, para garantir o sucesso de uma produção. Nesta montagem, a FICHA TÉCNICA traz grandes nomes de profissionais do TEATRO BRASILEIRO, como um excelente suporte para o ator, sendo que este também escreveu o texto, leve, divertido e emocionante, para uma “autoexposição”. JOÃO FONSECA, que acumula muitos merecidos prêmios em sua carreira, mais uma vez, nos brinda com uma ótima direção, dando-nos a impressão de que, por “confiar no taco” de MOUHAMED HARFOUCH, muito acertadamente, deu-lhe bastante liberdade e foi certeiro nas marcações e soluções para as cenas. Uma direção simples e bem natural, criativa e na medida certa. Destaco, ainda, os nomes de NEY MADEIRA e DANI VIDAL, que assinam o simples e ajustado figurino, bem como o de DANI SANCHEZ, responsável por uma iluminação que valoriza cada cena.



            Dos trabalhos dos artistas de criação, chamo a atenção para a cenografia, criada por NELLO MARRESE, que vai sendo construída aos poucos, um agradável elemento de surpresa, uma bela surpresa para os espectadores. Quando o espetáculo se inicia, o palco está quase nu de elementos cenográficos, com um grande baú, de dentro do qual vão sendo retirados objetos e elementos característicos do universo árabe, o que ganha mais peso quando uma cortina, ao fundo, é descerrada e deixa à mostra mais alguns signos daquele universo.





FICHA TÉCNICA: 

Idealização, Produção e Texto: Mouhamed Harfouch

Direção: João Fonseca

 

Interpretação: Mouhamed Harfouch

 

Cenografia: Nello Marrese

Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal

Iluminação: Dani Sanchez

Produtora Executiva: Valéria Meirelles

Coordenação Geral: Edmundo Lippi

Fotos: Gustavo de Freitas Lara

Assessoria de Imprensa: GPress Comunicação | Grazy Pisacane


 


 




SERVIÇO:

Temporada: De 10 de janeiro a 16 de fevereiro de 2025. 

Local: Teatro Ipanema Rubens Corrêa.

Endereço: Rua Prudente de Morais, 824 - Ipanema, Rio de Janeiro.

Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 20h; domingo, às 19h.

Valor do Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada) 

Vendas: Bilheteria do Teatro e “site” ElevenTickets: 

https://riocultura.eleventickets.com

Duração: 75 minutos.

Classificação: 10 anos.

Gênero: Monólogo.




 

              O segundo subtítulo destes comentários críticos, “TUDO POR UM NOME”, já é uma pista – não chega a ser, totalmente, um “spoiler” – do que o espectador vai ver e ouvir, e se deliciar, durante os 75 minutos de duração da peça, os quais passam sem que nos demos conta da passagem do tempo, atentos como ficamos à magnífica interpretação do ator.



            Extraído do já referido “release”: “‘MEU REMÉDIO” destaca, como o nome, muitas vezes imposto, carrega histórias que conectam o indivíduo ao passado e iluminam seu futuro, e convida a todos a olhar para dentro, entender melhor a própria caminhada e perceber como a arte pode ser um remédio”.



         EMPENHADO, RECOMENDO O ESPETÁCULO, com a convicção de que os que acreditarem nas minhas considerações, haverão de fazer coro comigo, após terem assistido à peça.

 

 


 



FOTOS: GUSTAVO DE FREITAS LARA

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos Ana Cláudia Matos

e Gilberto Bartholo.):






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