BENJAMIN
– FILHO DA
FELICIDADE
(NÃO BRINQUEMOS
DE SER FELIZES.
SEJAMOS!!!
ou
CARISMA PESA MUITO,
NO TEATRO.)
Quando
os DEUSES DO TEATRO “estão atacados”, de bom humor, e nos oferecem, ao
mesmo tempo, uma enxurrada de boas peças, isso é ótimo, por um lado,
porém, para um crítico de TEATRO, acaba gerando um problema: como
conseguir escrever sobre tantas peças boas, se as 24 horas do dia
não são elásticas e as minhas outras obrigações e necessidades pessoais e
particulares continuam reclamando seu tempo, seu espaço? Dá no que está dando
agora, e que já aconteceu algumas outras vezes; ou seja, o espetáculo
sai de cartaz, mas eu, por ter gostado dele, não me sinto confortável, em
paz comigo mesmo, se não escrever, pouco que seja, sobre a peça. Vai até
que ela possa voltar ao cartaz!!! Poderia estar ajudando (pretensão a minha) a
divulgá-la, numa nova temporada. Foi por isso, aproveitando um intervalinho de “folga”,
entre uma crítica e outra, de peças ainda em cartaz, que resolvi
dedicar algumas horas a escrever sobre “BENJAMIM – FILHO DA FELICIDADE”,
que cumpriu, recentemente, uma curtíssima temporada na Sala Multiuso do SESC
Copacabana.
Não
consigo me conformar com o fato de alguém, algumas pessoas, uma companhia de
TEATRO gastar meses num processo, com pesquisas mil e exaustivos ensaios,
para, depois, a montagem estrear e fazer doze apresentações; às
vezes, menos ainda. Essa “lógica” é ilógica, não faz o menor sentido.
Quando o espetáculo é bom, a minha tristeza é maior ainda. Às vezes,
até, flerta com a revolta.
Tendo assistido ao “BENJA” (Criei
intimidade.) no antepenúltimo dia da meteórica temporada, deixei o Teatro
com um misto de muita alegria, pela oportunidade de poder ter visto uma linda
peça teatral, e tristeza, por saber que não teria a oportunidade de revê-la,
que é o que faço, quando gosto de um espetáculo, além do simples gostar,
e por ter a certeza de que, como o espaço em que estavam sendo feitas as
apresentações comporta pouquíssimos espectadores, poucos puderam assistir a ele,
e muita gente perdeu aquela oportunidade ímpar de ser feliz.
Um hábito que trago da adolescência e do qual
jamais me afastarei é, imediatamente, após ter lido um bom livro, ter
ouvido um bom disco ou ter assistido a um bom filme ou a uma boa
peça de TEATRO, sair à procura de parentes e amigos, insistindo na
recomendação daquela obra de ARTE que me fez tão feliz, que me causou tanto prazer. E olha que
insisto mesmo! Tudo o que desejo é repartir a minha felicidade com as pessoas
que me são caras. A alguns, tenho a certeza de que acabo vencendo pelo cansaço.
Depois, vêm me agradecer pela indicação. Naquela mesma noite, ou na manhã
seguinte, não tenho certeza, fiz uma postagem numa rede social, recomendando a peça.
Era o mínimo e, ao mesmo tempo, o máximo que eu poderia fazer naquele momento,
sabendo que não teria condições de escrever sobre ela, de imediato.
Sem pouca, ou quase nenhuma divulgação, por
falta de recursos para isso, "BENJAMIM..." não ocupou espaços consideráveis na mídia. Tomei
conhecimento da montagem por intermédio de uma querida amiga, a atriz
Agatha Duarte, após ter visto uma
postagem, sobre a peça, que ela havia feito, numa rede social. Antes,
alguns amigos já haviam feito comentários positivos, ainda que superficiais,
sobre a peça. Surgiu, então, o meu interesse e Agatha serviu de
ponte, para que a produção do espetáculo me formalizasse um
convite. E eu fui, numa expectativa muito grande, bastante curioso. E não é que
valeu a pena?!
SINOPSE:
BENJAMIM (THIAGO BECKER) traz, ao palco, uma reflexão sobre a busca incessante da felicidade, sobre o que, realmente, ela importa.
É um recuo poético, para olhar a cidade e suas agitações passageiras, uma
tentativa de não deixar a felicidade atrelada a uma constante necessidade de
leveza, mas aceitá-la como uma efeméride impossível de ser aprisionada numa
tela.
O espetáculo aborda os sonhos, desafios e escolhas de um homem simples,
construindo o sentido da sua felicidade.
Tendo sido contemplado pelo Prêmio Municipal Nodgi
Pellizzetti – 2016 - de Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Rio do Sul,
o espetáculo chegou, para a temporada carioca, trazido pela COMPANHIA
ARTÍSTICA COBAIA CÊNICA, do interior de Santa Catarina, depois de já
ter já circulou por importantes festivais daquele estado, como “Rosa dos
Ventos”, da Federação Catarinense de Teatro, e “Cena Rio do Sul
Embaixo da Ponte”, em Rio do Sul, onde fica situada a sede da CIA..
É a primeira vez que a COBAIA se apresenta no Rio de Janeiro.
“BENJAMIM...”
é mais um solo de qualidade, dos muitos que vêm tomando conta dos Teatros
cariocas, nos dois últimos anos, apresentado, este, pelo ator THIAGO BECKER,
também o autor do texto, sob a direção de RICARDO
ROCHA, da Multifoco Companhia de Teatro, do Rio de Janeiro. Que
excelente intercâmbio de Companhias!
THIAGO, RICARDO e SAMUEL PAES
DE LUNA, que também é COBAIA, se conheceram, no Rio, quando
alunos na Escola Técnica Estadual de Teatro
Martins Pena, há alguns anos, e se
juntaram, não faz muito tempo, para esta montagem. A proposta dos três não é fingir ser; é
ser de verdade. Feliz. E isso é possível,
pelo menos, durante 60 minutos, naquele espaço. Depois, é uma opção de
cada um o continuar sendo.
Extraído do
“release” a mim enviado por SAMUEL PAES DE LUNA: “O
ator e dramaturgo THIAGO BECKER narra a história de um personagem, da infância
à velhice, construindo o sentido de sua felicidade. O espetáculo é um jogo
contra o tempo: 60 minutos, para contar toda a trajetória de vida de BENJAMIM.
É uma história contada através do encontro entre ator e público - uma história
de encontros.”. Para mim, foi um delicioso e inesquecível encontro.
Quero crer que para todos os que assistem à peça.
Poesia, no sentido mais amplo
da palavra, a relação com o que é poético, e não o que se refere a uma
forma literária, no aspecto estrutural, e TEATRO caminham de mãos dadas,
neste encantador espetáculo, lindo, da primeira à última cena. A
montagem nos é apresentada sob a forma de uma narrativa, que
aproxima ator (narrador) e público (ouvintes), como se ambos já fossem
amigos de infância, graças ao transbordante carisma de THIAGO,
aliado ao talento de um jovem ator, cujo ótimo trabalho tive o
privilégio de conhecer, além do seu lado dramaturgo, também.
O texto, muito simples e belo, surgiu de uma costura de respostas, fruto de
vivências individuais de gente comum, como nós, por depoimentos retirados de um
questionário feito a pessoas de diversas idades. A idosos, crianças e adultos,
foram formuladas algumas perguntas: O que os faz feliz? Quais os
momentos mais felizes das suas vidas? Como foram suas paixões? Já
podem imaginar qual não tenham sido a riqueza e a diversidade de respostas, as
quais, de uma forma muito delicada, original e poética, THIAGO reuniu no
seu texto final.
“‘Benjamim...’ é uma experiência teatral em roda.”. O público,
formado por poucos espectadores, ao adentrar a plateia, que se confunde com o espaço
cênico (Ou ambos se complementam.), encontra cadeiras dispostas em círculos,
sendo recebido, de forma generosa, gentil e respeitosa, pelo ator, ao
centro do círculo, onde há poucos objetos, o cenário: um despertador, no chão, iluminado por um foco de luz, e quatro baús, se
não me falha a memória, de tamanhos diferentes, dentro dos quais estão
guardadas algumas surpresas da peça, em forma de material de cena,
que BENJAMIM vai utilizando, à medida que as lembranças lhe vêm à mente.
Nunca fiz segredo, para ninguém, de que não gosto de TEATRO interativo. É algo que
me aborrece e, em determinadas situações, me irrita, profundamente, uma vez que ninguém pensa em ir ao Teatro para
ser exposto, muitas vezes, infelizmente, de forma indelicada, jocosa, debochada,
até mesmo. Nesta peça, isso não ocorre e a participação do
público, de algumas pessoas, principalmente, escolhidas/convidadas pelo ator,
é da maior importância, e não me incomodou nem um pouco; muito pelo
contrário. E a justificativa é simplicíssima: quem é convidado a participar
de uma cena ou outra é tratado com o maior carinho, respeito, afeto e dignidade.
Eu, por exemplo, fui escolhido para, na pele de um certo Senhor Murilo, jogar
uma partida de dominó, com o BEN (A essa altura, a intimidade já me
permitia mandar para o espaço as duas últimas sílabas do nome do protagonista.).
Segundo ele, numa aposta, para a qual não fui consultado (KKKKKKKK),
antes do início da partida, o perdedor teria de tirar toda a roupa, o que, evidentemente,
era só uma brincadeira (“Não se preocupe, Seu Murilo, que eu sempre
perco!”). E eu ganhei, mesmo, a partida; sem trapaças. E foi uma delícia!!! Seria capaz de passar horas e horas naquela situação, real/fictícia, contracenando – sim,
contracenando – com THIAGO/BENJAMIM, uma vez que é possível, e, até mesmo,
aconselhável, que o espectador escolhido improvise, e o ator também o faz, podendo a cena render mais ou menos (Por mim, teria durado muito mais.), o
que prova a total integração/interação entre ator/personagem/espectador.
Ainda retirado do já citado “release”: “Um círculo, com
o público em volta. São os ciclos da vida, os elos que fazemos na nossa
criação. Uma roda de amigos, de família, de união. É uma inspiração na tradição
de se formar uma roda à sombra de uma árvore, reunir o povoado e contar uma
história. A estética do espetáculo é pensada e preparada para criar uma
atmosfera convidativa, em que o público se sinta à vontade de contar essa
história, junto com o ator.”.
Duas preocupações, já citadas na sinopse, marcam a trajetória do personagem, em sua vida,
como a de qualquer outra pessoa: a busca incessante da felicidade e a importância,
o peso, dela no dia a dia de cada um. Mais ainda,
ensina-nos BENJAMIM que ela pode estar nas coisas mais simples e pueris,
como, por exemplo, observar o voo de uma borboleta (A imagem é por minha
conta.).
“BENJAMIM...” é um espetáculo de texto e ator (de,
com e para público), sem desfazer de nenhum dos outros artistas
criadores, para a concretização da projeto, como a delicada e sensível
direção, de RICARDO ROCHA, que também se incumbiu da iluminação;
a cenografia, de ROCHA e BECKER; a supervisão de
figurino, a cargo de FLÁVIO SOUZA; e a trilha sonora,
assinada por RODRIGO FRONZA.
FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia e Atuação: Thiago Becker
Direção e Iluminação: Ricardo Rocha
Trilha Sonora: Rodrigo Fronza
Cenotécnico: Edolino Neza Sabino
Supervisão de Figurino: Flávio Souza
Operação de Luz: Samuel Paes de Luna
Operação de Som: Ana Cristina Gaebler
Comunicação: Kakau Zambon
Fotos: Karoline Zambon e Divulgação
Produção: Cia. Cobaia Cênica
Gênero: Comédia Dramática.
Como eu gostei de “BENJAMIM...”!!!
Que espetáculo sensível, delicado e
poético!!!
Oxalá volte ao cartaz!!!
BENJAMIM pode ser qualquer um.
Somos todos “BENJAMINS.
(FOTOS: KAROLINE ZAMBON
e
DIVULGAÇÃO.)
e
DIVULGAÇÃO.)
E VAMOS AO
TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS
SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
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TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE
MELHOR NO
TEATRO
BRASILEIRO!!!
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