Dentre os grandes profissionais do TEATRO BRASILEIRO, destaca-se, como grande referência, o nome de PAULO CÉSAR MEDEIROS, um dos maiores iluminadores e um dos mais requisitados pelos grandes diretores e produtores.
Atualmente, o nome da sua função passou a ser conhecido como "designer de luz", mais uma das submissões culturais ao idioma inglês (mas não é culpa dele).
Em sua vasta lista de diretores com os quais já trabalhou, destacam-se nomes como: BIBI FERREIRA, MARÍLIA PÊRA, MARCO NANINI, AMIR HADDAD, HECTOR BABENCO, DOMINGOS DE OLIVEIRA, FAUZI ARAP, SÉRGIO BRITTO, ÍTALO ROSSI, PAULO JOSÉ, JOÃO FALCÃO, EDUARDO WOITZIK, GILBERTO GAWRONSKI, PAULO DE MORAES, KAREN ACIOLY, ANTÔNIO PEDRO, ANA KFOURI, WOLF MAIA, JOSÉ RENATO, DANIEL HERZ, JOÃO FONSECA, CHARLES MÖLLER, CLÁUDIO BOTELHO, ELIAS ANDREATO, ERNESTO PICOLLO, VÍTOR GARCIA PERALTA, PEDRO BRÍCIO e mais uma penca de grandes diretores.
Também já iluminou a cena para diversos coreógrafos de renome, como MÁRCIA HAYDÉE, DALAL ASCHAR, MÁRCIA RUBIM, RENATO VIEIRA e LUIZ ARRIETA, apenas para citar alguns.
Se o assunto se voltar para "shows", PAULINHO, com sua bela luz, já iluminou a voz de MARIA BETHÂNIA, IVAN LINS, PAULINHO DA VIOLA, CAUBY PEIXOTO, ÂNGELA MARIA, FRANCIS HIME, OLÍVIA HIME, GERALDO AZEVEDO, ZÉLIA DUNCAN e muitos outros grandes intérpretes da MPB.
São 28
anos de carreira e mais de 1.000
projetos de iluminação realizados, que lhe renderam indicações a prêmios, muitas concretizadas:
ALGUMAS DAS PRINCIPAIS INDICAÇÕES
Prêmio Coca-Cola-1989" (Palhaçadas);
Prêmio Coca-Cola-1991 (A Bela e a Fera);
Prêmio SATED-1992 (Ali Babá e os Quarenta Ladrões);
Prêmio SATED-1992 (Blue Jeans);
Prêmio Coca-Cola-1993 (O Soldadinho de Chumbo);
Prêmio Coca-Cola-1994 (A Nova Roupa do Imperador);
Prêmio SHELL-1994 (O Futuro Dura Muito Tempo);
Prêmio Coca-Cola-1995 (O Patinho Feio);
Prêmio SHELL-1995 (Bósnia Bósnia);
Prêmio SHELL-1995 (Montacargas);
Prêmio SHELL 1995 (Noite Feliz);
Prêmio SHELL-1996 (O Noviço);
Prêmio SHELL-1996 (O Jovem Törless);
Prêmio SHELL-1997 (Bravíssimo);
Prêmio SHELL-1998 (Solidão nos Campos de Algodão);
Prêmio SHELL- 1999 (E Aí, Comeu?);
Prêmio SHELL-1999 (Equilíbrio Delicado);
Prêmio SHELL-2003 (Casca de Noz);
Prêmio SHELL-2006 (Ópera do Malandro in Concert);
Prêmio SHELL-2007 (Sassaricando);
Prêmio APTR-2008 (A Noviça Rebelde);
Prêmio SHELL-2008 (Beatles num Céu de Diamantes);
Prêmio SHELL-2009 (Avenida Q);
Prêmio SHELL-2010 (As Meninas);
Prêmio SHELL-2010 (Hair);
Prêmio APTR-2010 (Hair);
Prêmio SHELL-2011 (Cabaret);
Prêmio APTR-2011 (Um Violinista no Telhado);
Prêmio Bibi Ferreira-2012 (Nada Será Como Antes);
Prêmio Bibi Ferreira-2012 (O Mágico de Oz).
ALGUNS DOS PRINCIPAIS PRÊMIOS
Prêmio COCA-COLA:
1990 (Lenda);
1993 (O Conquistador);
2006 (O Pequeno Príncipe)
1990 (Lenda);
1993 (O Conquistador);
2006 (O Pequeno Príncipe)
Prêmio SHELL:
1993 (O Futuro Dura Muito Pouco);
2007 (7, O Musical);
2009 (O Despertar da Primavera)
Prêmio APTR:
2007 (por sete espetáculos):
7, O Musical;
Sassaricando;
Auto de Anjicos;
Eu Sou Minha Própria Mulher;
Cheiro de Chuva;
Mundo dos Esquecidos;
Farsa;
2009 (O Despertar da Primavera)
Prêmio SATED:
1994 (Aladim e o Gênio Maravilhoso)
Prêmio BIBI FERREIRA: 2012 (Rock in Rio)
Sua formação é bem eclética. Formado em Comunicação Social (Publicidade), após ter cursado a Faculdade de Artes Cênicas da UNI RIO, também fez cursos de direção, de iluminação (com o mestre Aurélio de Simoni), de fotografia (vários), de direção de fotografia de cinema, de operação de câmera de vídeo e cinema, de eletricista predial, além de cursos livres de História da Arte, com Hélio Eichbauer.
O TEATRO ME REPRESENTA - MERDA (OTMRM) - Como é que surgiu o seu interesse por iluminação em TEATRO?
PAULO CÉSAR MEDEIROS (PCM) - Comecei minha vida no Teatro já com 11 anos de idade. Uma professora de Inglês
entrou na turma e perguntou quem gostaria de fazer parte do grupo de Teatro do
colégio. Levantei, imediatamente, a
mão, achando que toda turma iria junto comigo. Olhei para o lado e vi que só eu tinha
levantado o braço. E sigo com ele levantado e, assim, será até o fim dos tempos.
Depois tive um grupo de Teatro
amador, durante o segundo grau, e ali fui estudando Teatro, participando de festivais, aprendendo sobre tudo do palco, ainda que
intuitivamente.
Um dia, já com 18 anos, vi
um "show" da Bethânia, no Teatro da Praia, e fiquei deslumbrado com a luz. Nem sabia
que existia luz artística. A criação da luz era do próprio diretor, Fauzi Arapi,
com quem vim a me encontrar anos depois, dessa vez, eu como iluminador da
Bethânia e ele como diretor.
Depois, comecei a fazer a
luz dos espetáculos amadores que eu mesmo dirigia. Num desses espetáculos, a
luz foi vista por um grupo de dança da Stella Antunes e do Leonardo Franco (isso
era 1985) e eles me convidaram para iluminar um espetáculo chamado "Bate o Pé
Jacaré", na UERJ.
Comecei a ser convidado
para fazer luzes na UERJ. Lá fiz um festival de Teatro amador, com dezesseis espetáculos
(eram dois por dia). Como Teatro amador não tinha iluminador, eu acabei criando dezesseis luzes em oito dias (um prenúncio do que minha vida seria anos
depois).
Dias depois disso, meio
atordoado com tudo, fui comprar uns livros, na antiga livraria "Ver e Ler", do
INACEN, na frente do Teatro Glauce Rocha, e vi um anúncio: "CURSO DE ILUMINAÇÃO COM
AURÉLIO DE SIMONI". Me inscrevi na hora. Virei assistente do Aurélio em dois dias
de curso. Com ele, trabalhei por um ano e fui contratado pelo Teatro da Cidade
(onde funciona a atual Faculdade da Cidade).
Ali comecei a trabalhar
como operador de luz e a conhecer o "povo do Teatro". O resto é
história.
(OTMRM) - Como é que se prepara um
iluminador? Existe alguma escola que forma, academicamente, este tipo de
profissional?
(PCM) - Hoje, no Brasil, há
excelentes cursos de formação, tanto em ONGs como em cursos
particulares, mas a maioria dos técnicos
se forma na prática da profissão, grudando num iluminador e aprendendo no dia a
dia.
Na Europa e nos Estados
Unidos, há Faculdades de Luminotécnica e de Iluminação Cênica, com grades de
matérias muito parecidas com as de Cenografia, com as devidas variantes de
conhecimento.
(OTMRM) - O iluminador tem total
liberdade de criar ou o seu trabalho fica na dependência do diretor do
espetáculo?
(PCM) - O iluminador cênico não é
um artista isolado, ele sempre está aliado à direção. A Luz, assim como qualquer
elemento cênico, está sob a palavra final da direção. Quando se entendem, isso tudo
fica mais fácil. Isso, de maneira alguma,
significa que não haja criação e parceria no processo, mas, a cada diretor ou
espetáculo, a relação se dará de uma forma específica.
(OTMRM) - Antigamente, antigamente
mesmo, dizia-se (corrija-me se eu estiver errado), que toda luz, em TEATRO,
deveria vir de cima. Jamais um foco poderia incidir sobre o rosto do ator,
partindo de baixo para cima, “para não criar sombras”. Isso procede? Parece
que os conceitos de iluminação evoluíram muito. Fale um pouco sobre
isso.
(PCM) - Isso tem a ver com a
vaidade de atores da Geração Trianon ou de atores principais, que não queriam
parecer mais velhos. Mas, hoje, essas questões só
são levantadas, se houver necessidade de embelezar ou destacar, de forma mais
direta, algum ator.
A Luz é um elemento de
grandes possibilidades. Ela, realmente, é capaz de transformar, de esconder,
revelar, fazer respirar qualquer elemento de cena. Isso possibilita muitas
variantes à direção.
(OTMRM) - Da gelatina ao led, o
que evoluiu, tecnicamente falando, em termos de equipamentos, desde que você
iniciou sua carreira até os dias de hoje? Tornou-se mais fácil trabalhar em
iluminação atualmente? Os teatros brasileiros, principalmente os cariocas,
estão bem equipados para uma boa iluminação?
(PCM) - Tudo evoluiu completamente. Hoje, temos os mesmos modelos de equipamentos que se usam no mundo todo. Em menor
quantidade por teatro, mas temos. Quando os teatros não possuem equipamentos
adequados, podem ser alugados em muitas empresas
especializadas.
Não. Infelizmente, os teatros cariocas se encontram mal equipados por demais.
(OTMRM) - Cite um (ou mais, se desejar)
espetáculo que tenha sido mais desafiador para o seu trabalho, no sentido de
mais trabalhoso, e diga por quê.
(PCM) - Acho que, até hoje, mais de
mil projetos depois de ter começado, "UMA HISTÓRIA DE BORBOLETAS", com direção
do Gilberto Gawronski, segue sendo um de meus espetáculos inesquecíveis. Eram só
velas, pequenas lâmpadas, um efeito de amanhecer pela claraboia, que levava vinte minutos acontecendo e mais nada. Até hoje, me falam desse trabalho como algo
inesquecível.
Ricardo Blat e Fernando
Eiras davam vida a dois personagens lindos e precursores de muitas questões, que, depois, se espalharam pelo Teatro Carioca.
(OTMRM) - Há diferença entre fazer
a luz de um musical, por exemplo, e um outro tipo de espetáculo? Existe
diferença em iluminar gêneros diferentes de espetáculo ou essa variação, se ela
existe, só depende de texto para texto ou de proposta para proposta, por parte
do diretor?
(PCM) - Não acredito em expressões
como "Luz de Musical" ou "Luz Contemporânea" ou "Luz de Comédia". Tudo isso, para
mim, são prisões estéticas que se criam e que engessam a
criatividade.
A própria Broadway, com todo
seu incrível aparato técnico, às vezes, repete padrões de montagem e de criação. Já se vai para lá com essa expectativa e ai de quem não
cumpri-la.
Prefiro lidar com a ideia de que o que existe é a humanidade e as energias que existem dentro de uma peça e
entre aqueles que as estão criando, no momento em que
criam.
Dessa forma, me sinto
sempre livre para misturar gêneros e uso, na dança, luzes de teatro; na ópera, luzes de "show"; nos "shows", luzes de Teatro Contemporâneo; e assim tudo fica mais
livre, orgânico e menos acadêmico.
Aprendi a ser livre através
da luz.
(OTMRM) Existem teatros,
chamados, em tom de pilhéria, de “teatros de alta rotatividade”, porque exibem,
simultaneamente, vários espetáculos, em dias e horários diferentes. Isso deve
ser um grande problema para o iluminador. E, talvez, mais ainda, para quem
opera a iluminação. Estou errado?
(PCM) - Você está certo, mas
quem trabalha na dificuldade se obriga a estar pronto para o acaso e o
inusitado. Acabamos desenvolvendo saídas de tempo e de criação que jamais seriam
pensadas em condições ideais. Perde-se de um lado, mas não podemos ter uma
atitude derrotista frente a isso. Todos enfrentam dificuldades, do produtor à
estrela principal. Lidar com as dificuldades deve nos incentivar e não nos
derrotar nem intimidar.
(OTMRM) - Qual foi a sua grande
obra-prima?
(PCM) - Essa pergunta me coloca
numa situação louca, que seria achar que já fiz alguma obra-prima na
vida. O que tenho são espetáculos
que sei que me marcaram e a muita gente também.
Entre tantos, destaco "O
FUTURO DURA MUITO TEMPO" (última peça do Rubens Corrêa, com direção do Márcio
Vianna) e "7, O MUSICAL", com direção dos queridos Cláudio Botelho e Charles
Möeller.
(OTMRM) - Você é um dos mais
requisitados, com muita justiça, iluminadores. Como operacionalizar trabalhos
simultâneos, se é que você os aceita?
(PCM) - Eu tenho uma equipe
fantástica, tanto no Rio como em São Paulo. Tenho uma empresa, chamada
ART LIGHT, e meu melhor amigo (meu irmão de vida), Luiz Marcelo Guimarães, junto com Alexandre Góis, gerente da empresa, consegue dar conta da loucura da
minha vida.
E o principal: tenho meu
irmão de sangue, Júlio Medeiros, meu iluminador assistente, desde sempre, comigo.
Ou seja, tenho uma família
junto a mim, uma relação realmente de amor em volta de
mim. Parceiros que construíram
minha vida junto comigo. É esse o
segredo. São cerca de quarenta projetos
novos, todo ano, há mais de vinte anos.
Completo, este ano, 28
anos de profissão, mais de 1000 projetos realizados e, sem essa turma, seria
impossível.
(OTMRM) - A terminologia, no meio
teatral, vem apresentando algumas modificações. “Iluminador”, por exemplo,
tornou-se “designer de luz”. É só charme, efeito de “marketing”, ou existe
diferença entre os dois profissionais?
(PCM) - Não tem
diferença. O que pode acontecer é que
o desenho de luz seja feito por alguém que não seja iluminador de profissão e aí
acho que cabe diferenciar o desenho da execução da luz.
Eu, particularmente, gosto
de assinar "Iluminação". Soa mais brasileiro, mais
simples.
(OTMRM) - Você socializa o seu
saber, ou seja, ministra cursos para iniciantes? Considera isso
importante?
(PCM) - Durante todos esses anos, venho promovendo cursos internos, para formação das minhas equipes, e financiando cursos
livres para quem se mostrasse interessado. Criamos uma grade nossa,
com aulas de elétrica, eletrônica, cenotécnica, História da Arte etc..
Isso criou um grupo mais
preparado e atento a seu crescimento e desenvolvimento.
Fomentamos que todos
trabalhem com todas as áreas dentro de luz. Iluminador, operador de luz,
assistente, canhoneiro, técnico em montagem, "holding". Enfim, que cada um vá
aonde seu sonho e sua vontade apontarem.
Vou ministrar, no ano que vem, no Teatro Gláucio Gil, minha primeira Oficina de Luz, a convite da Luciana Fávero
e do Gustavo Pazo. Estou estudando e me
preparando ao máximo para isso.
ALGUNS DOS MUITOS MOMENTOS MAIS ENCANTADORES DO TRABALHO DE ILUMINAÇÃO DE PAULO CÉSAR MEDEIROS:
39 DEGRAUS
A FARSA DA BOA PREGUIÇA
A VÊNUS EM VISOM
ALÔ, DOLLY
AS PRÓXIMAS HORAS
CABARET
CARTAS DE MARIA JULIETA E CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
COMO VENCER NA VIDA SEM FAZER FORÇA
CUCARACHA
O DESPERTAR DA PRIMAVERA
É COM ESSE QUE EU VOU
ERA UMA VEZ... GRIMM
JUDY GARLAND - ALÉM DO ARCO-ÍRIS
O CASAMENTO
O MÁGICO DE OZ
OUTROS TEMPOS
PACTO - RELAÇÕES PODEM SER FATAIS
RÁDIO NACIONAL - AS ONDAS QUE CONQUISTARAM O BRASIL
RANDEVU DO AVESSO
SASSARIQUINHO
TIM MAIA - VALE TUDO, O MUSICAL
UM VIOLINISTA NO TELHADO
(FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS PELO ENTREVISTADO)
Muito interessante saber mais sobre a arte de iluminar!
ResponderExcluirAlém de um grande artista, um ser humano incrível!
ResponderExcluirGrande amigo e grande Iluminador!
Vida Longa!!!
Merda!!!
Maravilhoso! Sou fã! Do profissional e do ser! Um mestre. Parabéns pela sua trajetória! Iris
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