“ACORDEI CANTANDO”
ou
(UM MUSICAL
FEITO EM CASA,
PARA OS DE CASA.)
Os que têm o hábito de ler as minhas críticas de TEATRO
sabem da minha grande preferência por musicais; os bons, de preferência. Também
esperam críticas bastantes profundas e detalhadas, o que demanda tempo,
exatamente o que me falta neste momento. Assim, vou escrever pouco, procurando
comentar, ao máximo, tudo o que me chamou atenção nesta peça.
Estamos
acostumados a montar musicais importados, textos e histórias de outras línguas
e culturas, devidamente mais menos adaptados para a nossa realidade. É claro
que isso muito me agrada, porém confesso que, todas as vezes que tenho a
oportunidade de assistir a um musical autoral, escrito por brasileiros, meu
prazer é maior, porque nós também sabemos fazer bons musicais.
Na minha mais recente estada em São Paulo, à
cata deles, fui convidado a assistir a um “made in Brazil”. Seu
nome: “ACORDEI CANTANDO”, uma produção bem modesta, mas muito bem feita,
erguida, com bastante garra e talento, por pessoas que sabem como produzir um.
SINOPSE:
O musical conta a
história de uma atriz, no auge da carreira, casada com um importante
advogado, o qual parece não
ter nenhuma vocação artística nem muito entusiasmo pelo ofício da esposa.
Um dia, porém, com a
ajuda de um hilário médico oriental, ele amanhece cantando.
Uma mulher surpreendida pelo despertar tardio de uma aptidão do
marido é o ponto de partida da peça.
Não demora muito para que o novo talento do homem fosse descoberto por um
agente, que o leva para a carreira artística, trazendo rivalidade ao casal.
Para apimentar ainda mais esta comédia, entram na história o amante
dela, advogados e, acredite se quiser, até um pinguim.
Será o suficiente para “apaziguar” essa divertida crise conjugal?
A SINOPSE supra não parece dizer muita coisa, mas é,
exatamente, aquilo a que corresponde o enredo da peça, que não apresenta nada
além do superficial a que ela se propõe: divertir, de forma leve e agradável.
Se isso é atingido perfeitamente, ótimo! O objetivo foi alcançado. Nesta peça,
isso acontece.
Confesso que, a despeito da sua proposta, acredito que o texto
pudesse ser mais bem elaborado, alternando bons e razoáveis momentos. Não é
uma “Brastemp”, mas satisfaz, “gelando a cervejinha”. Cumpre seu objetivo. As canções, de RICARDO SEVERO, tanto letras como melodias, são ótimas,
bem agradáveis e cumprem sua função, num musical: ajudar a contar a história.
Que sorte poder contar com um profissional do gabarito de JARBAS
HOMEM DE MELLO na direção de um musical. JARBAS parece ter
nascido num palco e, em vez de chorar, quando levou a tradicional palmadinha,
respondeu ao estímulo cantando um “Singing in the Rain”, por
exemplo, e, em vez de engatinhar, já saiu rodopiando pelo palco, com direito a
muitas piruetas e sapateadas. Brincadeiras à parte, ele sabe tudo sobre
musical, o que significa que tem direito a dar "pitacos" em todos os setores da
produção de um musical, porque interpreta canta e dança no mesmo ótimo nível de
qualidade. Com JARBAS no comando de um musical, o elenco ganha muito,
com trocas de todos os lados. Diante de uma realidade que indica falta de
dinheiro para grandes “voos”, como numa superprodução, JARBAS
soube jogar muito bem com o que tinha à mão e executou uma direção cuidadosa, simples
e inteligente.
(Foto: Fonte desconhecida.)
No elenco, um quinteto de veteranos em musicais, o que já é o
início da garantia de um acerto. Os cinco atores, RACHEL RIPANI, PATRICK
AMSTALDEN, RENATA RICCI, UBIRACY BRASIL e FABIO YOSHIHARA,
são muito versáteis. “Camaleonicamente”, o trio formado por RENATA,
UBIRACY e FABIO vive vários personagens, cada um bem diferente do
outro e todos bem engraçados. A dupla de protagonistas corresponde a RACHEL
RIPANI e PATRICK AMSTALDEN, ambos num excelente entrosamento em
cena. É muito importante salientar que todos sabem explorar seu “timing”
para a COMÉDIA.
Quem não tem condições de bancar uma orquestra, com vários
músicos, “se vira” com um trio de ótimos musicistas, os quais
produzem um som muito agradável aos ouvidos. Na verdade, para este tipo de
musical, nem seria recomendada a utilização de uma banda com muitos músicos e
instrumentos. Numa comparação meio esdrúxula, talvez, podemos dizer que, no
palco, por trás de um telão meio transparente, há uma configuração de músicos
para um “musical de bolso”.
Sempre lembrando que recursos financeiros foram bastante
escassos nesta produção, esta carência é compensada com bom gosto e
criatividade, o que é, facilmente, identificável numa cenografia comedida,
de FERNANDO OLIVEIRA, que apresenta muitas trocas de cenário, sempre com
entrada e saídas de alguns móveis, o suficiente para caracterizar os diversos
ambientes, principalmente a sala de estar e o quarto da casa dos personagens Ele
e Ela. Essa pouca ocupação de um palco bem grande deixa um amplo
espaço para o deslocamento dos atores em cena, gerando bastante dinamismo, em
cada cena.
GRAZIELA BASTOS e RENATA RICCI, a quatro mãos,
assinam os muitos figurinos da peça, simples, mas bastante criativos; alguns,
com detalhes bem engraçados.
Não há nada de muito expressivo no desenho de luz,
criado por GIULIANO CARATORI, o que não significa, absolutamente, algo
negativo. Como não há nenhuma exigência maior, no texto, o iluminador não tinha
mesmo nada a fazer, que não fosse procurar iluminar, normalmente, cada cena,
sem firulas.
O dedo de DICKO LORENZO, no visagismo, foi
muito importante, para criar, por meio de detalhes, como perucas e acessórios,
por exemplo, alguns dos diversos e divertidos personagens.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Ricardo Ripa
Direção Geral: Jarbas Homem de Mello
Direção Musical e Músicas Originais: Ricardo Severo
Elenco: Rachel Ripani (Ela); Patrick Amstalden (Ele); Renata Ricci
(Assistente do Dr. Tao, Advogada, Candidata, Produtora), Ubiracy Brasil (Amante, Diretor,
Oficial de Justiça) e Fabio Yoshihara (Dr. Tao, Advogado, Apresentador,
Assistente do Diretor)
Banda: Fernando Zuben (pianista, regente e diretor musical assistente); Bruna
Barone/Daniel Alfaro (bateria e percussão); e Fábio Martinele (sopros e acordeão)
Locuções: Jorge Helal e Ricardo Ripa (Clube da Voz)
Cenografia: Fernando Oliveira
Figurino: Graziela Bastos e Renata Ricci
“Designer” de Luz:
Giuliano Caratori
Visagismo: Dicko Lorenzo
Assessoria de Imprensa: Flavia Fusco Comunicação
Gerência de Mídias Sociais: Felipe Pirrilo
“Art Design” e Programação
Visual: Ton Prado
Caricaturas: Cássio Manga
Fotografia: Heloisa Bortz
Produção de Vídeos: Sagu Filmes
Assistência de Produção: Clarissa Celori
Operador de Som e Vídeo: Edézio Aragão
Operador de Luz: Giuliano Caratori
Direção de Palco: Lucas Andrade
Camareira: Judith Rosa
Peruqueira: Paula Rossi
Contrarregra: Eduardo Lazoti
Direção de Produçã: Henrique Benjamin
Produção Executiva e Assistência de Direção: Lara Paulauskas
SERVIÇO:
Temporada: De 1º de julho a 27 de agosto de 2023.
Local: Teatro Fernando Torres.
Endereço: R. Padre Estevão Pernet, 588 – Tatuapé –
São Paulo.
Telefone: (11)2227-1025.
Dias e Horários: Sextas-feiras, às 21h; sábados, às
20h; e domingos, às 19h.
Valor dos Ingresso: R$80,00 (inteira) e R$40,00
(meia-entrada).
Bilheteria presencial: De quarta-feira a domingo,
das 14h às 19h.
Nos dias de espetáculo, até o horário de início da sessão.
Vendas “On-line”: Sympla.
Capacidade de lotação: 685 pessoas.
Recomendação Etária: 10 anos.
Gênero: Musical.
Reforçando
o que escrevi no parágrafo inicial, falta-me tempo, no momento, e sobram-me
críticas a serem escritas, o que me obriga a não me aprofundar, como gosto, nos
comentários, entretanto fiz questão de escrever sobre este espetáculo, que eu RECOMENDO,
para que, conquanto minha opinião possa não ter nenhum grande peso, fique
registrada a minha alegria por ter tido a oportunidade de dar boas gargalhadas,
num final de domingo.
Por
oportuno, registro, aqui, a minha agradabilíssima surpresa, em conhecer um Teatro
da capital paulista que, até então, eu não conhecia, o Teatro Fernando
Torres, o qual me pareceu muito bem equipado e moderno, além de seu
conforto e da atenção que seus funcionários dispensam ao público. A sala de espetáculos foi inaugurada em 19 de
agosto de 2012, embora, devido a uma excelente conservação, parece que que
recebeu o público, pela primeira vez, ontem. Foi construído pelo Colégio
Agostiniano Mendel e batizado em homenagem, muito justa e merecida, ao
grande ator, diretor e produtor, morto em 2008.
FOTOS: HELOISA BORTZ
GALERIA
PARTICULAR:
Bate-papo com o elenco, após a sessão.
VAMOS AO TEATRO!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI,
SEMPRE!
RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR
NO TEATRO BRASILEIRO!
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