“FRÁGIL –
FORA DA CAIXA”
ou
(DE COMO SE
MONTAR UM BOM
ESPETÁCULO,
SEM DINHEIRO,
MAS COM MUITA
GARRA
E TALENTO.)
Mais uma vez, decido
dedicar parte do meu precioso tempo a escrever sobre um espetáculo que,
embora já tenha saído de cartaz, merece uma crítica, por sua qualidade
e, mais ainda, por todo o empenho dos envolvidos em seu projeto, para
conseguirem erguê-lo. Faço isso com o maior prazer e na certeza de que, caso
consigam outra(s) temporada(s), eu, sem muita pretensão, possa ter contribuído para
sua divulgação e, consequentemente, levar pessoas a assistir a ele e se
divertirem, como aconteceu comigo. Com esta publicação, reverencio,
principalmente, dois nomes, DANI FRITZEN e MARIO NETO, os quais,
com muita coragem e sem contar com patrocínios, valendo-se de recursos próprios
e da colaboração de alguns amigos, mergulharam, de cabeça, num projeto,
que se concretizou no palco do Teatro Candido Mendes, para uma
curta temporada, de sucesso de público. A peça em questão chama-se “FRÁGIL
– FORA DA CAIXA” e se trata de uma gostosa e leve COMÉDIA dramática,
que nos leva a boas reflexões, principalmente para o público feminino, sobre um
determinado momento na vida de algumas mulheres.
SINOPSE:
Uma mulher de
40 anos, recém-separada e de mudança para uma nova casa, divide, com o seu
“alter ego” e amigo, EDU (MARIO NETO), essa sua jornada de
transformação e autoconhecimento.
A dupla fala,
dentre outras coisas, de vulnerabilidades, escolhas, prazer feminino,
família, envelhecimento, relacionamento...
A montagem faz
um apelo bem-humorado e poético, para que as mulheres abracem suas mudanças, sejam
elas de relação, de endereço, de profissão, de hábitos, de religião...
O importante é
“sair da caixa” e se permitir alçar novos voos, independentemente
da idade.
Sou
totalmente avesso a livros de autoajuda, mas não a um tipo de TEATRO
que, sem ser piegas ou panfletário, possa, no fundo, ser considerado como “de
autoajuda”. Sim, porque é dessa maneira que encaro o texto de DANI
FRITZEN, com a colaboração de MARIO NETO, e penso ser a proposta
primeira da peça, como diz a sua SINOPSE: a proposta seria ajudar
as mulheres a assumir os riscos e as incertezas que poderão advir do término de
um casamento, via uma situação ficcional, com a qual muita gente do público pode
se identificar, por tê-la vivido na pele, ou por estar a vivê-la, ou, ainda,
por pensar em passar por ela, no futuro, em função de um presente conturbado.
Trata-se
de uma produção bem “franciscana”, mas na qual
identificamos, principalmente quem é do meio teatral, muito amor, garra e
dedicação envolvidos nela. Por estar, cada vez mais difícil, conseguir
concretizar um projeto teatral, num país à deriva, nas mãos de gente da
pior espécie, que, mais do que desprezar, ODEIA a ARTE e a CULTURA, uma
iniciativa como esta é digna do nosso maior respeito e aplausos.
Valendo-me
do “release”, enviado por LYVIA RODRIGUES (AQUELA QUE DIVULGA
– ASSESSORIA DE IMPRENSA), DANI “resolveu, por meio da sua
escrita, compartilhar seu processo de mudança com pessoas inquietas e sedentas
por ‘algo mais’, como ela”. MARIO NETO acrescenta que incluiu,
no texto, “toques de humor, na dramaturgia, conferindo-lhe leveza
e fluidez para as cenas, sem perder a densidade que elas trazem”. E o
resultado disso é muito bom. A peça diverte e faz pensar.
Chamou-me
a atenção a ambiguidade presente no título da peça. Antes de
assistir a ela, tal título não faz pensar em nada especial, porém, depois da
experiência de se passar pouco mais de uma hora, observando as cenas, chega-se,
obrigatoriamente, à conclusão de que o “FRÁGIL”, que é aplicado, por
meio de uma etiqueta, às caixas que contêm algo que precisa de um cuidado
maior, em seu transporte, está ligado ao estado emocional de alguém como ANA,
após o término de um casamento e a incertezas do futuro que a espera. Quanto ao
“FORA DA CAIXA”, isso também nos remete ao estado emocional
da personagem. Existe uma expressão da língua inglesa, “thinking
outside the box”, amplamente usada no nosso dia a dia, cuja tradução
literal é “pensando fora da caixa”, que significa “pensar
de forma inovadora, criativa e além dos padrões convencionais”.
Basicamente, “pensar fora da caixa” implica uma “capacidade
de abandonar os padrões que limitam seu pensamento e expandir sua criatividade”.
Era, exatamente, disso que a personagem necessitava, para o que apela a
seu “alter ego”, o qual vai, aos poucos, levando-a a assumir um
novo “way of life”, uma nova forma de viver. “Reivenção”
está na ordem do dia, para o que é preciso coragem e determinação.
Extraído
do já citado “release”: “Em um palco tomado por caixas
de papelão, repletas de objetos e recordações, ANA (DANI FRITZEN) divide a sua
jornada de recomeço, cheia de autoconhecimento, com EDU (MARIO NETO),
seu “alter ego” e amigo. Juntos, eles falam de infância, família,
felicidade, vulnerabilidades, padrão de beleza, prazer feminino, relação
abusiva, religião, envelhecimento, fragilidades, todos os assuntos convergindo
para a reflexão central da peça: é possível mudar de vida depois dos 40 anos.”.
O espetáculo
estreou, em 2021, no formato “on-line”, e, em março do
mesmo ano, se apresentou, presencialmente, no Theatro Municipal de
Niterói, contemplada pelo Edital da Secretaria de Estado de
Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC), com patrocínio
do Governo Federal, através da Lei Aldir Blanc. (VIVA A LEI ALDIR BLANC!!!) Em 2022, a
peça fez a sua estreia na capital fluminense, em uma versão mais
intimista, propiciada pelo palco do Teatro Cândido Mendes, “onde
o espectador se sente dentro da casa de ANA”.
Dentro
das possibilidades, dos parcos recursos de que dispunham, a peça
apresenta um cenário simples, criado pela dupla de atores e pelo diretor, porém muito
significativo; pobre, em se tratando de valor material, todavia riquíssimo em
significações: muitas caixas de papelão, espalhadas pelo espaço cênico,
uma mesinha de cabeceira, um pufe, duas cadeiras de praia e muitos objetos de grande
valor afetivo para a personagem. Memórias em cena.
Nada de especial, com relação ao figurino, de LÚ VICTER (Ateliê2), bem adequado aos personagens. A iluminação, a cargoi de RAPHAEL GRAMPOLA, também não apresenta nenhum comentário a ser destacado, funcionando a contento. Destaque eu reservo à ótima trilha sonora, assinada, a oito mãos, por MARIO NETO, DANI FRITZEN, MARCOS ÁCHER e RENATO BADECO, que foi nascendo no decorrer do processo, durante os ensaios; um processo coletivo. As canções escolhidas são de muito bom gosto e estão bem adequadas às cenas, cada uma delas ligadas aos quatro criadores da trilha, em função de suas lembranças.
MARCOS ÁCHER, num feliz momento, executa uma boa direção,
extraindo o que há de melhor do talento da dupla de atores, fazendo uso de
boas marcações, criando um espetáculo bem dinâmico, recheado de boas
ideias e soluções.
DANI FRITZEN e MARIO NETO são
dois bons atores e se conhecem bem, fora de cena e dentro dela, o que
lhes confere uma boa cumplicidade, quando contracenam. Ambos transitam bem nos
momentos mais sérios e estão muito à vontade, quando a intenção é fazer rir,
principalmente MARIO, que se aproveita das reações da plateia, para
improvisar e colocar ótimos “cacos”, os quais provocam mais
risadas.
No dia em que assisti à peça, que
se apresenta de uma forma bem intimista, havia muitos amigos e
familiares de DANI e MARIO, o que pareceu tê-los motivado, mais
ainda, a uma excelente e descontraída interpretação.
FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia:
Dani Fritzen
Colaboração:
Mario Neto
Direção:
Marcos Ácher
Elenco: Dani
Fritzen e Mario Neto
Cenografia:
Dani Fritzen, Mario Neto e Marcos Ácher
Figurino: Lú
Victer (Ateliê2)
Iluminação:
Raphael Grampola
Trilha Sonora:
Mario Neto, Dani Fritzen, Marcos Ácher e Renato Badeco
Som: Renato
Badeco
Produção Executiva:
Angélica Crispino
Produção:
Mariana Curvelo
Produção e Mídias
Sociais: Reny Oliveira
Assessoria de
Imprensa: Lyvia Rodrigues (Aquela Que Divulga)
Fotos: Bruno
Araújo e Roberto Cardoso
Realização:
Amado Produções
Faço votos para que o espetáculo consiga realizar novas temporadas e, caso isso venha a acontecer, não percam a
oportunidade de assistir a uma peça de TEATRO, uma boa COMÉDIA,
ainda que dramática, coisa rara de se encontrar, nos dias de hoje, que
merece, por isso mesmo e pelo esforço dos que se empenharam para erguê-la, ser prestigiada.
EU A RECOMENDO.
FOTOS: BRUNO ARAÚJO
e ROBERTO CARDOSO (oficiais)
e
REGINA CAVALCANTI (particulares)
GALERIA PARTICULAR:
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!
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