sexta-feira, 11 de outubro de 2019


DA VINCI

(UM ESPETÁCULO LINDO E DELICADO.
ou
UMA BELA HOMENAGEM
A UM GÊNIO DA HUMANIDADE.)






           E cá estou eu, mais uma vez, fazendo o que não me é habitual: escrever sobre um espetáculo infantojuvenil. E não o faço sempre, e muito, não por falta de vontade, mas de tempo e, também, ou principalmente, porque a maioria, infelizmente, não é de boa qualidade. Quando surge algo que mereça uma crítica, como, por exemplo, “DA VINCI”, em cartaz no Teatro XP Investimentos (antigo Teatro do Jóquei) (VER SERVIÇO.), eu deixo o Teatro feliz e cheio de vontade de tornar público o meu contentamento, por ter assistido a um  trabalho de alta qualidade, dentro de um nicho em que se faz muita coisa de qualquer maneira, achando-se que, “como é para criança...”. Não! Esses não contarão nunca comigo, com o meu apoio e aprovação. Na contramão disso, porém, profissionais como os envolvidos no projeto aqui analisado merecem todos os meus aplausos, pelo cuidado como se comportam na produção e montagem de uma peça para crianças e pré-adolescentes, embora, certamente, caia no agrado, também dos adultos.





            Quero deixar bem claro que outros espetáculos infantojuvenis mereceriam uma crítica positiva, de minha parte, este ano, partindo dos meus critérios, porém, se não tiveram uma publicada, foi por pura falta de disponibilidade de tempo. 











SINOPSE:

       Na peça, uma trupe teatral decide ensaiar um espetáculo, a partir da história de LEONARDO DA VINCI, em função de uma homenagem pelos 500 anos de sua morte.

A decisão não é unânime nem fácil de ser concretizada.

Vários desafios se impõem, ao contar a trajetória do gênio italiano, em cena.

DA VINCI foi um homem muito à frente do seu tempo, que conseguia transitar, facilmente, entre Arte e Ciência, dominando desde o desvio de curso de rios a dissecações de cadáveres, além de perspectiva e proporções dos membros corporais.

Com isso, HORÁCIO (LEO THURLER), ISABELA (BEATRIZ NAPOLITANI), CÉLIA (MARIA CLARA GUIM) e LAVÍNIA (ALINE PEIXOTO) vão para um cenário medieval-renascentista, a fim de traduzir, no palco, em cena e música, essa história.

Assim, compõem a cena com a Mona Lisa, o Homem Vitruviano, a Última Ceia, a tentativa de voo, de DA VINCI, seus textos apocalípticos, suas improvisações musicais, seu gibão de brocado, seus cadernos, suas anotações, e quantas pistas mais puderam captar, ao longo da pesquisa apaixonante que fizeram sobre o grande gênio.











            Mas quem foi, afinal, e o que fez LEONARDO DA VINCI, de tão importante, para merecer tanto reconhecimento, na História da Humanidade? Bastaria dizer que foi um gênio. Mais fácil, talvez, é dizer o que ele não fez. Nasceu em 15 de abril de 1452, no vilarejo de Anchiano, na comuna italiana de Vinci, na Toscana, situada no vale do rio Arno, dentro do território dominado, à época, por Florença. LEONARDO não tinha um sobrenome, no sentido atual, por ser filho ilegítimo; "da Vinci" significa, simplesmente, "de Vinci", ou seja, natural de Vinci, que nasceu em Vinci. Morreu em Clos Lucé, no Vale do Loire, França, em 2 de maio de 1519, aos 67 anos. Foi um polímita (indivíduo que estuda ou que conhece muitas ciências), uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Quase nada, não é mesmo? É, ainda, conhecido como o percursor da aviação e da balísticaDA VINCI, frequentemente, foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como, possivelmente, a pessoa dotada de talentos mais diversos que já nasceu na face da Terra




LEONARDO era, como até hoje, conhecido principalmente, como pintor. Duas de suas obras, a “Mona Lisa e A Última Ceia estão entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos. O desenho do Homem Vitruviano, feito por ele, também é tido como um ícone cultural e é reproduzido, até hoje, por todas as partes, e nos mais variados objetos, desde o euro até camisetas.




É reverenciado pela sua engenhosidade tecnológica, tendo concebido ideias muito à frente de seu tempo, como um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, e uma teoria rudimentar das placas tectônicas. Um número relativamente pequeno de seus projetos chegou a ser construído durante sua vida (muitos nem mesmo eram factíveis), mas algumas de suas invenções menores, como uma bobina automática e um aparelho que testa a resistência à tração de um fio, entraram, sem crédito algum, para o mundo da indústria. Como cientista, foi responsável por grande avanço do conhecimento nos campos da anatomia, da engenharia civil, da óptica e da hidrodinâmica.




LEONARDO DA VINCI é considerado, por uma imensidade de pessoas notórias, o maior gênio da história, devido à sua multiplicidade de talentos para as ciências e as artes, sua engenhosidade e criatividade, além de suas obras polêmicas. Num estudo realizado, em 1926, seu QI foi estimado em cerca de 180. (Com adaptações e supressões, os dados acima, pós-sinopse, foram retirados da Wikipédia.)



Tudo o que foi dito acima consta, de forma lúdica e, às vezes, até um pouco jocosa, no ótimo texto de ANDRÉ BRILHANTE, que soube costurar todas essas informações e explorá-las na história que criou, bastante criativa. O texto nasceu de uma longa pesquisa de ANDRÉ e BEATRIZ NAPOLITANI. É muito boa a ideia de uma trupe de saltimbancos querendo homenagear o consagrado gênio e, mais ainda, todas as dificuldades e problemas surgidos dentro de um grupo teatral, o que é bastante normal, até nos dias de hoje, cada um querendo fazer valer suas ideias de concepção do espetáculo. Sem apelar para lugares-comuns ou uma linguagem simplória, sabendo respeitar o nível de inteligência de uma criança, ANDRÉ escreveu um texto dramatúrgico totalmente decodificado pelos menores, atingindo, por consequência, os maiores, nos quais estão incluídos os adultos. Sem ser panfletário, ANDRÉ não perdeu tempo – E QUE BOM ISSO!!! – de enxertar, no texto críticas, total e infelizmente, contemporâneas, à perseguição e demonização dos artistas, principalmente atores e músicos, e sobre o que seria a “correta” configuração de uma família.




Sua direção também me pareceu muito boa, inteligente, extrapolando as mesmices, normalmente encontrados nos trabalhos de direção, quando a peça é voltada para o público infantojuvenil, dando, à direção, um toque pessoal, diferente, sem idiotização, com pitadas de toques de “direção para adultos”, o que valoriza o espetáculo e estimula o público, de uma maneira geral, a embarcar na história e a entender, facilmente, a proposta do espetáculo. Algumas cenas se destacam, como a formação do Homem Vitruviano, por meio da utilização de sombras. Também acho um acerto as projeções, principalmente no que se refere às obras mais emblemáticas do artista.




“DA VINCI” é uma montagem que respeita o público, não menospreza a inteligência das crianças e dos adultos e é rica em detalhes, de um bom gosto inquestionável e quase indescritível, o qual passa pela cenografia, figurinos, iluminação, adereços, programação visual (arte do programas da peça e microlivreto), sem falar, obviamente, na interpretação do ótimo quarteto de atores, as canções e as coreografias. É um espetáculo de uma delicadeza a toda prova, de um requinte, sem ser luxuoso, até porque não estamos em tempos “de fartura”. Não sei qual foi o orçamento da peça, entretanto posso garantir que cada centavo foi muito bem empregado, resultando numa encenação que nos encanta, que nos toca, que mexe com a nossa sensibilidade. Que cumpre sua função, enfim.




Quando as cortinas se abrem e nos deparamos com um cenário encantador (GABRIEL NAEGELE), nossa acuidade visual já começa a nos provocar um certo “frisson”. O que é aquilo?! Que beleza de cenário! Que riqueza de detalhes! E que acabamento! Vários espaços num só, com destaque para uma cozinha medieval, com pequenos toques contemporâneos, num dos cantos do palco. Não podia faltar um baú enorme, de onde saem objetos de cena e serve de “palquinho”, e tantos objetos de cena, que me consumiriam muito tempo, para serem detalhados, todos, porém, totalmente incorporados à proposta da encenação.




Depois, quando os personagens começam a surgir, nosso encantamento só faz crescer, diante de figurinos belíssimos, de um acabamento de finíssimo trato, com detalhes de trajes de época, em tons pastéis, que não deixam nenhuma dúvida, quanto ao trabalho de pesquisa de LEO THURLER, o figurinista, que também é o responsável pelos interessantíssimos adereços – destaque para as máscaras - e pelo visagismo. A maquiagem, propositalmente exagerada e, paradoxalmente, linda e delicada, lembra a que era usada pelos artistas de rua, na Idade Média, com toques de palhaçaria e lembrança dos bufões.




O elenco se comporta com total liberdade de ação e naturalidade, comunicando-se muito bem com o público, todos no mesmo nível de interpretação. Percebe-se, em cena, a alegria de estar atuando, o quanto cada um comprou a ideia da montagem e defende seu/sua personagem



PAULO CÉSAR MEDEIROS embarcou, totalmente, na excelente proposta de encenação e criou uma e iluminação idem, utilizando tons bem alegres e coloridos e lançando as luzes, em cena, nos momentos exatos, contribuindo, assim, para a valorização do espetáculo.




Além de atuar, ALINE PEIXOTO assina as canções da peça e a direção musical, além de se acompanhar, a aos companheiros de elenco, ao violão e ao vivo.


Merece uma menção de louvor o trabalho de arte, envolvendo o programa da peça e uma “lembrancinha”, oferecida, à saída do público, que nada mais é que um belíssimo e delicado microlivrinho, sanfonado, dentro de uma caixa de fósforos, contendo informações e ilustrações sobre a vida de LEONARDO DA VINCI (VER FICHA TÉCNICA.).











FICHA TÉCNICA:

Direção Geral do Projeto: Milena Contrucci Jamel
Idealização do Projeto: Maíra Contrucci Jamel
Texto e Direção: André Brilhante
Assistência de Direção: Maria Clara Guim

Elenco: Aline Peixoto, Beatriz Napolitani, Leo Thurler e Maria Clara Guim

Direção de Produção: Milena Contrucci Jamel 
Cenário: Gabriel Naegele
Figurino, Adereços e Visagismo : Leo Thurler 
Iluminação: Paulo César Medeiros  
Direção Musical e Autoria das Músicas: Aline Peixoto
Pesquisa Teórica: André Brilhante e Beatriz Napolitani
Assistência de Produção: Márcia Viveiros
Ilustração: Flávia Pessoa
Versos Livreto: Maíra Contrucci Jamel
Fotografia: Flávio Salgado
Coordenação de Comunicação: Cláudia Leite
“Designer” Gráfico: Fred Toledo
“Marketing” Digital; João Paulo Vilachã
Comunicação: Ilumminatti Comunicação e “Design”
Realização: Cia. de Idéias












SERVIÇO:

Local: Teatro XP Investimentos (antigo Teatro do Jóquei).
Endereço: Avenida Bartolomeu Mitre, 1110 – Leblon/Gávea – Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 3807-1110.
Dias e Horários: Todos os sábados e domingos de outubro (2019), às 16horas. Até o dia 27 de outubro.
Indicação Etária: Livre.
Lotação: 366 lugares.
Estacionamento (pago) no local.
Gênero: Infantojuvenil (Comédia Musical).

ENTRADA FRANCA.








            Estamos diante de um dos melhores espetáculos infantojuvenis a que tive a oportunidade de assistir, neste ano de 2019, no Rio de Janeiro, voltado para toda a família e com um detalhe que é do interesse de todos: A ENTRADA É GRATUITA.





            A CIA. DE IDEIAS, responsável pela montagem, merece todos os nossos aplausos, por ter pensado em nos fazer lembrar os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci, fazendo com que sua vida e sua obra não sejam esquecidas sejam e possam ser celebradas por meio de um projeto da envergadura deste.





“DA VINCI” é tudo de bom, contando a riquíssima trajetória do artista italiano, abordando sua paixão pela Arte e pela Ciência e seu percurso, muitas vezes sinuoso, para alcançar o que considerava a perfeição, já que se tratava de um esteta.






O TEATRO já é ótimo, por si. Quando diverte e educa, como o que se vê, em “DA VINCI”, torna-se mais atrativo ainda, motivo mais que suficiente para que eu possa recomendar, com muito empenho, o espetáculo.









E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, 
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!




(FOTOS: FLÁVIO SALGADO.)






(GALERIA PARTICULAR:
FOTOS: GILBERTO BARTHOLO.)








CENSURA
NUNCA MAIS!!!



























































































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