BALANÇO
TEATRAL
DE
2017
NO
RIO DE JANEIRO
(ENTRE MORTOS E FERIDOS,
QUASE TODOS SE SALVARAM E HOUVE GRANDES SURPRESAS.)
Em
função da crise econômica de 2016,
em conversas com amigos da classe teatral, passei aquele ano inteiro, prevendo
um 2017 negro, para o TEATRO carioca, que é a realidade que
eu conheço e da qual participo intensamente.
Sem
patrocínios, sem incentivos fiscais, acrescentando-se, ainda, a questão da
violência, que faz com que as pessoas tenham medo de sair de casa, imaginei que
não teríamos a oportunidade de ver os palcos cariocas apresentando boas produções
teatrais.
2017 deu o ar de sua graça e comecei a
perceber, em janeiro, que as minhas
tristes previsões caminhavam para se tornar uma infeliz realidade. Só se
anunciavam reestreias de peças que estiveram em cartaz em 2016 e a continuação
de temporadas, interrompidas pelo recesso de final de ano, além de remontagens,
uma vez que isso representava um custo bem menor, para os produtores, porque
contavam com cenários e figurinos, já prontos. Parecia que nenhum produtor queria se arriscar num mercado que
estava atravessando um momento de grande instabilidade.
A primeira
novidade do ano veio na forma de um musical, “FOREVER YOUNG”, chegada de uma temporada de sucesso, em São Paulo,
e que, para a nossa tristeza, foi o último trabalho do inesquecível MARCOS TUMURA, o qual nos deixou tão
precocemente, gerando um vazio no universo dos musicais.
Mais para o
final do mês, sugiram “O PÃO E A PEDRA”,
da Companhia do Latão, no CCBB, e “O TOPO DA MONTANHA”, no Teatro SESC
Ginástico, também esta peça oriunda de uma vencedora temporada paulista; fará
uma curta temporada, em janeiro de 2018, no Centro Cultural João Nogueira, mais
conhecido como Imperator. Muito pouco, porém, quantitativamente falando, para
um mês de TEATRO.
Fevereiro, por conta do carnaval,
sempre foi um mês “fraco”, para o calendário teatral, entretanto foi lá que apareceu,
no palco do OI
Futuro Flamengo, o que eu considero a primeira obra-prima do ano: “LOVE, LOVE,
LOVE”, mais um
sensacional trabalho, reunindo DÉBORA FALABELLA e YARA DE NOVAES, que já nos brindaram com
tantos acertos anteriores.
Ainda tivemos a
oportunidade de assistir, naquele mês, ao primeiro bom monólogo do ano, “PARA
ONDE IR”, com YASHAR
ZAMBRUZZI, no
Teatro Rogério
Cardoso (Casa de Cultura Laura Alvim), e ao primeiro grande sucesso de musical
do ano, “60! DÉCADA DE ARROMBA - DOC.MUSICAL”, espetáculo que superlotou o Theatro NET Rio, por tantos meses, inaugurando um novo
formato de musical, com a cantora WANDERLÉA, à frente de um grande e talentoso elenco, e
que reestreia, em janeiro de 2018, no mesmo NET
Rio.
Rei Momo saindo de cartaz
e partindo para o seu descanso, como acontece, normalmente, é quando, “de
verdade” se inicia o ano; é quando a vida parece retomar o seu curso normal.
Em março, tivemos “A MORTE
ACIDENTAL DE UM ANARQUISTA”, no Teatro dos Quatro, abrindo os trabalhos. “REDEMUNHO”, no Teatro Rogério
Cardoso (Casa de Cultura Laura Alvim) e “O OLHO DE VIDRO”, no Centro Cultural dos
Correios, foram duas agradáveis surpresas que surgiram.
Foi em março, também, que fomos
apresentados a três de algumas das obras-primas do ano: “GISBERTA” e “SOBRE RATOS E
HOMENS”, ambas no
CCBB, a primeira no Teatro III e a segunda no Teatro I. A terceira, que
considero o melhor espetáculo do ano, foi “TOM NA FAZENDA”, das melhores peças que já vi, em toda a
minha vida, e que continua fazendo sucesso até hoje e já está com uma nova
temporada agendada para 2018, no Teatro Dulcina.
No segmento teatro infantojuvenil,
o destaque foi para “TRA-LA-LÁ”, no OI Futuro Ipanema.
Dois musicais estrearam em
março: “CARTOLA
– O MUNDO É UM MOINHO”, cuja carreira, no Rio, não obteve, infelizmente, o mesmo grande sucesso
que atingiu em São Paulo, onde a vi pela primeira vez, e “VAMP – O
MUSICAL”, espetáculo
tão esperado, com grande apelo de mídia, que conquistou o público, mas agradou muito
pouco à crítica.
Abril não foi um mês tão
fértil. Revi algumas peças e pudemos assistir a mais um excelente trabalho da
dupla CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, “O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE?”, que não é um musical e reuniu, no palco
duas “entidades” do TEATRO BRASILEIRO: DONA EVA WILMA e DONA NATHALIA THIMBERG. Já conhecia essa montagem,
pois a tinha visto, duas vezes, em São Paulo, com outra grande “entidade”, DONA NICETTE BRUNO, fazendo
o papel aqui assumido por DONA NATHALIA. Uma maravilha; lá e aqui.
Em maio, tivemos outra obra-prima em cartaz: “ELA”, no Teatro III do CCBB.
Também houve outros ótimos espetáculos, como “PERDOA-ME POR ME TRAÍRES”, no Teatro da Casa de
Cultura Laura Alvim, “IVANOV”, no Teatro Ipanema, “CONTOS NEGREIROS DO BRASIL”, na Sala Multiuso do
SESC Copacabana, e “MARIDO IDEAL”, no Teatro Sérgio Porto.
As duas grandes agradáveis
surpresas de maio ficaram por conta de “A PRODUTORA E A GAIVOTA”, também no Sérgio
Porto, e “LÍVIA”, no escondidinho Teatro
Eva Herz.
O musical do mês foi “JANIS”, no OI Futuro Flamengo, e
a grande novidade veio com “ADEUS, PALHAÇOS MORTOS”, no Mezanino do SESC
Copacabana, em função do aparato audiovisual da montagem e da fusão de
linguagens empregadas nela.
Junho foi um ótimo mês para o TEATRO carioca. Além de uma obra-prima de musical, sucesso de
público e de crítica, “SUASSUNA – O AUTO DO REINO DO SOL”, que ocupou, por muito
tempo, o lindo Teatro Riachuelo, outros espetáculos fizeram grande sucesso, por
sua ótima qualidade, como “HOLLYWOOD”, no agradável Teatro Poeira; “MINHA VIDA EM
MARTE”, o excelente
solo de MÔNICA MARTELLI, no Teatro dos Quatro, em cartaz até hoje, em outro espaço, o Teatro das
Artes, onde continuará em cartaz em 2018, até não se sabe quando; “A
LENDA DO SABIÁ – UM MUSICAL BEM BRASILEIRO”, no SESC Tijuca (Teatro I); o espetacular “ALAIR”, na Casa de Cultura Laura
Alvim, que voltará, em janeiro de 2018, no Teatro Ipanema; “ESTRANHOS.COM”, no Teatro das Artes; e “HAMLET”, da Armazém Cia de
Teatro, no Teatro I
do CCBB.
Dois ótimos musicais
marcaram o mês de junho: “O MAMBEMBE”, mais um dos grandes sucessos de RUBENS LIMA JR., montagem com estudantes
universitários, na Sala Pachoal Carlos Magno, na UNIRIO, e “YANK – O
MUSICAL”, que
infelizmente, fez uma carreira muito curta, no Teatro Serrador, o que o
impossibilitou de concorrer aos prêmios de TEATRO que há, no Rio de Janeiro, por não ter
alcançado o número mínimo exigido de apresentações.
Também houve uma ótima
surpresa, em junho, e aconteceu no espaço alternativo do Teatro Sérgio Porto: “ESTUDO
SOBRE A MALDADE”,
monólogo com BRUCE DE ARAÚJO.
O bom teatro
infantojuvenil também teve o seu justo representante, dentre os bons
espetáculos do mês: “MAKURU”, no OI Futuro Flamengo.
Entramos no segundo semestre
e julho nos
brindou com uma boa safra: “FAUNA”, no Centro Cultural da Justiça Federal; “ESTES
FANTASMAS”, no SESC
Ginástico; “DEUSES INVISÍVEIS OU O DEUS DANÇANTE”, uma agradabilíssima surpresa, no lindíssimo
Teatro Cesgranrio; “A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER”, outra grata surpresa, no
Teatro Poeira; “DOIS AMORES E UM BICHO”, mais uma, na Sala Multiuso do SESC Copacabana; “ENTONCES
BAILEMOS”, no
Mezanino do SESC Copacabana; e “O GAROTO DA ÚLTIMA FILA”, no Teatro as Artes.
Agosto foi marcado por “LUIS
ANTONIO – GABRIELA”,
outra obra-prima do ano, no Mezanino do SESC Copacabana. Também foi a vez do melhor
espetáculo infantojuvenil da temporada 2017: “BITUCA – MÍLTON NASCIMENTO PARA
CRIANÇAS”, fechando
uma linda trilogia, da talentosa dupla PEDRO HENRIQUE LOPES e DIEGO MORAIS, no Teatro dos Quatro.
Não posso deixar de
mencionar, também, “A PEÇA AO LADO”, na Sede das Cias, que fez, depois, outra
temporada, no Teatro Café Pequeno.
Em setembro, o grande sucesso foi “AGOSTO”, no OI Futuro Flamengo,
um dos melhores espetáculos do ano.
Mais um “show” do que,
propriamente, uma peça de TEATRO, foi a excelente montagem de “PURO NEY”, com SORAYA
RAVENLE e MARCOS
SACRAMENTO,
brilhando, no palco do Teatro dos Quatro.
Ainda em setembro, marcaram presença “O
PORTEIRO”, monólogo
de ALEXANDRE LINO, no Teatro II do SESC Tijuca; “O PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES”, também no SESC Tijuca
(Teatro I); “A FESTA DE ANIVERSÁRIO”, no Poeira; “EUS”, lindo espetáculo solo, de MARIA
ADÉLIA, no Mezanino
do SESC Copacabana; “EUFORIA”, também um ótimo solo, com o brilhante MICHEL BLOIS, no Sérgio Porto,
voltando para mais uma temporada, em janeiro de 2018, no Reduto, um novo
espaço, em Botafogo; “OS SETE GATINHOS”, no recém-reinaugurado Teatro Nelson Rodrigues, da
Caixa Cultural; e “A SALA LARANJA: NO JARDIM DE INFÂNCIA”, no Teatro Cândido
Mendes.
Um grande destaque começou
em setembro e
se estendeu no mês seguinte, na Casa de Cultura Laura Alvim. Estou falando da
retrospectiva dos 25 anos de sucesso da Cia. Atores de Laura, sob o comendo de DANIEL HERZ. Em setembro, foram “O
ENXOVAL” e “AS
ARTIMANHAS DE SCAPINO”.
Na área infantojuvenil, o
destaque foi “SAKURA”, no Teatro Ziembinski, que nos proporcionou um contato com a milenar
cultura nipônica.
O grande espetáculo
infantojuvenil de outubro foi “A HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS”, no Teatro I do SESC Tijuca, um dos melhores
infantojuvenis do ano.
Na Mostra 25 anos
dos Atores de Laura, tivemos “ADULTÉRIO”, “O FILHO ETERNO”, uma obra-prima de interpretação, de CHARLES FRICKS, “ABSURDO” e “O PENA CARIOCA”, tudo acontecendo na Casa de cultura Laura
Alvim, como já havia falado.
“O CÍRCULO DA
TRANSFORMAÇÃO EM ESPELHO”, na Arena do SESC Copacabana, e “LES COMÉDIENS”, no Teatro Cesgranrio,
este reunindo os talentos de CAMILLA AMADO e CLÁUDIO TOVAR, ao lado do neófito THIAGO DETOFOL, também foram destaques
em outubro,
ao lado de “O DOENTE IMAGINÁRIO”, da Cia. Limite 151, no Eva Herz, e um dos clássicos de TENNESSEE
WILLIAMS, “DOCE
PÁSSARO DA JUVENTUDE”,
no Teatro Carlos Gomes. Ainda merece destaque a cuidadosa produção de “NUM
LAGO DOURADO”, que
também veio de uma linda carreira em São Paulo.
Mas a grande sensação do
mês de outubro
foi a encenação do melhor musical do ano, “DANÇANDO NO ESCURO”, no SESC Ginástico, uma obra-prima.
Quase chegando ao final do
ano, novembro
nos saudou com algumas pérolas, como “KID MORENGUEIRA – OLHA O BREQUE!”, um excelente musical-solo,
no SESC Tijuca (Teatro I), com o grande ÉDIO NUNES; “JUSTA”, no Teatro III do CCBB,
outra obra-prima, a segunda estrelada, no ano, por YARA DE NOVAES; o clássico “UM
BONDE CHAMADO DESEJO”,
que tanto sucesso fez em São Paulo, aqui apresentado no novo Teatro do Jóquei,
que, agora, foi pessimamente batizado com o nome de Teatro XP Investimentos (ECA!!!).
Na Caixa Cultural – Teatro
Nelson Rodrigues, esteve em cartaz o bom espetáculo “O FILHO DO PRESIDENTE”.
Também estreou o polêmico
musical “AYRTON SENNA – O MUSICAL”, daqueles espetáculos que desagradam à crítica, mas
se tornam grande sucesso de público, o qual sai do Teatro Riachuelo emocionado,
feliz e dizendo que vai recomendar a peça a seus parentes e amigos.
Outra grande obra-prima de novembro é o inquietante
espetáculo “O JORNAL – THE ROLLING STONE”, no sempre aprazível Teatro Poeira, que continuará em cartaz, até 4 de fevereiro de 2018.
TONICO PEREIRA, comemorando 50
anos de uma linda
carreira de ator, brilhou, no palco do Teatro Cândido Mendes, com “O
JULGAMENTO DE SÓCRATES”.
A grande surpresa de novembro foi revelada por um
musical, [nome do musical], no Centro Cultural Solar de Botafogo. Não se assustem! É esse mesmo o
nome da peça, a qual espero ver reestreando, em 2018, porque o merece.
Fechei o mês de novembro com outra grande obra-prima: PAGLIACCI, uma linda homenagem ao,
tragicamente falecido, grande ator, DOMINGOS MONTAGNER, prestada pela companhia
fundada por ele e por FERNANDO SAMPAIO, a LaMínima. Um belíssimo espetáculo, encenado no SESC
Ginástico.
E dezembro chegou. Mês curto, para TEATRO. E o que temos de bom? “OTELO
DA MANGUEIRA”,
montagem de encerramento da 1ª Oficina de Teatro Musical, oferecida,
gratuitamente, pela Fundação Cesgranrio, na pessoa do professor CARLOS ALBERTO SERPA, um belo trabalho de texto e direção de GUSTAVO
GASPARANI, que
contou, na sua equipe com alguns dos melhores profissionais do TEATRO
BRASILEIRO
.
.
Nada melhor, para quem é
apaixonado por musicais, do que terminar o ano com um excelente representante: “SE
MEU APARTAMENTO FALASSE”, a mais recente montagem dos “Reis dos Musicais”, CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, que, só pelas canções de
BURT BACHARAH,
já valeria a pena. Em cartaz no Teatro Bradesco, entrando pelas duas primeiras
semanas de janeiro de 2018.
A grande frustração foi o
cancelamento de "KINKY BOOTS", que eu tanto esperava, uma montagem do Ceftem, abortada, logo após a
primeira semana de apresentação, por motivos relativos a direitos autorais.
E, quando eu pensava ter
encerrado a minha temporada teatral de 2017, no dia 17 de dezembro, com o excelente
"SE MEU APARTAMENTO FALASSE", não resisti ao convite do meu querido amigo
MÁRCIO NASCIMENTO e revi, no dia 21/12, uma maravilha, "A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO", estreada em 2009, que voltou ao cartaz, no
Teatro Dulcina, nas duas últimas semanas do ano. Mais um trabalho maravilhoso
da Cia. Pequod.
Parabéns aos corajosos
produtores, diretores e atores, que, muitas vezes, tiraram recursos dos
próprios bolsos, para montar seus espetáculos!!!
Se 2018 for igual a 2017, já vai valer a pena.
Fui ao TEATRO 323 vezes, tendo assistido a 301 novos espetáculos. Vi alguns mais de uma vez. Houve várias vezes em que assisti a dois espetáculos no mesmo dia e, em quatro vezes, assisti a três.
Fui ao TEATRO 323 vezes, tendo assistido a 301 novos espetáculos. Vi alguns mais de uma vez. Houve várias vezes em que assisti a dois espetáculos no mesmo dia e, em quatro vezes, assisti a três.
E VAMOS AO
TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS
AS SALAS DE ESPETÁCULO!!!