quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

SE MEU APARTAMENTO FALASSE


(O ESPETÁCULO PERFEITO 
PARA ENCERRAR
UM ANO TÃO IMPERFEITO.)



 


            O ano teatral carioca não poderia ter sido encerrado em melhor estilo, com um espetáculo tão necessário, para colorir e iluminar um pouco o mundo em preto e branco e escuro em que estamos mergulhados, neste 2017, no Brasil e, principalmente no estado e na cidade do Rio de Janeiro. E como estávamos carentes de um espetáculo desse porte – livre, leve e solto!!!

            E quem nos tira, quem nos salva do limbo é a imbatível dupla CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, com uma deliciosa montagem de “SE MEU APARTAMENTO FALASSE”, um clássico do TEATRO e do cinema, em cartaz, infelizmente, por apenas quatro semanas, no lindo Teatro Bradesco, na Barra da Tijuca.

            O musical, que estreou na Broadway, em 1968, tem como título original “Promisses, Promisses”, nome de uma das lindas canções que fazem parte da riquíssima trilha sonora original, com música do genial BURT BACHARACH e letras de HAL DAVID.

            A peça foi baseada no premiado filme “The Apartment”, de Billy Wilder e I. A. L. Diamond, vencedor do Oscar de Melhor Filme, em 1961, além de mais quatro prêmios: direção, roteiro original, direção de arte e edição.

            Na versão para os palcos, o espetáculo marcou época, na meca do TEATRO MUSICAL, tendo cumprido quase 1300 apresentações, e foi detentor de um GRAMMY, em 1969, por Melhor Álbum Original de um “show” da Broadway. Retornou ao cartaz, lá mesmo, em 2010, repetindo o sucesso da primeira produção. Pelas duas montagens, na Broadway, o musical fez jus a dois prêmios Tony Awards, um em cada uma delas, coincidentemente, para a Melhor Atriz.
  
            Não que o ano teatral brasileiro de 2017 tenha sido ruim; muito pelo contrário, contrariando as minhas previsões. As minhas palavras iniciais se voltam para o momento político e social pelo qual estamos passando, que tira a alegria de viver e a esperança do brasileiro, refém de tanta corrupção, tantos erros, tantas mentiras, tanto desmando... E aí, coincidentemente, inserido no universo natalino, eis que surge uma produção tão linda e agradável quanto tecnicamente correta, despretensiosa, em termos de mensagens, com o único intuito de entreter, divertir, de levar um pouco de alegria aos nossos corações desesperançados e sofridos.







            Estava tentando me conter, para não qualificar a peça como um espetáculo “água-com-açúcar”, visto que tal locução adjetiva, normalmente, está ligada a uma conotação negativa, mais para pejorativa, muito distante, porém, do que estou querendo dizer. Não é nada “cabeça”, não se propõe a passar grandes ensinamentos; é feita para divertir. E estamos conversados!!!

                 Sim, “SE MEU APARTAMENTO FALASSE” cumpre seus objetivos, em “101%”.

            Este é o 41º espetáculo assinado pela dupla MÖELLER & BOTELHO, acertadamente reconhecida, por quem gosta e entende de musicais, como os “Reis dos Musicais”, com texto de NEIL SIMON, contando com a excelente tradução de MARIA CLARA GUEIROS e EDGARD DUVIVIER, com a versão das letras das canções assinadas por CLAUDIO BOTELHO.

            Se o espetáculo não fosse bom – o que não é verdade; É ÓTIMO!!! – só uma ida ao teatro, para ouvir uma trilha sonora original, composta, as melodias, por um gênio da música, chamado BURT BACHARACH, ainda vivo, graças a Deus, aos 89 anos, e na ativa, já valeria o preço do ingresso.








SINOPSE:
            CHUCK BAXTER (MARCELO MEDICI) é um funcionário atrapalhado e ambicioso, contador, que trabalha numa companhia de seguros em Nova Iorque, a “Companhia Vida Seguro Seguros”.
            Para subir na vida e visando à conquista de uma das funcionárias, a garçonete FRAN KUBELIK (MALU RODRIGUES), por quem era completamente apaixonado, começa a emprestar seu pequeno e modesto apartamento, localizado próximo ao local do emprego, a seus superiores, EICHELBERGER (ANTÔNIO FRAGOSO), DABITCH (FERNANDO CARUSO), KIRKEBY (RENATO RABELO) e JESSE VANDERHOLF (RUBEM GABIRA), para encontros furtivos com suas amantes, todas funcionárias da firma.
O que começou com só um dia por semana, para um deles, acabou ampliado para quatro, até que a “gentileza” e a fama de “amigo dos amigos” chegaram aos ouvidos do “big boss”, J. D. SHELDRAKE (MARCOS PASQUIM), que também, com a promessa de uma boa promoção, entrou na dança do, digamos, “uso coletivo do imóvel”, que também poderia ser chamado de “ação entre amigos”.



            O que CHUCK não sabia, porém, era que a acompanhante de SHELDRAKE era exatamente a garota dos seus sonhos, que não lhe dava a menor bola, e, quando ele o descobre, perde o chão e passa a pensar numa difícil decisão: o emprego ou a mulher da sua vida.
            O que não pode faltar, a esta comédia romântica, são situações inusitadas, lembrando, um pouco, o mais puro “vaudeville”, incluindo outros personagens, como a engraçadíssima e desmiolada MARGE MACDOUGALL (MARIA CLARA GUEIROS).
            Sem “spoiller”, mas, por se tratar de uma comédia romântica, não é preciso dizer que o final é feliz.
            


       Não é a primeira vez que os nomes de MÖELLER & BOTELHO se ligam ao de BACHARACH, no palco. Em 2003, a dupla apresentou, no simpático, aconchegante e inesquecível Teatro Glória, criminosamente derrubado por um irresponsável senhor, um musical delicioso, de enorme sucesso – ficou sete meses em cartaz, sempre com lotação esgotada -, ao qual assisti mais de dez vezes (perdi a conta, mas me lembro de tê-lo visto três vezes na mesma semana), chamado “Cristal Bucharach”, que não se tratava de um musical biográfico e, em nenhum momento, o nome do compositor era citado; apenas foram usadas suas belíssimas canções, para embalar uma história sem nenhuma relação com o afamado “hit maker”. Totia Meirelles era a protagonista, num magnífico elenco de treze atores/cantores, onde se destacavam nomes que se tornaram referência no TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, como os de Carlos Arruza, Cristiano Gualda, Ricca Barros, Renato Rabelo, Alessandra Verney, Sabrina Korgut, Ester Elias, Ivana Domenico, Marya Bravo, a saudosa e sempre querida Solange Badim e Stella Maria Rodrigues, dentre outros.



            Embora seja um artista universalmente conhecido e admirado, como compositor, “SE MEU APARTAMENTO FALASSE” é a primeira e única incursão de BACHARACH no TEATRO MUSICAL, o que lamentamos muito.

            Desnecessário é dizer que muitas (quase todas) das canções originalmente compostas para o musical se tornaram grandes sucessos, gravadas e regravadas por alguns dos maiores nomes da música internacional.

Para garantir a excelente qualidade de suas produções, a dupla M&B costuma se cercar dos melhores profissionais que se dedicam aos musicas, do elenco aos artistas de criação, chegando aos técnicos. Não foi diferente agora. Comecemos pelo elenco.





Quase 20 artistas em cena, sem contar a excelente banda, formada por oito músicos e um regente, sobre os quais falarei adiante.

Formam o triângulo amoroso da trama MARCELO MEDICI, MARCOS PASQUIM e MALU RODRIGUES.

Este é o terceiro trabalho de MARCELO sob a direção de M&B. Os outros foram “Sweet Charity”, em 2006, e, no ano passado, “The Rocky Horror Show”, a que os cariocas não tiveram a oportunidade de assistir, mas eu vi duas vezes, em São Paulo, no qual ele era o grande protagonista.

Alguns nomes foram lembrados, para o papel de CHUCK BAXTER, até que o de MEDICI foi confirmado no elenco. Acertada decisão. O ator tem um “timing” de comédia formidável e um carisma muito grande, o que, neste espetáculo, é uma exigência para o papel, visto que o personagem fala diretamente à plateia, quebrando a quarta parede, fixando-se, em alguns momentos, numa moça da audiência (Rosana, no dia em que vi a peça.). É bem verdade que, como cantor, deixa a desejar, mas consegue dar o seu recado, principalmente se considerarmos o grau de dificuldade da partitura de algumas canções que ele interpreta, como, por exemplo, “Nosso Segredinho” (“It’s Our Little Secret”), em dueto com MARCOS PASQUIM, canção de dificílima divisão. Está brilhante no papel.




Confesso que estava um pouco apreensivo, com relação ao trabalho de MARCOS PASQUIM num musical; aprecio-o como ator, no TEATRO, mas nunca tivera, antes, a oportunidade de vê-lo dançando e cantando. Aliás, com M&B, este é seu primeiro trabalho. Gostei. Não esperava muito mais. Ótimo como ator; razoável como cantor, sem causar nenhum dano ao conjunto da obra. Só lhe cabe uma canção, mencionada no parágrafo anterior; assim mesmo, não se trata de um solo.





E o que dizer de MALU RODRIGUES, em seu décimo primeiro trabalho com os “Reis dos Musicais”? Todos os elogios são poucos, para qualificar MALU em cena. De passagem, louvo a coragem de MEDICI e PASQUIM, quando toparam cantar ao lado de MALU, que, além de linda e talentosa, como atriz, é um rouxinol “desalado” (neologismo que criei, significando “desprovido de asas”), um rouxinol em forma humana, extremamente afinada, cantando melhor, a cada novo trabalho. É uma unanimidade. E não poderia ser de outra forma. MALU, que canta a maioria dos solos do espetáculo, nos brinda com uma surpresa, que, obviamente, não deve ser revelada agora. Posso adiantar que é um dos “hits” de BACHARACH no original, em inglês, com um arranjo de arrepiar. Além de uma homenagem especial ao grande compositor, com uma canção na sua língua “mater”, não é necessário conhecer aquele idioma, para entender, dentro do contexto da cena, o que a letra deve estar querendo transmitir. Achei uma ideia genial.

As experiências anteriores de MALU, com M&B, todas excelentes, foram, sem obedecer à ordem cronológica, em “7 – O Musical”, “Beatles Num Céu de Diamantes”, “A Noviça Rebelde”, “Milton Nascimento – Nada Será Como Antes”, “O Despertar da Primavera”, “Nine – Um Musical Felliniano”, “Um Violinista no Telhado”, “O Mágico de Oz”, “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos” e “Versão Brasileira – 25 anos de Musicais”.




Quando o talento é grande, não importa se a pessoa é o/a protagonista ou se aparece apenas em poucas cenas. O que vale é que, quando se tem muito talento, uma simples entrada em cena, como um carteiro ou uma secretária, para anunciar uma correspondência ou uma visita ao protagonista, por exemplo, é o suficiente para aclamar o/a intérprete. Estou falando, aqui, de MARIA CLARA GUEIROS, em seu terceiro trabalho com M&B. Os dois anteriores foram “As Bruxas de Eastwick”, em 2011, infelizmente, só apresentado em São Paulo (eu vi) e “O Mágico de Oz”, de 2012. Ela assume, na peça, um pequeno papel, porém conquista o público, o qual se lamenta de não tê-la em cena por mais tempo (só aparece no segundo ato). Uma atriz cômica de grandes recursos, MARIA CLARA “vai para a casa” de cada espectador, após a peça. Voltei do Teatro Bradesco, dirigindo, às gargalhadas, quando me lembrava de suas cenas. Ela e MARCELO MEDICI, no início do segundo ato, são responsáveis por momentos hilários, impagáveis, com suas ótimas interpretações, em cima de um ótimo texto.




Dos demais do elenco, merecem destaque o quarteto de executivos, usuários do “rendez-vous”, formado por ANTÔNIO FRAGOSO, FERNANDO CARUSO, RENATO RABELO e RUBEM GABIRA, e ANDRÉ DIAS, na pele de um médico, o DR. DREYFUSS, vizinho de CHUCK, que é submetido, a contragosto, a situações de embaraço, das quais se sai muito bem, com leveza e bom humor. ANDRÉ merece um destaque, por cantar muito bem, na voz do seu personagem, que é um senhor de idade. Isso não é para qualquer um, muito diferente de cantar com sua própria voz.






Para finalizar o elenco masculino, PATRICK AMSTALDEN, que, infelizmente, num pequeno e insignificante papel, não tem a oportunidade de mostrar o seu enorme talento, já posto à prova em outros grandes musicais.

O naipe feminino de personagens coadjuvantes funciona muito bem, com destaques para JULLIE, que, além da boa presença em cena e de executar corretamente as coreografias, ainda é dona de uma belíssima voz, e KAREN JUNQUEIRA, que interpreta uma limitada secretária, aspirante a amante do “big boss”. No conjunto, todas marcam ponto, incluindo as quatro cantoras, que ficam atrás da banda, ao fundo do palco, fazendo os “backing vocals”, todas de excelente nível técnico.






Já que estamos falando na banda, esta é um dos pontos altos do espetáculo, sob a competente regência de MARCELO CASTRO, também responsável pelos arranjos adicionais (os originais são de JONATHAN TUNICK) e pela corretíssima direção musical. Integram a banda: GUILHERME BORGES (piano), ANDRÉ DANTAS (guitarra e violão), OMAR CAVALHEIRO (contrabaixo elétrico e acústico), MÁRCIO ROMANO (bateria e percussão), THIAGO VIEIRA (trompete e flügel), VÍTOR TOSTA / FABIANO SEGALOTE (trombone), WHATSON CARDOZO (sax tenor, clarinete e clarone) e ALEX FREITAS (flauta, piccolo, sax alto e clarinete). Um crédito mais que merecido vai para a supervisão musical, a cargo de CLAUDIO BOTELHO.

Sempre acertando em seus cenários, desta vez, ROGÉRIO FALCÃO, inteligentemente, trabalhou com soluções simples, que instigam o espectador a imaginar os espaços cênicos. Ao fundo, fixo, ocupando toda a parede, para transportar o espectador ao local onde se passa a trama, a cidade de Nova Iorque, com seus arranha-céus em silhuetas, valorizadas pela boa iluminação de PAULO CÉSAR MEDEIROS, o que se repete em todo o decorrer da peça.




De acordo com as necessidades das cenas, que se passam em diversas locações, o cenógrafo vai fazendo entrar em cena móveis e detalhes que compõem cada ambiente. Isso não cansa a visão do espectador; ao contrário, provoca, nele, uma nova expectativa, sempre a contento.

Um verdadeiro milagre ou, melhor dizendo, obra de um grande profissional, se aplica aos figurinos, assinados por MARCELO MARQUES, o qual, contando com um tempo exíguo (menos de um mês) e um orçamento “apertado”, conseguiu desenhar um guarda-roupa digno de todos os elogios, quer nos trajes femininos, com destaque para os usados por MALU e MARIA CLARA (esta um único), quer no impecável trabalho de alfaiataria, aplicado aos ternos dos personagens masculinos, de um acabamento e caimento de se tirar o chapéu.

ALONSO BARROS; sempre ele, responsável pelas ótimas coreografias do espetáculo. Uma das maiores referências, no ramo, com trabalhos dentro e fora do Brasil. Sempre me agradam muito as coreografias de ALONSO. O trabalho de um coreógrafo, num musical, deveria ser avaliado, com um quesito, nos prêmios de TEATRO; em todos. A melhor de todas as coreografias do espetáculo é a que ilustra va cena da festa de Natal da firma, “Christmas Party – Turkey Lurkey Time” (“Festa do Peru”).









Os demais criadores, como ADEMIR MORAES JR. (design de som), CHARLES MÖELLER (direção de movimento) e BETO CARRAMANHOS (visagismo) fazem corretamente o seu trabalho, sendo que a direção, de CHARLES acompanha, bem de perto, a proposta do texto, sem maiores firulas, tornando tudo muito descomplicado e simples, à altura da compreensão de qualquer leigo, até aquele que, pela primeira vez, vai a um teatro.

Na parte musical, devo dizer que ouvir a “overture”, um “medley” dos “hits” da trilha da peça, faz qualquer um ficar calado, hipnotizado pelas belíssimas canções de BACHARACH, valorizadas pelo arranjo musical.






FICHA TÉCNICA:

Um espetáculo de Charles Möeller & Claudio Botelho
Texto: Neil Simon (Baseado no roteiro do filme “THE APARTMENT, de Billy Wilder e I. A. L. Diamond)
Música: Burt Bacharach      
Letras: Hal David
Produzido, originalmente, na Broadway, por David Merrick     

Elenco: Marcelo Medici, Malu Rodrigues, Marcos Pasquim, Maria Clara Gueiros, Fernando Caruso, André Dias, Antônio Fragoso, Renato Rabelo, Ruben Gabira, Patrick Amstalden, Karen Junqueira, Jullie, Caru Truzzi, Lola Fanucchi, Patricia Athayde, Duda Ramos, Marianna Alexandre, Mayra Verase e Yasmin Lima.

Direção: Charles Möeller
Versão Brasileira: Claudio Botelho
Direção Musical, Arranjos Adicionais e Regência: Marcelo Castro
Coreografia : Alonso Barros
Direção de Movimento: Charles Möeller
Cenário: Rogério Falcão
Figurinos: Marcelo Marques
"Design" de Som : Ademir Moares Jr.
Iluminação: Paulo César Medeiros    
Visagismos: Beto Carramanhos
Coordenação Artística: Tina Salles         
Produção Executiva: Carla Reis
Patrocínio: Elevadores Atlas Schindler
Apoio Cultural: Hilton Barra Rio de Janeiro
Realização: M&B e OPUS PROMOÇÕES









SERVIÇO:

Temporada: De 15 de dezembro de 2017 a 14 de janeiro de 2018
Local: Teatro Bradesco Rio de Janeiro
Endereço: Avenida das Américas, 3900 – Barra da Tijuca (Shopping Village Mall) – Rio de Janeiro
Dias e Horários: Sextas-Feiras (15/12, 22/12, 05/01, 12/01), às 21h; sábados (16/12, 06/01, 13/01), às 21h (no sábado (23/12), às 18h); domingos (17/12, 07/01, 14/01), às 18h
Valor dos Ingressos (inteira, com direito a meia entrada, para os que estão amparados pela legislação relativa a isso): Plateia Baixa = R$150,00; Plateia Alta = R$100,00; Camarotes = R$50,00; Balcão Nobre = R$50,00; Frisas = R$50,00
Capacidade = 627 lugares
Indicação Etária = 12 anos
Gênero: Musical - Comédia Romântica









            CONSIDERAÇÕES FINAIS:


            O musical já teve uma outra montagem no Brasil (no Rio, foi no Teatro Ginástico), no início da década de 70, estrelado pelo humorista Moacyr Franco, pela cantora Rosemary, recém-saída do movimento da Jovem Guarda, e pelo inesquecível Jardel Filho, mantendo-se o título do original da Broadway, traduzido para o português: "Promessas, Promessas", tendo atingido a considerável marca de 150 apresentações.

          Embora totalmente a favor da valorização das mulheres, o que é mais que justo e imperioso, pouco me importa o aspecto “politicamente incorreto” (detesto essas coisas) de machismo que o texto do espetáculo passa. Ele não vai fazer com que ninguém se torne machista, se já não o for, nem vá procurar, na sua firma, um CHUCK, como alcoviteiro.

          Levei dois dias para escrever esta crítica, ouvindo BURT BACHARACH o tempo todo. Foi ele quem me embalou e inspirou.

          Para quem gosta das listas dos “tops”, eu diria que o espetáculo não se inclui nos “TOP 10”da dupla M&B, o que não é demérito algum para quem já assinou 41 grandes espetáculos, muitos deles verdadeiras e inquestionáveis obras-primas.

          Recomendo, com o maior empenho, o espetáculo e não vejo a hora de voltar a assistir a “SE MEU APARTAMENTO FALASSE”, um ótimo presente de fim de ano, pelo menos mais uma vez. Mais duas ou três, melhor ainda.


 




 

FOTOS: LEO AVERSA:


UMA CURIOSIDADE:

            Devemos agradecer a Deus por nos colocar no lugar certo e na hora certa,

Corria o ano de 1975, quando eu estava em viagem de férias, com a família, na Disney.

Uma noite, voltando dos parques, já quase meia-noite, fui, com minha filha, à boate do nosso hotel, em Orlando, para participar de um karaokê, que estava “bombando”, por lá, naquele tempo.

Assanhado, escolhi “Raindrops Keep Falling On My Head” e subi ao palquinho, para cantar a música, que eu adoro.

Terminada a apresentação, fui aplaudido e um homem veio até a minha mesa, perguntou-me de onde eu era (deve ter percebido pela pronúncia) e me perguntou se eu conhecia “aquele homem, sentado naquela mesa, lá no cantinho”.

Como a luz era pouca, eu não conseguia reconhecer a pessoa. O sujeito, então, me pediu para acompanhá-lo até a tal mesa.

Lá chegando, ele me perguntou: “Conhece este homem? É o compositor da música que você acabou de cantar e muito bem”.

O chão me fugiu, fiquei gago, aquela divindade, um homem lindo e elegante, se levantou, abraçou-me e me perguntou se eu conhecia outra canção de sua autoria.

Respondi-lhe que todas, e ele, sorrindo, me pediu para cantar outra.

Fui de “Close To You”.

Agradeci os novos elogios e subi para o quarto do hotel, achando que havia sonhado, antes mesmo de dormir.

Não havia celulares, para registrar o momento nem me lembrei de pegar a máquina fotográfica, no quarto, e voltar, para registrar aquele mágico e inesquecível encontro.

Um “gentleman”, um homem generoso, que não conseguiu me convencer a me dedicar à música.

Quanto ao homem que nos apresentou, até hoje não faço a menor ideia de quem fosse; seu agente, talvez.




















































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