sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

BALANÇO TEATRAL
DE 2017
NO RIO DE JANEIRO

(ENTRE MORTOS E FERIDOS, QUASE TODOS SE SALVARAM E HOUVE GRANDES SURPRESAS.)






            Em função da crise econômica de 2016, em conversas com amigos da classe teatral, passei aquele ano inteiro, prevendo um 2017 negro, para o TEATRO carioca, que é a realidade que eu conheço e da qual participo intensamente.

Sem patrocínios, sem incentivos fiscais, acrescentando-se, ainda, a questão da violência, que faz com que as pessoas tenham medo de sair de casa, imaginei que não teríamos a oportunidade de ver os palcos cariocas apresentando boas produções teatrais.

2017 deu o ar de sua graça e comecei a perceber, em janeiro, que as minhas tristes previsões caminhavam para se tornar uma infeliz realidade. Só se anunciavam reestreias de peças que estiveram em cartaz em 2016 e a continuação de temporadas, interrompidas pelo recesso de final de ano, além de remontagens, uma vez que isso representava um custo bem menor, para os produtores, porque contavam com cenários e figurinos, já prontos. Parecia que nenhum produtor queria se arriscar num mercado que estava atravessando um momento de grande instabilidade.

A primeira novidade do ano veio na forma de um musical, “FOREVER YOUNG”, chegada de uma temporada de sucesso, em São Paulo, e que, para a nossa tristeza, foi o último trabalho do inesquecível MARCOS TUMURA, o qual nos deixou tão precocemente, gerando um vazio no universo dos musicais.




Mais para o final do mês, sugiram “O PÃO E A PEDRA”, da Companhia do Latão, no CCBB, e “O TOPO DA MONTANHA”, no Teatro SESC Ginástico, também esta peça oriunda de uma vencedora temporada paulista; fará uma curta temporada, em janeiro de 2018, no Centro Cultural João Nogueira, mais conhecido como Imperator. Muito pouco, porém, quantitativamente falando, para um mês de TEATRO.

Fevereiro, por conta do carnaval, sempre foi um mês “fraco”, para o calendário teatral, entretanto foi lá que apareceu, no palco do OI Futuro Flamengo, o que eu considero a primeira obra-prima do ano: “LOVE, LOVE, LOVE”, mais um sensacional trabalho, reunindo DÉBORA FALABELLA e YARA DE NOVAES, que já nos brindaram com tantos acertos anteriores.




Ainda tivemos a oportunidade de assistir, naquele mês, ao primeiro bom monólogo do ano, “PARA ONDE IR”, com YASHAR ZAMBRUZZI, no Teatro Rogério Cardoso (Casa de Cultura Laura Alvim), e ao primeiro grande sucesso de musical do ano, “60! DÉCADA DE ARROMBA - DOC.MUSICAL”, espetáculo que superlotou o Theatro NET Rio, por tantos meses, inaugurando um novo formato de musical, com a cantora WANDERLÉA, à frente de um grande e talentoso elenco, e que reestreia, em janeiro de 2018, no mesmo NET Rio.




Rei Momo saindo de cartaz e partindo para o seu descanso, como acontece, normalmente, é quando, “de verdade” se inicia o ano; é quando a vida parece retomar o seu curso normal.

Em março, tivemos “A MORTE ACIDENTAL DE UM ANARQUISTA”, no Teatro dos Quatro, abrindo os trabalhos. “REDEMUNHO”, no Teatro Rogério Cardoso (Casa de Cultura Laura Alvim) e “O OLHO DE VIDRO”, no Centro Cultural dos Correios, foram duas agradáveis surpresas que surgiram.

Foi em março, também, que fomos apresentados a três de algumas das obras-primas do ano: “GISBERTA” e “SOBRE RATOS E HOMENS”, ambas no CCBB, a primeira no Teatro III e a segunda no Teatro I. A terceira, que considero o melhor espetáculo do ano, foi “TOM NA FAZENDA”, das melhores peças que já vi, em toda a minha vida, e que continua fazendo sucesso até hoje e já está com uma nova temporada agendada para 2018, no Teatro Dulcina.










No segmento teatro infantojuvenil, o destaque foi para “TRA-LA-LÁ”, no OI Futuro Ipanema.

Dois musicais estrearam em março: “CARTOLA – O MUNDO É UM MOINHO”, cuja carreira, no Rio, não obteve, infelizmente, o mesmo grande sucesso que atingiu em São Paulo, onde a vi pela primeira vez, e “VAMP – O MUSICAL”, espetáculo tão esperado, com grande apelo de mídia, que conquistou o público, mas agradou muito pouco à crítica.





Abril não foi um mês tão fértil. Revi algumas peças e pudemos assistir a mais um excelente trabalho da dupla CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, “O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE?”, que não é um musical e reuniu, no palco duas “entidades” do TEATRO BRASILEIRO: DONA EVA WILMA e DONA NATHALIA THIMBERG. Já conhecia essa montagem, pois a tinha visto, duas vezes, em São Paulo, com outra grande “entidade”, DONA NICETTE BRUNO, fazendo o papel aqui assumido por DONA NATHALIA. Uma maravilha; lá e aqui.




Em maio, tivemos outra obra-prima em cartaz: “ELA”, no Teatro III do CCBB. Também houve outros ótimos espetáculos, como “PERDOA-ME POR ME TRAÍRES”, no Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim, “IVANOV”, no Teatro Ipanema, “CONTOS NEGREIROS DO BRASIL”, na Sala Multiuso do SESC Copacabana, e “MARIDO IDEAL”, no Teatro Sérgio Porto.




As duas grandes agradáveis surpresas de maio ficaram por conta de “A PRODUTORA E A GAIVOTA”, também no Sérgio Porto, e “LÍVIA”, no escondidinho Teatro Eva Herz.

O musical do mês foi “JANIS”, no OI Futuro Flamengo, e a grande novidade veio com “ADEUS, PALHAÇOS MORTOS”, no Mezanino do SESC Copacabana, em função do aparato audiovisual da montagem e da fusão de linguagens empregadas nela.

Junho foi um ótimo mês para o TEATRO carioca. Além de uma obra-prima de musical, sucesso de público e de crítica, “SUASSUNA – O AUTO DO REINO DO SOL”, que ocupou, por muito tempo, o lindo Teatro Riachuelo, outros espetáculos fizeram grande sucesso, por sua ótima qualidade, como “HOLLYWOOD”, no agradável Teatro Poeira; “MINHA VIDA EM MARTE”, o excelente solo de MÔNICA MARTELLI, no Teatro dos Quatro, em cartaz até hoje, em outro espaço, o Teatro das Artes, onde continuará em cartaz em 2018, até não se sabe quando; “A LENDA DO SABIÁ – UM MUSICAL BEM BRASILEIRO”, no SESC Tijuca (Teatro I); o espetacular “ALAIR”, na Casa de Cultura Laura Alvim, que voltará, em janeiro de 2018, no Teatro Ipanema; “ESTRANHOS.COM”, no Teatro das Artes; e “HAMLET”, da Armazém Cia de Teatro, no Teatro I do CCBB.






Dois ótimos musicais marcaram o mês de junho: “O MAMBEMBE”, mais um dos grandes sucessos de RUBENS LIMA JR., montagem com estudantes universitários, na Sala Pachoal Carlos Magno, na UNIRIO, e “YANK – O MUSICAL”, que infelizmente, fez uma carreira muito curta, no Teatro Serrador, o que o impossibilitou de concorrer aos prêmios de TEATRO que há, no Rio de Janeiro, por não ter alcançado o número mínimo exigido de apresentações.

Também houve uma ótima surpresa, em junho, e aconteceu no espaço alternativo do Teatro Sérgio Porto: “ESTUDO SOBRE A MALDADE”, monólogo com BRUCE DE ARAÚJO.

O bom teatro infantojuvenil também teve o seu justo representante, dentre os bons espetáculos do mês: “MAKURU”, no OI Futuro Flamengo.






Entramos no segundo semestre e julho nos brindou com uma boa safra: “FAUNA”, no Centro Cultural da Justiça Federal; “ESTES FANTASMAS”, no SESC Ginástico; “DEUSES INVISÍVEIS OU O DEUS DANÇANTE”, uma agradabilíssima surpresa, no lindíssimo Teatro Cesgranrio; “A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER”, outra grata surpresa, no Teatro Poeira; “DOIS AMORES E UM BICHO”, mais uma, na Sala Multiuso do SESC Copacabana; “ENTONCES BAILEMOS”, no Mezanino do SESC Copacabana; e “O GAROTO DA ÚLTIMA FILA”, no Teatro as Artes.




Agosto foi marcado por “LUIS ANTONIO – GABRIELA”, outra obra-prima do ano, no Mezanino do SESC Copacabana. Também foi a vez do melhor espetáculo infantojuvenil da temporada 2017: “BITUCA – MÍLTON NASCIMENTO PARA CRIANÇAS”, fechando uma linda trilogia, da talentosa dupla PEDRO HENRIQUE LOPES e DIEGO MORAIS, no Teatro dos Quatro.

Não posso deixar de mencionar, também, “A PEÇA AO LADO”, na Sede das Cias, que fez, depois, outra temporada, no Teatro Café Pequeno.






Em setembro, o grande sucesso foi “AGOSTO”, no OI Futuro Flamengo, um dos melhores espetáculos do ano.

Mais um “show” do que, propriamente, uma peça de TEATRO, foi a excelente montagem de “PURO NEY”, com SORAYA RAVENLE e MARCOS SACRAMENTO, brilhando, no palco do Teatro dos Quatro.

Ainda em setembro, marcaram presença “O PORTEIRO”, monólogo de ALEXANDRE LINO, no Teatro II do SESC Tijuca; “O PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES”, também no SESC Tijuca (Teatro I); “A FESTA DE ANIVERSÁRIO”, no Poeira; “EUS”, lindo espetáculo solo, de MARIA ADÉLIA, no Mezanino do SESC Copacabana; “EUFORIA”, também um ótimo solo, com o brilhante MICHEL BLOIS, no Sérgio Porto, voltando para mais uma temporada, em janeiro de 2018, no Reduto, um novo espaço, em Botafogo; “OS SETE GATINHOS”, no recém-reinaugurado Teatro Nelson Rodrigues, da Caixa Cultural; e “A SALA LARANJA: NO JARDIM DE INFÂNCIA”, no Teatro Cândido Mendes.













Um grande destaque começou em setembro e se estendeu no mês seguinte, na Casa de Cultura Laura Alvim. Estou falando da retrospectiva dos 25 anos de sucesso da Cia. Atores de Laura, sob o comendo de DANIEL HERZ. Em setembro, foram “O ENXOVAL” e “AS ARTIMANHAS DE SCAPINO”.






Na área infantojuvenil, o destaque foi “SAKURA”, no Teatro Ziembinski, que nos proporcionou um contato com a milenar cultura nipônica.

O grande espetáculo infantojuvenil de outubro foi “A HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS”, no Teatro I do SESC Tijuca, um dos melhores infantojuvenis do ano.

Na Mostra 25 anos dos Atores de Laura, tivemos “ADULTÉRIO”, “O FILHO ETERNO”, uma obra-prima de interpretação, de CHARLES FRICKS, “ABSURDO” e “O PENA CARIOCA”, tudo acontecendo na Casa de cultura Laura Alvim, como já havia falado.

“O CÍRCULO DA TRANSFORMAÇÃO EM ESPELHO”, na Arena do SESC Copacabana, e “LES COMÉDIENS”, no Teatro Cesgranrio, este reunindo os talentos de CAMILLA AMADO e CLÁUDIO TOVAR, ao lado do neófito THIAGO DETOFOL, também foram destaques em outubro, ao lado de “O DOENTE IMAGINÁRIO”, da Cia. Limite 151, no Eva Herz, e um dos clássicos de TENNESSEE WILLIAMS, “DOCE PÁSSARO DA JUVENTUDE”, no Teatro Carlos Gomes. Ainda merece destaque a cuidadosa produção de “NUM LAGO DOURADO”, que também veio de uma linda carreira em São Paulo.

Mas a grande sensação do mês de outubro foi a encenação do melhor musical do ano, “DANÇANDO NO ESCURO”, no SESC Ginástico, uma obra-prima.








Quase chegando ao final do ano, novembro nos saudou com algumas pérolas, como “KID MORENGUEIRA – OLHA O BREQUE!”, um excelente musical-solo, no SESC Tijuca (Teatro I), com o grande ÉDIO NUNES; “JUSTA”, no Teatro III do CCBB, outra obra-prima, a segunda estrelada, no ano, por YARA DE NOVAES; o clássico “UM BONDE CHAMADO DESEJO”, que tanto sucesso fez em São Paulo, aqui apresentado no novo Teatro do Jóquei, que, agora, foi pessimamente batizado com o nome de Teatro XP Investimentos (ECA!!!).







Na Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues, esteve em cartaz o bom espetáculo “O FILHO DO PRESIDENTE”.

Também estreou o polêmico musical “AYRTON SENNA – O MUSICAL”, daqueles espetáculos que desagradam à crítica, mas se tornam grande sucesso de público, o qual sai do Teatro Riachuelo emocionado, feliz e dizendo que vai recomendar a peça a seus parentes e amigos.

Outra grande obra-prima de novembro é o inquietante espetáculo “O JORNAL – THE ROLLING STONE”, no sempre aprazível Teatro Poeira, que continuará em cartaz, até 4 de fevereiro de 2018.






TONICO PEREIRA, comemorando 50 anos de uma linda carreira de ator, brilhou, no palco do Teatro Cândido Mendes, com “O JULGAMENTO DE SÓCRATES”.

A grande surpresa de novembro foi revelada por um musical, [nome do musical], no Centro Cultural Solar de Botafogo. Não se assustem! É esse mesmo o nome da peça, a qual espero ver reestreando, em 2018, porque o merece.

Fechei o mês de novembro com outra grande obra-prima: PAGLIACCI, uma linda homenagem ao, tragicamente falecido, grande ator, DOMINGOS MONTAGNER, prestada pela companhia fundada por ele e por FERNANDO SAMPAIO, a LaMínima. Um belíssimo espetáculo, encenado no SESC Ginástico.




E dezembro chegou. Mês curto, para TEATRO. E o que temos de bom? “OTELO DA MANGUEIRA”, montagem de encerramento da 1ª Oficina de Teatro Musical, oferecida, gratuitamente, pela Fundação Cesgranrio, na pessoa do professor CARLOS ALBERTO SERPA, um belo trabalho de texto e direção de GUSTAVO GASPARANI, que contou, na sua equipe com alguns dos melhores profissionais do TEATRO BRASILEIRO
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Nada melhor, para quem é apaixonado por musicais, do que terminar o ano com um excelente representante: “SE MEU APARTAMENTO FALASSE”, a mais recente montagem dos “Reis dos Musicais”, CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, que, só pelas canções de BURT BACHARAH, já valeria a pena. Em cartaz no Teatro Bradesco, entrando pelas duas primeiras semanas de janeiro de 2018.




A grande frustração foi o cancelamento de "KINKY BOOTS", que eu tanto esperava, uma montagem do Ceftem, abortada, logo após a primeira semana de apresentação, por motivos relativos a direitos autorais.

E, quando eu pensava ter encerrado a minha temporada teatral de 2017, no dia 17 de dezembro, com o excelente "SE MEU APARTAMENTO FALASSE", não resisti ao convite do meu querido amigo MÁRCIO NASCIMENTO e revi, no dia 21/12, uma maravilha, "A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO", estreada em 2009, que voltou ao cartaz, no Teatro Dulcina, nas duas últimas semanas do ano. Mais um trabalho maravilhoso da Cia. Pequod.

Parabéns aos corajosos produtores, diretores e atores, que, muitas vezes, tiraram recursos dos próprios bolsos, para montar seus espetáculos!!!

Se 2018 for igual a 2017, já vai valer a pena.

Fui ao TEATRO 323 vezes, tendo assistido a 301 novos espetáculos. Vi alguns mais de uma vez. Houve várias vezes em que assisti a dois espetáculos no mesmo dia e, em quatro vezes, assisti a três.

E VAMOS AO TEATRO!!!


OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO!!!

































































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