PURO NEY
(PURA EMOÇÃO.
PURO DIVERTIMENTO.
PURA MÚSICA DE PRIMEIRA.
PURO TALENTO EM CENA.)
Em quase 400 críticas publicadas, conto, nos
dedos das mãos – e há de sobrar dedos – as que não têm, como fundo, a análise
de uma peça teatral. E mesmo que
assim não o seja, o texto será
sempre sobre algo que esteja ligado ao TEATRO,
como um artigo ou uma entrevista, por exemplo. Hoje, resolvi
ocupar mais um daqueles dez dedos.
Adoro ir ao TEATRO com uma expectativa e sair de lá
com ela bem acima da de quando entrei. Isso aconteceu, mais uma vez, há alguns
dias, quando fui ver “PURO NEY”, em
cartaz no Teatro dos Quatro (VER
SERVIÇO.
Trata-se de um magnífico
e muito bem produzido espetáculo,
que poderia ser classificado não como um “musical” nem como um “show”, mas como
um SHOW TEATRAL, termo que, se ainda
não foi pensado, estou requisitando a ideia de assim classificá-lo. A patente é minha e “ninguém tasca”!
Num país de memória
curta, onde não é muito comum se reconhecer e reverenciar, para sempre, os artistas
que fizeram a história das artes no Brasil
e, também, quando se resolve homenagear um deles é, via de regra, “post-mortem”,
é de se louvar um preito tão lindo e merecido a alguém que, do alto dos seus 76 anos, ainda é capaz de eletrizar,
com seu talento, uma plateia, por maior que ela seja.
Estou falando de NEY MATOGROSSO, a quem conheci e de
quem me tornei amigo, por algum tempo, no início
da década de 70, quando ainda se chamava Ney de Souza Pereira e, juntos, trabalhamos, como atores, num musical infantil, que marcou época, “D. Chicote-Mula-Manca e seu Fiel Companheiro
Zé-Chupança”, no antigo e saudoso Teatro
Casa Grande, espetáculo no qual o D.
Chicote era eu e o Zé Chupança
era um pobre pastor de ovelhas, vivido por Regina
Duarte. Isso foi antes do fenômeno “Secos
& Molhados” Quantas boas recordações!!!
SINOPSE:
Uma das trajetórias
musicais mais impressionantes da música brasileira é levada, pela primeira vez,
aos palcos. NEY MATOGROSSO, um dos
maiores ícones da MPB, é o tema do
musical “PURO NEY”.
Os cantores / atores SORAYA RAVENLE e MARCOS SACRAMENTO, acompanhados por uma banda, apresentam
releituras teatrais de 24 importantes
canções do repertório do homenageado, divididas em cinco blocos temáticos.
O próprio NEY participa, indiretamente, do
espetáculo, em imagens especialmente gravadas e projetadas em cena.
O repertório gravado por NEY, durante a sua descoberta no grupo “Secos & Molhados” e, principalmente,
na sua longa e vitoriosa carreira solo já seria um motivo para atrair um público
ao Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea. Essas belas e
emblemáticas canções, com letras fortes e muito significativas, nas excelentes
vozes de dois grandes artistas da música
e do TEATRO, SORAYA e SACRAMENTO, são
um “up grade” a contar, no
desenvolvimento de um incontido desejo de ver o espetáculo, que, como já disse,
não se trata de um musical nem de um simples show musical.
Nem pensem, também, que irão ver os
dois grandes intérpretes cantando “comportadamente” ou tentando imitar a voz ou
os trejeitos de NEY. É claro que
estes poderão ser reconhecidos, no palco, porém de forma natural, ainda que
coreografados, como uma consequência e exigência das letras das canções. Nada,
porém, em momento algum, que indique uma imitação.
Extraí, do “release”, que me foi enviado pela assessoria de imprensa (LIÈGE MONTEIRO e LUIZ FERNANDO COUTINHO), e transcrevo um trecho dele, para melhor
orientação do público, que, certamente, há de se interessar em assistir ao
espetáculo: “Em mais de quatro décadas de luminosa carreira, NEY gravou centenas
de canções de nossos mais expressivos compositores, apropriando-se dessas obras
e imprimindo uma forte marca autoral às suas interpretações. (...) NEY canta de
tudo, sem preconceito de gênero: ele vai de frevos, xotes, toadas e sambas.”
Uma das principais marcas do cantor, além do caráter transgressor, é a
sua versatilidade, passeando por todos os ritmos musicais, cantando autores clássicos
e lançando novos talentos autorais. Isso equivale dizer que atravessa várias
gerações de compositores e flerta com todos os ritmos, dos mais românticos aos
mais contagiantes e frenéticos. É um grande “pop star”. Imagino que tenha sido, para o diretor, LUÍS FILIPE DE LIMA,
um grande desafio selecionar apenas 24 “hits”,
dentre dezenas deles do repertório de NEY.
“PURO NEY” é um espetáculo ousado e empolgante, concebido como um
tributo a um artista maior, marcado pela vanguarda e pela transgressão, que,
até hoje, arrasta multidões para suas apresentações”, diz SORAYA RAVENLE.
Não
há textos, no espetáculo, a não ser
os das canções, todos teatrais, por excelência, e um, breve, dito pelo próprio NEY, em vídeo. Ele faz algumas declarações,
deixando um pensamento inconcluso, que provoca risos na plateia, a qual se vê “no
vácuo”, aguardando a finalização de um pensamento. Isso é bem NEY MATOGROSSO: instiga, provoca e...
SORAYA
RAVENLE e MARCOS
SACRAMENTO dominam o palco, milímetro a milímetro, segundo a segundo, em 90 minutos, que “voam”, como se fossem apenas
dez – fica o gostinho de “quero mais” -, esbanjando sensualidade e ratificando
um talento incomensurável. É impressionante a capacidade da dupla de nos
surpreender, com uma grata surpresa, após cada canção. Quando as palmas das mãos
já estão doloridas, de tantos aplausos, temos de suportar e superar a dor,
porque vem mais coisa boa, para ser devidamente aplaudida. Ambos cantam com a
voz, os olhos, o rosto e o corpo todo, assim como o homenageado.
LUÍS FILIPE DE LIMA foi felicíssimo na direção do espetáculo. Tenho a impressão
de que ele pensava no tratamento que gostaria de dar a cada canção, passava a
ideia à dupla de intérpretes e ficava esperando que os dois a concretizassem,
sem muita preocupação, por conhecer o material humano sob sua orientação. A direção deste espetáculo tinha mesmo de
ficar sob a responsabilidade de alguém de TEATRO,
e esse alguém, muito acertadamente, é LUÍS
FILIPE.
Além de tudo, assiste-se a um lindo espetáculo
plástico, a julgar pela cenografia e
pelo videografismo, a cargo dos
talentosíssimos e imbatíveis irmãos VILAROCA,
RICO e RENATO. Todas as projeções, sobre uma tela fragmentada em cinco
pedaços, de formas e tamanhos diferentes, são lindas e inéditas; não há repetições.
E todas estão voltadas apara o teor das letras.
E o que dizer da
belíssima luz, de PAULO CESAR MEDEIROS? Um trabalho antológico.
Esqueçam os
figurinos exóticos usados por NEY e
pensem na simplicidade, com bom gosto, de MARCELO
MARQUES, que vestiu, sobriamente, de preto, os dois cantores / atores (ou
atores / cantores – a ordem das palavras não altera a qualidade). Descalços, SACRAMENTO usa uma confortável calça de
malha e uma camiseta, enquanto SORAYA
veste uma blusa, com as costas de fora, e uma saia bem rodada, com a metade
inferior feita de uma renda, transparente, pondo em relevo sua sensualidade.
Muitos aplausos
devem ser dirigidos a LAVÍNIA BIZZOTTO,
que assina a direção de movimento e
a coreografia do espetáculo.
Um ponto que merece
grande destaque, nesta análise, diz respeito aos arranjos das canções e à direção
musical. Leia-se: LUIZ FILIPE DE
LIMA, a quem não poupo os maiores elogios, por conta das releituras que preparou
para cada canção, valorizadas pelos dois intérpretes. São arranjos voltados
para uma visão contemporânea, incluindo elementos de música eletrônica.
FICHA TÉCNICA:
Concepção
Original: Luís Erlanger e Luís Filipe de Lima
Direção
Geral, Roteiro, Arranjos e Direção Musical: Luís Filipe de Lima
Elenco:
Soraya Ravenle e Marcos Sacramento
Músicos:
Guilherme Gê (teclados, baixo synth e programações eletrônicas), Gustavo Corsi
(guitarra) e Ronaldo Silva (bateria)
Videografia
e Cenário: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Direção
de Movimento e Coreografia: Lavínia Bizzotto
Iluminação:
Paulo Cesar Medeiros
Consultoria
de Figurinos: Marcelo Marques
Mídias
Sociais: Humans Creative Group
Projeto
Gráfico: Celina Kuschnir
Fotos:
Leo Aversa
Relações
Públicas / Convidados: Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho
Assessoria
de Imprensa: Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho
Direção
de Produção: Cinthya Graber e José Carlos Furtado Filho
Produção
Geral: Cinthya Graber
SERVIÇO:
Temporada:
De 22 de agosto a 30 de novembro.
Local:
Teatro dos Quatro - Shopping da Gávea.
Endereço:
Rua Marquês de São Vicente, nº 52, Gávea, Rio de Janeiro.
Telefone:
(21) 2239-1095.
Dias:
3ªs, 4ªs e 5ªs feiras.
Horário:
20h30min.
Valor
do Ingressos: R$70,00 (direito a meia entrada).
Horário
de Funcionamento da Bilheteria: 2ª e 3ª feiras, das 14h às 20h; de 4ª feira a
domingo, das 14h até o início da última sessão do dia.
Venda
pela internet: www.ingressorapido.com.br
Cartões:
Todos.
Indicação
Etária: 12 anos.
Duração:
90 minutos.
Capacidade
de Público: 402 pessoas.
“PURO NEY” deve fazer parte da “cesta básica cultural” de qualquer
pessoa de sensibilidade, que aprecia a boa música e, raramente, tem a oportunidade
de vê-la associada ao bom TEATRO.
Vá assistir ao
espetáculo, na certeza de que irá conviver com emoção e divertimento do início
ao fim.
Não vejo a hora de revê-lo!!!
(FOTOS: LEO AVERSA.)
GALERIA PARTICULAR:
FOTOS DE ALEXANDRE POMAZALI.)
Com a querida Soraya Ravenle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário