“MÃES, O MUSICAL”
ou
(MATERNIDADE SEM ROMANTIZAÇÃO.)
ou
(“MENTIRAS SINCERAS
‘NÃO’
ME INTERESSAM.)
Quando pensamos num musical,
em TEATRO, logo nos vem à cabeça a ideia de uma superprodução,
envolvendo um numeroso elenco, muitos profissionais de criação e técnicos e
muitos cifrões na planilha de custos. Mas é possível montar um ótimo musical
que fuja a tais “pré-requisitos”. Uma prova disso é “MÃES, O
MUSICAL” (“Motherhood, The Musical”), espetáculo a que assisti ontem
(30/11/2025), no Teatro das Artes, no Shopping
da Gávea (Rio de Janeiro), em cartaz por apenas mais duas semanas.
Trata-se de um musical de médio porte, em termos de custos, porém uma produção
caprichada, de muito bom gosto e que diverte a família inteira.
SINOPSE:
A
narrativa se passa durante um chá (surpresa) de bebê, quando amigas
compartilham suas experiências e desafios como mães.
Dani
(JÉSSICA ELLEN), grávida do primeiro filho, a três semanas de dar à luz,
recebe as amigas Júlia (MARIA BIA), mãe e advogada “workaholic”;
Márcia (GIOVANA ZOTTI), mãe de cinco filhos; e Tina
(HELGA NEMETIK), uma mãe separada, que tenta equilibrar trabalho,
família e divórcio.
Com
canções originais no estilo “pop/rock”, que vão costurando as cenas, o musical oferece um olhar afetuoso e bem-humorado sobre a
maternidade, em todas as suas fases e idades.
De novidade, no enredo, nada que não
soubéssemos antes, entretanto, no tratamento do tema, tudo é muitíssimo
interessante e bem desenvolvido, parecendo “cheirando a tinta”,
no ótimo texto de SUE FABISCH, uma dramaturga norte-americana, traduzido,
com muito acerto e brasilidade, por ANNA TOLEDO, a despeito de eu não
conhecer o original em inglês, o que não é necessário, para incensar a versão
brasileira.
Antes de chegar ao Brasil, a peça,
recheada de um magnífico bom-humor, já havia experimentado o sucesso nos Estados
Unidos (Off-Broadfway), Austrália e Buenos
Aires. Agradecemos a oportunidade de conferir o espetáculo a CLAUDIA
RAIA, uma grande e veterana estrela do TEATRO Musical Brasileiro,
que produz a montagem, cuja irretocável direção foi
entregue a JARBAS HOMEM DE MELLO.
A peça convida
o público a se emocionar e dar boas risadas, ao mergulhar, com leveza e
irreverência, nas muitas facetas da maternidade. “MÃES, O MUSICAL” um
espetáculo repleto de humor, música e identificação. Pelos risos e
gargalhadas do público, percebemos o quanto cada um se vê, no palco, com as situações
e falas da peça. Sou um grande exemplo disso, baseando-me nas duas gravidezes
por que passou minha ex-esposa e pela infância e adolescência de meus dois
filhos, hoje, dois adultos, já com os seus rebentos, quando o assunto era
relações parentais.
Segundo
a “midas” CLAUDIA RAIA, a boa ideia, que serviu de
motivação para produzir o espetáculo surgiu a partir de sua própria experiência
de se tornar uma mãe “atípica”, “tardia”, pela
terceira vez, aos 56 anos, depois de ter criado dois jovens
adultos: “(...) despertou, em mim, uma vontade profunda de falar sobre
esse universo, com leveza, humor e, acima de tudo, verdade. ‘MÃES’ é uma
comédia inteligente e sensível, sobre um tema que todo mundo conhece. Quem
ainda não viveu a maternidade, provavelmente, viverá, e quem não viver,
certamente, acompanhou, de perto, a trajetória da própria mãe. É um assunto que
toca a todos. O espetáculo é uma celebração da vida real, daquelas mulheres que
encaram os desafios da maternidade com amor, exaustão e, claro, uma boa dose de
riso.”. E
alguém haveria de discordar disso? Eu não!!!
É
muito compensador assistir a este delicioso musical, em forma de uma COMÉDIA
inteligente (Para ser uma boa COMÉDIA, tem que ser inteligente. Se não o
fosse, não seria uma boa COMÉDIA nem eu estaria aqui perdendo tempo, escrevendo
sobre a peça.). O
texto é para lá de universal e atemporal,
explorando as “doces delícias” da maternidade, trazendo reflexões
sobre os desafios e as alegrias dessa jornada. Tudo isso vem à tona, trazido
por quatro amigas que vivem diferentes fases dessa lida, é bom que se
diga.
Além da futura mamãe, Dani
(JÉSSICA ELEN), a qual, obviamente, sofre horrores, diante das muitas
dúvidas sobre a maternidade, e que é
bombardeada por telefonemas, fruto da indesejável superproteção da mãe (Vi
esse filme duas vezes; era em preto-e-branco e o mocinho morria no final. Momento
descontração!), encontramos Júlia (MARIA BIA), uma bem-sucedida advogada, uma moderníssima “workaholic
woman”, que sente muita dificuldade em conseguir conciliar a vida
profissional e a de mãe, mas vai dando o seu jeito, tentando “pular de
galho em galho”, errando aqui, acertando ali; Tina (HELGA
NEMETICK), uma mãe separada, que, um pouco, se culpa por trabalhar e não
poder se dedicar mais à criação dos filhos, dividindo a guarda das crianças com
o ex-marido e tentando assumir sua nova identidade e condição de mulher descasada na sociedade; e Márcia
(GIOVANA ZOTTI), a mais velha das quatro amigas de escola, que tem cinco
filhos e vive reclamando, por se sentir “desvalorizada” por eles.
Conhecemos dezenas - mas existem centenas, milhares ou milhões -
de mães como cada uma das três, não é verdade?
Um crítico de TEATRO
deve prestar o máximo de atenção à interpretação de cada ator ou atriz, tanto
os protagonistas como os coadjuvantes, para tecer comentários técnicos e
críticos sobre cada trabalho, destacando mais este(a) ou aquele(a). Assim me
portei, na noite de ontem, e, sinceramente, ainda que, dentro da trama,
tecnicamente falando, a personagem de JÉSSICA ELEN possa ser
classificada como a protagonista, dado ao excelente nível de interpretação do
quarteto, não me resta nada mais a dizer que considero as quatro atrizes
protagonistas da trama e que ri, igualmente, com a “performance”
de todas, cada uma com seu estilo de fazer humor. As quatro se destacam, seja
individualmente, seja em grupo, interpretando, cantando uma deliciosa
partitura, cujas letras das canções ajudam a contar a história, e pondo em
prática uma movimentada coreografia, desenhada por SABRINA MIRABELLI.
Mesmo não sendo uma “$uperprodução”,
os realizadores não abriram mão de reunir, na FICHA TÉCNICA,
nomes consagrados, no universo dos artistas de criação, cada um “colocando
seu precioso tijolinho”, para construir este “castelo real”.
Assim, temos uma bela e funcional cenografia, assinada por NATÁLIA
LANA, que se resume em dois espaços da casa de Dani, para
receber as visitas: uma confortável sala de estar e uma moderna cozinha. E nada
mais seria necessário mesmo. BRUNO OLIVEIRA acertou nos figurinos,
pensados para vestir cada uma das quatro, de acordo com suas personalidades e
idades. Acrescento que é bastante afinado o desenho de luz,
criado por WAGNER FREIRE. Além do trio, todos os demais executaram suas
tarefas com bastante profissionalismo, o conjunto apoiando e garantindo o sucesso da obra.
Tudo me agradou na peça, mas
considero um dos maiores acertos a montagem ter sido entregue a um “maestro”
como JARBAS HOMEM DE MELLO, o qual, com sua vasta e consagrada
experiência no mundo dos musicais, quer como ator, coreógrafo, produtor e diretor,
soube criar cada cena, com tamanha limpeza, bom gosto, ideias hilárias e perfeição, extraindo,
das intérpretes, o melhor rendimento de cada uma.
FICHA
TÉCNICA:
Texto,
Letras e Músicas: Sue Fabisch
Versão
Brasileira: Anna Toledo
Direção:
Jarbas Homem de Mello
Assistência
de Direção: Sabrina Mirabelli
Diretora
Residente: Mari Nogueira
Direção Musical,
Arranjos e Trilha Sonora: Guilherme Terra
Coreografias:
Sabrina Mirabelli
Elenco:
Jéssica Ellen, Helga Nemetik, Maria Bia e Giovana Zotti
Cenografia:
Natália Lana
Assistência
de Cenografia: Alessandra Rodrigues
Figurinos:
Bruno Oliveira
Assistência
de Figurino: Leca Amorim
“Design”
de Luz: Wagner Freire
“Design”
de Som: Tocko Michelazzo
Visagismo:
Dicko Lorenzo
Assistência
de Visagismo: Rùd Motta
Camareira:
Paula Rossi
Contrarregra:
Rafael Souza
Operação
de Som: Silney Marcondes
Operação
de Luz - SP: Jackson Oliveira
Chefe
de Palco - SP: Martins Silva
Técnico
de Som - SP: Juscimar Pina
“Designer”
gráfico: Peu Fulgencio
Gerente
de Mídias Sociais: Marilia Di Dio
Gerente
de Mídia - Plano de "Marketing": Aline Vedana
Assessoria
de Imprensa: Agência Taga
Fotos:
Edgar Machado, Renam Christofoletti e Arthur Guterrez
Contabilidade:
J Rampinelli Calero Assessoria Contábil
Gestão
de Incentivo: IC Cultura
Estágio
Produção: Jean Lucca d’Mauro
Produtora
Administrativa: Magali Elena
Produção
Executiva: Roseli Ramalho e Mari Alves
Gerente
de Produção: Amanda Leones - Versa Cultural
Diretor
Técnico: Fernando Pagan
Produção
Geral: Claudia Raia
Realização:
Raia Produções Artísticas
SERVIÇO:
Temporada:
De 07 de novembro a 14 de dezembro de 2025.
Local: Teatro
das Artes (Shopping da Gávea, 2º andar.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 – Loja 264 - Gávea – Rio de
Janeiro.
Dias
e Horários: 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.
Valor
dos Ingressos: De R$ 95 (meia-entrada) a R$ 190 (inteira), à venda no “site”
Divertix.
Obs.: Confira legislação vigente para meia-entrada.
Link
de vendas: Divertix.
Capacidade:
421 lugares.
Duração:
90 minutos.
Indicação
Etária: 12 anos.
Gênero:
Musical.
“MÃES,
O MUSICAL” é uma deliciosa e leve peça musical, direcionada a mães, pais, avós, tios e
filhos. Cada um há de "vestir a sua carapuça" e se divertir bastante. É mais do
que evidente que RECOMENDO O ESPETÁCULO!!!
FOTOS: EDGAR MACHADO,
RENAM CHRISTOFOLETTI
e
ARTHUR GUTERREZ.
É preciso ir ao TEATRO,
ocupar todas as salas de espetáculo, visto
que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre
mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que
há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!