domingo, 11 de agosto de 2024

 

“ALMA DESPEJADA”

ou

(142 ANOS

NUM PALCO SÓ.)

ou

(DIGNIDADE 

E ACERTO NUMA COMEMORAÇÃO.)



 

    Cada um escolhe comemorar como acha melhor e decide compartilhar a sua alegria com outras pessoas. Quem aqui comemora é IRENE RAVACHE. As “outras pessoas” somos nós, amantes de TEATRO. O motivo da comemoração é duplo: 80 anos de vida, recém-comemorados, e 62 de profissão de uma das nossas melhores atrizes, totalmente plena num palco, como na primeira vez em que a vi em cena; faz tanto tempo, que nem lembro. Pela reverência de que é merecedora, pelos anos de idade e de ofício, elevo-a, com total carinho e respeito, dentro dos meus padrões de tratamento, à categoria de “DONA”: DONA IRENE RAVACHE.

 

 


 

  Tal comemoração se dá no palco, concretizada num solo, chamado “ALMA DESPEJADA, com texto de ANDRÉA BASSITT, também idealizadora e produtora do projeto, e com ELIAS ANDREATO assinando a direção. O espetáculo, que, de saída, já RECOMENDO, está em cartaz no Teatro dos 4, Rio de Janeiro (VER SERVIÇO.).

 

 

 


SINOPSE:

A peça conta a história de Teresa (IRENE RAVACHE), a qual, depois de morta, faz sua última visita à casa onde morava.

Transitando entre passado e presente, a personagem, de forma poética e bem-humorada, rememora sua vida de professora de classe média, apaixonada por palavras.

Revisita histórias e pessoas importantes, como a melhor amiga (a funcionária que trabalhou em sua casa, por 30 anos), os dois filhos e o marido, Roberto, homem simples e trabalhador, que se tornou um empresário bem-sucedido, ascendendo socialmente. 

 

 

 

 

 

 

    A montagem chega ao Rio com um certo atraso, depois de quase cinco anos de sua estreia em São Paulo (Antes tarde do que nunca!), tendo recebido a aprovação do público e da crítica especializada, chegando a ganhar prêmios nas categorias “Melhor Espetáculo” e “Melhor Atriz”. O monólogo foi escrito especialmente para IRENE, com o objetivo de celebrar a vida e a carreira de uma das maiores, mais talentosas e queridas atrizes do Brasil. Inteiramente à disposição da personagem, e feliz pela homenagem, confessa ela: “Fiquei fascinada com esse texto e sua poesia. É muito delicado e fala da memória de uma mulher na minha faixa etária. Mesmo sabendo que a personagem está morta, não é uma peça triste, pesada ou rancorosa e fala muito mais de vida do que de morte. Eu adoro esse tipo de possibilidade que o TEATRO oferece. E não tenho medo de misturar essas coisas, porque isso faz parte da vida. Nossa vida não é linear. Ela tem essas nuances”.

 

 

 

 

 

   É exatamente isso, embora possa parecer estranho “celebrar a morte”. Mas acontece que a proposta da peça é, primordialmente, celebrizar, solenizar, festejar o seu oposto, a vida. A morte só entra na estrutura dramatúrgica para servir de instrumento, de motivação, a fim de que a personagem possa relembrar sua trajetória tão feliz e, por isso mesmo, digna de uma comemoração, de uma festa. Sua vida foi uma perene festa. Teresa foi uma mulher realizada; na profissão e na sua vida particular. Amou e foi amada. Uma pessoa que se apaixona pelas palavras, principalmente por suas sonoridades, alguém a quem sobra tempo para tal observação, é um ser humano de boa índole, que se deixa emocionar pela face poética da vida. O texto é “pra cima”, porque se ocupa em trazer ao presente apenas momentos alegres de uma vida digna, como deveria ser a de todas as pessoas. É utópico? Certamente! Mas que mal há nisso?! Nenhum!” É TEATRO!!! E ponto final!!!

 

 

 

 

 

  Fui ao Teatro dos 4 na expectativa de uma outra realidade. Esperava uma encenação sofisticada, com muita pompa, como, de regra, acontece numa celebração. E o que vi foi um espetáculo simples, em sua estrutura, porém riquíssimo em afeto, respeito ao espectador, poesia, lirismo, divertimento e bom gosto, o que deixa bem claro que o importante, numa comemoração, é o que trazemos na alma, é tudo o que está acumulado no nosso sentimento, no nosso âmago.

  

 

 

 

 

  Para um espetáculo em que o que mais conta são o verbo (texto) e a representação (sentimentos da atriz projetados na personagem), ELIAS ANDREATO, na função de diretor não se dedicou a buscar expedientes muito elaborados e apostou na força da dramaturgia e no talento da atriz. Fiquei com a impressão de que ANDREATO, que, além de um ótimo ator, também se destaca como “regente da orquestra”, percebeu que quanto mais deixar a atriz livre, mais perto se divisava o sucesso da peça. E deu muito certo mesmo. Parece que IRENE RAVACHE / Teresa é dona exclusiva da sua vontade e se desloca pelo espaço cênico com muita autonomia, liberdade e naturalidade, por entre poucos móveis e muitas grandes caixas de papelão, recheadas de memórias, não reveladas, objetos à espera de serem removidos da casa, para a chegada dos seus novos proprietários, fechando-se um ciclo e começando outro, naquele imóvel. 

 

 


 

   A cenografia, acertada, é assinada por FABIO NAMATAME, que também é responsável pelo único figurino usado por IRENE, discreto, moderno e elegante, o qual guarda total afinidade com a personagem. Destaca-se, ainda, na cenografia, ao fundo, a moldura de uma janela e um extenso painel, com árvores, um toque bucólico ao cenário. Tudo isso é revelado ao público, de forma correta, pelo desenho de luz, indicado a um prêmio, criado por HIRAM RAVACHE, filho da atriz.

 

 

 

     Destacam-se, na linda e comovente interpretação de IRENE RAVACHE, com total percepção, para o espectador, a alegria e o prazer de estar representando a personagem Teresa, cuja vida é bem possível que guarde muitas semelhanças, com relação aos momentos felizes, com a da atriz. IRENE saboreia cada palavra do texto e o faz com uma dicção perfeita, atribuindo, a cada uma delas, um peso diferente. Desloca-se, pelo palco, com muita altivez e elegância, que conferem ao espetáculo uma dignidade à altura da merecida celebração. Trabalho de uma atriz de primeiríssima linha, uma das nossas “Damas do TEATRO”.





FICHA TÉCNICA:

Texto: Andréa Bassitt

Direção: Elias Andreato

 

Interpretação: Irene Ravache

 

Cenário e Figurino: Fabio Namatame

Iluminação: Hiram Ravache

Música: Daniel Grajew e George Freire

Vídeo: Paulo Arizati

Técnico de Luz: Marcio Lima

Técnico de Som: Alexandre Ramalho

Técnico de Palco e Assistente de Produção: Regilson Feliciano

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

Fotos: João Caldas Filho

Realização: Oasis Empreendimentos Artísticos

 

 

 


 


SERVIÇO:

 

Temporada: De 02 de agosto a 01 de setembro de 2024.

Local: Teatro dos 4.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 (Shopping da Gávea) – 2º piso – Gávea – Rio de Janeiro.

Telefones: (21) 2239-1095 e (21) 97309-6234.

Capacidade: 400 lugares.

Dias e Horários: 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.

Valor dos Ingressos: Inteira: R$ 140 / Meia-Entrada: R$ 70.

Vendas: Sympla (aplicativo ou “site” – com taxa de conveniência) e Bilheteria do Teatro (sem taxa de conveniência).

Atendimento Presencial (Bilheteria Física): De 2ª feira à sábado, das 14h às 20h; domingos e feriados, das 14h às 20h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.

Formas de pagamento aceitas na Bilheteria: Aceitamos todos os cartões de crédito, débito, dinheiro e PIX. Parcelamento em cartão de crédito, com juros. Não aceitamos cheques.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro dos 4 possui um totem de autoatendimento, para compras de ingressos.

Duração: 70 minutos.

Classificação Etária: 12 anos.

Gênero: Comédia Dramática.

 

 


            “ALMA DESPEJADA” é uma peça de memórias selecionadas, as boas. E provoca outras, igualmente favoráveis, nos espectadores. Foi dessa forma que regressei à minha casa, naquela noite de 09 de agosto de 2024, e completamente “surfando” nas palavras do diretor, as quais já havia lido no “release” da peça, que me havia sido enviado por STELLA STEPHANY (Assessoria de Imprensa): “A memória é assustadora, quando ela nos falta, e encantadora, quando ela nos ajuda a contar nossas histórias. Na peça, lidamos com a memória, como a personagem, sem medo de enfrentar nossos demônios e nossos momentos sonhados”. É pela, ou com a, memória que conseguimos, tentar, pelo menos, encontrar o entendimento de nossa existência. Nesse sentido, a peça é, de certa forma, um bom aprendizado para todos.

 

 


 

 

 

 

FOTOS: JOÃO CALDAS FILHO

 

 

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