“ALMA
DESPEJADA”
ou
(142 ANOS
NUM PALCO SÓ.)
ou
(DIGNIDADE
E ACERTO NUMA COMEMORAÇÃO.)
Cada um
escolhe comemorar como acha melhor e decide compartilhar a sua alegria com
outras pessoas. Quem aqui comemora é IRENE
RAVACHE. As “outras pessoas” somos nós, amantes de TEATRO. O motivo da
comemoração é duplo: 80 anos de vida, recém-comemorados, e 62 de
profissão de uma das nossas melhores atrizes, totalmente plena num
palco, como na primeira vez em que a vi em cena; faz tanto tempo, que nem
lembro. Pela reverência de que é merecedora, pelos anos de idade e de ofício,
elevo-a, com total carinho e respeito, dentro dos meus padrões de tratamento, à
categoria de “DONA”: DONA IRENE
RAVACHE.
Tal comemoração se dá no palco, concretizada num solo, chamado “ALMA DESPEJADA, com texto de ANDRÉA BASSITT, também idealizadora e produtora do projeto, e com ELIAS ANDREATO assinando a direção. O espetáculo, que, de saída, já RECOMENDO, está em cartaz no Teatro dos 4, Rio de Janeiro (VER SERVIÇO.).
SINOPSE:
A peça conta a história de Teresa
(IRENE
RAVACHE), a qual, depois de morta, faz sua última
visita à casa onde morava.
Transitando entre passado e presente, a personagem, de forma poética e bem-humorada,
rememora
sua vida de professora de classe média, apaixonada por
palavras.
Revisita histórias e pessoas importantes, como a melhor amiga (a
funcionária que trabalhou em sua casa, por
30
anos), os dois filhos e o marido, Roberto, homem simples
e trabalhador, que se tornou um empresário bem-sucedido, ascendendo
socialmente.
A montagem chega ao Rio com um certo atraso, depois de quase cinco anos de
sua estreia em São Paulo (Antes tarde do que nunca!), tendo recebido a
aprovação do público e da crítica
especializada, chegando a ganhar prêmios nas categorias “Melhor Espetáculo” e “Melhor
Atriz”. O monólogo foi escrito especialmente para IRENE, com o
objetivo de celebrar a vida e a carreira de uma das maiores, mais
talentosas e queridas atrizes do Brasil. Inteiramente à disposição da personagem, e feliz pela homenagem,
confessa ela: “Fiquei
fascinada com esse texto e sua poesia. É muito delicado e fala da memória de
uma mulher na minha faixa etária. Mesmo sabendo que a personagem está morta,
não é uma peça triste, pesada ou rancorosa e fala muito mais de vida do que de
morte. Eu adoro esse tipo de possibilidade que o TEATRO oferece. E não tenho
medo de misturar essas coisas, porque isso faz parte da vida. Nossa vida não é
linear. Ela tem essas nuances”.
É exatamente isso, embora possa parecer estranho “celebrar a morte”. Mas acontece que a proposta da peça é, primordialmente, celebrizar, solenizar, festejar o seu oposto, a vida. A morte só entra na estrutura dramatúrgica para servir de instrumento, de motivação, a fim de que a personagem possa relembrar sua trajetória tão feliz e, por isso mesmo, digna de uma comemoração, de uma festa. Sua vida foi uma perene festa. Teresa foi uma mulher realizada; na profissão e na sua vida particular. Amou e foi amada. Uma pessoa que se apaixona pelas palavras, principalmente por suas sonoridades, alguém a quem sobra tempo para tal observação, é um ser humano de boa índole, que se deixa emocionar pela face poética da vida. O texto é “pra cima”, porque se ocupa em trazer ao presente apenas momentos alegres de uma vida digna, como deveria ser a de todas as pessoas. É utópico? Certamente! Mas que mal há nisso?! Nenhum!” É TEATRO!!! E ponto final!!!
Fui ao Teatro
dos 4 na expectativa de uma outra realidade. Esperava uma encenação
sofisticada, com muita pompa, como, de regra, acontece numa celebração. E o que
vi foi um espetáculo simples, em sua estrutura, porém riquíssimo em afeto,
respeito ao espectador, poesia, lirismo, divertimento e bom gosto, o que deixa
bem claro que o importante, numa comemoração, é o que trazemos na alma, é tudo
o que está acumulado no nosso sentimento, no nosso âmago.
Para um espetáculo em que o que mais conta são o verbo (texto) e a representação (sentimentos da atriz projetados na personagem), ELIAS ANDREATO, na função de diretor não se dedicou a buscar expedientes muito elaborados e apostou na força da dramaturgia e no talento da atriz. Fiquei com a impressão de que ANDREATO, que, além de um ótimo ator, também se destaca como “regente da orquestra”, percebeu que quanto mais deixar a atriz livre, mais perto se divisava o sucesso da peça. E deu muito certo mesmo. Parece que IRENE RAVACHE / Teresa é dona exclusiva da sua vontade e se desloca pelo espaço cênico com muita autonomia, liberdade e naturalidade, por entre poucos móveis e muitas grandes caixas de papelão, recheadas de memórias, não reveladas, objetos à espera de serem removidos da casa, para a chegada dos seus novos proprietários, fechando-se um ciclo e começando outro, naquele imóvel.
A cenografia,
acertada, é assinada por FABIO NAMATAME,
que também é responsável pelo único figurino
usado por IRENE, discreto, moderno e elegante, o qual guarda total
afinidade com a personagem. Destaca-se, ainda, na cenografia, ao fundo, a moldura de uma janela e um extenso
painel, com árvores, um toque bucólico ao cenário. Tudo isso é revelado ao
público, de forma correta, pelo desenho
de luz, indicado a um prêmio, criado por HIRAM RAVACHE, filho da atriz.
Destacam-se, na linda e comovente interpretação de IRENE RAVACHE, com total percepção, para o espectador, a alegria e o prazer de estar representando a personagem Teresa, cuja vida é bem possível que guarde muitas semelhanças, com relação aos momentos felizes, com a da atriz. IRENE saboreia cada palavra do texto e o faz com uma dicção perfeita, atribuindo, a cada uma delas, um peso diferente. Desloca-se, pelo palco, com muita altivez e elegância, que conferem ao espetáculo uma dignidade à altura da merecida celebração. Trabalho de uma atriz de primeiríssima linha, uma das nossas “Damas do TEATRO”.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Andréa
Bassitt
Direção: Elias
Andreato
Interpretação:
Irene Ravache
Cenário e
Figurino: Fabio Namatame
Iluminação:
Hiram Ravache
Música: Daniel
Grajew e George Freire
Vídeo: Paulo
Arizati
Técnico de Luz:
Marcio Lima
Técnico de Som:
Alexandre Ramalho
Técnico de
Palco e Assistente de Produção: Regilson Feliciano
Assessoria de
Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
Fotos: João
Caldas Filho
Realização:
Oasis Empreendimentos Artísticos
SERVIÇO:
Temporada: De 02 de agosto a 01 de setembro de 2024.
Local: Teatro dos 4.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52
(Shopping da Gávea) – 2º piso – Gávea – Rio de Janeiro.
Telefones: (21) 2239-1095 e (21) 97309-6234.
Capacidade: 400 lugares.
Dias e Horários: 6ª feira e sábado, às 20h;
domingo, às 19h.
Valor dos Ingressos: Inteira: R$ 140 /
Meia-Entrada: R$ 70.
Vendas: Sympla
(aplicativo ou “site” – com taxa de
conveniência) e Bilheteria do Teatro (sem taxa de conveniência).
Atendimento Presencial (Bilheteria Física):
De 2ª feira à sábado, das 14h às 20h; domingos e feriados, das 14h às 20h. Em dias
de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.
Formas de pagamento aceitas na Bilheteria:
Aceitamos todos os cartões de crédito, débito, dinheiro e PIX. Parcelamento em
cartão de crédito, com juros. Não aceitamos cheques.
Autoatendimento: A bilheteria do Teatro dos
4 possui um totem de autoatendimento, para compras de ingressos.
Duração: 70 minutos.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Comédia Dramática.
“ALMA DESPEJADA” é uma peça de memórias selecionadas, as boas. E provoca
outras, igualmente favoráveis, nos espectadores. Foi dessa forma que regressei à
minha casa, naquela noite de 09 de agosto de 2024, e
completamente “surfando” nas palavras do diretor, as quais já havia lido no “release”
da peça, que me havia sido enviado por STELLA STEPHANY (Assessoria de Imprensa):
“A memória é assustadora, quando ela
nos falta, e encantadora, quando ela nos ajuda a contar nossas histórias. Na
peça, lidamos com a memória, como a personagem, sem medo de enfrentar nossos
demônios e nossos momentos sonhados”. É pela, ou com a, memória que conseguimos, tentar, pelo menos,
encontrar o entendimento de nossa existência. Nesse sentido, a peça é, de certa
forma, um bom aprendizado para todos.
FOTOS: JOÃO CALDAS FILHO
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