sexta-feira, 19 de abril de 2024

 

“SER ARTISTA”

ou

(A EMOÇÃO ME FISGOU.”

ou

(“SE ALGUÉM QUISER FAZER POR MIM, QUE FAÇA AGORA”! - 

“QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE” - NELSON CAVAQUINHO E GUILHERME DE BRITO.)

 




Numa belíssima canção, composta por Nelson Cavaquinho (melodia) e Guilherme de Brito (letra), “Quando Eu Me Chamar Saudade”, encontramos dois versos que resumem toda a sua mensagem: SE ALGUÉM QUISER FAZER POR MIM / QUE FAÇA AGORA”. Parece que, MARCUS MONTENEGRO atendeu ao pedido do letrista, quando, em parceria com Arnaldo Bloch, escreveu o livro “Ser Artista”, lançado em 2020, salvo engano, pela Editora Hapercollins. A ideia não parou no livro. REGIANA ANTONINI e MARCUS, fizeram com que a publicação se transformasse numa linda e comovente peça de TEATRO, uma adaptação livre dos autores do texto, dirigida por BETH GOULART e interpretada por LEONA CAVALLI e ANDERSON MÜLLER, em cartaz, até o dia 09 de maio, no Teatro dos 4 (VER SERVIÇO.). O espetáculo “é uma declaração de amor às grandes divas do TEATRO, uma jornada emocional e uma reflexão sobre o poder transformador da ARTE e a amizade. Uma peça que nos lembra que a vida é efêmera, mas o legado das grandes artistas é eterno.”.

 

 


 

        São 10 nomes de grandes divas do TEATRO: Nathália Timberg, Bibi Ferreira, Marília Pêra, Tônia Carrero, Rosamaria Murtinho, Zezé Motta, Irene Ravache, Camila Amado, Eva Wilma e Nicette Bruno. É bem verdade que outras tantas, talvez, como Fernanda Montenegro, Glauce Rocha, Dulcina de Moares, Cacilda Becker, Cleide Yáconis e Laura Cardoso, por exemplo, para citar apenas algumas, ficaram de fora, o que se justifica pelo fato de um dos autores do livro – MARCUS MONTENEGRO - ter-se atido àquelas que, ao logo do tempo, se tornaram, além de agenciadas por ele (MONTENEGRO TALENTS), suas amigas pessoais e, até mesmo, conselheiras. Também é certo que, infelizmente, 6 delas recebem a justa, e merecida, homenagem, na peça, “post mortem”, mas Camilla Amado e Nicette Bruno, quando do lançamento do livro, ainda viviam. Por outro lado, 4, DONAS (É com essa forma de tratamento que as reverencio, mesmo que sejam minhas amigas.) Nathália, Rosamaria, Zezé e Irene, ainda vivem, para merecer, até presencialmente, o tributo de que são merecedoras. Na noite em que assisti à peça, Rosamaria Murtinho fazia parte do público e muito se emocionou com a consagração, no palco e na plateia.

 

 

 

         O delicioso e muito bem arquitetado texto nos mostra as personagens – Sim, elas deixam de ser atrizes para virar personagens. – com suas peculiaridades. Ele nos leva a conhecer seus gostos, manias, qualidades (e “defeitinhos” também), ansiedades, projetos, visão de mundo, conceitos de “ARTE”, medos, vitórias (e “fracassinhos” também), todas com uma grande qualidade em comum: “lutaram e desbravaram o caminho, para que outras mulheres tivessem seu papel de forma ativa na sociedade, sendo valorizadas como artistas e possuindo voz para se manifestarem e conquistarem suas posições de desejo. Essas damas possuem grande representatividade e importância cultural e histórica...”.


 

 

 

SINOPSE:

Em uma noite chuvosa, no Rio de Janeiro, o agente teatral MARCUS MONTENEGRO, interpretado por ANDERSON MÜLLER, fica deslumbrado pela produção de uma peça no Teatro Copacabana Palace.

No camarim, ele encontra a icônica atriz Nathália Timberg, sem imaginar que, no futuro, ela se tornaria sua amiga e conselheira.

Assim começa uma jornada emocionante, através da vida desse agente, desde sua infância, num subúrbio carioca, até se tornar um produtor renomado.

Ao longo de sua carreira, ele é influenciado e inspirado por algumas das maiores divas do TEATRO BRASILEIRO.

Além de Nathália Thimberg, Bibi Ferreira, Marília Pêra, Tônia Carrero, Rosamaria Murtinho, Zezé Motta, Irene Ravache, Camila Amado, Eva Wilma e Nicette Bruno compartilham suas histórias, paixões e sabedoria com ele, ensinando-o sobre disciplina, informação, formação e respeito pelo TEATRO.

Cada uma dessas atrizes extraordinárias, todas interpretadas por LEONA CAVALLI, assume o papel da outra, revelando suas vidas, desafios e triunfos no palco e na vida real.

Através de depoimentos emocionantes e interpretações brilhantes, a peça celebra a força, coragem e espiritualidade das artistas que moldaram a história do nosso TEATRO.

Mas a história toma um rumo inesperado, quando um convite para um almoço especial, na casa de NICETTE BRUNO, é interrompido pela fragilidade da vida.

 


 


         É extremamente prazeroso, quando vou ao TEATRO, já com uma boa expectativa e, terminado o espetáculo, sinto que ela foi potencializada, em função do que me foi servido numa fina bandeja de prata. Foi com esse sentimento que deixei o Teatro do 4, na noite da última quarta-feira, 15 de abril de 2024. Durante 80 minutos, os espectadores, mesmo os que não têm a menor intimidade com o universo artístico, se sentem “voyeurs”, no melhor sentido do vocábulo, olhando pelo buraco de uma fechadura, invadindo a intimidade de MONTENEGRO e suas amigas, e mergulham nas vidas, paixões e desafios enfrentados por essas artistas excepcionais.

 

 

 

         Conheço o livro que deu origem à peça e percebi que sua transposição para o palco demandou um cuidadoso trabalho dramatúrgico, para conservar, em narrativa, trechos dos mais importantes da obra, feitas por ANDERSON MÜLLER, e transformar em diálogos passagens da publicação, as quais ganharam um brilho maior, principalmente graças ao magnífico trabalho da atriz LEONA CAVALLI, ao qual darei o devido destaque adiante.    

 

 

 

         Não pensem que encontrarão uma montagem luxuosa, entretanto já vão sabendo que serão apresentados a uma produção corretíssima, em que todos os elementos que entram na sua construção, estão afinados pelo mesmo diapasão, em função da competente FICHA TÉCNICA do projeto, a começar pela cenografia, econômica e perfeita, de JOSÉ DIAS, na qual não poderiam faltar as escadas, que não só são um símbolo do TEATRO de Revista, como também podem simbolizar a ascensão (e a indesejada e temida “queda”) dos artistas, em geral.

 

 


         Quanto aos figurinos, com poucos recursos, penso eu, mas esbanjando talento e bom gosto, marcas registradas do seu trabalho, KAREN BRUSTTOLIN, mais uma vez, se destaca, vestindo, de forma impecável e obedecendo às características comportamentais de cada personagem, os atores, principalmente com relação a todos os trajes utilizados por LEONA CAVALLI, na pele de cada uma das homenageadas. A iluminação, assinada por PAULO CESAR MEDEIROS, cai como uma luva para cada cena, variada e precisa. ALFREDO SERTÃ e FERNANDO OCAZIONE, responsáveis pela trilha sonora e pelo visagismo, respectivamente, são dois nomes de profissionais cujas contribuições são relevantes na peça. E o mesmo se pode dizer com relação às excelentes projeções, a cargo dos irmãos VILAROUCA (RICO e RENATO), e à direção de movimento, de DANI CAVANELLAS.

 

 


 

         De tudo, neste espetáculo, guardarei ótimas recordações, mormente com relação a duas coisas. A primeira, com total certeza, diz respeito à impecável atuação de LEONA CAVALLI, na interpretação de todas as divas. Acho que, por orientação de BETH GOULART, a qual muitos aplausos merece, por sua ótima direção, e, também, por seus predicados próprios, a partir de uma minuciosa pesquisa sobre as atrizes que representaria, não houve uma intenção de LEONA copiar, imitar, no sentido mais “latu” do significado do verbo, as personagens, porém, pela convivência que tive com quase todas elas e ainda tenho, com as vivas - mas o público, em geral, também pode perceber –, enxerguei mínimos detalhes, de expressão corporal e voz, de todas, bem distintos. A grande atriz comporta-se “camaleonicamente” nesta peça. Trata-se de uma artista que se adapta muito bem a personagens dramáticas e cômicas e a quem não poupo aplausos, quando a vejo num palco, como, por exemplo, na sua inesquecível Frida Khalo, no espetáculo “Frida Y Diego”, ao qual assisti, há dez anos, no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, e, posteriormente, no Rio, no extinto Teatro Maison de France, se não me equivoco. dividindo o palco com o ator, José Rubens Chachá, este no papel do grande amor da pintora, Diego Rivera. Tão entusiasmado e emocionado fiquei com a “performance” de LEONA CAVALLI, em “SER ARTISTA”, que cheguei a postar, numa rede social, no dia seguinte: Até o dia 9 de maio, você tem a OBRIGAÇÃO de ir ao Teatro dos 4, numa 4a ou 5a feira, às 20h, para assistir a um dos melhores espetáculos de TEATRO a que assisti, até agora, em 2024: “SER ARTISTA” (...) A ser empregado o critério da MERITOCRACIA (como, aliás, deveria ser sempre), LEONA terá que ser, no mínimo, indicada a todos os prêmios de Teatro deste ano





        A segunda lembrança é a homenagem que cabe, no espetáculo, à saudosa e queridíssima Camilla Amado, a “amada Camilla”, uma das melhores criaturas que já conheci no TEATRO, como pessoa e profissional, uma amiga que deixou muita saudade, em mim e numa legião de amigos e fãs. Fiquei muito tocado, quando ouvi falar dela, vi sua imagem projetada, no fundo do cenário e ouvi trechos ditos por ela, em gravação.

 

 

 

         A peça oferece mais condições de destaque para o trabalho da atriz, entretanto seu brilho está na dependência direta da atuação de seu colega de cena, ANDERSON MÜLLER, no caso, o qual interpreta o personagem MARCUS MONTENEGRO, como narrador, na maior parte da encenação, e nos diálogos com as personagens femininas. Em ambas as posições, MÜLLER se apresenta elegantemente e centrado no personagem, deixando bem clara a admiração que “Marquinhos” tinha, e ainda tem, por todas aquelas fabulosas mulheres. Felicito, efusivamente, o casal de atores.

 

 


 

FICHA TÉCNICA:

Autores: Regiana Antonini e Marcus Montenegro
Concepção e Direção: Beth Goulart

Elenco: Leona Cavalli e Anderson Müller

Cenografia : José Dias
Assistente de Cenografia: Talita Gomes
Figurino: Karen Brusttolin
Iluminação: Paulo César Medeiros
Trilha Sonora: Alfredo Sertã
Visagismo: Fernando Ocazione
Projeção: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Preparação Vocal: Rose Gonçalves
Direção de Movimento: Dani Cavanellas
Assistência de Direção: Verônica Rocha
Direção de Produção: Marcus Montenegro
Produção Executiva: Karina Alaor Gestão
Administrativa e Financeira: Karla Abinader
Assistência de Produção: Fernanda Cardoso e Alex Palmeira
Cenotécnico: José Galdino – Pará
Técnico de Som/Projeção: Paulo Mendes
Técnico de Luz: Mário Júnior
Diretor de Palco do Teatro : Alessandro Santos
Contrarregra : Luciano Ribeiro
Camareira: Nalva Aparecida da Silva
Assessoria de Imprensa: Julyana Caldas – JC Assessoria de Imprensa
“Marketing” Cultural: Gheu Tibério
Programação Visual: Vitor Machado
Fotografia: Edu Rodrigues
Realização: Montenegro Talents

 

 


 





 


 

SERVIÇO:

Temporada: De 06 de março a 09 de maio de 2024.

Local: Teatro dos 4.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 (Shopping da Gávea – 2º piso) – Gávea – RJ.
Tel. (21) 2239-1095.
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs feiras, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 80 (inteira) e / R$ 40 (meia-entrada).

Vendas “on-line”: Sympla (ou na bilheteria do Teatro).
Duração: 80 minutos.
Classificação Etária: 14 anos.
Gênero: COMÉDIA Dramática

 


 

 

Quem for ao Teatro dos 4, o que, aliás, EU RECOMENDO MUITO, por ter sido um dos melhores espetáculos a que já assisti neste primeiro semestre de 2024, testemunhará uma linda, digna e merecida homenagem a essas mulheres icônicas e matará a saudade em relação àquelas que já se foram. Além disso, verá que a peça ensina, às novas gerações, a importância que elas tiveram, tanto na área artística quanto no pioneirismo brasileiro, na luta pelo feminismo.

 

 

Para encerrar estes emocionados comentários, selecionei uma das frases de MARCUS MONTENEGRO, retiradas do “release”, que recebi da assessoria de imprensa: “A peça é o meu último grito, é para alertar. Esse espetáculo veio para homenagear as mulheres com quem eu trabalhei e trabalho. E, principalmente, mostrar, para a sociedade e para a classe artística, o legado que elas deixaram, com a construção de um trabalho sólido e sério, através das suas produções teatrais. É o último grito para essa geração que está chegando se inspirar no que há de melhor e consistente, para como construir uma carreira sólida no mundo da atuação.”.


 

 

FOTOS: EDU RODRIGUES

 

 

GALERIA PARTICULAR:

 


Com meu querido amigo Marcus Montenegro.

 

 

VAMOS AO TEATRO!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!

RESISTAMOS SEMPRE MAIS!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!


























































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