“ORDINÁRIOS”
ou
(EXTRAORDINÁRIOS)
ou
(UMA BELA
FÁBULA
SOBRE A GUERRA.)
Está em
cartaz, na Arena do SESC Copacabana, para uma curta temporada, “ORDINÁRIOS”, a mais recente produção
da Cia. LaMínima, cujo trabalho
admiro profundamente. Assisti ao espetáculo na última 5ª feira, dia 07 de março de 2023,
e, de antemão, já recomendo a peça. A montagem tem
roteiro de NEWTON MORENO, ALVARO ASSAD e LaMÍnima, com direção
e preparação
mímica de ALVARO ASSAD,
trazendo, no elenco, FERNANDO PAZ, FERNANDO SAMPAIO e FILIPE
BREGANTIM. O espetáculo é inédito no Rio de Janeiro e mistura linguagens - TEATRO, circo, mímica e mágica - tudo com muito bom humor.
SINOPSE:
Em
algum lugar, três soldados – um valentão, outro atrapalhado e outro que quer
desistir, antes de começar – formam um pelotão improvável e vivem a experiência
de cumprir uma importante missão de guerra.
Na espera de um comando,
esmeram-se em treinamentos, até, finalmente, receber a missão, “meio
suicida”, de invadir o território inimigo, para resgatar um superior.
Apavorados e sem nenhuma
estratégia, avançam.
Aos poucos, aparecem os segredos
que um esconde do outro e o quanto os três são inadequados para o mundo da
guerra.
Conforme
avançam pelo território inimigo, entre tretas e tropeços, vai ficando evidente
a inadequação do trio para o mundo da guerra.
A COMÉDIA
discute, de forma leve e bem humorada, os absurdos da guerra.
Afinal, quem é adequado para a guerra?
Para
a minha tristeza, parece-me que os cariocas, os quais, infelizmente, não
cultivam muito o hábito de ir ao TEATRO – pelo menos são bem menos
assíduos do que os paulistanos, por exemplo - não conhecem bem a Cia. LaMínima, com sede em São Paulo,
ou têm a memória curta. Ela foi fundada
há 27 anos, pelo saudoso DOMINGOS MONTAGNER e FERNANDO SAMPAIO, e já
esteve várias vezes por aqui. Trata-se de um grupo circense e traz, em seu repertório, atualmente, 17 espetáculos, sendo detentora de muitos prêmios de TEATRO.
É sempre muito prazeroso assistir a uma excelente
COMÉDIA, ainda mais quando é apresentada por uma Cia. do quilate da LaMínima.
O espetáculo funde as linguagens
de TEATRO, circo, mímica
e mágica, as quais, via de
regra, agradam a todos, crianças e adultos. A propósito, julgo excessiva a
indicação etária de 14 anos.
Qualquer criança de hoje, que vive grudada às telas, pode, e deve, assistir a
esta peça, talvez a partir dos 10 anos.
O primeiro espetáculo da LaMínima
foi montado em 1997, “LaMínima
Cia. de Ballet”, “calcado no humor físico e nas clássicas
paródias acrobáticas. (...) Seguindo a tradição circense, a busca de
conhecimento e aperfeiçoamento técnico e artístico, continuou acompanhando a
construção de seu repertório, atualmente com 17 espetáculos concebidos”,
com uma bela trajetória em festivais de TEATRO e circo, nacionais
e internacionais. O LaMínima é
também fundador do Circo Zanni, coletivo que busca revitalizar a importância dos
circos de pequeno e médio porte na vida cultural das cidades. Como sou apaixonado
por circo, não perco nenhuma produção do grupo. Atualmente, a Cia. tem, em seu elenco e na equipe
criativa, FERNANDO SAMPAIO, FERNANDO PAZ e FILIPE BREGANTIM.
É
preciso que se diga que o tema da peça é atemporal e universal, e muito relevante e significativo, lamentavelmente,
nos dias de hoje, quando somos testemunhas de tanta barbaridade, vendo
verdadeiros crimes sendo cometidos, principalmente nas guerras entre Rússia e Ucrânia e entre Israel
e os membros do Hamas, ambas
tirando a vida de inocentes da população civil, mormente mulheres e crianças. Uma estupidez inaceitável as duas! Aliás, qualquer guerra. Mas não
podemos nos esquecer – e o “release”
da peça, chegado a mim via STELLA STEPHANY (assessoria de imprensa), nos lembra muito bem – de que
existem outros tipos de “guerra”,
como a que vivenciamos, no Brasil,
durante o período pré-eleitoral, iniciada em 2018 e que se estende até hoje, entre “dois ‘países em
guerra’, dentro no mesmo território”, uma polarização jamais vista no Brasil. E é aí que chega o LaMínima, para nos oferecer uma
oportunidade de rir destes homens entregues a uma guerra que nem sabem quem começou
nem por quê. “O riso é nossa arma
política e nos permite atacar o incômodo, o ridículo da guerra, de uma forma
divertida e poética. E no caso da peça, através de nossos três palhaços, seres
ineptos, não vocacionados, engolidos pela máquina-guerra. São três soldados à
espera de uma batalha que não é deflagrada. A tensão da espera nos faz refletir
sobre que sociedade é esta que vive preparando-se para o ‘embate’, gastando
recursos e tempo para o extermínio”, reflexão precisa de NEWTON
MORENO. Isso faz com que uma
temática tão dura, séria e sofrida, como a guerra, que tinha tudo para ser trágica
e nos fazer deixar o Teatro “para baixo”, produza um efeito totalmente contrário, servindo de gatilho
para risos e gargalhadas, provocadas pelos três “clowns”, os quais transformam o palco em picadeiro. O trio
lembra muito “Os Três Patetas”
e “Os Irmãos Marx”. Aqueles,
no cinema; estes, no cinema, na televisão e no TEATRO. Também não há como não enxergar, nos três ARTISTAS do LaMínima, detalhes que lembram um pouco "Os Trapalhões", os quais faziam muitos esquetes com a temática do quartel e das guerras.
A perceptível originalidade do espetáculo já começa
no título. O vocábulo “ORDINÁRIOS” pode ser decodificado aqui de duas
maneiras distintas, embora ainda comporte outras, não aplicáveis, no caso: no
sentido de “tosco”, “desprezível”, “imprestável” ou “que não tem destaque algum nem a menor
serventia”, em relação à a inépcia do trio para guerrear; ou pode
remontar a uma interjeição,
usada como voz de comando, para que as tropas marchem a passo regular,
frequente – “Ordinários, marchar!”.
Associada à ARTE de interpretar, do TEATRO, destaca-se, nesta montagem,
tudo o que está relacionado à nobre ARTE
da palhaçaria, que tanto
me encanta e me faz voltar à infância, todas as vezes que vou a um circo.
Confesso, sem a menor vergonha (E por
que deveria ter?): o que mais me atrai a esse tipo de espetáculo é a atuação
dos palhaços.
Uma informação que pode servir de incentivo
a que assistam à peça é que ela está em cartaz desde 2018, em São Paulo -
capital e interior –, já tendo participado também dos festivais “Sesc
Festclown” (Brasília/DF – 2021); “Janeiro Brasileiro da Comédia” (São José do
Rio Preto/SP – 2020); “Festival Recife do Teatro Nacional”
(Recife/PE – 2019); “Encontro de
Palhaços em Todo Lugar”, Sesc Ribeirão Preto (SP/2019); “14º
Festival Palco Giratório (Porto Alegre/RS – 2019); e “CIRCOS
- Festival Internacional Sesc de Circo” (São Paulo/SP – 2019). Em todos
os lugares a que chega, a Cia. LaMínima
recebe elogios do público e da crítica local, porque são muito merecedores disso.
A
montagem é bem simples, provando que “o menos pode ser mais”, que é melhor
o “menos”
bem feito do que o “mais” “equivocado” (Um “eufemismozinho”,
para combinar com o tom suave da encenação.) A narrativa é de fácil
assimilação por qualquer pessoa. O texto, tanto o verbal quanto o não-verbal,
fluiu sem encontrar obstáculos, e a interpretação do trio de artistas é
formidável, assim como a direção do espetáculo. Sobre isso, notei o que acho
ter sido uma preocupação do diretor, que funciona muito bem, nas marcações de várias cenas.
Como os três atores/palhaços são de estaturas bem distintas – um bem
alto, um baixo e outro mais baixo ainda -, parece-me ter havido o
cuidado de colocá-los sempre em posição do maior para o menor, ou vice-versa,
um detalhe tão simples, mas que já é engraçado naturalmente. Ademais, todos são
grandes artistas e não encontro destaque em nenhum deles, uma vez que os três se
comportam impecavelmente em suas atuações.
Os artistas de criação, que estão na FICHA TÉCNICA abaixo (cenografia, figurinos, iluminação, adereços e visagismo) contribuem, bem positivamente,
para a boa qualidade da montagem.
FICHA TÉCNICA:
Concepção: Alvaro Assad, Fernando
Paz, Fernando Sampaio e Filipe Bregantim
Roteiro: Newton Moreno, Alvaro Assad
e LaMínima
Direção e Preparação Mímica: Alvaro Assad
Elenco: Fernando Paz, Fernando
Sampaio e Filipe Bregantim
Assistência de Dramaturgia: Almir
Martines
Direção Musical e Música Original:
Marcelo Pellegrini
Cenografia: LaMínima
Figurino: Carol Badra
Iluminação: Marcel Alani
Adereços: Dario França, Juciê Batista e Reticências
Visagismo: Carol Badra
Assessoria Técnica de Magia: Ricardo Malerbi
Operação de Som: Luana Alves
Operação de Luz: Marcel Alani
Direção de Produção: Luciana Lima
Produção Executiva: Priscila Cha
Produção e Administração: Chai Rodrigues
Assistência de Produção: Vanessa Zanola
Supervisão Geral: Fernando Sampaio
Fotos: Carlos Gueller e Paulo Barbuto
Realização: Sesc RJ e LaMínima
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
Temporada:
De 1º a 24 de março de 2024.
Local:
SESC Copacabana (Arena).
Endereço:
Rua Domingos Ferreira, nº 160, Copacabana – Rio de janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a
domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$ 7,50
(associado Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira).
Horário de funcionamento da
Bilheteria: De 3ª a 6ª feira, das 9h às 20h; sábados, domingos e
feriados, das 14h às 20h.
Duração: 70 minutos.
Classificação Indicativa: 14
anos.
Gênero: COMÉDIA.
Muito a contragosto, não posso deixar de registrar – pela primeira vez faço isso numa crítica, e espero que seja a única – que não saí totalmente feliz da Arena do SESC Copacabana por um motivo muito simples e deplorável: a plateia, embora reagisse magnificamente bem às piadas, era pequena, muito menos do que um grupo de excelentes artistas como os da Cia. LaMínima merece. A alegria de poder reencontrar a ARTE de FERNANDO & FERNANDO & FILIPE, um trio de magníficos representantes do circo e do TEATRO, compensou a minha decepção com o público carioca. Vou repetir: RECOMENDO MUITO O ESPETÁCULO.
FOTOS: CARLOS GUELLER
E
PAULO BARBUTO
VAMOS AO TEATRO!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!
RESISTAMOS SEMPRE MAIS!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE,
JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário