terça-feira, 26 de abril de 2022

 

 “INTIMIDADE

INDECENTE”

ou

(DA ARTE

DE SE FAZER

UMA BOA COMÉDIA.)

ou

(DE “INTIMIDADE”, TUDO;

DE “INDECENTE”, SERÁ?)



       Depois de já ter assistido a duas montagens de “INTIMIDADE INDECENTE”, de LEILAH ASSUMPÇÃO, tive a oportunidade de conferir mais uma, com direção de GUILHERME LEME GARCIA, com dois dos melhores intérpretes de TEATRO do Brasil: ELIANE GIARDINI e MARCOS CARUSO, no Teatro dos 4, Shopping da Gávea (VER SERVIÇO), graças ao convite a mim feito por STELLA STEPHANY (JSPONTES ASSESSORIA E COMUNICAÇÃO – JOÃO PONTES E STELLA STEPHANY).



      Sabe quando se vai a um Teatro já com a certeza de que sairá de lá muito satisfeito com o que viu? Sabe quando a expectativa é a melhor possível? Isso é ótimo, não é? Melhor, ainda, é quando isso acontece num nível muito superior ao que já era esperado. Eu já conhecia o texto, que adoro; sou um grande admirador do GUILHERME, como ator e diretor; e, para encerrar, pelo que já disse sobre eles, não poderia esperar nada que desabonasse o trabalho da dupla de protagonistas, pelos quais tenho o maior respeito, por suas trajetórias profissionais.



     Não é preciso escrever muito, para convencer os que me leem de que seria uma pena, irreparável, se deixassem de assistir a essa deliciosa COMÉDIA, daquelas que levam o público a rir à farta, durante uma hora e meia de espetáculo, menos na cena final, que é uma surpresa e, como tal, não vou dar “spoiler”; fica para cada um de vocês saber “in loco”.




SINOPSE:

MARIANO (MARCOS CARUSO) e ROBERTA (ELIANE GIARDINI) formam um casal sessentão, desgastado pela mesmice da rotina.

O desejo esfriou, o sexo falta e a implicância mútua sobra.

Ávidos por novas experiências, entendem que não há mais o que justifique que os dois permaneçam juntos. 

Acontece que, como num “efeito bumerangue”, a vida insiste em devolver um ao outro.

E é nessas idas e vindas que, aos poucos, os dois descobrem-se os maiores cúmplices.

Um sentimento, ainda vivo e sólido, faz com que se entendam mais do que com qualquer outra pessoa de fora.

Assim, conforme os anos vão passando, resistem, cada vez menos, à presença do outro, em sua vida, novamente.





    Esta peça é o tipo daqueles “trunfos”, da “carta que os produtores guardam na manga do paletó”, para pôr em cena, quando falta opção ou se deseja remontar um texto de extrema qualidade, a fim de atingir a outras plateias, mais novas ou que ainda não tiveram a oportunidade de assistir à peça, escrita em 2002, que continua, porém, tão atual e com um quê de universalidade. Talvez esses dois fatores sejam os responsáveis maiores pelo sucesso que a peça faz, no Brasil e em tantos países em que foi, e é ainda, encenada.



LEILAH é uma das nossas melhores dramaturgas, com mais de 40 anos de atividade, muito conhecida, pelo público do TEATRO, “por voltar sua atenção, em especial, aos temas dedicados à mulher e à sua situação na sociedade”. Suas obras exploram, a fundo, a falta de questionamento feminino, por parte da própria mulher, além de criticar a composição da sociedade moderna e capitalista, na qual o mais importante são o dinheiro e as aparências. Um de seus maiores acertos é o talento para compor uma galeria de personagens femininas densas, empregando esta ótica para flagrar os conflitos sociais e os jogos de poder. Isso está presente em tantas de suas memoráveis peças, como “Fala Baixo, Senão Eu Grito” (1969), “Jorginho, o Machão” (1970), “Roda Cor de Roda” (1975), “Vejo Um Vulto Na Janela, Me Acudam Que Eu Sou Donzela”, escrita em1964, porém só encenada, pela primeira vez, em 1979, por ter sido censurada pela ditadura militar. Por falar nisso, é bom que saibam que LEILAH, segundo o grande e saudoso crítico teatral Yan Michalski, o que eu ratifico, foi “uma das personalidades mais fortes da geração de autores que veio à tona no fim dos anos 60 e, também, uma das mais censuradas, nos anos do regime autoritário”. LEILAH “criou alguns dos mais fortes personagens femininos da dramaturgia nacional dessas duas décadas; personagens que defendem altivamente os seus direitos e a sua condição de mulheres, através de uma linguagem na qual a veemência, o colorido coloquial e o humor se fundem, para criar uma poética muito pessoal”, acrescenta Michalski.



Extraída, do “release”, que me foi enviado por STELLA STEPHANY, a seguinte frase, sobre LEILAH: “Atualmente, confessa que, apesar de toda esta trajetória de sucessos, foi com ‘INTIMIDADE INDECENTE’ que se sentiu amada pelo público pela primeira vez.”. LEILAH, você nunca soube nem me conhece, mas eu sempre a amei; e continuo amando-a. Assisti a quase todas as suas peças e gosto de todas.



“INTIMIDADE INDECENTE” já mereceu os aplausos de milhares de espectadores, mundo afora e acaba de ter feito uma vitoriosa temporada em Portugal, onde foi vista por 22.000 pessoas, em seis cidades, durante dois meses e meio.



Na atual montagem, chamam-me, bastante, a atenção alguns detalhes, como a excelente direção, que abre mão de elementos de cena, cenografia, de AURORA DOS CAMPOS, utilizando, apenas, como cenário, um enorme sofá branco, sobre um tapete, e algumas almofadas. E eu pergunto: Precisava de mais alguma coisa, se lá estão o texto de LEILAH e um casal de magníficos atores? GUILHERME demonstrou inteligência e uma imensa sabedoria, “jogando nos ombros” de GIARDINI E CARUSO a tarefa de “levar a peça”. O diretor mergulhou nas entrelinhas que há nas DRs e em todos os encontros e desencontros do casal e me passou a impressão de que a direção foi “feita por telepatia” ou os atores trabalharam com um diretor “calado” e eles é que penetravam na mente do diretor e se diziam: É isso o que ele quer. E assim que ele quer que a gente faça. Uma afinação total entre o diretor e os atores.  



       A opção de GUILHERME, por fazer o casal envelhecer sem a utilização de maquiagem ou troca de figurinos, sem sair de cena, contando, apenas, com a iluminação, bem ajustada, de TOMÁS RIBAS, para marcar as mudanças de tempo e as cenas em que os dois personagens fazem um solilóquio ou quebram a quarta parede, dirigindo-se, diretamente, ao público, do proscênio, é um dos pontos altos da peça, da mesma forma como é um grande desafio para os atores, os quais contaram com um trabalho perfeito de direção de movimento, de TONI RODRIGUES, na “evolução/involução” de posturas corporais. Muitos aplausos para o TONI! Com as devidas orientações “os dois atores constroem o envelhecimento de seus personagens, valendo-se, basicamente, do seu trabalho de interpretação”. E que trabalho! São passados trinta anos, MARIANO e ROBERTA “envelhecem” em cena, repito, com perfeitas mudanças físicas e vocais.



        Não cabe a atores e atrizes escolher com quem contracenar ou demonstrar um interesse maior em dividir o palco com alguém, entretanto, não podemos deixar de perceber – mas os DEUSES DO TEATRO entendem isso – que há profissionais que apresentam, entre si, uma “química perfeita”, como uma dupla de vôlei de praia, bem entrosada e treinada, quando os dois jogadores devem dominar tanto a defesa quanto a armação do ataque. E marcar pontos. O estado de consonância, em cena, entre CARUSO e GIARDINI é algo comovente, principalmente para quem pertence ao meio, quem é da classe, e pode avaliar isso melhor que um leigo. Alternam-se os momentos em que “um levanta a bola para que o outro corte”. O texto é dito com tanta fluência, tanta naturalidade, tanta “verdade”, que “não parece TEATRO”. São merecidíssimos os prolongados aplausos, de pé, à dupla, e os gritos de “BRAVO!”, ao final da peça, sem falar nos aplausos em cena aberta, a um ou a outro, em vários momentos.



     Enquanto, após a sessão, fico aguardando os amigos do elenco ou da produção, para cumprimentá-los, gosto muito de ficar observando a reação das pessoas, ao sair do Teatro, e seus comentários. Que alegria ter testemunhado uma unanimidade. As pessoas diziam coisas interessantíssimas, umas às outras, rasgavam largos elogios sobre os atores, sobre o texto, inclusive, revelando pontos de identificação com alguma coisa da peça, algum problema discutido, quando não o texto inteiro. Assim como eu, que já assisti à peça três vezes, com elencos diferentes, contando com aquela noite, ouvi uma mulher muiro "empolgada", dizendo que já estava assistindo àquela montagem pela quarta vez e que sempre levava algumas pessoas com ela. E mais: que pretendi voltar ao Teatro dos 4 outras vezes. Isso é muito lindo e gratificante de se ouvir e de se ver!



Ainda que definida como uma COMÉDIA ROMÂNTICA, com um tão aguardado “happy end”, “INTIMIDADE INDECENTE", "na contramão das comédias românticas mais tradicionais, começa no episódio da separação de um casal por volta dos 60 anos de idade”. O espetáculo já começa com algo, digamos, "inusitado"



        Um casal que se separa, na casa dos 60 anos, com filhos adultos, casados, e netos, mas que volta a se reencontrar, “por conta das necessidade e/ou carências”, sazonalmente, por coincidência (Será?), de dez em dez anos, por três décadas. “Por força das circunstâncias”, um casamento termina, entretanto a separação não dá certo. Ambos pensaram numa coisa, porém “se esqueceram de combinar com os russos”, como, numa "Copa do Mundo", o grande craque Garrincha perguntou ao treinador da seleção brasileira de futebol, depois de ouvir sua tática e sua preleção. ELIANE GIARDINI está corretíssima, quando afirma que a afinidade do casal é “tão grande, que continua junto pro resto da vida, independentemente do estado civil ou da condição geográfica”.



     Todos os que foram ao Teatro dos 4 e os que ainda irão conhecem ELIANE e CARUSO, seus excelentes trabalhos, sua carreira artística, pela televisão, a maior parte do público, entretanto, vendo-os num palco, redobram sua admiração por ambos. Faz-se desnecessário, portanto, traçar o currículo dos dois. Além da TV e do TEATRO, também estão sempre "assinando o ponto" no cinema, e são premiados nessas três mídias. O mesmo se aplica a GUILHERME LEME GARCIA. Ultimamente, GUI tem se dedicado muito mais a dirigir do que a atuar. É uma escolha dele, que me agrada bastante, uma vez que, apesar de aplaudi-lo como ator, rendo-lhes maiores homenagens à frente de um elenco, dirigindo. A relação de espetáculos dirigidos por ele, nos últimos anos, é grande e vitoriosa.



   Durante todo o decorrer do espetáculo, nossos ouvidos são presentados com uma deliciosa trilha sonora, assinada por ALINE MEYER, responsável pela direção musical.

         

 


 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Leilah Assumpção

Direção: Guilherme Leme Garcia

 

Elenco: Eliane Giardini e Marcos Caruso

 

Direção de Movimento: Toni Rodrigues

Cenografia: Aurora dos Campos

Luz: Tomás Ribas

Direção Musical: Aline Meyer

Fotografia e Vídeos: Dudu Chamon

Fotos: Dudu Chamon, Luciana Mesquita e Ricardo Barjterman

Mídias Sociais: Imersa

Produção: Plano 6 e Bem Legal Produções

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany


 







SERVIÇO:

Temporada: de 07 de abril até 29 de maio de 2022.

Local: Teatro dos 4.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52 – Gávea – Rio de Janeiro (Shopping da Gávea, 2º piso).    

Telefone: (21) 2239-1095

Dias e Horários: de 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 19h.

Valor dos Ingressos: 5ª feira = R$90,00 e R$45,00 (meia entrada); 6ª feira, sábado e domingo = R$100,00 e R$50,00 (meia entrada).

Onde Comprar: https://www.sympla.com.br ou na bilheteria do Teatro dos 4.

Capacidade: 402 espectadores.

Duração: 90 minutos.

Classificação Indicativa: 14 anos.

Gênero: Comédia Romântica

 

 


     Numa relação das melhores peças em cartaz, no Rio de Janeiro, no momento, “INTIMIDADE INDECENTE”, sem a menor sombra de dúvidas, tem o seu lugar garantido. É uma diversão “de luxo”! Assistir a um espetáculo dessa qualidade é saber valorizar cada centavo investido na compra de um ingresso. Mas é preciso dizer – e, aqui, vou repetir alguns versos do saudoso Billy Blanco – que “O que dá pra rir dá pra chorar / Questão só de peso e medida / Problema de hora e lugar / Mas isso são coisas da vida / O que dá pra rir dá pra chorar.”. Vão preparados!



 

FOTOS: DUDU CHAMON,

LUCIANA MESQUITA

E

RICARDO BRAJTERMAN.

 

 

 

 





E VAMOS AO TEATRO,

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