“INTIMIDADE
INDECENTE”
ou
(DA ARTE
DE SE FAZER
UMA BOA COMÉDIA.)
ou
(DE “INTIMIDADE”, TUDO;
Depois de já ter assistido a duas montagens de “INTIMIDADE
INDECENTE”, de LEILAH ASSUMPÇÃO, tive a oportunidade de conferir
mais uma, com direção de GUILHERME LEME GARCIA, com dois dos melhores
intérpretes de TEATRO do Brasil: ELIANE GIARDINI e MARCOS
CARUSO, no Teatro dos 4, Shopping da Gávea (VER SERVIÇO),
graças ao convite a mim feito por STELLA STEPHANY (JSPONTES ASSESSORIA E
COMUNICAÇÃO – JOÃO PONTES E STELLA STEPHANY).
Sabe quando se vai a um Teatro já com a certeza de que
sairá de lá muito satisfeito com o que viu? Sabe quando a expectativa é a melhor
possível? Isso é ótimo, não é? Melhor, ainda, é quando isso acontece num nível
muito superior ao que já era esperado. Eu já conhecia o texto, que
adoro; sou um grande admirador do GUILHERME, como ator e diretor;
e, para encerrar, pelo que já disse sobre eles, não poderia esperar nada que
desabonasse o trabalho da dupla de protagonistas, pelos quais tenho o
maior respeito, por suas trajetórias profissionais.
Não é preciso escrever muito, para convencer os que me leem
de que seria uma pena, irreparável, se deixassem de assistir a essa deliciosa
COMÉDIA, daquelas que levam o público a rir à farta, durante uma hora e
meia de espetáculo, menos na cena final, que é uma surpresa e, como tal,
não vou dar “spoiler”; fica para cada um de vocês saber “in
loco”.
SINOPSE:
MARIANO (MARCOS CARUSO) e ROBERTA
(ELIANE GIARDINI) formam um casal sessentão, desgastado pela mesmice da
rotina.
O desejo esfriou, o sexo falta e a
implicância mútua sobra.
Ávidos por novas experiências,
entendem que não há mais o que justifique que os dois permaneçam juntos.
Acontece que, como num “efeito
bumerangue”, a vida insiste em devolver um ao outro.
E é nessas idas e vindas que, aos
poucos, os dois descobrem-se os maiores cúmplices.
Um sentimento, ainda vivo e sólido,
faz com que se entendam mais do que com qualquer outra pessoa de fora.
Assim, conforme os anos vão passando,
resistem, cada vez menos, à presença do outro, em sua vida, novamente.
Esta peça é o tipo daqueles “trunfos”,
da “carta que os produtores guardam na manga do paletó”, para pôr
em cena, quando falta opção ou se deseja remontar um texto de extrema
qualidade, a fim de atingir a outras plateias, mais novas ou que ainda não
tiveram a oportunidade de assistir à peça, escrita em 2002, que
continua, porém, tão atual e com um quê de universalidade. Talvez esses dois
fatores sejam os responsáveis maiores pelo sucesso que a peça faz, no Brasil
e em tantos países em que foi, e é ainda, encenada.
LEILAH
é uma das nossas melhores dramaturgas, com mais de 40 anos de atividade, muito
conhecida, pelo público do TEATRO, “por voltar sua atenção, em
especial, aos temas dedicados à mulher e à sua situação na sociedade”. Suas
obras exploram, a fundo, a falta de questionamento feminino, por parte da
própria mulher, além de criticar a composição da sociedade moderna e
capitalista, na qual o mais importante são o dinheiro e as aparências. Um de
seus maiores acertos é o talento para compor uma galeria de personagens
femininas densas, empregando esta ótica para flagrar os conflitos sociais e os
jogos de poder. Isso está presente em tantas de suas memoráveis peças,
como “Fala Baixo, Senão Eu Grito” (1969), “Jorginho, o
Machão” (1970), “Roda Cor de Roda” (1975), “Vejo Um Vulto Na Janela, Me Acudam Que Eu Sou Donzela”, escrita em1964,
porém só encenada, pela primeira vez, em 1979, por ter sido censurada
pela ditadura militar. Por falar nisso, é bom que saibam que LEILAH,
segundo o grande e saudoso crítico teatral Yan Michalski,
o que eu ratifico, foi “uma das personalidades mais fortes da geração de
autores que veio à tona no fim dos anos 60 e, também, uma das mais censuradas,
nos anos do regime autoritário”. LEILAH “criou alguns dos
mais fortes personagens femininos da dramaturgia nacional dessas duas décadas;
personagens que defendem altivamente os seus direitos e a sua condição de
mulheres, através de uma linguagem na qual a veemência, o colorido coloquial e
o humor se fundem, para criar uma poética muito pessoal”, acrescenta Michalski.
Extraída, do “release”, que me foi enviado por STELLA STEPHANY, a seguinte frase, sobre LEILAH: “Atualmente, confessa que, apesar de toda esta trajetória de sucessos, foi com ‘INTIMIDADE INDECENTE’ que se sentiu amada pelo público pela primeira vez.”. LEILAH, você nunca soube nem me conhece, mas eu sempre a amei; e continuo amando-a. Assisti a quase todas as suas peças e gosto de todas.
“INTIMIDADE INDECENTE” já mereceu os aplausos de milhares de espectadores, mundo afora e acaba de ter feito uma vitoriosa temporada em Portugal, onde foi vista por 22.000 pessoas, em seis cidades, durante dois meses e meio.
Na atual montagem, chamam-me, bastante, a
atenção alguns detalhes, como a excelente direção, que abre mão de
elementos de cena, cenografia, de AURORA DOS CAMPOS, utilizando,
apenas, como cenário, um enorme sofá branco, sobre um tapete, e algumas
almofadas. E eu pergunto: Precisava de mais alguma coisa, se lá estão o texto
de LEILAH e um casal de magníficos atores? GUILHERME
demonstrou inteligência e uma imensa sabedoria, “jogando nos ombros”
de GIARDINI E CARUSO a tarefa de “levar a peça”. O diretor
mergulhou nas entrelinhas que há nas DRs e em todos os encontros
e desencontros do casal e me passou a impressão de que a direção foi “feita
por telepatia” ou os atores trabalharam com um diretor “calado”
e eles é que penetravam na mente do diretor e se diziam: É isso o
que ele quer. E assim que ele quer que a gente faça. Uma afinação
total entre o diretor e os atores.
A
opção de GUILHERME, por fazer o casal envelhecer sem a utilização de maquiagem
ou troca de figurinos, sem sair de cena, contando, apenas, com a iluminação,
bem ajustada, de TOMÁS RIBAS, para marcar as mudanças de tempo e as
cenas em que os dois personagens fazem um solilóquio ou quebram a
quarta parede, dirigindo-se, diretamente, ao público, do proscênio,
é um dos pontos altos da peça, da mesma forma como é um grande desafio
para os atores, os quais contaram com um trabalho perfeito de direção
de movimento, de TONI RODRIGUES, na “evolução/involução” de
posturas corporais. Muitos aplausos para o TONI! Com as devidas orientações “os dois atores constroem
o envelhecimento de seus personagens, valendo-se, basicamente, do seu trabalho
de interpretação”. E que trabalho! São passados trinta anos, MARIANO
e ROBERTA “envelhecem” em cena, repito, com perfeitas mudanças
físicas e vocais.
Não
cabe a atores e atrizes escolher com quem contracenar ou
demonstrar um interesse maior em dividir o palco com alguém, entretanto, não
podemos deixar de perceber – mas os DEUSES DO TEATRO entendem isso – que
há profissionais que apresentam, entre si, uma “química perfeita”,
como uma dupla de vôlei de praia, bem entrosada e treinada, quando os dois
jogadores devem dominar tanto a defesa quanto a armação do ataque. E marcar
pontos. O estado de consonância, em cena, entre CARUSO e GIARDINI
é algo comovente, principalmente para quem pertence ao meio, quem é da classe,
e pode avaliar isso melhor que um leigo. Alternam-se os momentos em que “um
levanta a bola para que o outro corte”. O texto é dito com tanta
fluência, tanta naturalidade, tanta “verdade”, que “não
parece TEATRO”. São merecidíssimos os prolongados aplausos, de pé, à dupla, e os
gritos de “BRAVO!”, ao final da peça, sem falar nos
aplausos em cena aberta, a um ou a outro, em vários momentos.
Enquanto, após a sessão, fico aguardando os amigos do elenco ou da produção, para cumprimentá-los, gosto muito de ficar observando a reação das pessoas, ao sair do Teatro, e seus comentários. Que alegria ter testemunhado uma unanimidade. As pessoas diziam coisas interessantíssimas, umas às outras, rasgavam largos elogios sobre os atores, sobre o texto, inclusive, revelando pontos de identificação com alguma coisa da peça, algum problema discutido, quando não o texto inteiro. Assim como eu, que já assisti à peça três vezes, com elencos diferentes, contando com aquela noite, ouvi uma mulher muiro "empolgada", dizendo que já estava assistindo àquela montagem pela quarta vez e que sempre levava algumas pessoas com ela. E mais: que pretendi voltar ao Teatro dos 4 outras vezes. Isso é muito lindo e gratificante de se ouvir e de se ver!
Ainda que
definida como uma COMÉDIA ROMÂNTICA, com um tão aguardado “happy end”, “INTIMIDADE
INDECENTE", "na contramão das comédias românticas mais tradicionais, começa no
episódio da separação de um casal por volta dos 60 anos de idade”. O espetáculo já começa com algo, digamos, "inusitado".
Um
casal que se separa, na casa dos 60 anos, com filhos adultos, casados, e netos, mas que
volta a se reencontrar, “por conta das necessidade e/ou carências”, sazonalmente, por coincidência (Será?), de dez em
dez anos, por três décadas. “Por força das circunstâncias”, um casamento
termina, entretanto a separação não dá certo. Ambos pensaram numa coisa, porém
“se esqueceram de combinar com os russos”, como, numa "Copa do Mundo", o grande craque Garrincha perguntou ao treinador da seleção brasileira de futebol, depois de ouvir sua tática e sua preleção. ELIANE GIARDINI está corretíssima,
quando afirma que a afinidade do casal é “tão grande, que continua junto pro
resto da vida, independentemente do estado civil ou da condição geográfica”.
Todos
os que foram ao Teatro dos 4 e os que ainda irão conhecem ELIANE e CARUSO, seus
excelentes trabalhos, sua carreira artística, pela televisão, a maior parte do
público, entretanto, vendo-os num palco, redobram sua admiração por ambos.
Faz-se desnecessário, portanto, traçar o currículo dos dois. Além da TV e do
TEATRO, também estão sempre "assinando o ponto" no cinema, e são premiados nessas
três mídias. O mesmo se aplica a GUILHERME LEME GARCIA. Ultimamente, GUI tem se
dedicado muito mais a dirigir do que a atuar. É uma escolha dele, que me agrada
bastante, uma vez que, apesar de aplaudi-lo como ator, rendo-lhes maiores
homenagens à frente de um elenco, dirigindo. A relação de espetáculos dirigidos
por ele, nos últimos anos, é grande e vitoriosa.
Durante todo o decorrer do espetáculo, nossos ouvidos são presentados com uma deliciosa trilha sonora, assinada por ALINE MEYER, responsável pela direção musical.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Leilah
Assumpção
Direção:
Guilherme Leme Garcia
Elenco: Eliane
Giardini e Marcos Caruso
Direção de Movimento:
Toni Rodrigues
Cenografia:
Aurora dos Campos
Luz: Tomás
Ribas
Direção
Musical: Aline Meyer
Fotografia e
Vídeos: Dudu Chamon
Fotos: Dudu Chamon, Luciana Mesquita e Ricardo Barjterman
Mídias
Sociais: Imersa
Produção:
Plano 6 e Bem Legal Produções
Assessoria de
Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
Temporada: de 07 de abril até 29 de maio de 2022.
Local: Teatro dos 4.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52 – Gávea – Rio de Janeiro
(Shopping da Gávea, 2º piso).
Telefone: (21) 2239-1095
Dias e Horários: de
5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 19h.
Valor dos Ingressos: 5ª feira = R$90,00 e R$45,00 (meia entrada); 6ª feira,
sábado e domingo = R$100,00 e R$50,00 (meia entrada).
Onde Comprar: https://www.sympla.com.br ou na bilheteria do Teatro dos 4.
Capacidade: 402 espectadores.
Duração: 90 minutos.
Classificação Indicativa: 14 anos.
Gênero: Comédia Romântica
Numa relação das melhores peças em cartaz, no Rio de
Janeiro, no momento, “INTIMIDADE INDECENTE”, sem a menor sombra de dúvidas, tem
o seu lugar garantido. É uma diversão “de luxo”! Assistir a um espetáculo
dessa qualidade é saber valorizar cada centavo investido na compra de um
ingresso. Mas é preciso dizer – e, aqui, vou repetir alguns versos do saudoso Billy
Blanco – que “O que dá pra rir dá pra chorar / Questão só de peso
e medida / Problema de hora e lugar / Mas isso são coisas da vida
/ O que dá pra rir dá pra chorar.”. Vão preparados!
FOTOS:
DUDU CHAMON,
LUCIANA
MESQUITA
E
RICARDO
BRAJTERMAN.
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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