O MARIDO
DO
DANIEL
(PENSOU QUE IA RIR?
ATÉ PODE...
MAS...INOCENTE!!!
ou
COMO DIMENSIONAR
O AMOR?)
Será
que alguém seria capaz de imaginar uma sensação provocada pela circunstância
que passo a descrever abaixo?
Uma
pessoa, numa hipótese bem esdrúxula, eu sei, passando por um momento de
tristeza, por algum tipo de terrível dificuldade, de extremo sofrimento,
talvez, caminhando por uma calçada, depara-se com uma fachada do que seria um templo
religioso. Uma igreja, por exemplo, ligada a qualquer religião ou segmento. Ou um
centro espírita, um terreiro, uma sinagoga... Tudo indica que é o lugar
propício a se aliviar e resolver seus dramas, com a força da sua fé, se ela a
tem, seja qual for. Empurra uma porta, semicerrada, e, ao entrar, dá de cara
com um bordel, em pleno funcionamento. Muito louco isso, não é? Será que consegue sobreviver ao
choque?
A
imagem pode parecer bastante grosseira e, até mesmo, para alguns, um
despautério, mas foi criada, propositalmente, para que o leitor entenda como se
sente alguém que vai ao Teatro sem saber, absolutamente, nada acerca da temática
de uma peça, atendendo a um triplo convite, do proprietário do Teatro,
um amigo querido, da assessoria de imprensa do Teatro e de alguns outros
amigos, do elenco. Penso que sem ler um “release”, uma sinopse,
que não me foram enviados, previamente, pela assessora de imprensa da peça,
seriam muito poucas as chances de eu me deslocar até um Teatro, no caso, o
Petra Gold, para assistir a uma peça, supostamente uma comédia
(NADA CONTRA AS COMÉDIAS; MUITO PELO CONTRÁRIO!!!), cujo título fosse “O
MARIDO DO DANIEL”, que soa a algo como uma comédia de baixo nível,
abordando o universo “gay” (NADA CONTRA O UNIVERSO “GAY”;
MUITO PELO CONTRÁRIO!!!).
Acontece
que o título da peça, “O MARIDO DO DANIEL”, não poderia ser outro
mesmo. Quem já assistiu ou, ainda, assistirá ao espetáculo, certamente,
há de concordar comigo, se conseguir alcançar – o que é muito fácil – a
importância do vocábulo “MARIDO”, no referido título, tudo o que
ele tem a ver com o contexto desta excelente obra, texto
inédito, no Brasil, escrito pelo dramaturgo norte-americano
MICHAEL MCKEEVER, o qual, também, é encenado, em solo brasileiro, pela
primeira vez.
A
minha sinceridade me obriga a dizer que não carregava comigo uma boa
expectativa com relação à peça, conquanto já tivesse ouvido alguns
comentários muito construtivos, edificantes, acerca da montagem, vindos
de gente que merece a minha maior confiança e o meu respeito, por seu bom
gosto teatral, dizendo se tratar de um espetáculo “lindo e
surpreendente”.
E
eu me esforçava muito, para entender aquilo, sempre “engasgado” com o tal do título.
Seria uma espécie de “pré-conceito”? Eu não conhecia o autor do texto,
mas sou apaixonado pelo diretor, também grande ator, GILBERTO
GAWRONSKI, e sabia que o elenco era formado por bons profissionais,
dois dos quais eu conheço bem a fundo e admiro, profundamente, seus trabalhos: ALEXANDRE
LINO e CIRO SALES. Do trio restante, conheço e gosto do trabalho de DEDINA
BERNARDELLI, porém nunca, antes, vira, atuando, BRUNO CABRERIZO e JOSÉ
PEDRO PETER.
Mas
o espetáculo não é apenas “lindo e surpreendente”; é muito mais do que
isso. Muito mais, de verdade. A peça nos prega uma grande peça, na
medida em que, com a abertura do pano e os primeiros diálogos entre quatro
amigos, todos “gays”, dois casais, a plateia acha engraçado tudo
o que é dito, e eu – pelo menos, eu – tive a impressão de que seria uma espécie
de continuação de “A Gaiola das Loucas”, guardadas algumas devidas proporções,
como escrevi numa postagem, em uma rede social, tão logo cheguei a casa, no dia
em que vi a montagem.
Não
me arrependi de ter “queimado” uma noite com uma “peça errada”, no “Teatro
errado”, podendo tê-la aproveitado com outro espetáculo “mais
interessante”, que valesse o meu deslocamento do Recreio dos Bandeirantes
ao Leblon (Cerca de 33 km e 1 hora de trânsito.). Não
havia espaço para um “arrependimento”, pois estava me divertindo muito, com os quatro
atores e um texto leve, divertido, recheado de um humor bastante
apreciável e inteligente. Se tivesse sido assim até o fechamento das cortinas, já
teria valido a pena, com certeza, qualquer que fosse o desenrolar daquela
suposta comédia, gênero que muito admiro e que só existe no
primeiro terço da peça, a qual tem a duração total de 90 minutos.
No fundo, porém, eu achava que deveria haver muito mais, por trás de um título
“duvidoso”, porque sabia que GAWRONSKI jamais se prestaria a pôr em
jogo seu nome de respeito, sua reputação profissional, no universo teatral.
Ele devia saber, muito bem, onde havia se metido. E sabia mesmo!!!
Ao
final de cerca dos primeiros 30 minutos, de repente, é como se o
espectador fosse atingido por um violento soco na boca do estômago, que o pega
desprevenido. E, daquele momento em diante, o que não falta são golpes
certeiros, vindos de várias direções, numa sucessão de surpresas e provocações,
capazes de gerar uma série de incômodos e reações diversas na plateia, tirando
o público de uma zona de conforto e obrigando-o a seguir por um atalho cheio de
espinhos. Tudo começa a ficar diferente a partir de uma fatalidade, que atinge DANIEL
(CIRO SALES), e com a intervenção da personagem LÍDIA BRAGANÇA (DEDINA BERNARDELLI), sua mãe.
Mais
que óbvio, não cabe, aqui, qualquer “spoiler”, a fim de não
estragar a surpresa para os que ainda não viram a peça, razão pela qual preciso
ser bem comedido e atento, ao escrever a sinopse da peça.
Geralmente, não me importo – digo com relação a mim - com “estraga-prazeres”,
uma tradução bem próxima de “spoiler”, entretanto, neste espetáculo,
particularmente, eu não perdoaria a quem me contasse a história, até seu final.
Menos, ainda, com detalhes.
SINOPSE:
DANIEL
(CIRO SALES), renomado arquiteto, e MURILO (BRUNO CABRERIZO),
escritor, em crise existencial, quanto à profissão, formam o que se poderia
chamar de um casal perfeito.
Os dois demonstram se amar muito.
Moram numa casa sofisticada e têm amigos divertidos,
como o agente literário de MURILO, BARTHÔ DUARTE (ALEXANDRE LINO) e o jovem
idealista FRED (JOSÉ PEDRO PETER), o recém-namorado daquele
(Há uma grande diferença de idade entre os dois; BARTHÔ se interessa
sempre por “novinhos”.).
DANIEL e MURILO são os anfitriões de um jantar, preparado por DANI, com fama de ótimo cozinheiro, oferecido aos dois amigos, os quais
estavam se relacionando havia duas semanas apenas.
Era a primeira vez que o casal de protagonistas estava
vendo e conhecendo FRED.
MURILO não acredita em casamento “gay” nem acha que a
oficialização desse tipo de relacionamento alteraria alguma coisa na vida do
casal.
Ao contrário, casar, no papel, oficialmente,
era o grande sonho de DANIEL, a ratificação e a complementação de uma
relação homoafetiva perfeita, o que gerava pequenos atritos, entre os dois,
sempre que o assunto vinha à tona.
Para contribuir com a trama, de forma bem marcante,
entre em cena LÍDIA BRAGANÇA (DEDINA BERNARDELLI), uma mulher
sofisticada, rica e de fino gosto, mãe de DANIEL, que não é muito querida
pelo filho, o qual tinha lá seus motivos para isso, embora ela aceitasse e
apoiasse, totalmente, a orientação sexual do filho e gostasse muito do genro.
LÍDIA aprovava o casamento dos dois e torcia muito por isso, o que
irritava bastante DANIEL.
Acontece uma fulminante reviravolta na vida do casal
de protagonistas e MURILO não é mais capaz de reparar, modificar,
suas escolhas.
A partir disso, não convém adiantar mais nada, a não
ser chamar a sua atenção para o embate, por amor, entre o “marido” do
DANIEL e LÍDIA, que levará a um desfecho surpreendente e
emocionante.
Enquanto iniciava a escrita desta crítica, estava pensando num pequeno detalhe, talvez, desimportante, despercebido por quase todos, mas que me leva a uma reflexão, que, até, pode
parecer, e ser mesmo, tola. Trata-se da questão dos sobrenomes dos
personagens, sua presença ou ausência, no texto. Apenas em dois,
eles aparecem: o BRAGANÇA, sobrenome pomposo, da mãe de DANIEL,
por ser uma mulher que ocupa um espaço de destaque na sociedade, e o DUARTE,
de BARTHÔ, em virtude de este ser um profissional bem conhecido e
respeitado no meio literário, uma espécie de “nome artístico”. Os protagonistas
não têm seus sobrenomes revelados, porque, talvez, seja intenção do autor
mostrar que existem muitos “murilos” e “daniéis” pelo mundo. No
caso de MURILO, também, em função de não se acreditar um artista das
letras. FRED também não deve ter recebido sobrenome em função de sua
meteórica passagem pela vida de BARTHÔ. A peça mostra isso. Será que me
afastei muito do chão e voei alto? Não me importa. Apraz-me esse tipo de exercício
de interpretação.
Sem
intenção de dar “spoiler”, se já não ouviram falar em “síndrome
do encarceramento”, deixem para ler sobre isso depois de terem assistido à peça.
Só sei que, deixando o Teatro Petra Gold, naquela
noite de 22 de janeiro próximo passado, dirigi até a minha casa com o
pensamento fixo na peça. E chorei. Sim, chorei. O forte que eu quis ser,
na plateia, cedeu o lugar a um homem sensível e empático, que sou e procuro
ser. Eu desmoronei, no banco do carro. Não conseguia pensar em outra coisa.
Custou-me um pouco pegar no sono e, no outro dia, acordei ainda muito impactado
com o que vira na noite anterior. Uma experiência inesquecível, que voltarei a
experimentar, mesmo sabendo que vou sofrer de novo, quando for rever o espetáculo,
para o que já estou me programando.
Os brasileiros – sim, porque tenho certeza de que o espetáculo
haverá de ser encenado em outras praças -, não só os cariocas, merecem assistir a
ele. Devemos a alegria de conhecer esta peça a JOSÉ PEDRO PETER,
que viu, em outubro de 2018, “Daniel’s Husband” (título
original), no Westside Theatre, circuito “Off-Broadway”,
quando a peça já era, por lá, um grande sucesso de público e de crítica,
apaixonou-se pelo texto, comprou seus direitos de montagem no Brasil,
encarregou-se traduzi-lo e se empenhou na sua encenação, ou seja, na
concretização de um sonho, pelo que lhe seremos eternamente gratos.
Segundo
PETER, que, além de ser o tradutor do texto e vive, no palco, o personagem
FRED, “Fiquei emocionado com a forma sensível da abordagem do tema”,
um dos motivos que me movem a escrever esta crítica.
Considero irretocável esse texto, um dos melhores
com os quais tive contato, nos últimos tempos, concordando com JOSÉ PEDRO
PETER, pela sensibilidade do dramaturgo, por sua capacidade de
construir teias intermináveis e tecidas nos mínimos detalhes, o que é capaz de
manter o público completamente atento às ações e demonstrando muita empatia
pelos cinco personagens. Isso é muito difícil de acontecer. Se, tecnicamente
falando, a peça conta com dois protagonistas, há protagonismo
em todos os cinco em cena, de uma certa forma.
Que texto lindo!!! Nada de vulgaridades, de histrionismos,
de caricaturas.
Outro
detalhe muito importante e extremamente curioso, o qual, inclusive, é expresso
na peça, no texto da peça, e que é a mais pura verdade, é que MICHAEL MCKEEVER,
também ator e “designer” premiado, com seu talento
dramatúrgico, inteligência, perspicácia e uma dose saudável de senso
de humor, que apurei ser uma constante em suas outras produções dramáticas,
criou uma situação, construiu cenas e diálogos,
concebeu uma peça em que não se pode dizer, diante de uma “contenda”,
que, em tal embate, para provar um grau de amor, exista a figura de um “mocinho”
e de um “bandido”. Não há, realmente, antagonistas. Não existe quem esteja
certo ou errado. O maniqueísmo não passa nem por perto, embora se possa
pensar nele, de vez em quando, numa ou noutra cena. Mas ele “não se cria” e
desaparece, como uma nuvem de poeira, no ar.
Em “O MARIDO DO DANIEL”, não há vencedores nem vencidos;
todos, com a melhor das intenções, saem feridos, machucados, com marcas,
indeléveis, de um sofrimento que não foi buscado, não foi desejado, mas imposto
pela crueldade de um destino, para os que nele acreditam.
Manifesta-se o diretor, GILBERTO GAWRONSKI: “O
texto transcende uma questão que seria dentro da perspectiva de uma peça ‘gay’.
Para mim, não existe essa definição como gênero teatral. Existe, sim, uma
literatura Queer, que está em cena. O espetáculo fala sobre qualquer tipo de
relacionamento: mazelas e vantagens de uma proteção legal, para qualquer forma
de amor”.
Fiel
à declaração acima, GAWRONSKI não se apoia em muletas que sustentam a
temática “gay” e que poderiam render uma boa bilheteria, de forma
apelativa, apostando na exploração de um relacionamento homoafetivo. GIBA
percebeu, claramente, a intenção do autor e explora, enfática e
intencionalmente, a luta, entre duas pessoas bem intencionadas, na tentativa de,
por meio de um amor, impossível de ser mensurado e comparado, porque são
diferentes, tornar menos pesado o fardo que fora destinado a DANIEL.
Cada
personagem é muito diferente do outro e isso fica patente, em cena, pelo
talento de cada um do quinteto e, também, e muito, pelo trabalho de direção,
que controla o avanço e o recuo de cada um, dosando as emoções e as ações dos
personagens. Percebemos que, durante o processo de criação do espetáculo, a
direção levou os atores a construir cada cena mentalmente, antes de tentar fazê-la. Isso leva o ator a
saber jogar com o público, saber entendê-lo e fazer-se entendido.
Um belíssimo trabalho de direção!!!
De nada, ou pouco, valeriam um texto primoroso e uma direção
corretíssima, se não houvesse um bom elenco, para contar a história.
A escolha dos cinco nomes foi perfeita. O entrosamento entre os atores
é aquilo que se espera de um elenco ideal. Transborda, de cada um deles, tudo o que deve fazer parte da bagagem de um bom profissional da
interpretação. De forma bem natural, todos conseguem passar a emoção
de seus personagens, com bastante “fé cênica”, o que equivale a ser,
mais do que parecer ser, ou seja, fazer com que a cena pareça real,
colocando-se, de corpo e alma, na pele, no lugar do personagem. Há um comprometimento total com o papel que
representam. Expressam-se, magnificamente bem, por meio dos silêncios; sabem
explorar a quarta parede, como é uma proposta da peça; fazem uso, com maestria,
na dosagem exata, das pausas dramáticas; entendem o que estão dizendo,
não apenas repetindo um belo texto decorado. Todos demonstram uma enorme paixão
pelo que estão fazendo, um amor muito grande por seus personagens. Todos, sem
exceção, demonstram um total domínio do espaço cênico e, para
encerrar, nos fazem esquecer que estamos diante de
um ator interpretando um personagem e nos convencem de uma “verdade
ficcional”.
Há uma grande dose de cumplicidade profissional, de parceria e
generosidade, entre todos, o que resulta num fascinante espetáculo de TEATRO.
CIRO SALES, cuja carreira acompanho
desde seu nascedouro - e não me arrependo -, nos brinda com um excelente
trabalho, emocionante e num grau de profissionalismo que se aprimora, a cada
novo projeto de que faz parte. Seu DANIEL é cativante, carismático,
convincente... O autor escreveu, o diretor orientou e o ator
obedeceu: Pela arte e o talento de CIRO, DANIEL não nos provoca
piedade, mas muito amor; por um semelhante desafortunado.
De BRUNO CABRERIZO, cujo trabalho, repito, eu não
conhecia, não me ficou a impressão de mais um “bonitinho ator global” (Sinto
até vergonha de usar tal expressão, infelizmente, aplicável a tantos galãs da
telinha.), que foi escalado para atrair público, mas sim a certeza de que
conheci mais um ótimo ator (de TEATRO), com uma carga dramática à
flor da pele, num trabalho bem visceral, que me leva a incluí-lo no
meu particular, e restrito, rol dos verdadeiros atores de TEATRO, que
é, exatamente, o lugar onde os reais talentos da arte dramática
nos são revelados.
Falar sobre ALEXANDRE LINO é arriscar-se a cair na
mesmice de sempre: ótimo ator, eclético, que transita entre a comédia e o drama
com a mesma facilidade e talento. LINO, um dos nomes mais conceituados e
respeitados no meio artístico e entre o público, acostumado a representar protagonistas,
prova que “coadjuvante” é o personagem, e não o ator, representando
com a força e o vigor de um protagonista, desenvolvendo, com muita
habilidade as características de seu BARTHÔ.
DEDINA BERNARDELLI, uma
veterana dos palcos, também nos convence de que quantidade e qualidade não
devem ser confundidas. Suas aparições não são tantas, porém muito
marcantes. A personagem vai crescendo, na trama, da metade da peça
em diante, e ganhando uma proporção não imaginada pela plateia. Fazia tempo que
não a via atuando e afirmo que, na minha visão, este é o seu melhor desempenho,
numa personagem coadjuvante “de luxo”.
Outra grata surpresa, para mim, pelo menos, foi a atuação de JOSÉ
PEDRO PETER, que eu também não conhecia, o qual representa o mais
coadjuvante dos personagens, mas o faz de forma muito correta, tanto quando
é apresentado como o meteórico namorado de BARTHÔ, um pouco, digamos,
alienado e deslumbrado, como na fase final da peça, quando o personagem,
numa postura bem mais madura, executa uma função profissional, a sua forma de
ganhar o pão de cada dia, que não revelarei, para aguçar a imaginação dos que
me leem e não dar pistas para um “spoiler” certeiro.
Com a função de “stand-in”, ainda faz parte da
trupe TOM PIRES, o qual não vi atuando neste espetáculo.
Está de parabéns todo o homogêneo elenco do espetáculo!!!
CLÍVIA COHEN assina um cenário
muito “especial”. É simples, porém tem uma importância muito grande na peça.
Poucos elementos em cena, na sala de estar de uma casa – creio que um
apartamento – bem relacionada a um espaço habitado, e decorado, por um
arquiteto. Tudo muito “clean”. A base da cenografia é um
sofá modulado, ocupando o centro do palco, móvel este que, a partir de um
determinado momento, vai sendo desmembrado, desmantelado, espalhado pela sala,
uma metáfora do que passa a ser a vida daquele casal, até então,
perfeito. O ambiente, a princípio, é muito limpo e organizado, mas vai sofrendo
modificações, proporcionais ao desmoronamento de uma linda relação homoafetiva,
que não dependeu da vontade do casal protagonista. Uma mesa, uma
vitrola, que reproduz sucessos de Cazuza, em vinil. Uma descomunal moldura, vazada, quase no proscênio, de um quadro que fora pintado pelo pai de DANIEL,
muito bem explorada pela direção. Ao fundo, uma moldura bem menor,
representando uma janela (?).
Os figurinos foram criados por HUMBERTO CORREIA e
estão bem de acordo com as personalidades dos cinco actantes. Os personagens
masculinos se vestem num estilo moderno, “casual”; LÍDIA
usa trajes refinados e mais clássicos, um pouco sóbrios.
A iluminação,
criada por FELÍCIO MAFRA, também conhecido, no meio artístico, como RUSSINHO,
acompanha a intensidade das ações e cumpre bem a sua função.
Ainda
preciso falar da importância e adequabilidade do visagismo, na peça,
cujo responsável é FERNANDO OCAZIONE, e quero ressaltar o bom gosto de
quem é responsável pela boa trilha sonora, cujo crédito fico devendo,
por não constar na ficha técnica.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Michael Mckeever
Tradução: José Pedro Peter
Direção: Gilberto Gawronski
Elenco (por ordem alfabética): Alexandre Lino, Bruno
Cabrerizo, Ciro Sales, Dedina Bernardelli e José Pedro Peter
“Stand-in”: TOM PIRES
Cenografia: Clívia Cohen
Figurino: Humberto Correia
Iluminação: Felício Mafra (Russinho)
Visagismo: Fernando Ocazione
Fotos: Cristina Granato.
Produção: Barata Comunicação
Direção de Produção: Elaine Moreira
Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação
SERVIÇO:
Temporada: De 15 de janeiro a 20 de fevereiro de
2020.
Local: Teatro Petra Gold (Antigo Teatro do Leblon –
Sala Marília Pêra).
Endereço: Rua Conde de Bernadotte, 26 - Leblon, Rio
de Janeiro - RJ.
Dias e Horário: 4ªs e 5ªs feiras, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$80,00 (inteira) e R$40,00
(meia entrada).
Vendas “on line”: www.sympla.com.br
Classificação Etária: 14 anos.
Duração: 100 minutos.
Gênero: Comédia Dramática.
“O
MARIDO DO DANIEL” é uma formidável comédia dramática de
costumes, cujo objetivo maior é falar das mazelas e das proteções legais relativas
aos relacionamentos, não deixando de ser, também, “uma ousada reflexão
sobre amor, compromisso e família”.
Fui assistir à montagem com
um determinado grau de expectativa, não tão elevada, confesso, e fiquei deslumbrado,
impactado e muitíssimo emocionado com o lindo e comovente
trabalho que vi em cena.
Vocês, os que ainda não viram a peça,
não fazem a menor ideia da maravilha a que assistirão, e os que já tiveram esse
prazer devem concordar comigo. Assim espero.
Recomendo, com o maior empenho, o
espetáculo e espero revê-lo muito em breve.
(FOTOS: CRISTINA GRANATO.)
(GALERIA PARTICULAR.
FOTOS MARISA SÁ:)
Com o querido amigo Alexandre Lino.
Com o querido amigo Ciro Sales.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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