A
INVENÇÃO
DO
NORDESTE
(UM ESPETÁCULO IRRETOCÁVEL.
ou
UMA TOMADA DE CONSCIÊNCIA
DA IMPORTÂNCIA
DO NORDESTE E DOS
NORDESTINOS
NA FORMAÇÃO E NA MANUTENÇÃO
DE UM PAÍS CHAMADO BRASIL.
ou
REFORMULE SEUS CONCEITOS:
NORDESTE E NORDESTINOS
NÃO SÃO
O QUE VOCÊ SEMPRE
ACHOU QUE
FOSSEM.)
Não me canso de bater na mesma tecla: TEATRO, e de boa qualidade, não existe
apenas no eixo Rio-São Paulo. Já disse isso repetidamente e, mais uma vez,
com muito alegria e orgulho, estou, aqui, reescrevendo a mesma frase, depois de
ter assistido a um espetáculo digno de todos os elogios, infelizmente em final
de temporada (VER SERVIÇO.), no Mezanino do SESC Copacabana.
Falo
de “A INVENÇÃO DO NORDESTE”, uma
produção do GRUPO CARMIN (com “N”, de Natal), oriundo do Rio Grande do Norte, em sua segunda
passagem pelo Rio de Janeiro. A
primeira foi em 2016, com outro
espetáculo de altíssimo nível artístico, “Jacy”,
um “documentário cênico”, grande
sucesso de público e de crítica.
No
ano passado, o GRUPO CARMIN
completou dez anos de atividades,
quando lançou o livro “Década Carmin”, no qual traça um retrato de tudo o que representa
para o Teatro Brasileiro, em tão
pouco tempo de existência, mormente para a arte
cênica teatral do nordeste brasileiro, como grande representante daquela
região.
De acordo com o “release”
da peça, enviado por NEY MOTTA (CONTEMPORÂNEA ASSESSORIA) “O espetáculo busca contribuir para a
desconstrução da imagem estereotipada do nordeste e do nordestino, trazendo à
cena o debate sobre identidade e xenofobia”. E o consegue,
graças ao trabalho de uma equipe muito competente e criativa, que vai do
responsável pelo texto, passando pela direção, pelo trabalho dos atores
e completado pelo apoio dos elementos técnicos.
Durante
70 minutos, que “voam”, o público assiste a uma encenação com ótima dramaturgia,
de HENRIQUE FONTES, inspirada na obra “A Invenção do Nordeste e
Outras Artes”, do professor DR. DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JR.
O texto discute, com fino humor, “o
estereótipo em relação ao povo nordestino e quanto essa imagem é
alimentada pelos próprios habitantes da região”.
SINOPSE:
Na
trama, um diretor de Teatro,
papel vivido por HENRIQUE FONTES, é
contratado, por uma grande produtora, para realizar a missão de selecionar
um ator nordestino, que possa
interpretar, “com maestria”, um personagem
nordestino.
Depois
de vários testes e entrevistas, dois atores
norte-riograndenses, representados por MATEUS
CARDOSO e ROBSON MEDEIROS
(Os personagens utilizam seus
próprios nomes, assim como também o diretor.) vão
para a etapa decisiva, quando o diretor
terá sete semanas para deixá-los prontos para o último teste.
Durante
o período de preparação, os atores
refletem a respeito de sua identidade, cultura, história pessoal e
descobrem que ser e viver um personagem
nordestino não é tarefa simples.
Afinal,
existiria apenas uma identidade nordestina?
Obra de auto-ficção,
o espetáculo consegue manter um alto
nível de excelência, em todos os sentido, da primeira à última cena,
estabelecendo-se uma grande comunicação entre atores e plateia, a qual
não pode ter outra reação que não seja a de aplaudir calorosamente, de pé, o espetáculo, ao final, com o reforço de
gritos de “BRAVO!”, como os meus.
Apesar de todos os estereótipos, existentes há décadas,
sobre a figura do nordestino, em geral, infelizmente, depreciativos, não
podemos negar – e essa é uma das propostas do espetáculo – que somos uma ilha
de não-nordestinos cercados por nordestinos por todos os lados, direta ou
indiretamente – GRAÇAS A DEUS!!!.
Reproduzindo as palavras de QUITÉRIA, “A peça que dirigi, com o meu GRUPO CARMIN, “A
INVENÇÃO DO NORDESTE”, fala de um imaginário inventado e travestido de
identidade para nós, que nascemos e vivemos no nordeste brasileiro. Região
tão diversa, quanto qualquer outra do Brasil, o nordeste ainda arrasta
seus mitos e símbolos, gerando preconceitos e criando dicotomias,
que só interessam àqueles que, de dentro ou de fora do nordeste, se
beneficiam com isso”.
A trajetória hilária dos dois personagens protagonistas,
na luta por um papel, em hipótese alguma, diminui a seriedade do tema tratado.
É uma forma, apenas, de se chamar a atenção para o problema, utilizando-se o
bom e inteligente humor, como válvula de escape, para aliviar, um pouco, as
tensões e a nossa indignação contra a xenofobia e a forma como os nordestinos
vêm sendo apresentados, através dos tempos, em quase todas as manifestações
artísticas e mídias: literatura, cinema, música e artes visuais brasileiras.
Em seu primeiro, e excelente, trabalho como diretora, a atriz QUITÉRIA KELLY e os demais membros do GRUPO CARMIN, durante dois anos, mergulharam “nos questionamentos dos
mecanismos estéticos, históricos e culturais, que contribuíram para a
formação de uma visão do nordeste brasileiro, como um espaço idealizado,
deslocado do processo histórico e imune ao impacto das grandes
transformações sociais”. A partir daí, surgiu o texto da peça.
Assim como “O
Brazil não conhece o Brasil”, QUITÉRIA
é de opinião de que “A gente não conhece o Brasil e o Brasil não conhece o Brasil”,
principalmente quando se refere aos “sulistas”
em relação ao povo “da Bahia para cima”,
o que é a mais pura verdade.
O espetáculo é
inteligente, dinâmico, poético, criativo
e inovador, graças a vários fatores, a começar pela estrutura textual, com uma dramaturgia
excelente, construída com diálogos curtos e ágeis, diligentes, por excelência,
não desprezando várias referências a personagens e personalidades nordestinas,
respeitadas dentro e fora do nordeste, em todo o Brasil, e, até mesmo, fora do país, como Ariano Suassuna, por exemplo, e seus célebres personagens.
A peça recebeu
um tratamento de direção digno de um
experiente profissional, a despeito de ter sido a primeira empreitada, nessa
tarefa, da atriz e, agora, diretora QUITÉRIA KELLY,
a qual, contando com uma equipe de ótimos profissionais, como PEDRO FIUZA, responsável pelo que se convencionou
chamar de linguagem audiovisual, soube
enriquecer o texto, com sua enorme
sensibilidade e conferir o maior destaque possível à proposta deste.
PEDRO
FIUZA merece um grande destaque nesta montagem,
por seu trabalho criativo, como assistente
de direção, responsável pela dramaturgia
audiovisual, como já foi mencionado, e pelo belíssimo desenho de luz. Um nome que se junta ao de MATHIEU DUVIGNAUD, este responsável pela direção de arte e cenografia, para a garantia da beleza plástica do
espetáculo.
Como TEATRO é trabalho de equipe, concorrem, ainda, para o sucesso da peça, os nomes de ANA CLAUDIA ALBANO VIANA, importantíssima, na preparação corporal; de GILMAR
BEDAQUE, também de importância ímpar, na preparação vocal; e de GABRIEL
SOUTO e TONI GREGÓRIO, na perfeita
trilha sonora original. Os figurinos, simples, práticos e
oportunos, também são criação de QUITÉRIA
KELLY.
De propósito, deixei para o final os
comentários sobre o trio de atores,
todos em trabalhos excelentes, com destaque para os dois concorrentes ao papel, MATEUS CARDOSO e ROBSON MEDEIROS.
HENRIQUE FONTES traduz, com bastante fidelidade, o comportamento de
muitos diretores de TEATRO, apelando
para a impaciência e dando, até certo ponto, uma demonstração de superioridade,
de soberba, em relação aos dois atores “competidores”. Chega a ser sarcástico e
grosseiro, em alguns momentos, como agem alguns – felizmente, hoje, uma minoria
– diretores. E isso não é um estereótipo. Seu comportamento pode ser
justificado pela pressão que sofre, ao receber uma “tão difícil missão”. O ator cumpre, com bastante competência o
papel que lhe coube.
Com relação a MATEUS e ROBSON, ambos
ocupam um mesmo patamar, bem lá no alto, com relação a seus trabalhos como protagonistas (Assim eu os considero.).
O que eu tivesse de dizer sobre um poderia ser escrito, utilizando um
papel-carbono (Entreguei a idade. Procurem no Google! Ou tirar xerox.). Não
vejo diferença na qualidade dos dois trabalhos. São atores de estupendas
qualidades, de grandes recursos e que sabem explorar o humor, da forma mais elegante
e inteligente possível, como, poucas vezes, tenho observado nos últimos tempos, com um excelente e necessário tempo para a comédia, sem
falar no fantástico trabalho de corpo e voz de ambos. São duas cerejas para um
mesmo bolo. Dois grandes atores
que, certamente, ganhariam destaque nos grandes centros de produção cultural
deste país, Rio de Janeiro e São Paulo, mas que, não sei se por opção
– acredito que sim -, mantêm suas raízes fixadas no Rio Grande do Norte, o que conta com o meu maior apoio e respeito.
FICHA TÉCNICA:
Espetáculo inspirado na obra homônima do Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Jr.
Dramaturgia: Henrique Fontes e Pablo
Capistrano
Direção e Figurino: Quitéria Kelly
Direção e Figurino: Quitéria Kelly
Elenco: Henrique Fontes, Mateus
Cardoso e Robson Medeiros
Assistência de Direção, Dramaturgia
Audiovisual e Desenho de Luz: Pedro Fiuza
Consultoria Histórica e de Roteiro: Durval Muniz de Albuquerque Jr.
Direção de Arte e Cenografia: Mathieu Duvignaud
Preparação Corporal: Ana Claudia Albano Viana
Preparação Vocal: Gilmar Bedaque
Produção Executiva: Mariana Hardi
Trilha Original: Gabriel Souto / Toni Gregório
Design Gráfico: Teo Viana
Xilogravura: Erick Lima
Costureira: Kátia Dantas
Cenotécnico: Irapuã Junior
Edição de Vídeo: Juliano Barreto
Locução: Daniele Avila Small
Assistência Técnica: Anderson Galdino
Produção (RJ): Paulo Mattos
Assessoria de Imprensa (RJ): Ney Motta
Consultoria Histórica e de Roteiro: Durval Muniz de Albuquerque Jr.
Direção de Arte e Cenografia: Mathieu Duvignaud
Preparação Corporal: Ana Claudia Albano Viana
Preparação Vocal: Gilmar Bedaque
Produção Executiva: Mariana Hardi
Trilha Original: Gabriel Souto / Toni Gregório
Design Gráfico: Teo Viana
Xilogravura: Erick Lima
Costureira: Kátia Dantas
Cenotécnico: Irapuã Junior
Edição de Vídeo: Juliano Barreto
Locução: Daniele Avila Small
Assistência Técnica: Anderson Galdino
Produção (RJ): Paulo Mattos
Assessoria de Imprensa (RJ): Ney Motta
SERVIÇO:
Temporada: De 12 a 29 de julho de 2018.
Local: SESC Copacabana (Mezanino).
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160,
Copacabana – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$7,50 (associados Sesc); R$15,00 (meia entrada); R$30,00 (inteira).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 2ª feira, das 9h às 17h; de 3ª feira a 6ª feira, das 9h às 21h; sábado, das 13h às 21h; domingos e feriados, das 13h às 20h.
Informações: (21) 2547-0156.
Capacidade: 80 lugares.
Classificação: 12 anos.
Duração: 70 minutos
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$7,50 (associados Sesc); R$15,00 (meia entrada); R$30,00 (inteira).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 2ª feira, das 9h às 17h; de 3ª feira a 6ª feira, das 9h às 21h; sábado, das 13h às 21h; domingos e feriados, das 13h às 20h.
Informações: (21) 2547-0156.
Capacidade: 80 lugares.
Classificação: 12 anos.
Duração: 70 minutos
Gênero: Comédia
Quem
assiste a “A INVENÇÃO DO NORDESTE” é
brindado com um espetáculo de altíssimo
nível, dos melhores a que assisti, até agora, neste ano de 2018, no Rio de Janeiro, que traz consigo a verdadeira imagem do nordeste e do nordestino, estando
capacitado, plenamente, a disputar premiações.
Recomendo
a peça, com o maior empenho, e
lamento não ter a oportunidade de voltar a vê-la, por incompatibilidade de
agendas, mantendo, porém, a esperança de que, em função de sua qualidade e grande
sucesso de público e de critica, com lotações esgotadas, a peça venha a fazer
uma nova temporada no Rio de Janeiro,
porque bem o merece.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO
BRASIL!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O BOM TEATRO BRASILEIRO!!!
(FOTOS:
MATHIEU DUVIGNAUD – CARTAZ –
e
JOSÉ
TELLYS FAGUNDES – CENA.)
Crítica justa e bem elaborada.´Concordo AMPLA, GERAL E IRRESTRITAMENTE...O MELHOR ESPETÁCULO TEATRAL DO ANO, AQUI NO RIO...até agora. Altíssimo nível e atores excepcionais.Ao final cumprimentei-os e disse-lhes: vocês são genais .Um pormenor: não é qualquer peça que admiro e Respeito como esta...não suporto teatro comercial ou de mero entretenimento, passa-tempo fútil. Dizem que sou muito exigente/seletivo ..tomara que meus críticos estejam com razão rs...não tenho tempo a perder com bobagens r.
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