BITUCA
–
MÍLTON NASCIMENTO PARA CRIANÇAS
(TRILOGIA
ENCERRADA COM CHAVE DE OURO.)
Duas talentosas
pessoas, dois grandes artistas, PEDRO
HENRIQUE LOPES e DIEGO MORAIS,
tiveram uma brilhante ideia: por meio do TEATRO
INFANTOJUVENIL, resolveram homenagear grandes músicos da chamada MPB, ao mesmo tempo, apresentando-os aos
pequenos, que merecem e têm a obrigação de conhecer o talento desses grandes
nomes e mestres.
Assim, construíram uma trilogia, que já apresentou “Luiz e Nazinha – Luiz Gonzaga Para
Crianças”, em que o homenageado foi o grande “Rei do Baião”, e “O Menino
das Marchinhas – Braguinha Para Crianças”, focado na obra do grande
compositor João de Barro. Ambas
foram grande sucesso de público e de crítica, tendo merecido prêmios e muitas
indicações a tais, assistidas por mais
de cem mil pessoas.
Para fechar, com chave de
ouro, o projeto, a dupla nos apresenta “BITUCA
– MÍLTON NASCIMENTO PARA CRIANÇAS”, que fez uma vitoriosa temporada,
recentemente, no Teatro dos Quatro,
tendo retornado ao cartaz, no último domingo (24/09/2017), no Anfiteatro do Morro da Urca
(VER SERVIÇO.) Esta será bem curta, mas há a possibilidade de outras, muito
em breve. Fiquem atentos! De qualquer forma, vale a pena o passeio ao aprazível
Morro, fazer uma linda viagem no
bondinho e, ainda por cima, deliciar-se com este maravilhoso espetáculo.
Segundo o “release”, enviado por RACHEL
ALMEIDA, da assessoria de imprensa,
o espetáculo, um “Musical infantil (Para mim, infantojuvenil;
ou melhor, PARA TODAS AS IDADES.) se inspira na trajetória do músico, para
expor temas importantes e delicados como respeito às diferenças raciais e
sociais, adoção e o papel da família e da amizade na formação dos indivíduos. O
espetáculo integra o premiado projeto ‘Grandes Músicos para Pequenos’...”.
Como bem
se vê, além de tudo, trata-se de um espetáculo
didático, sem o viés, por vezes, “chato” do didatismo, e aborda temas tão
importantes, principalmente numa época em que, infelizmente, temos de driblar e
enfrentar o ódio, o preconceito e a intolerância. E tudo isso embalado pelas
canções de um dos maiores compositores e intérpretes da Música Popular Brasileira de todos os tempos, o inimitável MILTON NASCIMENTO.
Sem a
menor sombra de dúvidas, o projeto “GRANDES MÚSICOS PARA PEQUENOS”,
idealizado pela ENTRE ENTRETENIMENTO,
empresa em que PEDRO e DIEGO são sócios, que abarca os três
espetáculos anteriormente citados, é digno do maior respeito e admiração, por
ser uma tentativa, muito bem sucedida, diga-se de passagem, de “homenagear e preservar a memória de
grandes nomes da Música Popular Brasileira”, num país sem memória e onde se
cultua mais o que vem de fora do que a “prata da casa”, sem falar no consumo do
mau gosto, representado por tantos movimentos “musicais”, ditos “artísticos”. Não tenho culpa de ter um gosto musical
apurado e saber a diferença entre MÚSICA
e genéricos. Quem não gostou do que eu disse, paciência, mas vá conhecer o que
é música de verdade, vendo o “BITUCA”!
O espetáculo aqui analisado, como os
anteriores, foi escrito por PEDRO
HENRIQUE LOPES, dirigido por DIEGO
MORAIS, contando com a direção
musical de GUILHERME BORGES.
É inspirado na vida e na obra de MILTON NASCIMENTO e “expõe,
em cena, a ternura e os desafios inerentes ao processo de adoção e as
dificuldades de inserção de uma criança negra em um ambiente majoritariamente
branco”.
O elenco
é formado por UDYLÊ PROCÓPIO (BITUCA),
MARTINA BLINK (DONA LILIA, MÃE ADOTIVA),
ALINE CARROCINO (MARICOTA, COLEGA DO
GRUPO ESCOLAR), ANNA PAULA BLACK (AVÓ
e MÃE MARIA), MARINA MOTA
(PROFESSORA DO GRUPO ESCOLAR) e PEDRO
HENRIQUE LOPES (SALOMÃO, COLEGA DO GRUPO ESCOLAR).
SINOPSE:
O
elenco conta, e canta, a história do pequeno MILTON, que, ao ficar órfão, aos dois anos de idade, é adotado
pelos patrões de sua avó, os quais se veem obrigados a uma mudança de cidade.
Chegando
a Minas Gerais, o menino precisa
lidar com o preconceito da sociedade, por seu negro e ter pais brancos, mas
enfrenta tudo isso com determinação e bom humor, fazendo da música seu maior
escudo e arma, para vencer todos os obstáculos.
Apesar
de ser um tributo ao grande artista, além dos fatos reais de sua vida, também
foram criados momentos ficcionais, com o objetivo de debater temas da maior
relevância, como adoção, “bullying” e preconceito racial, de maneira lúdica,
leve, mas que provoque reflexão.
Também
pode ser constatada uma grande homenagem à maternidade e à ampliação dos
modelos de família, outro assunto tão discutido atualmente.
Deve
ter sido uma tarefa muito difícil para o autor do texto, o diretor, e o
excelente diretor musical, GUILHERME BORGES, selecionar 20 canções para o “set list”, as quais não surgem do acaso, uma vez que as letras têm
uma ligação direta com a narrativa. GUILHERME
já provou seu grande talento em outros grandes trabalhos, em musicais, e
aqui, também, não deixa por menos, compondo arranjos lindos e voltados para o lúdico
que o espetáculo exige.
"SET LIST":
“CANÇÃO
DA AMÉRICA” - “MARIA, MARIA” - “TUDO O QUE VOCÊ PODIA SER” - “COISAS DA VIDA” -
“BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE” - “FÉ CEGA, FACA AMOLADA” - “CORAÇÃO DE ESTUDANTE”
- “NADA SERÁ COMO ANTES” - “CAÇADOR DE MIM” - “NOS BAILES DA VIDA” - “PAISAGEM
NA JANELA” - “QUEM SABE ISSO QUER DIZER AMOR” - “PONTA DE AREIA” - “PARA LENNON
E MCCARTNEY” - “CANÇÃO DO SAL” - “AMOR DE ÍNDIO” - “CAXANGÁ” - “CALIX BENTO” - “NUVEM
CIGANA e ”TRAVESSIA, não exatamente nessa ordem.
Essas belíssimas
e emblemáticas canções da MPB, como
diz o “release” da peça, “transportam
o espectador para esse universo todo especial do músico, que passa pelas
belezas de Minas Gerais, rezadeiras, relicários e movimento barroco.”.
No que se refere
ao texto, assim como nos anteriores,
PEDRO constrói diálogos que estão ao
nível de entendimento de qualquer criança de inteligência média, sem muita
sofisticação, mas com muito bom gosto e na medida certa, sem gorduras. São
diálogos bem ágeis, para que a peça possa seguir uma fluência num ritmo próprio
para o público-alvo, o qual não aceita morosidade, textos longos e arrastados.
É tudo muito dinâmico, enriquecido pela ótima direção, de DIEGO MORAIS
e pelo trabalho de direção de movimento
e coreografias, que não consta na ficha técnica fornecida pela assessoria de imprensa.
Um espetáculo
deste tipo pega o espectador pelo texto
e pelo visual, daí a grande importância
dos cenários e figurinos, que levam a marca do talento de CLIVIA COHEN, impecáveis, em todos os sentidos.
Os cenários são belíssimos, com um painel,
ao fundo, feito de “fuxicos” enormes, com predominância do azul, sendo que
outros, menores, fazem o acabamento da ribalta, reunidos, lado a lado. Uma
delicadeza só, que predomina nas outras peças, que são painéis, os quais,
reunidos, formam um trenzinho e, separadamente, quando virados, se transformam
em vários espaços, como uma sala de aula, o quarto do BITUCA, a sala da casa dos pais dele, a sala da direção da escola.
Quando não funcionam como esses ambientes, se apresentam na forma de lindos e
gigantescos relicários, pelos quais sou apaixonado e dos quais tenho uma vasta coleção,
com destaque para um grande Espírito
Santo, marca registrada do artesanato mineiro e da arte popular.
CLÍVIA também é responsável pelos adereços utilizados nesta montagem,
à exceção dos dois bonecos que personificam BITUCA,
quando bebê e quando menino, muito bem manipulados, diga-se de passagem, criação de JOSÉ COHEN.
Para completar o
cenário, entram em cena, quando necessário, móveis escolares, para compor o
ambiente da sala de aula.
Os figurinos também são um destaque dentro
dos elementos plásticos do
espetáculo; criativos, coloridos e muito bem confeccionados, um detalhe
importante em figurinos teatrais.
Também contribui
para a beleza plástica do musical e iluminação, projetada por CARLOS LAFERT, sempre
adequada a cada cena e canção executada.
Os personagens,
mesmo os infantis, passam, facilmente, a sua verdade, graças, em parte, ao
trabalho de visagismo, de VÍTOR MARTINEZ.
Falar do elenco é uma das tarefas mais fáceis e,
ao mesmo tempo, de difícil execução.
Seria fácil, se
eu apenas dissesse que TODOS SÃO
EXCELENTES, QUER ATUANDO, QUER CANTANDO, mas se torna, não difícil, mas trabalhosa,
quando o propósito é fazer uma análise individual, mais aprofundada, do trabalho de cada ator/atriz.
Comecemos pelo
protagonista, UDYLÊ PROCÓPIO, que eu
não conhecia e me encantou com seu BITUCA.
Infelizmente, não havia assistido a nenhum de seus trabalhos anteriores, mas já
admito não perder nenhum dos próximos. Seu “physic du role” se aproxima muito
da imagem de MILTON, quando bem mais jovem, e, além de ser bastante afinado, tem um
belo timbre de voz, potennte também, e isso é muito bom, já que o verdadeiro
MILTON é considerado um dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos.
Além de tudo, o ator coloca a alma na voz, de acordo com o teor de cada letra.
Belíssimo trabalho!
Nas críticas aos
espetáculos anteriores, da trilogia, já tive a oportunidade de enaltecer os
trabalhos de MARTINA BLINK e ALINE CARROCINO.
MARTINA tem uma belíssima atuação, esbanjando doçura e sentimento materno, da primeira à última cena,
sem falar na beleza de sua voz e na maneira doce como a emite
ALINE, a
despeito de também saber fazer uso da voz, para cantar, sobressai-se como
atriz, muito em função de sua personagem. É dona de uma energia contagiante e
executa com tanta verdade a função de encrenqueira, fofoqueira, implicante,
preconceituosa, “sincera” demais, que acaba angariando – a personagem – a antipatia
de muita gente, prova de que a atriz cumpre, à risca, o papel que lhe deram.
Paradoxalmente, é a personagem que mais provoca o riso da plateia, por seus
exageros e “micos’.
ANA PAULA BLACK,
também com ótima presença cênica, tanto como a AVÓ como MÃE MARIA, passa um
astral leve, de paz, de muito amor, carinho e tolerância, de que tanto carecemos.
MARINA MOTA,
como a professora do grupo escolar, tem, aparentemente, uma menor importância
na trama, o que não corresponde à verdade, e a atriz tambén defende, com muita
competência, seu papel. A personagem evolui de uma inicial aparente rejeição a BITUCA, pressionada pelos outros pais, até uma aceitação total do menino e assume, totalmente, sua defesa.
Para o final,
deixei PEDRO HENRIQUE LOPES, dono de um currículo invejável, como ator, que,
atuou como protagonista, nas duas primeiras peças, da triçlogia, e, nesta,
assume um papel coadjuvante, que bem poderia não ter tanto destaque, porém
vivido por ele, o personagem cresce bastante, no decorrer do espetáculo, e o
resultado final do seu trabalho é merecdor dos maiores elogios.
FICHA
TÉCNICA:
Texto: Pedro Henrique Lopes
Direção: Diego Morais
Direção Musical: Guilherme Borges
Elenco: Udylê Procópio (Bituca), Martina
Blink (Dona Lilia, mãe adotiva de Bituca), Aline Carrocino (Maricota, colega de
escola de Bituca), Anna Paula Black (Avó de Bituca e Mãe Maria, mãe biológica
de Bituca), Marina Mota (Professora do Grupo Escolar) e Pedro Henrique Lopes
(Salomão, colega de escola de Bituca)
Cenários,
Figurinos e Adereços: Clívia Cohen
Bonecos: José Cohen
Iluminação: Carlos Lafert
Desenho de Som: Afonso Batistela
Caracterização e Visagismo: Vítor Martinez
Produção e Realização: Entre Entretenimento
SERVIÇO:
Temporada: De 24 de setembro a 8 de outubro.
Local: Anfiteatro do
Morro da Urca (acesso belo Bondinho).
Endereço: Avenida
Pasteur, 570, Urca – Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 2546-8400.
Dia e horário: Apenas aos domingos, às 11h.
SESSÃO EXTRA: DIA 12 DE OUTUBRO, 5ª FEIRA (DIA DAS CRIANÇAS), ÀS 11
HORAS.
Ingressos: R$60,00
(inteira) e R$30,00 (meia entrada), incluindo a passagem do Bondinho.
Lotação: 500 pessoas.
Duração: 55 minutos.
Classificação: Livre.
Funcionamento da
Bilheteria: Todos os dias, das 8h às 20h.
Assessoria
de imprensa: Racca Comunicação - Rachel Almeida
(21) 3579-1352 | (21) 99196-1489
| racca.almeida@gmail.com
A tendência de quem “consome” é
querer sempre mais. Somos muito exigentes. Se uma companhia de TEATRO apresenta
um bom espetáculo e promete um segundo, automaticamente, exigimos que seja
melhor que o anterior ou, pelo menos, igual, em qualidade. Não sei dizer se
gosto mais do primeiro ou do segundo espetáculo, da trilogia, que são, igualmente, excelentes, entretanto, de
todos, o que mais me tocou, por todos os elementos aqui analisados, é este “BITUCA”.
Já havia assistido à penúltima sessão da primeira temporada, mas não achei
pertimente lançar a crítica depois de a peça ter saído de cartaz, motivo que me
fez aguardar esta segunda, para me expressar, com muito carinho e
alegria sobre ela.
“Nossa
ideia é criar espetáculos com conteúdos atraentes para as famílias, para
aproximar as gerações”, dizem os idealizadores
do espetáculo,
“A ideia é trazer o legado de uma cultura,
quase esquecida, para as novas gerações, com um conteúdo atraente para as
famílias”, descreve PEDRO
HENRIQUE LOPES
“Queremos criar experiências de
entretenimento inesquecíveis e marcantes, onde o espectador participe de forma
ativa”, explica o diretor DIEGO MORAIS.
PEDRO e DIEGO, podem ter a plena certeza de que vocês atingem, sempre, o seu
objetivo. Trata-se de um espetáculo para toda a família e para todas as idades,
para os fãs ou não de MILTON NASCIMENTO.
Um apelo: NÃO PAREM NA
TRILOGIA! Lembrem-se de que há outros tantos gonzagas, braguinhas e miltons
por aí, à espera de um reconhecimento, em vida, de preferência, e estão ávidos
de serem apresentados aos pequenos, que desejam que eles conheçam suas
trajetórias na MPB, suas conquistas,
no Brasil e no exterior. E os pais e
avós, como eu, certamente, seremos eternamente gratos a vocês.
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