sexta-feira, 27 de maio de 2016


AS AURORAS DAS NOSSAS VIDAS

 

(TRIBUTO A NAUM ALVES DE SOUZA)

 

Dramaturgo e diretor Naum Alves de Souza (Foto: Divulgação)

Naum Alves de Souza.

 

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Viva NAUM! Viva o TEATRO!

 

            Somos um país sem memória. Grande novidade! Todo mundo sabe disso.

Felizmente, porém, de vez em quando, surge alguém, ou um grupo de amigos, para prestar uma homenagem a um nome importante, numa atividade artística, fadado, infelizmente, a cair, futuramente, no esquecimento da maioria do povo brasileiro, mantendo-se, porém, vivo, na mente e nos corações de seus amigos e dos grandes admiradores de seu talento e de sua importância para a arte e a cultura brasileira.

 


Sílvia Buarque e Marieta Severo deram início aos trabalhos,

anunciando o “início das aulas”.

 

            Na última 2ª feira, dia 23 de maio (2016), um grupo de amigos de um grande mestre, NAUM ALVES DE SOUZA, que morreu no dia 9 de abril próximo passado, reunidos no Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, quase todos tendo feito parte de um dos diferentes elencos das três magníficas montagens de “A AURORA DA MINHA VIDA”, o texto mais emblemático da carreira de dramaturgo de NAUM, prestaram uma linda, sincera e merecida homenagem a um dos homens mais importantes da história do TEATRO BRASILEIRO.

 


Elenco de 2011.

 

            O mentor e maestro de tudo foi o ator e diretor GUSTAVO WABNER, amigo e discípulo do homenageado, tendo trabalhado como assistente de direção de NAUM, nos últimos quinze anos, no Rio de Janeiro. GUGA resolveu chamar esse preito de “AS AURORAS DAS NOSSAS VIDAS”, que consistiu em lembrar fatos e detalhes dos 73 anos de vida de NAUM, a maior parte deles dedicada ao TEATRO, além da atração maior, que foi a apresentação de trechos (leitura dramatizada) de sua “A AURORA DA MINHA VIDA”, lidos pelos atores que participaram das três mais importantes montagens desse texto.

 


Gustavo Wabner.

 

            Da primeira montagem carioca, de 1982, lá estavam MARIETA SEVERO, PEDRO PAULO RANGEL, MÁRIO BORGES, STELA FREITAS, CARLOS GREGÓRIO e ROBERTO ARDUIM. Completavam o elenco, ANALU PRESTES, e CIDINHA MILAN, as quais, infelizmente, não puderam estar presentes.

 


Os discípulos ouvem, e reverenciam, o MESTRE.

 

            Todo o elenco da segunda grande montagem no Rio de Janeiro, em 2004, marcou presença BEL KUTNER, BRUNO PADILHA, LUÍSA THIRÉ, GUILHERME PIVA, CADU FÁVERO, ANDERSON MÜLLER, ANNA COTRIM e CAROLYNA AGUIAR.

            Da versão mais recente, de 2011, em forma de musical, lembrando que todas foram dirigidas por NAUM, pisaram o palco do Poeira VICTOR MAIA, JOSÉ MAURO BRANT, ANA VELLOSO, VERA NOVELLO, HELGA NEMECZYK e ESTER ELIAS. Não puderam participar, em função de outros compromissos, ANDRÉ DIAS e THELMO FERNANDES.

            Além desses atores, outros participaram da homenagem, como GILBERTO GAWRONSKI, SÍLVIA BUARQUE, ANDREA DANTAS e SÉRGIO MACIEL.

 


Marieta Severo.

 


Pedro Paulo Rangel.

 


Helga Nemeczyk e Luísa Thiré.

 

            Na plateia, disputando um lugar, até sentados no chão, outros atores e demais profissionais de TEATRO, além de amigos e admiradores, como eu.

            Tinha tudo para dar certo. E deu.

Era perceptível uma forte energia positiva naquele sagrado espaço. Foi uma noite inesquecível, daquelas que ficam marcadas, para sempre, na mente e no coração.

            Não há a menor dúvida de que “A AURORA DA MINHA VIDA” é um dos melhores textos da dramaturgia brasileira e seria equivalente a uma “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, na música. Falou em NAUM ALVES DE SOUZA, a primeira coisa que vem à cabeça é a “AURORA...”, embora tenha ele escrito tantos outros textos fantásticos, como “Suburbano Coração”, “No Natal, A Gente Vem Te Buscar” e “Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto De Mão”, por exemplo.

 


Vera Novello, Marieta Severo e Bel Kutner, “alunas” de classes” diferentes,

 

A AURORA DA MINHA VIDA” foi, é e sempre será um dos espetáculos de maior sucesso do TEATRO BRASILEIRO, tendo permanecido em cartaz por longas temporadas, com total sucesso de público e de crítica, além de ter rendido, a NAUM, como autordiretor, inúmeros prêmios. O texto faz parte de uma trilogia memorialista, juntamente com No Natal, A Gente Vem Te Buscar e Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto De Mão.

 

O texto mostra, e põe em xeque, o ambiente escolar, dentro de um contexto marcado por um “sistema patriarcal fechado às diferenças, extremamente autoritário e violento, que, junto à família, reproduzia a configuração de um Estado que parecia querer abolir, da vida de seus cidadãos, o direito à alegria e à afetividade, estabelecendo relações baseadas apenas em hierarquias”.

Os personagens da peça são alunos do ginásio, que não têm nomes e são designados por qualidades: a Adiantada, o Quieto, o Órfão, a Gorda, o Puxa-Saco, as Duas Gêmeas e o Bobo. A ausência de nomes próprios é bastante intencional, o que faz com que haja uma maior identificação do público com os personagens e as situações, os dramas pessoais, levados para dentro de uma sala de aula. Identificações com os personagens, diretas ou indiretas, pessoais ou com relação a “alguém que eu conheço”.

 


Anderson Müller e Pedro Paulo Rangel.

 

NAUM ALVEZ DE SOUZA representa, para o TEATRO BRASILEIRO, um dos seus artistas mais completos e versáteis. Considerado um dos mais importantes dramaturgos teatrais, diretor, roteirista, cenógrafo, figurinista, artista plástico, bonequeiro e professor, ao falecer, deixou uma vasta e inigualável obra para a nossa cultura e, por esse motivo, mereceu aquela memorável homenagem, um tributo, uma felicíssima ideia de GUSTAVO WABNER.

            Apoiado no “release”, que me foi enviado por Alessandra Costa (Dueto Comunicação), que fez a assessoria de imprensa do evento, um pouco da vida e da obra de NAUM:

 


Carlos Gregório e Cadu Fávero.

 

 
Em 1972, fundou o grupo teatral Pod Minoga, juntamente com seus alunos, da FAAP, Carlos Moreno, Mira Haar, Flávio de Souza, Dionísio Jacob, Beto de Souza, Regina Wilke e Ângela Grassi. Esse grupo funcionou durante os anos 70, produzindo diversas montagens experimentais.
Estreou, profissionalmente, como cenógrafo e figurinista de El Grande De Coca-Cola”, um musical americano, dirigido por Luís Sérgio Person, no Auditório Augusta, em 1974, e, posteriormente, no extinto Teatro da Lagoa, no Rio de Janeiro.
Criou e confeccionou os bonecos brasileiros do programa “Vila Sésamo (1973 a 1977), entre eles Garibaldo e Gugu.
 
NAUM escreveu o programa Renato Aragão Especial”.
 
Foram dele os cenários e os figurinos do espetáculo Falso Brilhante”, da cantora Elis Regina, e de Macunaíma”, de Antunes Filho, em 1978.

Em 1983, roteirizou o O Grande Circo Místico”, espetáculo de dança, criado, originalmente, para o Balé Teatro Guaíra, com trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo, dirigido por Emílio Di Biase.
 
Em 1986, escreveu o roteiro de Romance da Empregada, filme de Bruno Barreto.

Autor de peças, como No Natal, A Gente Vem Te Buscar”,A Aurora Da Minha Vida”,Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto De Mão” eSuburbano Coração”, NAUM é um dos principais nomes do teatro nacional.
 
Na televisão, dirigiu a série A Guerra dos Pintos, na TV Bandeirantes, em 1999.
 
Como diretor teatral, dirigiu várias peças, entre as quais se destacam o monólogo Dona Doida”, com Fernanda Montenegro; “Cenas de Outono”, com Marieta Severo; “Sopa de Letras”, com Pedro Paulo Rangel; A Flor Do Meu Bem Querer”; Sopros De Vida” e Longa Jornada Noite Adentro.

Escreveu artigos para as revistas Vogue, Cláudia e Revista do Sesc, entre outras.
 
Durante quase três anos, teve uma coluna semanal, de contos/crônicas, no Diário Popular.

Em 2000, foi co-cenógrafo da “Exposição Brasil 500 Anos” - módulos de arqueologia, arte indígena e bioantropologia, realizada no Oca, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
 
Em 2005, dirigiu a remontagem da ópera Os Pescadores de Pérolas”, no Teatro Municipal de São Paulo.

Em 2015, NAUM lançou livro de contos Tirando A Louca Do Armário & Outras Histórias”.
 

 



Marieta Severo e Gustavo Wabner.




Pedro Paulo Rangel lê um texto em homenagem a Naum.




Anderson Müller, Bruno Padilha, Anna Cotrim e Carolyna Aguiar.




Parte do elenco de 2004.




Aplausos! Bravi!




Foto (1) para o “álbum da escola” (os três elencos reunidos).




Foto (2) para o “álbum da escola” (os três elencos reunidos).

 

(FOTOS: ADRIANO FAGUNDES.)

 

            Para quem tiver interesse em saber mais sobre o gênio NAUM ALVES DE SOUZA, recomendo o livro da Coleção Aplauso – Perfil – NAUM ALVES DE SOUZA, de Alberto Guzik, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

 


 

 

            Foi, como já disse, uma noite memorável, inesquecível!

            Acho que outros grandes nomes do nosso TEATRO, de todas as áreas, também merecem um tributo como este, de sorte que sugeri, ao querido GUSTAVO, que outras noites como aquela possam se concretizar, para que fique registrado e marcado nosso amor e reconhecimento a tantos talentos, alguns já quase esquecidos por completo, como Mauro Rasi, Dias Gomes, Paulo Autran, Bel Garcia...

            Podem contar comigo!!!

 

 

FOTOS TIRADAS PELO AUTOR DESTE TRABALHO:

 


 


 


 


 

 

 

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